PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

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Transcrição:

514 PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Vinicius Marchioro (1), Hugo Miranda Faria (1), David Cantieri Rodrigues (2), Tárcio Trevizani (2), Fernando Oliveira Franco (3) e José Eduardo Corá (4) 1. Introdução Os sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF), consistem na integração das atividades agrícola com pecuária e agrícola, pecuária e florestal, respectivamente. A integração entre estas atividades ocorre em rotação, consórcio ou sucessão, possibilitando a diversificação da produção agrícola. Interações nulas, sinérgicas ou competitivas entre as espécies que compõem os sistemas têm sido observadas. Essas interações variam no espaço e no tempo, dependem das características intrínsecas de cada espécie e da disponibilidade dos fatores de produção. Dentre os fatores de produção, destacam-se os atributos químicos, físicos e biológicos do solo, além dos atributos climáticos, como: disponibilidade luminosa, temperatura do ar, umidade relativa e vento. Sabe-se que as espécies arbóreas que compõem o componente florestal interferem na disponibilidade dos fatores de produção, podendo aumentar (interação sinérgica) devido à novas rotas de entrada de resíduos ou reduzir a disponibilidade (interação competitiva) devido ao aumento do sombreamento com o passar dos anos agrícolas, refletindo no desempenho das espécies que compõem os componentes agrícola e pecuário. Neste contexto, objetivou-se avaliar a produtividade do milho safrinha, em resposta ao sombreamento e variação da disponibilidade de água do solo, exercidos pelo componente florestal, em dois diferentes sistemas de ILPF e em um sistema de ILP. 2. Material e Métodos O estudo foi realizado em uma área da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal (FCAV- UNESP). A área experimental está localizada na latitude 21 13 56 S e longitude 48 17 19 W. O clima da região, segundo classificação de Köppen, é do tipo Aw, caracterizado (1) Engenheiro(s) Agrônomo(s), Mestrando(s) em Agronomia, FCAV-UNESP, Jaboticabal - SP. E-mails: vinicius_marchioro@hotmail.com; mfhugoagro@hotmail.com (2) Graduando(s) em Agronomia, FCAV-UNESP, Jaboticabal - SP. E-mails: davidcantieri@outlook.com; tarciotrevizani@hotmail.com (3) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, EPAMIG, Uberaba - MG, E-mail: fernandooliveirafranco@yahoo.com (4) Professor, Dr., FCAV-UNESP, Departamento de Solos e Adubos, Jaboticabal - SP. E-mail: cora@fcav.unesp.br

515 pelo clima mesotérmico de inverno seco. O solo da área foi classificado como Latossolo Vermelho distrófico (Santos et al., 2013), apresentando 310, 40 e 650 g kg -1 de argila, silte e areia, respectivamente, com altitude média de 624 m. Os valores de precipitação ocorridos durante o ciclo da cultura encontram-se na Figura 1. Figura 1. Precipitação diária registrada durante a condução do experimento (2017). Em fevereiro de 2014, a área foi dividida para a instalação dos tratamentos e plantio das mudas de eucalipto. Os tratamentos constituíram-se em: sistema ILPF1 (T1), que teve o componente florestal formado por mudas do clone urograndis I144; sistema ILPF2 (T2) que teve o componente florestal formado por mudas de origem seminal, da espécie Corymbia citriodora; e sistema de ILP (T3), constituído somente do componente agrícola (Figura 2). Ambas as espécies do componente florestal em T1 e T2 foram plantadas em renque de linhas duplas, espaçados em 20 m, seguindo manejo de adubação conforme Teixeira et al. (1997), sendo a área cultivada com soja na safra, milho consorciado com braquiária na safrinha e com a inserção de animais para pastejar a braquiária somente após o segundo ano da instalação do experimento. Para ambos os tratamentos, o componente agrícola da safrinha foi composto pelo consórcio do milho hibrido DKB 390 VT PRO 2 e Urochloa brizantha, cultivar Marandu, semeados entre os renques arbóreos. A semeadura do milho foi realizada no dia 05/02/2017 e a colheita no dia 10/07/2017, totalizando ciclo de 155 dias.

516 Figura 2. Croqui da área experimental com detalhes dos tratamentos: T1 (ILPF 1), T2 (ILPF 2) e T3 (ILP). A produtividade do milho foi determinada em seis unidades amostrais (5 x 20 m) em cada tratamento ILPF, as quais foram consideradas repetições. Dentro de cada unidade amostral foram colhidas separadamente cada linha de 5,0 m, a fim de caracterizar a variação da produtividade ao longo do entre renques. Em cada unidade amostral dos sistemas ILPF foram instalados tensiômetros na profundidade de 0,2 m, espaçados a cada três linhas, totalizando sete tensiômetros por unidade, a fim de avaliar a disponibilidade de água ao longo da faixa entre renques durante o ciclo da cultura. No sistema ILP foram colhidas seis unidades amostrais aleatórias (três linhas x 5,0 m cada) para determinar a produtividade média do sistema. O material coletado foi trilhado, pesado e determinado umidade de colheita, para posterior determinação da massa dos grãos com 13% de umidade e cálculo da produtividade, em kg ha -1. Os dados foram submetidos à análise de variância, adotando-se delineamento sistemático, inteiramente casualizados, conforme recomendado por Alvarez & Alvarez (2013). O delineamento sistemático foi utilizado por possibilitar a aleatorização das unidades amostrais (repetições) dentro dos tratamentos devido à impossibilidade de casualização dos tratamentos adotado. Quando significativos, os resultados foram submetidos ao teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico AgroEstat (Barbosa & Maldonado Júnior, 2015).

517 3. Resultados e Discussão Os valores de produtividade para cada linha evidenciaram o efeito negativo que o sombreamento excessivo causa sobre a cultura do milho na área entre renques, independentemente do sistema ILPF. Fica claro que quanto mais próximo ao renque, menor é a produtividade, tanto ao norte como ao sul em relação ao renque (Figuras 3a e 3b). (a) (b) (c) (d) Figura 3. Produtividade média do milho em sistemas de ILPF (a-b) e umidade média do solo na área entre renques (c-d). Posições Norte e Sul do entre renques representas pelos lados esquerdo e direito dos gráficos, respectivamente. A maior taxa de crescimento e uniformidade do clone I144 o torna mais competitivo com as espécies semeadas entre os renques nos sistemas ILPF do que a espécie C. citriodora, apresentando um maior nível de sombreamento e comprometendo mais intensamente o desenvolvimento do milho. As árvores da espécie C. citriodora, oriundas de sementes, apresentam grande variabilidade no tamanho e forma do seu dossel, favorecendo a penetração da luz no sub-bosque o que a torna menos competitiva com as culturas semeadas entre os renques (Sprugel et al., 2009; Hakamada et al., 2015). As produtividades médias para os três sistemas evidenciam a perda relativa dos sistemas ILPF em comparação com o sistema ILP (Tabela 1). Entretanto, as linhas centrais do sistema ILPF 2 apresentaram produtividades bem próximas à média do sistema ILP, demonstrando haver partes menos sombreadas nesse sistema, o que ainda permite uma produtividade comparável com a obtida no sistema sem a presença de árvores. O mesmo efeito não se observou no sistema ILPF 1, no qual o maior sombreamento, mesmo nas

518 linhas centrais, não propiciou produtividade semelhante àquela do sistema ILP. O sombreamento dos diferentes sistemas pode ser visto na Figura 4. Figura 4. Sombreamento da área entre renques nos sistemas ILPF adotados (ILPF 2 à esquerda e ILPF 1 à direita). Outro fator que pode ter influenciado na menor produtividade do milho das linhas próximas aos renques foi a baixa umidade do solo quando comparada com aquela observada no solo a maiores distâncias do renque (Figuras 3c e 3d), o que pode ser explicado pelo maior consumo de água pelas plantas de eucalipto, fazendo com que o solo apresentasse menor umidade próximo ao renque, assim dificultando a absorção de água e nutrientes pelas plantas de milho nas linhas em sua proximidade. A produtividade de grãos do milho se apresentou abaixo da esperada (Tabela 1). Provavelmente, a menor produtividade foi devido a períodos de falta de chuva, sendo um primeiro com duração de 10 dias, logo após a emergência das plântulas e, um segundo, de 18 dias, quando a cultura se apresentava em V6. Tabela 1. Médias para produtividade de grãos do milho safrinha obtida nos tratamentos. Tratamentos Produtividade de grãos (kg ha -1 ) ILPF 2 2.809,3 b ILPF 1 1.689,2 c ILP 3.908,1 a

519 4. Conclusões A produtividade do milho no sistema ILPF foi menor do que aquela no sistema ILP devido ao sombreamento e menor umidade no solo proporcionados pelo componente florestal nos sistemas ILPF. Referências ALVAREZ, V.H.; ALVAREZ, G.A.M. Reflexões sobre a utilização de estatística para pesquisas em ciência do solo. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa MG, v.38, n.3, p.28-35, 2013. BARBOSA, J.C.; MALDONADO JÚNIOR, W. Experimentação agronômica e AgroEstat: Sistemas para análises estatísticas de ensaios agronômicos. Jaboticabal: Gráfica Multipress Ltda, 2015. p.327-356. HAKAMADA, R.E.; STAPE, J.L.; LEMOS, C.C.Z.D.; ALMEIDA, A.E.A.; SILVA, L.F. Uniformidade entre árvores durante uma rotação e sua relação com a produtividade em Eucalyptus clonais. Cerne, Lavras, v.21, n.3, p.465-472, 2015. SANTOS, H.G.; JACOMINE, P.K.T.; ANJOS, L.H.C.; OLIVEIRA, V.A.; LUMBRERAS, J.F.; COELHO, M.R.; ALMEIDA, J.A.; CUNHA, T.J.F.; OLIVEIRA, J.B. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Brasília: Embrapa, 2013. 353p. SPRUGEL, D.G.; RASCHER, K.G.; GERSONDE, R.; DOVČIAK, M.; LUTZ, J.A.; HALPERN, C.B. Spatially explicit modeling of overstory manipulations in young forests: effects on stand structure and light. Ecological Modelling, v.220, n.24, p.3565 3575, 2009. TEIXEIRA, L.A.J.; SPIRONELLO, A.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, P. BANANA. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C.; Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1997. p.131-132. (Boletim Técnico, 100).