CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS (PIRE)

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CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS (PIRE) João Garcia, Químico, Mestre em Construção, IST Jorge de Brito, Professor Associado c/ Agregação, IST As superfícies industriais representam áreas significativas no edificado construído, sendo factor de diferenciação económica entre áreas geográficas regionais, nacionais e internacionais. Em termos construtivos, as exigências funcionais destes espaços e a qualidade dos materiais utilizados na sua execução são diferentes das requeridas a nível comercial ou habitacional. Desta forma, as empresas de construção e os fabricantes dos próprios produtos têm vindo a especializar técnicas e meios humanos específicos para estas áreas de intervenção. A escolha criteriosa de um revestimento de piso deve estar de acordo com a adequabilidade ao uso e às solicitações a que estará sujeito (Figura 1). Existem actualmente no mercado diferentes soluções que, tendo em conta as características que se pretendam alcançar, variam em termos de qualidade e custos de colocação. Figura 1 - Solicitações actuantes num pavimento industrial (Eisinger, 2003) TECNOLOGIA DOS REVESTIMENTOS DE PISO Os revestimentos de piso industriais mais utilizados são: betão com endurecedores de superfície, pavimentos autonivelantes de base cimentícia e resinas sintéticas (epóxidas, poliuretanos ou metacrilatos). De acordo com as informações recolhidas junto de diferentes intervenientes do sector, estima-se que a solução de betão com endurecedores de superfície represente cerca de 80% dos casos. Os autonivelantes de base cimentícia representam ainda um valor residual (< 5%), provavelmente devido a serem uma solução recente e mais dispendiosa, embora se preveja um aumento progressivo na sua utilização, em substituição da anterior. As resinas sintéticas representam cerca de 10%, sendo também expectável um aumento deste valor, devido sobretudo às crescentes exigências de resistência química e/ou bacteriológica dos pavimentos. Entre as resinas, as epóxidas representam a maior percentagem de utilização. As outras soluções para revestimentos de piso em instalações industriais representam um valor inferior a 10%. A tipificação de soluções para PIRE é diversificada e variável de país para país, consoante a legislação e normalização em vigor. Além disso, entre os fabricantes destes materiais, existem sistemas de classificação mais ou menos detalhados e específicos. Na maioria dos fabricantes pesquisados, os revestimentos epóxidos são divididos em quatro grandes famílias, designadas como pinturas, sistemas multicamada, revestimentos ou argamassas, que variam em termos de espessura, campo de aplicação e limitações.

CARACTERIZAÇÃO DE MERCADOS EUROPA Desde Março de 1989, existe na Europa uma associação representativa das associações nacionais de cada país. Estas entidades conjugam fabricantes e aplicadores de produtos da construção específicos, onde estão enquadrados os revestimentos epóxidos. A associação europeia é designada por EFNARC (Figura2), tendo como países representados Bélgica, França, Itália, Alemanha, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Inglaterra. Figura 2 - Logótipo da EFNARC (EFNARC, 2001) As principais actividades da EFNARC junto da Comunidade Europeia e Comités Técnicos desenvolvem-se na área dos pavimentos, protecção e reparação de betão e geotecnia, procurando defender os interesses da indústria nas questões legislativas desenvolvidas a nível europeu. Inglaterra Na década de 90, o mercado de pisos na Inglaterra sofreu uma tendência diferente do sector da construção civil em geral. Este, apesar de ter apresentado um bom crescimento ao longo da década (cerca de 67%), registrou uma diminuição de empresas, passando de 207 mil em 1991 para pouco mais de 168 mil em 2001, uma queda de 19%. Contrariamente, o sector dos pisos industriais mostrou-se dinâmico e competitivo, com uma significativa participação de PME s, com um crescimento sustentado ao longo da década de 90, de cerca de 112% (Galdino, 2003). Em 1969, foi criada uma associação de fabricantes e aplicadores de resinas sintéticas, a FeRFA (Federation of Resin Formulators and Applicators), tendo em 1998, quando foi dada nova ênfase à defesa de uma voz coerente para esta indústria, assumido a designação de Resin Flooring Association (Figura3). Esta associação apresenta dados relativos às empresas fabricantes dos materiais e às empresas de aplicação dos mesmos. Figura 3 - Logótipo da FeRFA: Resin Flooring Association (FeRFA, 2005) Em termos de soluções adoptadas e da sua representatividade no mercado, a Figura4 mostra a selecção de revestimentos espessos. Estes materiais apresentam resistências químicas e mecânicas elevadas, embora representem custos de aplicação superiores. Alemanha A Alemanha, tal como a Inglaterra e os países do Norte da Europa, é um líder na con-

cepção, implantação e desenvolvimento de produtos para a construção. Este mercado tem apresentado na última década um decréscimo considerável, extensível a quase todas as soluções construtivas. Num estudo detalhado ao mercado dos pavimentos na Alemanha (Consultic, 2003), são apresentados valores comparativos de áreas aplicadas, tipologia de soluções e uma análise detalhada aos principais fabricantes no país. Até 1999, houve um ligeiro aumento da área aplicada, que sofreu um decréscimo até 2002. Dos 39,4 M m 2 aplicados, verifica-se que a maior percentagem de aplicação (56%) foi absorvida pelo mercado da reabilitação (Figura5). Este mercado representa cada vez mais importância, a nível de pavimentação e em outros sistemas construtivos. Tipo de pavimentos 5,5% 4,2% 0,6% 0,7% 19,9% 13,2% 8,5% 30,1% 17,3% Pintura Alta resistência (> 6 mm) Revestimentos (2-5 mm) Multicamada (> 3 mm) Revestimentos com selagem (> 4 mm) Antiestáticos Resina Terrazzo Membranas antiderrapantes Estacionamentos Figura 4 - Percentagem do tipo de pavimentos em Inglaterra (FeRFA, 2005) Área aplicada de pavimentos epóxidos no ano de 2002 (M m 2 ) 22,2 56% 17,2 44% Novo mercado Reabilitação Figura 5 - Distribuição dos investimentos na pavimentação (Consultic, 2003) Os investimentos de pavimentação ocorreram sobretudo na área industrial, com quase metade da área total aplicada (Figura6). No entanto, tal como noutros países, as áreas comerciais começam a ser uma contribuição importante na utilização de revestimentos epóxidos, devido às características funcionais e estéticas deste tipo de pavimentos. Assim, a segmentação do mercado aumenta, tendo em conta as especificidades exigidas.

Área aplicada de pavimentos epóxidos no ano de 13,15 33% 2002 (M m 2 ) 19,2 49% 3 8% 4,05 10% Indústria Comércio Armazéns Outros Figura 6 - Caracterização do mercado alemão de pavimentos epóxidos (Consultic, 2003) Portugal Em Portugal, o cenário em termos de organização, dados do sector e literatura técnica relacionada com pavimentação industrial é completamente diferente do de outros países da Europa e do Mundo. De facto, a recolha de informação revela-se ainda uma tarefa difícil, sobretudo por não existir uma entidade independente que regule o sector e que represente Portugal nos centros de decisão técnicos e legislativos europeus. Com base nas informações recolhidas, apresentam-se algumas estimativas sobre o valor e características do mercado nacional, com uma ressalva para a subjectividade destes valores. Assim, em termos de área aplicada de revestimentos epóxidos em geral, estimase um valor de 600.000 m 2 / ano, a que corresponde um volume de facturação de 12 M. Admitindo uma divisão entre aplicações comerciais / industriais como na Figura7, o mercado de PIRE em Portugal representa um valor entre 7 e 8 M. As indústrias do ramo automóvel e alimentar são as que mais exigem este tipo de pavimentos, representando cerca de 70% das aplicações. Percentagem de aplicação de pavimentos epóxidos 5% 35% 60% Indústria Comércio Habitação Figura 7 - Caracterização do mercado de pavimentos epóxidos em Portugal Em termos de sistemas de pavimentação, a Figura8 permite concluir que os sistemas de pintura, multicamada e revestimentos representam valores de aplicação similares, enquanto que as argamassas epóxidas, aplicadas em espessuras superiores (> 4 mm), representam ainda uma percentagem reduzida. Tal como noutros países, espera-se um acréscimo da utilização de revestimentos epóxidos em espessuras superiores, devendo os sistemas em pintura fina sofrer um decréscimo, sobretudo a nível industrial, onde as

exigências funcionais assumem particular importância. Tipo de pavimentos 5,0% 35,0% 35,0% 25,0% Pintura (0,3-1 mm) Revestimento (2-3 mm) Multicamada (2-4 mm) Argamassa epóxida (3-8 mm) Figura 8 - Utilização de sistemas de pavimentação em Portugal Em termos de fabricantes destes materiais, o mercado português está servido com soluções tecnológicas ao nível de outros países, já que as empresas com maior significado pertencem a grandes grupos internacionais, com vasta experiência em crescimento e estratégias de mercado. No entanto, tal como em Espanha, regista-se um proliferar da utilização de produtos das chamadas marcas brancas, geralmente produzidos em pequenas instalações ou importados de outros países europeus. Há ainda uma cada vez maior percentagem de distribuidores / aplicadores, sendo a mesma empresa responsável pela distribuição e aplicação dos materiais. Estas representações envolvem sobretudo produtos importados, muitas vezes de empresas fortemente instaladas noutros países e que aproveitam para testar uma possível implantação em Portugal. Para regular o mercado e defender os interesses estratégicos dos diferentes intervenientes, deveria haver uma maior aproximação entre os vários fabricantes e aplicadores, como noutros países. BRASIL Na actual década, encontra-se já no Brasil uma larga gama de opções para pavimentação industrial. O alto grau de especialização dos seus profissionais das áreas de projecto e execução faz do Brasil um país líder no dimensionamento de pavimentos (Rodrigues, 2001). De facto, na pesquisa em diferentes fontes de informação, o Brasil surge como um dos mais importantes países em investigação, desenvolvimento e tecnologia associados aos revestimentos epóxidos e extensível a quase todas as áreas da construção. Por isso, quase todos os grandes grupos internacionais actuam neste país e encontram-se amiúde especialistas brasileiros em congressos internacionais da especialidade. O mercado dos revestimentos de alto desempenho, incluindo os revestimentos epóxidos, representou em 2001 uma movimentação de capital de cerca de 23 milhões de dólares. Este valor tem em conta as vendas dos maiores 10 fabricantes com actividade no Brasil entre os cerca de 70 catalogados e, segundo Oliveira (2003), representa um valor considerado pouco expressivo na execução de pavimentos, embora seja previsível um aumento considerável nos próximos anos devido ao investimento tecnológico no sector. A utilização deste tipo de soluções é apresentada na Figura9, com a maior percentagem de investimento no segmento industrial. Destas aplicações, estima-se que 40% seja em obras novas e o restante para reparação ou reabilitação de estruturas existentes. CONCLUSÃO Os revestimentos epóxidos estão em expansão em todo o Mundo, na área industrial,

onde são tipicamente utilizados, mas também nas áreas comerciais e até habitacionais. Tal resulta das características funcionais e estéticas destes materiais, uma elevada resistência química e mecânica, aliada à facilidade de limpeza e manutenção. Percentagem de aplicação de pavimentos epóxidos 36% 3% 61% Indústria Comércio Habitação Figura 9 - Caracterização do mercado de pavimentos epóxidos no Brasil (Oliveira, 2003) Em Portugal, não existem dados sobre este segmento de mercado, até por não existir uma associação reguladora do sector; as principais empresas multinacionais estão representadas, mas assiste-se à proliferação das chamadas marcas brancas ou distribuidores de produtos importados, cuja principal limitação é a adequabilidade dos produtos às exigências e condições de aplicação locais; em alguns países da Europa onde esta tecnologia está mais implantada (Alemanha, Suécia ou Inglaterra,), verifica-se uma utilização crescente de revestimentos espessos (> 4 mm), enquanto que, noutros países como Portugal e Espanha, os revestimentos finos continuam a merecer preferência junto dos centros de decisão, não só por razões económicas, mas também por algum desconhecimento das soluções por parte de quem projecta. Bibliografia Consultic Marketing & Industrieberatung GmbH, Oberflächenschutz von Böden mit Kunststoffen/Kunstharzen in Form von Imprägnierungen, Versiegelungen, Beschichtungen nach AGI und DIN 28052, sowie Kunstharzmodifizierte Estriche, Kunstharz-estriche, einschl., WHG-Beschichtungssysteme in Deutschland 2002-2006, April 2003. EFNARC - European Federation of National Trade Associations, Specification & Guidelines for Synthetic Resin Flooring, 2001. Eisinger, A., Pisos e Revestimentos Industriais - Reconhecimento de sua Importância, Revista PI - Pisos Industriais, Brasil, Ano 1, Nº 0, Julho de 2003. FeRFA - The Resin Floor Association, Handbook, 2 nd Edition, 2005. Galdino, M.; Shirahige, F., Pisos Industriais na Inglaterra: Um Mercado Maduro, Revista PI - Pisos Industriais, Brasil, Ano 1, Nº 3, Novembro de 2003. Oliveira, P., O Mercado de RAD para Pisos, Revista PI - Pisos Industriais, Brasil, Ano 1, Nº 0, Julho de 2003. Rodrigues, P. P., Tipos de Pavimentos Industriais, LPE Engenharia, Revista PI, Brasil, 2001.