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Transcrição:

BRICS Monitor Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS

BRICS Monitor Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS

BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Autor: Sérgio Veloso Coordenação: Pedro Claudio Cunca Bocayuva 1. Introdução As COPs Conferências das Partes são reuniões realizadas anualmente com o objetivo de analisar os progressos e as dificuldades ao lidar com as mudanças climáticas. Elas foram estabelecidas pelo United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), que entrou em vigor em 21 de Março de 1994 e são seu braço executivo. O objetivo maior da convenção é estabilizar as emissões de gases do efeito estufa, para evitar maiores danos ao meio ambiente. Além disso, a convenção é praticamente universal uma vez que o número de países comprometidos com o acordo chegou a 195. 1 Foi com as COPs que a discussão acerca de metas e prazos para a redução de emissões dos gases poluentes teve inicio. Durante a primeira, em 1995 na cidade de Berlim, foi sugerida a criação de um protocolo internacional para lidar com essas questões. Em 1997, a COP 3 foi marcada pela adoção do Protocolo de Kyoto, que estabelecia uma série de metas a serem seguidas pelos países, baseadas nas emissões dos anos 90. Porém, o Protocolo só entrou em vigor em 2005, quando conseguiu o mínimo de ratificações necessárias. A partir desse momento, as discussões das COPs foram voltadas para a implementação do Protocolo e meios para alcançar as metas de redução, como os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo e financiamento dos países em desenvolvimento. Com o tempo e as mudanças que ocorreram no cenário internacional, como o crescimento dos países em desenvolvimento, as discussões das COPs passaram a abordar assuntos como um maior comprometimento por parte desses países e o segundo período do Protocolo de Kyoto, que tem inicio em 2012. 2 Desde a COP 15, a comunidade internacional espera por medidas mais ambiciosas por parte dos países no que diz respeito à redução das emissões. Porém, isso não foi visto durante as últimas reuniões. A COP 17, que 3

ocorreu entre os dias 28 de Novembro e 9 de Dezembro de 2011 em Durban, na África do Sul, foi uma oportunidade para que se aprofundasse a discussão acerca do segundo período de implementação do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, e sobre os mecanismos de implementação da redução de emissões, como o Fundo Verde. O resultado final da Conferência foi a aprovação de um grupo de trabalho, responsável por elaborar um novo tratado com o comprometimento de todos os países, que deverá ser implementado no ano de 2020. 3 Além disso, foi acordado também o Fundo Verde 4, cujo dinheiro será destinado para ajudar os países pobres a reduzir suas emissões e a lidar com as consequências das mudanças climáticas e a prorrogação do Protocolo de Kyoto, ainda sem um prazo definido 5. 2. Desenvolvimento A 17ª Conferência das Partes ocorreu em um momento complicado para a comunidade internacional. Ao mesmo tempo em que os países passam por uma crise financeira, o que acaba comprometendo os esforços para uma maior redução das emissões, estudos dizem que as taxas de gases do efeito estufa liberados na atmosfera bateram recorde no último ano 6. A expectativa para a Conferência de Durban era baixa. Esperava-se que os países desenvolvidos não se envolvessem com as negociações, dados os problemas financeiros mundiais, e que os países em desenvolvimento continuassem defendendo a ideia de que não deveriam ter metas, uma vez que os países desenvolvidos são os maiores responsáveis pela situação. O diretorexecutivo do PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Achim Steiner chegou a dizer que apenas um milagre conseguiria fazer com que um novo Protocolo fosse acordado em Durban 7 O início das negociações foi marcado pela lentidão e pelos poucos avanços produzidos na primeira etapa da Conferência, conhecida como segmento técnico. Dadas as diferentes opiniões e visões divergentes entre os países, a continuação de um protocolo único para a questão climática parecia improvável. Enquanto alguns países, como os membros da União Europeia, estão dispostos a assumir metas obrigatórias, outros, como Rússia e 4

Canadá, afirmavam que essa não seria a melhor solução para o problema. O argumento desses países é baseado no fato de que os maiores poluidores, Estados Unidos e China, não fazem parte do acordo, tornando-o ineficiente. Ao longo das reuniões, ficou clara a divergência de opiniões entre as nações em desenvolvimento e aquelas consideradas desenvolvidas. Enquanto a China se mostrou favorável à aceitação da renovação de Kyoto, mesmo que com algumas ressalvas, os EUA se mantiveram contra essa medida, uma vez que não fazem parte do tratado. Já a União Europeia apresentou uma proposta que seria como um Mapa do Caminho, que levaria à elaboração de um novo tratado em 2015, que contaria com a participação de todos os países e entraria em vigor no ano de 2020. A aceitação do segundo período de implementação do Protocolo de Kyoto seria como uma fase de transição para esse novo acordo. O Brasil foi um dos países que concordaram com a ideia europeia e discursaram sobre a importância da adoção de um tratado legal internacional. Porém, países como Canadá, Rússia e Índia foram contra essa proposta. Após a extensão dos debates por mais dois dias, o saldo da 17ª Conferência das Partes foi surpreendente, mas, ainda assim, não foi considerado suficiente pelos mais críticos. O resultado das negociações foi uma espécie de processo que pode levar a um acordo que envolva todos os países, de forma legalmente vinculativa, para a redução das emissões de gases poluentes. O objetivo é que este novo tratado seja acordado em 2015 e entre em vigor em 2020. Apesar de ter se mostrado contra a ideia de assumir compromissos com a redução de emissões durante os debates, argumentando que as responsabilidades não devem ser iguais para todos os países, a delegação indiana acabou cedendo e aceitando a proposta. 8 Dessa forma, todos os 195 países presentes concordaram que nos próximos anos irão trabalhar para desenvolver este novo acordo e darão continuidade ao Protocolo de Kyoto até que o novo seja estabelecido. Além disso, ficou acordada entre os países a criação do Fundo Verde e de um comitê com o objetivo de ajudar os países vulneráveis a se adaptar às 5

mudanças climáticas. 9 Entretanto, mesmo que todos os países tenham concordado com o estabelecimento do segundo período de implementação do Protocolo de Kyoto durante a COP 17, o governo canadense anunciou sua retirada do tratado no último dia 12, atitude que outros países como Rússia e Japão também ameaçaram tomar durante os debates. 3. Conclusão A 17ª Conferência das Partes ficou marcada, portanto, por resultados que foram melhores do que os esperados pela comunidade internacional. Todavia, tais resultados ficaram aquém do que considerado ideal para uma mudança efetiva na redução das emissões. Além disso, o fato do Canadá ter anunciado sua saída do regime do Protocolo de Kyoto e de outros países terem ameaçado fazer o mesmo, indica a fragilidade da questão e do acordo entre os países. O que se espera da próxima COP, que será realizada no próximo ano, no Catar, é um maior comprometimento dos países com a questão climática e uma maior coesão entre suas opiniões. Espera-se também que a proposta criada pela União Europeia e aceita pelos demais membros da Conferência seja cumprida, mesmo se tratando de uma medida de médio prazo, uma vez que a expectativa de implementação é no ano de 2020. 1 Disponível em: http://www.cop17- cmp7durban.com/en/about- cop17- cmp7/un- convention- on- climate- change- unfccc.html Último acesso em 13 de dezembro de 2011 2 Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cop/pano rama/o- que- esta- em- jogo/historico- das- cops Último acesso em 13 de dezembro de 2011 3 Disponível em: enciaesaude/ultimas- noticias/2011/12/11/em- decisao- inedita- eua- e- china- comprometem- se- a- cortar- gases- estufa.jhtm Último acesso em 14 de dezembro de 2011 4 Disponível em: enciaesaude/ultimas- noticias/2011/12/11/exigencia- de- paises- pobres- fundo- do- clima- sai- do- papel.jhtm Último acesso em 14 de dezembro de 2011 5 Disponível em: enciaesaude/ultimas- noticias/2011/12/11/kyoto- e- prorrogado- por- prazo- indefinido- com- objetivo- recorde- de- corte- de- emissoes.jhtm Último acesso em 14 de dezembro de 2011 6 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ambi ente/1009722- recorde- de- emissoes- testara- conferencia- do- clima- em- durban.shtml Último acesso em 14 de dezembro de 2011 6

7 Disponível em: enciaesaude/ultimas- noticias/efe/2011/11/25/pnuma- diz- que- so- milagre- estabelecera- novo- protocolo- de- kyoto- em- durban.jhtm Último acesso em 14 de dezembro de 2011 8 Disponível em: http://www.latimes.com/news/loca l/environment/la- me- gs- progress- at- end- of- durban- cop17- climate- talks- 20111212,0,4670303.story Último acesso em 15 de dezembro de 2011. 9 Disponível em: http://www.fm.co.za/article.aspx?id =161245 Último acesso em 15 de dezembro de 2011 7