ZONEAMENTO DE APTIDÃO E DE RISCO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA MAMONA NO ESTADO DE ALAGOAS

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Transcrição:

ZONEAMENTO DE APTIDÃO E DE RISCO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA MAMONA NO ESTADO DE ALAGOAS Aderson Soares de Andrade Júnior 1, Francisco de Brito Melo 1, Alexandre Hugo César Barros 2, Ana Alexandrina Gama da Silva 3 e Antônio Dias Santiago 4 1 Embrapa Meio-Norte, aderson@cpamn. embrapa.br; 2 Embrapa Solos UEP Recife, alex@cnps.embrapa.br; 3 Embrapa Tabuleiros Costeiros, anagama@cpatc.embrapa.br; 4 Embrapa Tabuleiros Costeiros UEP Rio Largo RESUMO - O estudo propõe a identificação dos municípios do Estado de Alagoas com condições climáticas favoráveis ao cultivo da mamoneira, bem como a indicação das épocas de plantio com menores riscos climáticos, utilizando-se informações relativas aos parâmetros precipitação, temperatura média anual e altitude, usando-se técnicas de geoprocessamento e espacialização dessas informações. Com base nas exigências climáticas da cultura, definiram-se as seguintes classes de aptidão: a) Aptidão plena: temperatura média do ar variando entre 20 C e 30 C; precipitação igual ou superior a 500 mm no período chuvoso; altitude entre 300 m e 1500 m; b) Inaptidão: temperatura média do ar inferior a 20 C ou superior a 30 C; precipitação inferior a 500 mm no período chuvoso; altitude inferior a 300 m e superior a 1.500 m. Para a definição das épocas de semeadura com menores riscos climáticos, foram considerados a duração do período chuvoso e o ciclo fenológico da cultura. Dos 102 municípios do Estado, 33 municípios foram considerados aptos ao cultivo da mamoneira e 69 foram classificados como inaptos, correspondendo a 32,4% e 67,6% da área do Estado, respectivamente. Há predomínio da época de semeadura de abril a maio em praticamente toda a área do Estado. INTRODUÇÃO O cultivo da mamoneira sofreu grande expansão na região Nordeste, devido principalmente a sua capacidade de adaptação a diferentes condições de solo e clima e ao uso múltiplo do óleo extraído de suas sementes, que possui inúmeras aplicações, tais como: fabricação de cosméticos, próteses para ossos humanos, lubrificantes e aditivos de combustíveis, dentre outras. Atualmente, o uso de óleo de mamona para produção de biodiesel, visando sua adição ao óleo diesel tradicional, é uma das alternativas brasileiras para redução da importação de petróleo e da emissão de poluentes e gases de efeito estufa na atmosfera (MELO et al., 2003). O agronegócio da mamona no estado de Alagoas ainda é muito incipiente. O Estado é responsável por menos de 1% da área plantada (22,2 ha) e da produção regional de bagas (5 t) de mamona na região Nordeste (IBGE, 2005). Houve registros de produção apenas nos municípios de Cacimbinhas, Igaci, Minador do Negrão, na microrregião de Palmeira dos Índios (Agreste Alagoano) e Capela, na microrregião da Mata Alagoana (Leste Alagoano). Para alterar essa situação e estimular o

cultivo da mamoneira em um maior número de municípios do Estado, o governo de Alagoas estruturou um Programa Estadual, com o objetivo de incentivar a cadeia produtiva voltada para a produção de combustível renovável e ecológico o biodiesel extraído da mamoneira. Com relação às exigências climáticas para o adequado desenvolvimento e produção da mamoneira, trabalhos relatam que 600 mm a 700 mm são suficientes para a obtenção de rendimentos em torno de 1.500 kg/ha (WEISS, 1983; BELTRÃO e SILVA, 1999). A maior exigência de água no solo ocorre durante a fase vegetativa, cuja precipitação mínima até o início da floração é de 400 mm a 500 mm (TÁVORA, 1982). A ocorrência de chuvas durante a colheita é muito prejudicial à cultura, podendo causar grande redução na qualidade do produto e na produtividade, devido à possibilidade de apodrecimento dos frutos. Quanto ao parâmetro altitude, ocorrem cultivos em altitudes variando desde o nível do mar até 2.300 m (TÁVORA, 1982). Entretanto, para a obtenção de produções comerciais, recomenda-se o cultivo em áreas com altitude entre 300 m e 1.500 m acima do nível médio do mar (WEISS, 1983). A altitude altera o comportamento de alguns elementos climáticos, dentre eles a temperatura do ar. Por isso, em altitudes superiores a 1.500 m, há a tendência da temperatura média do ar oscilar para valores inferiores a 10ºC, inviabilizando a produção de sementes, por causa da perda de viabilidade do pólen (TÁVORA, 1982). Em altitudes inferiores a 300 m, a mamoneira tem a tende a vegetar mais e apresentar, às vezes, abortamento de flores e até reversão de sexo (MELO et al., 2003). Amorim Neto et al. (2001) efetuaram estudos de zoneamento de aptidão e risco climático para a cultura da mamona no Estado de Alagoas. Com bases nos critérios adotados, consideraram, apenas, nove municípios (Água Branca, Estrela de Alagoas, Ibateguara, Mar Vermelho, Mata Grande, Palmeira dos Índios, Parinconha, Quebrângulo e Viçosa) como aptos ao cultivo da mamoneira. Entretanto, com relação ao critério altitude, basearam-se nos valores medidos nos postos pluviométricos do Banco de Dados Hidrometeorológicos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), que não refletem, necessariamente, a condição altimétrica da área total do município, onde os mesmos estão localizados. Como a altitude é um parâmetro muito restritivo no zoneamento da cultura, é fundamental que sejam utilizadas informações mais precisas e que reflitam a condição altimétrica da área total dos municípios. Além disso, não usaram técnicas para o geoprocessamento e espacialização dos parâmetros usados no zoneamento, fundamental em estudos dessa natureza, o que limita, restringe e dificulta a extrapolação dos resultados para toda a área do Estado, ficando estas restritas apenas aos pontos de coordenadas dos postos pluviométricos.

O presente estudo propõe a identificação dos municípios do Estado de Alagoas com condições climáticas favoráveis ao cultivo da mamoneira, bem como a indicação das épocas de plantio mais adequadas ao bom desempenho da cultura, utilizando-se informações relativas aos parâmetros de precipitação média mensal, temperatura média anual e altitude com escala e precisão mais adequadas, usando-se técnicas adequadas para o geoprocessamento e espacialização dessas informações. MATERIAL E MÉTODOS Os dados pluviométricos mensais utilizados no estudo foram publicados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para o Estado de Alagoas, abrangendo 58 postos pluviométricos, com 20 ou mais anos de registros completos (SUDENE, 1990). Os valores de temperatura média do ar foram estimados usando-se as equações de regressão linear múltipla baseados nos valores de latitude, longitude e altitude. Usaram-se as coordenadas e altitude da sede dos municípios para processar a estimativa da temperatura média do ar para todo o Estado. Os valores de altitude dos municípios foram oriundos da grade altimétrica da Diretoria de Serviços Geográficos (DSG) Ministério do Exército, onde os valares são cotados em uma malha de 920 m x 920 m do terreno. Zoneamento de aptidão climática: Para a identificação dos municípios com aptidão ao cultivo da mamoneira, seguiram-se as exigências climáticas da cultura. Quanto à precipitação no período chuvoso, preferiu-se usar o total mínimo de 400 mm ao invés do valor de 500 mm estabelecido por Amorim Neto et al. (2001), uma vez que segundo Weiss (1983) é possível obterem-se produtividades econômicas com precipitações pluviométricas de 375 mm a 500 mm. Comportamento esse reforçado pelos resultados obtidos por Azevedo et al. (1997). Com isso, definiram-se as seguintes classes de aptidão: a) Aptidão plena: Temperatura média do ar variando entre 20 C e 30 C; Precipitação igual ou superior a 400 mm no período chuvoso; Altitude entre 300 m e 1500 m. b) Inaptidão: Temperatura média do ar inferior a 20 C ou superior a 30 C; Precipitação inferior a 400 mm no período chuvoso; Altitude inferior a 300 m e superior a 1.500 m. Todos os parâmetros foram geoespacializados usandose o SIG Spring (CAMARA et al., 1996), permitindo a geração dos mapas de temperatura média do ar, precipitação total no período chuvoso, altimetria, zoneamento de aptidão e de risco climático. Zoneamento de risco climático: Para a definição das épocas de semeadura com menores riscos climáticos, foram considerados a duração do período chuvoso e o ciclo fenológico da cultura. O período chuvoso dos postos pluviométricos foi definido como aquele que compreende os meses em que ocorrem pelo menos 10% da precipitação total anual. A definição do período de semeadura foi feita de

forma a permitir que a semeadura e o desenvolvimento da planta, desde a germinação até a frutificação, cerca de 70 dias, ocorressem dentro do período chuvoso, e que durante a colheita a possibilidade de chuvas fosse menor (AMORIM NETO et al., 2001). Nos postos pluviométricos com período chuvoso de quatro meses, foram estabelecidos os dois meses iniciais como a época mais favorável ao plantio da mamoneira. Nos postos com período chuvoso de cinco meses, a semeadura da mamoneira deve ocorrer no segundo e terceiro meses do período chuvoso. Em seguida, para definição do período de semeadura em cada município com aptidão plena, gerou-se um mapa temático de duração e definição do período chuvoso para posterior tabulação cruzada com a malha municipal do Estado. Para a definição do período de semeadura, usou-se o critério do limite de corte de 50%, quando ocorriam duas ou mais classes em um mesmo município. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do cruzamento dos mapas de altimetria e precipitação no período chuvoso gerou-se o mapa de zoneamento agroclimático da cultura da mamona no estado de Alagoas (Fig. 1A). Do total de 102 municípios do Estado, 33 municípios foram considerados aptos ao cultivo da mamoneira e 69 municípios foram classificados como inaptos, correspondendo a 32,4% e 67,6% da área do Estado. A quase totalidade dos municípios inaptos (69) localiza-se na região sul do Estado, onde os valores de altitude são inferiores a 300 m, apesar da precipitação no período chuvoso, em algumas áreas, seja superior a 400 mm. Na região semi-árida do Estado, quatro municípios (Delmiro Gouveia, Olho D Água do Casado, Piranhas e Senador Rui Palmeira) foram classificados como inaptos ao cultivo da mamoneira, por apresentarem valores de precipitação no período chuvoso inferiores a 400 mm e/ou altitude inferior a 300 m. O número e a percentagem de municípios aptos ao cultivo da mamoneira superam bastante aos nove municípios indicados por Amorim Neto et al. (2001). Este comportamento é justificado devido a melhor definição do parâmetro altitude, pela utilização de uma malha altimétrica do Estado, em uma escala de 920 m x 920 m do terreno, ao invés apenas do valor de altitude dos postos pluviométricos. Na definição da aptidão climática da mamoneira, não houve influência significativa do parâmetro precipitação no período chuvoso, uma vez que, ao que parece, foi utilizado o mesmo banco de dados pluviométricos em todos os estudos. Não se pode afirmar isso com certeza, já que Amorim Neto et al. (2001) não relacionam os nomes dos postos e os períodos da série de dados utilizados. Com relação ao zoneamento de risco climático, os períodos de semeadura com menores riscos para a cultura da mamona no estado de Alagoas são mostrados na Figura 1B. Ocorreram apenas duas classes de épocas de semeadura em todo o Estado, quais sejam: abril a maio e de maio a junho. Os

períodos de semeadura com menores riscos iniciam-se em abril, nas regiões do agreste e semi-árida do Estado. Apenas uma pequena região ao norte, situada na zona da mata, apresentou época de semeadura em maio a junho. Conforme a definição de período chuvoso utilizado nesse estudo, verificou-se que, para todos os postos pluviométricos existentes nessa região, o início do período chuvoso ocorre no mês de abril. Portanto, é extremamente temeroso recomendar-se o início do período de semeadura de forma coincidente com o início do período chuvoso na região, sem garantir-se qualquer margem de segurança. Por outro lado, a metodologia usada, no presente estudo, assegura um maior grau de segurança na recomendação, já que ocorre uma diferenciação na indicação do período de semeadura em função da duração do período chuvoso em cada posto pluviométrico. Houve predomínio da época de semeadura de abril a maio em praticamente toda a área do Estado, com predominância maior nas regiões do agreste e semi-árido do Estado. Porém, na região sul, na zona da mata e parte do agreste e semi-árido, não houve indicação de municípios aptos ao cultivo da mamoneira, devido ao parâmetro altitude ficar abaixo do limite estabelecido de 300 m. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM NETO, M. S.; ARAUJO, A.E.; BELTRÃO, N.E.M. Zoneamento agroecológico e época de semeadura para a mamoneira na região Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Passo Fundo, v. 9, n. 3, p. 551 556, 2001. AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F. V. Recomendações técnicas para o cultivo (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52p. (EMBRAPA - CNPA. Circular Técnica, 25). BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, L.C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e a importância do seu cultivo no Brasil. Fibras e Óleos, n. 31, p. 7, 1999. CAMARA, G.; SOUZA, R.C.M.; FREITAS, U.M.; GARRIDO, J. SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modeling. Computers and Graphics, v. 20, n. 3, p. 395-403, 1996. IBGE. Produção agrícola municipal. SIDRA Banco de Dados Agregados. Disponível em www.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp. Arquivo capturado em 21/01/2005. MELO, F.B.; BELTRÃO, N.E.M; SILVA, P.H.S. Cultivo da mamona (Ricinus communis L.) consorciada com feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp.) no Semi-Árido. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2003, 89p. (Embrapa Meio-Norte. Documentos, 74). SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Dados pluviométricos mensais do Nordeste Alagoas. Recife, 1990 (Série Pluviometria, 7).

TÁVORA, F. J. A. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 1982. 111p. WEISS, E.A. Oil seed crops. London: Longman, 1983. 659p. (A) (B) Figura 1. Zoneamento de aptidão (A) e de risco climático (B) para a mamoneira no estado de Alagoas.