UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA MARTA LUIZA CAETANO DA SILVA

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA MARTA LUIZA CAETANO DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA O CLIENTE NO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ELETIVAS FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA MARTA LUIZA CAETANO DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA O CLIENTE NO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ELETIVAS Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem Opção Urgência e Emergência do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Profa. Orientadora: Msc. Aline Massaroli FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

3 FOLHA DE APROVAÇÃO O trabalho intitulado A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA O CLIENTE NO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ELETIVAS de autoria do aluno MARTA LUIZA CAETANO DA SILVA foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem Área Urgência e Emergência. Profa. Msc. Aline Massaroli Orientadora da Monografia Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes Coordenadora do Curso Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos Coordenadora de Monografia FLORIANÓPOLIS (SC) 2014

4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 05 3 MÉTODO... 08 4 RESULTADO E ANÁLISE... 10 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 12 REFERÊNCIAS... 14

RESUMO Frente à complexidade que envolve o processo cirúrgico cabe a equipe de saúde prestar apoio ao paciente e sua família, oferecendo orientações e esclarecimentos que reduzam todos os impactos gerados por este processo. Este projeto tem por objetivo descrever a importância da consulta de enfermagem para os clientes no pré-operatório no âmbito hospitalar. Analisá-la como ferramenta de avaliação do conhecimento do cliente quanto ao procedimento que será submetido, partindo do pressuposto que quanto maior o conhecimento do cliente acerca do processo cirúrgico, maior será sua cooperação e tranqüilidade no processo cirúrgico. Este trabalho de conclusão de curso se constituirá em uma revisão não sistematizada da literatura, acerca da consulta de enfermagem no preparo pré-operatório do paciente. Assim, espera-se que o produto deste estudo contribua para o desenvolvimento de uma nova tecnologia de cuidado em nossa realidade. A consulta de enfermagem contribuirá de forma esclarecedora aliviando a ansiedade, respondendo as dúvidas do cliente acerca de todo o processo cirúrgico. Contribuindo também com avaliação de exames, preparo psicológico, orientações quanto ao preparo pré-operatório físico e cuidados com a pele da região cirúrgica, tornando assim este processo menos traumático e doloroso. O enfermeiro deve utilizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem para guiar as etapas da consulta de enfermagem e da assistência que será oferecida ao paciente. Espero que com a implementação da consulta de enfermagem reduza o número de cirurgias canceladas por rotinas não realizadas e por falta de exames ou materiais.

5 INTRODUÇÃO Os procedimentos cirúrgicos são realizados há muitos anos, com o desenvolvimento tecnológico e científico observado nas últimas décadas, estes procedimentos tem se tornado cada vez mais específicos e eficazes, o que tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida e também da longevidade das pessoas. As cirurgias são classificadas conforme as necessidades do paciente podendo ser: emergência, urgência, eletiva e opcional. As cirurgias de emergência precisam ser realizadas em um curto espaço de tempo, para garantir a sobrevida do paciente. Os procedimentos de urgência devem ser realizados em um período de 24 a 48 horas. As cirurgias eletivas são realizadas de acordo com disponibilidade do paciente e do cirurgião, podendo ser dias ou meses após o diagnóstico e as cirurgias opcionais, dependem da decisão do paciente, preferência pessoal, exemplo, cirurgias estéticas (SMELTZER; BORE, 2005). Ao saber que necessita de uma intervenção cirúrgica o paciente enfrenta uma série de dúvidas sobre a cirurgia cabendo aos profissionais de saúde esclarecê-lo, auxiliando no preparo pré cirúrgico, contribuindo para que o paciente passe por este período de modo mais tranquilo, com menos ansiedade e estresse. A intervenção cirúrgica representa uma ameaça na vida de qualquer pessoa, pois envolve uma carga emocional específica e diferenciada [...] visto que a cirurgia é um evento muitas vezes não-esperado, que interrompe o ciclo normal de desenvolvimento e de vida do indivíduo. [...] os momentos que antecedem a cirurgia são vivenciados pelo paciente de uma forma dramática e assustadora. O medo do desconhecido é a principal causa da insegurança e da ansiedade do paciente pré-cirúrgico. Com relação às fantasias vivenciadas pelos pacientes, as mais freqüentemente encontradas são com relação à anestesia e à recuperação (FIGUERA; VIERO, 2005, p.51). Frente à complexidade que envolve o processo cirúrgico cabe a equipe de saúde prestar apoio ao paciente e sua família, oferecendo orientações e esclarecimentos que reduzam todos os impactos gerados por este processo. A equipe de enfermagem que permanece todo o tempo de internação ao lado do paciente deve estar preparada para assistir este paciente de modo eficaz e humanizado. Surgem muitas vezes dúvidas e inquietações na prática do enfermeiro assistencial ou docente em clínica cirúrgica, pois a organização do trabalho adotada neste setor em relação ao preparo do paciente no período préoperatório às vezes segue o modelo funcional e tecnicista, ignorando outras dimensões do cuidado, sendo baseada em normas e rotinas pré-estabelecidas, executando-se cuidados de enfermagem durante o preparo para a cirurgia

6 que podem causar constrangimentos e desconfortos ao paciente (CHRISTÓFORO, 2006, p.5). O enfermeiro no processo operatório precisa conhecer o paciente e estar atento as suas necessidades, fornecendo as informações necessárias, antes, durante e após o procedimento cirúrgico para que todo o processo transcorra sem intercorrências ou problemas preveníveis e evitáveis (AQUINO; COREGNATO, 2005; SANTOS, 2003). Trabalho a mais de vinte anos como enfermeira de centro cirúrgico e tenho observado que muitas cirurgias eletivas são suspensas em nossa instituição por problemas simples tais como: exames de laboratoriais e de imagem vencidos, reserva de sangue não realizada, falta de preparo psicológico do paciente, desconhecimento do procedimento que será submetido, além de alguns cuidados de preparo cirúrgico ineficaz como: jejum incompleto, suspensão ou não uso de fármacos de uso contínuo, com conseqüente descompensação da comorbidade associada. Além do estresse desenvolvido pelo paciente em função da realização do procedimento, este precisa conviver com o estresse do cancelamento do procedimento e aguardo do reagendamento, e ainda muitos pacientes vêm de lugares distantes sem condições financeiras para custear os gastos com a viagem de retorno para suas residências neste processo de cancelamento e reagendamento cirúrgico. Deste modo passei me questionar e buscar alguma ação que impactasse junto aos pacientes de modo a minimizar o estado de estresse e ansiedade neste momento e ainda reduzir o número de procedimentos cirúrgicos eletivos suspensos por motivos que poderiam ter sido evitados com a correta orientação ao paciente e seus familiares. Assim analisei que a consulta de enfermagem no período pré-operatório, anterior a internação do paciente, poderia se constituir em uma etapa primordial para a resolução destes problemas. A consulta de enfermagem contribuirá de forma esclarecedora aliviando a ansiedade, respondendo as dúvidas do cliente acerca de todo o processo cirúrgico. Contribuindo também com avaliação de exames, preparo psicológico, orientações quanto ao preparo pré-operatório físico e cuidados com a pele da região cirúrgica, tornando assim este processo menos traumático e doloroso. Este projeto tem por objetivo descrever a importância da consulta de enfermagem para os clientes no pré-operatório no âmbito hospitalar. Analisá-la como ferramenta de avaliação do conhecimento do cliente quanto ao procedimento que será submetido, partindo do

7 pressuposto que quanto maior o conhecimento do cliente acerca do processo cirúrgico, maior será sua cooperação e tranqüilidade no processo cirúrgico. Espera-se que com o desenvolvimento da consulta de enfermagem pré-operatória se consiga reduzir o número de cirurgias suspensa e prestar uma assistência de qualidade ao cliente, diagnosticando precocemente suas dificuldades para auxiliá-lo a solucioná-las. Além disso esperamos: - Esclarecer as dúvidas do cliente sobre o procedimento cirúrgico. - Avaliar o conhecimento a respeito do pré e pós operatório. - Verificar os exames laboratoriais e de imagens se estão com datas aceitáveis. - Orientar sobre o procedimento e afastamento das atividades de trabalho, repouso e a conduta pós-operatória. - Minimizar, ansiedade, medo do cliente, proporcionando tranqüilidade, segurança, fazendo-o perceber que não enfrentará este processo sozinho, que a equipe de enfermagem estará com ele em todos os momento.

8 METODOLOGIA Este trabalho de conclusão de curso se constituirá em uma revisão não sistematizada da literatura, acerca da consulta de enfermagem no preparo pré-operatório do paciente. Assim, espera-se que o produto deste estudo contribua para o desenvolvimento de uma nova tecnologia de cuidado em nossa realidade. Trabalho em centro cirúrgico de uma cidade satélite de Brasília. Um hospital de médio porte, com 142 leitos, que atende uma população carente e ainda é referência para o atendimento as cidades vizinhas, chamadas em tornos. Aqui a demanda de cirurgias eletivas é grande, tem especialidades de ginecologias com cirurgias de histerectomias, peri neoplastia, entre outros. Também realizamos procedimentos de cirurgia geral, tais como colecistectomia, hernioplastia, hérnias, laparotomias exploradoras e procedimentos da especialidade de mastologia, com mastectomia radical, cirurgias reparadoras e biopsias. Como a demanda é grande os pacientes das cirurgias eletivas vêm no dia do procedimento e são orientados previamente nos consultórios médicos a ficar em jejum em casa e chegar ao hospital uma hora antes do procedimento. A entrada do paciente no hospital acontece por meio do pronto socorro, os pacientes da cirurgia geral ficam no pronto socorro geral, junto a todos os tipos de atendimento desta unidade, e os pacientes da ginecologia e mastectomia ficam no pronto socorro do centro obstétrico, estes locais possuem alto nível de estresse e o paciente que chega para a realização de um procedimento cirúrgico não recebe nenhum tipo de acolhimento por não ter local para internação, então eles ficam em diferentes lugares aguardando a chamada do Centro Cirúrgico sentados, ou ainda aguardam por um longo período até ter vaga no andar. É comum o entrar com todos os pertences para o centro cirúrgico, porque só terá leito na unidade de internação mais tarde, após alta da anestesia. Esta situação é complicada porque o paciente chega ao centro cirúrgico para a realização do procedimento com nível de estresse alto, preparo inadequado, falta de exames que esqueceu em casa por falta de orientação ou vencidos devido à demora do agendamento cirúrgico. Frente a todos estes dados este trabalho será voltado para a equipe de enfermeiros do hospital, gerando resultados que espero ter impacto sobre as rotinas de centro cirúrgico, incluindo toda a equipe de saúde e os pacientes que são por nós assistidos.

9 Este trabalho foi desenvolvido no mês de março e abril de 2014, realizando a análise da realidade vivenciada e a busca de literaturas disponíveis online, que auxiliem na fundamentação desta estratégia e sensibilização dos demais colegas de trabalho para a implantação da consulta de enfermagem pré-operatória em nossa instituição. Este estudo não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) por não ter utilizado dados relativos aos sujeitos, apenas a descrição de uma realidade e a busca de materiais publicados em periódico científicos para fundamentar os resultados encontrados e esperados.

10 RESULTADOS A consulta de enfermagem é uma modalidade de assistência que permite fazer o acompanhamento das mudanças no estilo de vida, tão necessárias para o controle da doença, bem como reforçar as orientações para o autocuidado, utilizando o Processo de Enfermagem (MANZINI; SIMONETTI, 2009, p. 115). Um estudo realizado junto às pacientes de cirurgias eletivas, ressaltou a necessidade de realizar a consulta de enfermagem no período pré-operatório, antes da internação do paciente, com o objetivo de avaliar o paciente, orientando-o quanto aos passos da internação, bem como esclarecendo como transcorre o período pré trans e pós operatório, para que o paciente tenha ciência dos procedimentos e rotinas que será submetido, o que contribuiria para tornar este processo mais tranqüilo (CHRISTÓFORO; CARVALHO, 2009). Por meio da consulta de enfermagem no pré-operatório o enfermeiro tem a oportunidade de identificar e intervir junto aos medos e anseios do paciente e de sua família ou acompanhante. Um estudo que trabalhou com as representações sociais de pacientes de cirurgias ambulatoriais afirmou que a consulta de enfermagem tem se apresentado como um fator de segurança e confiabilidade da família (GOMES, et al. 2012). O trabalho que o enfermeiro desenvolve através da Consulta de Enfermagem, tem o intuito de melhorar a qualidade de vida e preparar o paciente para o autocuidado. Em nossa instituição a consulta de enfermagem pré-operatória deverá ser realizada no Ambulatório, deverá ser estabelecida uma rotina junto neste setor para que seja criada uma agenda de consulta de Enfermagem, para todos os pacientes de pré-operatório, sendo que estes deverão passar por esta consulta logo após a confirmação do diagnóstico e da necessidade de intervenção cirúrgica. Nesta consulta o enfermeiro vai prepará-lo fisicamente e psicologicamente para o procedimento cirúrgico, e ainda estabelecer um plano de cuidado conforme a necessidade de cada paciente. A Sistematização da Assistência de Enfermagem é um método que respalda as ações de enfermagem. Smeltzer e Bare (2002, p. 308) definem as etapas de enfermagem em: 1- Histórico que compreende avaliação de uma ampla variedade de fatores físicos e psicológicos, tendo por finalidade conhecer o paciente e seus problemas, o diagnóstico de Enfermagem, podem ser previsto ou identificados com base nos dados coletados. 2- Diagnóstico de Enfermagem no qual são identificadas as situações da assistência para elaboração da prescrição de Enfermagem, com a definição dos princípios diagnósticos

11 que podem incluir a ansiedade relacionada á experiência cirúrgica (anestesia, dor) ou ao resultado da cirurgia, como também o risco de gerenciamento ineficaz do regime terapêutico relacionado ao déficit de conhecimento, sobre os procedimentos e protocolos pré-operatório e expectativas sobre o pós-operatório. 3- Planejamento e metas da assistência de Enfermagem a ser prestada devem incluir o alívio da ansiedade pré-operatório e o aumento do conhecimento sobre o preparo préoperatório e expectativa pós-operatório. 4- Prescrição de Enfermagem: incluir reduzir a ansiedade pré-operatório, promover educação do paciente e a última etapa que se descreve os resultados do processo. A última consulta deverá ser no mínimo vinte dias antes do procedimento cirúrgico possibilitando a avaliação dos exames, se estão completos e dentro das datas de validade. Avaliar também as condições físicas se o paciente está com possíveis doenças de base compensadas, como os diabéticos e hipertensos, cardiopatas e outros. Avaliar se o paciente necessita de algum serviço das unidades de apoio, como reserva de leito na unidade de terapia intensiva, reservas de sangue e hemoderivados, órteses ou próteses entre outros. Recentemente observei que senhor de setenta e seis anos havia sido suspenso o seu procedimento cirúrgico pela quarta vez, porque o cardiologista sugeriu a recuperação na unidade de terapia intensiva e o procedimento foi repetidamente agendado sem a solicitação do leito para a unidade regulação de leito da unidade de terapia intensiva. Ainda durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro deve apresentar em forma de filme a unidade de centro cirúrgico e a equipe que vai prestar assistência durante o procedimento, para o paciente conheça previamente o ambiente cirúrgico. As informações coletadas no momento da consulta de enfermagem devem servir de subsídio para agendar a cirurgia de acordo com escala dos anestesistas e salas cirúrgicas disponíveis e profissionais de saúde. Ainda para realizar a previsão de materiais junto a Central de Materiais e Esterilização, observando o número de cirurgias agendadas e a disponibilidade de materiais para cada turno. Tendo o cuidado de sempre deixar reservas para prováveis urgências e emergências. Ainda para melhorar o processo de acolhimento do paciente no momento da internação para a cirurgia deve-se providenciar uma sala de estar para esta finalidade.

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o trabalho de pesquisa podemos detectar que o pré-operatorio dos pacientes para as cirurgias eletivas não está sendo eficaz. As instituições de saúde e como qualquer empresa, devem estar bem estruturadas para atingir seus objetivos. Esta estrutura permitirá que os profissionais de saúde realizem plenamente suas atividades diárias. Cabendo o enfermeiro, a responsabilidade pela direção do serviço de enfermagem, que são: assistir o paciente, planejar, avaliar a assistência de enfermagem prestada e gerenciar os recursos humanos sob sua responsabilidade. A consulta de enfermagem é uma atribuição exclusiva do enfermeiro e um instrumento que proporciona uma melhora na qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente é estabelece vinculo entre o enfermeiro e o paciente. Por isso que a consulta deve ser implementada no período pré-operatorio de cirurgias eletivas. Captando toda informação levada pelo paciente, possibilitando um diagnóstico preciso e ter neste sentido assistência de enfermagem ao paciente que irá submeter uma cirurgia englobando, além das orientações gerais ao tratamento cirúrgico e suas conseqüências, ações específicas para o auto cuidado, que devem ser planejados no período pré-operatório. O enfermeiro deve orientar quanto todos os cuidados realizados e o procedimento cirúrgico. Preparando o paciente fisicamente e psicologicamente com visão de diminuir o nível de stress e ansiedade do paciente, para que possa chegar ao centro cirúrgico preparado para o procedimento cirúrgico, reduzindo o número de suspensão de cirurgia, uma vez que este paciente foi bem assistido no período pré-operatório. Quando me deparo com cirurgias suspensas, me sinto triste e um pouco de revolta, pois os pacientes passam anos em uma fila aguardando uma cirurgia, quando chega no dia e hora marcada a cirurgia e suspensa por falta de um pré-operatório eficaz. Gostaria que um tempo breve esta situação estivesse resolvida. Compreendo que os serviços de saúde passam por dificuldades, que os hospitais estão superlotados. E preciso reconhecer, entretanto, que muitas instituições, com crescentes cortes de verbas públicas, enfrentam dificuldades para manter-se. O quadro de profissional limitado, a deficiência de recursos materiais, as condições insalubre de trabalho, as novas e contínuas demandas tecnológicas com freqüência, aumenta a insegurança e favorecem a insatisfação no trabalho. O clima desfavorável contribui

13 progressivamente para geração de uma assistência fragmentada e cada vez mais, desumanizada.

14 REFERÊNCIAS AQUINO, C. P.; COREGNATO, R. C. A. A percepção da Enfermeira sobre humanização da assistência perioperátoria. Rev. SOBECC, v. 10, n. 2, p. 16-21, 2005. CHRISTÓFORO, Berendina Bouwman. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. 2006. 112 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade Federal do Paraná. CHRISTÓFORO, B. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizado ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. REEUSP. v. 43, n. 1, p. 14-22, 2009. FIGHERA, J.; VIERO, E. V. Vivências do paciente com relação ao procedimento cirúrgico: fantasias e sentimentos mais presentes. Rev. SBPH [online]. 2005, vol.8, n.2, pp. 51-63. ISSN 1516-0858. GOMES, A. M. T. et al. Representação social da cirurgia ambulatorial: Compreendendo o processo de atendimento e o papel do enfermeiro. Rev. enferm. UERJ, v. 20, n. 3, p. 328-33, 2012. MANZINI, F. C.; SIMONETTI, J. P. Consulta de enfermagem aplicada a clientes portadores de hipertensão arterial: uso da teoria do autocuidado de orem. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, v. 17, n. 1, p. 114-120, 2009. SANTOS, N. C. M. Centro cirúrgico e os cuidados de enfermagem. São Paulo: Iátria, 2003. SMELTZER, S. C.; BARE B. G. Brunner & Suddarth. Tratado de Enfermagem médico cirúrgico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

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