Direito do Idoso Aula 02/07 Direito do Idoso Curso ministrado na Escola de Administração Judiciária do Estado do Rio de Janeiro Prof a. Mabel Christina Castrioto Juíza de Direito Direitos Fundamentais mabelcastrioto@globo.com Parte I 1 2 Conteúdo Programático I. Introdução II. Desenvolvimento O conceito de idoso na legislação brasileira Os direitos fundamentais do idoso (Parte I) Princípios, diretrizes, organização e gestão da política de atendimento ao idoso Crimes e infrações administrativas Defesa dos direitos do idoso no judiciário, incluindo o papel do ministério público III. Conclusão Documentação básica LEGISLAÇÃO Estatuto do idoso (LEI nº 10.741, de 01/10/2003) Constituição da república LEI nº 8.842, de 04/01/1994 Política Nacional do Idoso LEI nº 11737, de 14/07/2008 LEI nº 11765, de 05/08/2008 Leis estaduais: 1703, de 03/09/1990 2078, de 11/02/1993 2988, de 18/06/1998 3301, de 26/11/1999 4047, de 30/12/2002 4504, de 11/01/2005 5059, de 05/07/2007 RAMAYANA, Marcos. Estatuto do idoso comentado. Roma Victor. Rio de Janeiro, 2004. DELMANTO, Roberto; DELMANTO JUNIOR, Roberto; ALMEIDA, Fábio. Leis Penais Especiais Comentadas. Renovar. Rio de Janeiro, 2006. MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil Interpretada. Atlas. São Paulo, 2002. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 3 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 4 Dos direitos e garantias fundamentais (arts. 1º ao 11) Dos princípios fundamentais Dos direitos e garantias fundamentais Dos direitos sociais Princípios fundamentais Arts. 1º ao 4º Soberania É a capacidade de editar suas próprias normas, sua própria ordem jurídica, de tal modo que qualquer regra heterônoma só possa valer nos casos e nos termos admitidos pela própria Constituição. Por exemplo, a forma de exercício da soberania popular está no art 14 da CRFB. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 5 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 6 1
Cidadania Representa um status e apresenta-se simultaneamente como objeto e um direito fundamental das pessoas. Dignidade da pessoa humana Concede unidade às garantias e direitos fundamentais. Afasta a idéia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento das liberdades individuais. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa A garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do crescimento do país. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 7 Pluralismo político Significa a afirmação do legislador constituinte de que é ampla e livre a participação popular nos destinos políticos do país. Art. 2º: Afirmação da separação de poderes Declarando-se que no Brasil são três, independentes e harmônicos entre si, Executivo, Legislativo e Judiciário. Art. 3º: Objetivos fundamentais da república federativa do brasil Construir sociedade livre e solidária; Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades; Promover o bem de todos, sem preconceitos. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 8 Art. 4º: Princípios de regência das relações internacionais da República Federativa do Brasil Independência nacional; Prevalência dos direitos humanos; Autodeterminação dos povos; Não-intervenção; Igualdade entre os Estados; Defesa da paz; Solução pacífica dos conflitos; Repúdio ao terrorismo e ao racismo; Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Concessão de asilo político. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 9 Dos Art. 5º / CF Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Art. 2º / EI O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 10 Na visão ocidental de democracia, governo pelo povo e limitação de poder estão indissoluvelmente combinados, como afirmou Manoel Gonçalves Ferreira Filho. Em regra, têm aplicação imediata, mas alguns deles dependem de regulamentação ulterior. A CRFB, em seu Título II, traz os direitos e garantias fundamentais, subdividindo-os em 5 capítulos: Direitos individuais e coletivos; direitos sociais; nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 11 Modernamente, a doutrina classifica esses direitos em três: de primeira geração direitos civis e políticos -liberdade; de segunda geração direitos econômicos, sociais e culturais - igualdade e de terceira geração materializam poderes de titularidade coletiva, atribuídos genericamente a todas as formações sociais (solidariedade e fraternidade), baseando-se na ordem cronológica em que foram constitucionalmente reconhecidos. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 12 2
Importa distinguir as garantias dos direitos: Para Canotilho, as garantias institucionais não seriam verdadeiros direitos atribuídos diretamente às pessoas, mas a determinadas instituições que possuem sujeito e objeto diferenciado. Assim, a família, a maternidade, a liberdade de imprensa, os entes federativos etc. O próprio artigo diz que todos são iguais perante a lei, sendo as garantias para os brasileiros e estrangeiros residentes no país. Art. 3º / EI É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 13 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 14 Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: I atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; IV viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; V priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; VI capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; VIII garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 15 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 16 Prioridade no sentido de absoluta eficácia dos direitos fundamentais, ou seja, todos devem dar primazia ao atendimento do idoso. Na implementação dos recursos deve o Estado implementar concursos com vagas para profissionais com especialidade em assistência ao idoso e fornecer medicamentos específicos. Ressalte-se que as especialidades médicas gerontologia e geriatria devem ser obrigatórias no cursos superiores. Direito à vida É inviolável o direito à vida, sendo todos iguais perante a lei. A vida é mais fundamental de todos esses direitos, até porque é pré-requisito para existência dos outros todos. Vida de forma geral, inclusive uterina. Do ponto de vista biológico, a vida se inicia com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Assim, há vida viável com a nidação, quando se inicia a gravidez. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 17 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 18 3
Art. 4º / EI Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. A causalidade na omissão (Art 13, 2º CP) emerge para as pessoas que agem como agentes garantidores, após o vínculo contratual. As discriminações são repudiáveis, principalmente a racial, em razão de preceitos constitucionais (Art 3º, IV, e Art 5º XLII), além de várias legislações, como o CPM, Art 280, e a Lei 9.455/97, Art 1º, I, alínea c. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 19 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 20 Art. 5º/EI A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. A responsabilidade da pessoa física é penal e civil, enquanto da jurídica é só civil. Art 186/CC Exemplo: Rio de Janeiro/RJ, Clínica Santa Genoveva, 28º Vara Criminal, Capital, Proc. 10.063. Art 928/CC Responsabilidade civil do incapaz Art. 8º/EI O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta lei e da legislação vigente. Os direitos da personalidade caracterizam-se: Irrenunciabilidade Irrestringibilidade Inalienabilidade A elevação normativa dos princípios referentes ao idoso devem ser protegidos como um direito social, ou seja, os idosos passam a ser prioridade nas políticas públicas. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 21 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 22 Art.9º/EI É obrigação do Estado, garantir envelhecimento saudável e em condições de dignidade. Sendo dever do Estado, a omissão enseja medidas concretas, como: Inquérito civil; Ações civis públicas; Mandados de injunção. Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 23 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 24 4
Art. 647/CPP Habeas Corpus A liberdade de culto é direito fundamental, mas não autoriza o abuso na utilização de instrumentos sonoros. Aristóteles já falava sobre isso: A poluição sonora viola uma das leis da fisiologia: a do ritmo da atividade dos órgãos... Art 11/EI Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil. Art. 1.694 a 1.710 do CC - Aplicação subsidiária Art 12 A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. Solidariedade só decorre de lei. Este Art afasta a tese sobre litisconsórcio necessário entre os co-devedores. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 25 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 26 Art 13/EI As transações relativas aos alimentos poderão ser celebradas perante o promotor de justiça ou defensor público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial, nos termos da lei processual civil. A norma dá legitimidade ao MP A Lei 11.737/08 confere também legitimidade ao defensor público. Art 14 Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de promover o seu sustento, impõe-se ao poder público esse provimento, no âmbito da assistência social. A obrigatoriedade diz respeito à implementação de políticas públicas, e não ao poder público como codevedor alimentar. Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 27 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 28 Estudo de caso REsp 775565/SP Apelação Cível 2006.001.60575 5ª Câmara Cível / TJ.RJ Tema para debate O problema não é meu Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 29 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 30 5
Referências bibliográficas Constituição Federal da República. Disponível em http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/ emc26.htm#art6. Acesso em 02/05/2009. Estatuto do Idoso. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/ LEIS/2003/L10.741.htm. Acesso em 02/05/2009 Fim da aula 2 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 31 Direito do Idoso Prof a. Mabel Castrioto 32 6