É PROIBIDO MIAR: ANÁLISE DA OBRA DE PEDRO BANDEIRA NA PERSPECTIVA HOMOSSEXUAL



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Transcrição:

É PROIBIDO MIAR: ANÁLISE DA OBRA DE PEDRO BANDEIRA NA PERSPECTIVA HOMOSSEXUAL Sara Regina de Oliveira Lima (PIBID - UESPI) saralima.r@hotmail.com Sislanne Felsan Cunha (MONITORIA UFPI) sisfelsan@hotmail.com INTRODUÇÃO A elaboração deste trabalho se deu a partir da necessidade enquanto estudantes do campo educacional de se conhecer a respeito da abordagem literária homoafetiva para o público infanto-juvenil, assim desenvolveu-se a análise da obra É Proibido Miar (2009) de Pedro Bandeira, que trabalha esta temática. Os estudos bibliográficos como também a análise da obra nos possibilitou a ampliação de conhecimento a respeito da sexualidade e das diferenças existentes em nossa sociedade, visto que vivemos em uma sociedade que tem a heterossexualidade como o padrão. METODOLOGIA Este trabalho caracteriza-se em uma pesquisa exploratória feita a partir da análise do livro É proibido Miar (2009), onde Pedro Bandeira trabalha com a intolerância a diferença. Para realização deste, utilizamos como aparato teórico livros de diferentes autores, tais como Fry (1985), Sell (1987), Louro (2010), entre outros que tecem a respeito do tema exposto. Nossa pesquisa busca abordar os aspectos homoafetivos nos discursos literários da narrativa infanto-juvenil brasileira através da realização de uma análise da temática em questão. A SEXUALIDADE HUMANA: ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO A sociedade é em sua formação normativa posicionada a adotar a heterossexualidade como sexualidade normal" marginalizando e estereotipando qualquer outra forma de relação que não se estabeleça nesses padrões, caracterizada pela heteronormatividade, que julga os indivíduos de acordo com o padrão biológico de reprodução sexual humana. No entanto, a diferenciação entre o

que se pode nomear como feminino e masculino não está ligada a anatomia dos corpos e sim a questões libidinosas, onde os sexos obtêm desejo. A distinção dos modelos homem e mulher não deve, portanto, criar ilusões. Um corpo com caracteres masculinos não indica que o sujeito esteja em uma posição masculina, nem tampouco que as características biopolíticas femininas definem uma mulher. Feminino/masculino são posições de gozo que se instituem nos seres - homens e mulheres - pelo modo que se inscrevem, como sujeitos, na função fálica. (Grossi at al, 2005, pg. 29) Percebemos que os papéis sexuais são forjados socialmente onde as práticas sexuais dependem do contexto e da cultura. O entendimento conceitual da homossexualidade depende do local e da época, pois como afirma Fry (1985) ela tem um sentido na Grécia Antiga, outro na Europa do fim do século XIX, outro sentido ainda entre os índios Guaiaqui do Paraguai, ou seja, a ideia sobre a homossexualidade é construída através da cultura e tempo dentro das sociedades. Com o crescimento dos espaços urbanos a partir do século XVIII e assim a crescente complexidade e diferenciação social, a partir do último século, forneceu-se uma oportunidade crítica para a evolução das identidades homossexuais deste século. (...) Na medida em que a sociedade civil nos países ocidentais se torna mais complexas, mais diferenciadas, mais autoconfiantes, as comunidades lésbicas e gays tem se tornado uma parte importante dessa sociedade. (...) A existência de identidades lésbicas e gays positivas simboliza a pluralização cada vez mais crescente da vida social e a expansão da escolha individual que esta oferece. (LOURO, 2010, p. 69) Atualmente, a sociedade é composta de um multiculturalismo, onde não existe uma concepção única, cada individuo mesmo vivendo em um mesmo núcleo social, compartilha de diferentes ideias e preceitos, devendo manter a garantia do respeito. Tendo em vista este contexto, cresceu o número de literaturas para os mais variados públicos, trazendo à tona diversas temáticas, como as que tratam da tentativa de inibir o preconceito e a discriminação direcionado ao público infantojuvenil brasileiro proporcionando um novo olhar a respeito do que é diferente. Visto que a leitura possibilita a socialização do que é real, a literatura é uma forma simples de tratar assuntos possivelmente complexos, possibilitando assim o desenvolvimento de um leitor crítico, informado e acima de tudo consciente.

ANÁLISE DA OBRA: É PROIBIDO MIAR. No livro É proibido Miar (2009), Pedro Bandeira trata de preconceitos, escolhas e estereótipos sociais, onde o próprio autor descreve sua obra como: Protesto contra todas as proibições, contra todas as imposições que nos mandam gostar disso e não gostar daquilo, que nos mandam usar coisas que a gente não quer usar e tentam nos convencer de que gostar daquilo que a gente gosta é de mau gosto. (BANDEIRA, 2009, p. 48). O autor nos apresenta Bingo, o cão mais sapeca e carinhoso de sua família, e segue a descrever a personalidade de seu personagem central. Comumente ligado ao que nossa sociedade está imersa, uma imagem delicada assim como a que o animal apresenta é vista cotidianamente como um 'desvio' comportamental que por sua vez é adjetivado corriqueiramente como 'alegrinhos', 'fresquinhos', 'carinhosos' ou 'menininhas'. É evidente ao ler a narrativa que o personagem Bingo carrega boa parte dos estereótipos enfrentados pelas pessoas (neste caso homens) que fogem dos padrões heteronormativos. A ideia de naturalização de determinados comportamentos em torno das masculinidades e das feminilidades esta amplamente incorporada em nossa sociedade (...); Tais comportamentos, percebidos de forma essencializada (meninos são ma is agitados, agressivos, meninas são mais meigas, passivas; meninos devem gostar de determinadas coisas, meninas de outras), estão pautados por relações de poder entre sexos desde a infância. (Coleção educação para todos, vol. 32, 2009, p. 147 apud FELIPE e GUIZZO, 2002) Logo no primeiro passeio já era notável as diferenças que Bingo apresentava em comparação aos seus irmãos, pois ao encontrar um vira-lata vagabundo o personagem não latiu enfrentando-o, mas correu para brincar com ele. Neste dia pela primeira vez o pai de Bingo sentiu muita vergonha de seu filho, pensando em o que iriam pensar disso. Este é outros aspectos bastante presente na figura paterna, ter um filho que tenha comportamentos que desviam dos padrões de masculinidade trazem pra si um sentimento de vergonha, como se de alguma forma as atitudes de

seu filho ferissem sua virilidade bravamente, onde todos a sua volta iriam pensar o mesmo. Desde que nascemos instâncias sociais fazem muitos investimentos para que nos tornemos o "modelo" de masculinidade e feminilidade normatizados ou, ao menos, nos aproximemos dele. (Coleção educação para todos, vol. 32, 2009, p. 142). Bingo era um cão vira-lata e todos esperavam que ele se comportasse como tal. No entanto, desde cedo o cãozinho apresentava características diferentes, como o miado, após sentir-se maravilhado pelo vizinho gato que morava em seu telhado. Bingo passou a perceber mesmo que involuntariamente que nada da vida de cão poderia ser mais encantador que a vida feliz e livre de ser um gato. Ele havia constituído ali a sua identidade; identidade esta que desencadeou vários conflitos. Sell (1987) evidencia que no momento em que a orientação sexual é colocada à tona, a vida do ser se torna vulnerável, pois a partir desse momento todas as expectativas da sociedade se voltam sobre o seu comportamento. E foi assim com o primeiro miado de Bingo que gerou um grande alvoroço, pois foi ali que todos que presenciaram tal atitude decretaram que ele realmente era diferente dos demais, tendo como produto, o abandono. Os pais do cãozinho viram que a única solução para aquele problema era a exclusão de Bingo do seio familiar deixando-o ser levado para o canil municipal. Esse abandono não reflete apenas as expectativas do núcleo familiar; a sociedade em si espera que cada componente social cumpra o contrato de heteronormatividade, onde o cãozinho até no canil sofreu agressões físicas pelo simples ato de miar. Essa vontade de normalidade nos acompanha desde a infância, visto que vivemos uma cultura que tende a padronizações, que define os modos de ser corretos e os que são desviantes. (Coleção educação para todos, vol. 32, 2009, p. 144). A obra É proibido miar de Pedro Bandeira mostra-se bastante crítica a respeito do ser diferente frente ao preconceito e a intolerância as diferenças, constituindo-se como uma mimese da realidade. A literatura homoafetiva é abordada no livro de Pedro Bandeira de forma metafórica visto que, o autor vai dando pinceladas intencionais para trabalhar a temática do preconceito por parte dos outros em relação aos que se opõem aos padrões sociais.

Considerações finais Ao estudarmos o tema, percebemos a relevância deste em nossa formação, visto que este trabalho nos possibilitou a ampliação de conhecimento a respeito das diferenças existentes em nossa sociedade. Uma vez que trabalhar com questões sociais é de suma importância para formar cidadãos críticos, na analise da obra observamos que o autor toma cuidado para que os pequenos leitores adquiram esse novo olhar a respeito do que é diferente, tanto no conviver em sociedade como no próprio se sentir diferente dos demais. A literatura infanto-juvenil homoafetiva tem um caráter não só de entretenimento, mas também formativo, pois enquanto a criança ou até mesmo os adultos tem contato com aquela história/estórias confronta-se com as ideias préabsorvidas no contato social e começam a enxergar outra realidade aprendendo a respeitar as diferenças e compreender diferentes manifestações sexuais. REFERÊNCIAS BANDEIRA, Pedro. É proibido miar. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2009 BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural orientação sexual / Secretaria da Educação Fundamental. 2 ed. Rio de Janeiro DP&A, 2000. Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas/ Rogério Diniz Junqueira (organizador). - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2009. FRY, Peter. O que é homossexualidade / Peter Fry e Edward MacRae. - São Paulo : Abril Cultural : Brasiliense, 1985. GROSSI [et al.]. Movimentos sociais, educação e sexualidade / organizadoras, Miriam Pillar Grossi [et al.]. - Rio de Janeiro: Garamond, 2005. LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 3. Ed Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista / Guacira Lopes Louro Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. SELL, Teresa Adada. Identidade homossexual e normas sociais : histórias de vida / Teresa Adada Sell. - - Florianópolis: Ed. da UFSC, 1987.