ESPÉCIES DE NEMATÓDEOS PARASITOS DE CUTIAS (DASYPROCTA SPP.) PROCEDENTES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

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Transcrição:

ESPÉCIES DE NEMATÓDEOS PARASITOS DE CUTIAS (DASYPROCTA SPP.) PROCEDENTES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA Nome dos autores: Marcelo Carneiro Oliveira¹; Katyane de Sousa Almeida² 1 Aluno do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína; e-mail: carneiromar@yahoo.com.br PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Medicina Veterinária; Campus de Araguaína; e-mail: katyanesalmeida@gmail.com RESUMO O trabalho objetivou conhecer a fauna helmintológica de cutias procedentes da Amazônia brasileira e para tanto foram utilizadas quatro cutias, sendo duas da espécie Dasyprocta prymnolopha, procedentes do município de Araguaína, Estado do Tocantins e duas da espécie Dasyprocta fuliginosa, procedentes de Coari, Estado do Amazônas. Os animais foram necropsiados a campo com a abertura, separadamente, de cada segmento anatômico do trato digestório (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso), além da traquéia, coração, pulmão, fígado, pâncreas e rins e os conteúdos resultantes foram fixados em solução de formol acético, para identificação das espécies e determinação da frequência, abundância, intensidade média e variação de intensidade. Dos quatro animais necropsiados, coletou-se um total de 4118 helmintos, sendo cinco espécies de nematódeos (Sexansodera agoutiae, Heligmostrongylus agouti, Eucyathostomum copulatum, Trichuris gracilis, e uma espécie que não pode ser classificada devido a presença somente de fêmeas). Sexansodera agoutiae teve neste trabalho sua primeira descrição no Brasil parasitando intestino grosso de cutia (Dasyprocta fuliginosa) e Heligmostrongylus agouti foi o helminto mais prevalente, sendo encontrado em 75% dos animais examinados. Palavras-chave: Dasyproctidae; Helminto; Nematoda; Roedor INTRODUÇÃO A cutia pertence a classe Mammalia, ordem Rodentia, subordem Hystricomorpha, infraordem Hystricognathi, família Dasyproctidae, gênero Dasyprocta spp., com 11 espécies válidas, e no Brasil cinco espécies são encontradas: D. azarae, D. fuliginosa, D. prymnolopha, D. punctata e D. leporina (WOODS & KILPATRICK, 2005). É um roedor de porte pequeno chegando a pesar até quatro quilos, sem dimorfismo sexual visível, existindo variação de cor. A cauda é vestigial, em forma de tubérculo, as patas anteriores possuem quatro dedos e são mais curtas que as posteriores que possuem três dedos. O tempo de

gestação é de 117 dias, com dois partos por ano, sendo que na maioria das vezes são gemelares (HOSKEN & SILVEIRA, 2001). A cutia fornece proteína de origem animal e por isso, apresentam importância sócio-econômica para as regiões norte e nordeste do Brasil (RODRIGUES et al., 2003). A carne é uma iguaria digna das mais requintadas mesas de gourmets, é clara e light, isso faz com que a cutia seja uma espécie muito predada. Outro fator que contribui para redução é a destruição de seu habitat natural, incluindo as matas atlânticas, Amazônia e o cerrado (HOSKEN & SILVEIRA, 2001). A fauna parasitária dos animais da América do Sul não está completamente estudada. O parasitismo e a depredação são mecanismo de controle natural das populações silvestres, porém nos animais em cativeiro, a carga parasitária pode afetar o comportamento reprodutivo reduzindo a produtividade da espécie no sistema de criação (SOULSBY, 1987). O conhecimento das espécies de parasitos que acometem as cutias se torna mais importante a partir do momento em que surgem as criações comerciais desse roedor. O intenso parasitismo por nematódeos denota que são necessários mais estudos para conhecimento dos possíveis danos causados ao hospedeiro (SILVA et al., 2008). Diversos helmintos já foram descritos em cutias no Brasil, entretanto, conhecer a helmintofauna de cutias da Amazônia brasileira é de fundamental importância devido a contribuição para parasitologia, com a identificação de espécies de helmintos anteriormente descritas em outras regiões do Brasil, e a possibilidade de classificação de novas espécies de parasitos, além de contribuir diretamente para criação desses animais em cativeiro, pela facilidade de identificação dos helmintos por testes coprológicos após a identificação deles em necropsia para aplicação de um tratamento ou prevenção racional. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização deste experimento, foram utilizadas quatro cutias, sendo duas da espécie Dasyprocta prymnolopha, procedentes da zona rural do município de Araguaína, Estado do Tocantins e duas da espécie Dasyprocta fuliginosa, procedentes da zona rural de Coari, Estado do Amazônas, sendo capturadas por meio de armadilhas do tipo Tomahawk. O presente trabalho foi realizado conforme orientações da comissão de ética da Universidade Estadual Paulista e autorização do IBAMA (processo n 19.995-1). Os animais capturados foram eutanasiados por meio da aplicação de tiopental sódico a 2,5%, por via endovenosa, até que o coma barbitúrico fosse atingido, administrando cloreto de potássio a

19,1% até a parada cardíaca, obedecendo ao Código de Ética Experimental para Animais de Laboratório formulado pela Sociedade Zoófila Educativa e Associação Protetora dos Animais. Posteriormente, os animais foram necropsiados a campo com a abertura, separadamente, de cada segmento anatômico do trato digestório (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso), além da traquéia, coração, pulmão, fígado, pâncreas e rins, em bandeja de metal, com total remoção do conteúdo, que passou por tamisação com tamis de 100 µm de diâmetro. Os conteúdos resultantes foram fixados em solução de formol acético, envasados em frascos individuais e identificados quanto à procedência, faixa etária e número do animal, sendo enviados ao Laboratório de Higiene e Saúde Pública da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Tocantins, para identificação das espécies. A separação dos helmintos foi realizada usando o microscópio estereoscópico, onde os helmintos foram envasados com nova solução de formol acético com identificação do animal e segmento anatômico para classificação, que obedeceu a metodologia descrita por Travassos (1950). Os nematódeos foram classificados utilizando a bibliografia de Vicente (1966); Vicente et al. (1997); Macedo (2008) e Pinto et al. (2011). Utilizou-se a estatística descritiva de acordo com Margolis et al. (1982), para a determinação da frequência, abundância, intensidade média e variação de intensidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos quatro animais necropsiados, coletou-se um total de 4118 helmintos, sendo cinco espécies de nematódeos (Tabela 1), dentre elas, uma que não pode ser classificada devido a presença somente de fêmeas.

Todas as espécies de nematódeos acima descritos já foram encontradas parasitando cutias no Brasil (MACEDO, 2008; VICENTE et al., 1997), exceto a espécie Sexansodera agoutiae, sendo a sua primeira descrição no país. A espécie Sexansodera agoutiae anteriormente era conhecida como Aspidodera binansata e foi descrita no Brasil, em Trinidad e no Paraguai parasitando tatus, sendo posteriormente criada uma variedade, Aspidodera binansata var. agoutiae, descrita parasitando intestino de cutia da espécie Dasyprocta agouti em Trinidad (VICENTE, 1966). Desta forma, no Brasil, esta é a primeira descrição da espécie Sexansodera agoutiae parasitando intestino grosso de cutia (Dasyprocta fuliginosa). Quando comparados os parasitos encontrados em relação ao local (Tabela 1), verifica-se que tanto no Amazonas (D. fuliginosa) como no Tocantins (D. prymnolopha) foram encontradas três espécies de helmintos, sendo comum entre os estados apenas o helminto Heligmostrongylus agouti. Em relação aos indicadores de infecção, nota-se na Tabela 2, que o helminto mais prevalente foi Heligmostrongylus agouti, sendo encontrado em 75% dos animais examinados, sendo ainda o mais abundante e de intensidade média maior. Os demais parasitos foram encontrados em apenas um dos animais, resultando em 25% de prevalência e ainda sem variação de intensidade. LITERATURA CITADA HOSKEN, F. M.; SILVEIRA, A. C. Criação de cutias. 4 ed. Viçosa: Aprenda fácil, p. 231, 2001. MACEDO, E. L. Nematódeos gastrintestinais parasitos de cutias (Dasyprocta sp.) do município de Teresina-Piauí-Brasil. Universidade Federal de Minas Gerais. Dissertação de mestrado, Belo Horizonte, 2008.

MACEDO, M. I. P. F.; DUARTE, F. H.; VALVERDE, D. M. D.; LIMA, S. S. Primeiro relato de helmintos em Agouti paca LINNAEUS, 1766 (Rodentia: Agoutidae) do município de Juiz de Fora, Minas Gerais. Revista de Patologia Tropical, v.34, 2005. MARGOLIS, L.; ESCH, G. W.; HOLMES, J. C.; RURIS, A. M.; SCHAD, G. A. The use of ecological terms in Parasitology. Report of an ad Committee of the American Society of Parasitologists, v.68, n.l, p.131-133, 1982. PINTO, R. M.; KNOFF, M.; GOMES, C. D.; NORONHA, D. Nemades from mammals in Brazil. Neotropical Helminthology, v. 5, n 2, p139-183, 2011. RODRIGUES, R. F.; MIGLINO, M. A.; FERRAZ, R. H. S.; MORAIS-PINTO, L. Placentação em cutias (Dasyprocta aguti, CARLETON, M.D.): aspectos morfológicos. Brazilian Journ al of Veterinary Research and Animal Science, v. 40, n 2, p. 133-137, 2003. SILVA, M. K.; SILVA, A. S.; OLIVEIRA, C. B.;MONTEIRO, S. G. Parasitas gastrintestinais de cutias (Dasyprocta leporina). Ciência Animal Brasileira, v.9, n.1, p.128-131, 2008. SOULSBY, E. J. L. Parasitología y enfermedades parasitarias de los animales domésticos. Nueva Interamericana, México, D. F. 1987. 823p. TRAVASSOS, L. Introdução ao estudo da helmintologia. Revista Brasileira de Biologia, 1950. 169p. VICENTE, J. J. Revisão da subfamília Aspidoderinae Skrjabin & Shikhobalova, 1947 (Nematoda). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.64, p. 131-161, 1966. VICENTE, J. J.; RODRIGUES, H. O.; GOMES, D. C.; PINTO, R. M. Nematóides do Brasil. Parte V: Nematóides de mamíferos. Revista Brasileira de Biologia, v.14, n.1,, 1997. 452p. WOODS, C.A.; KILPATRICK, C.W. Infraorder Hystricognathi. In: WILSON, D.A.M.; REEDER, D.A. (Ed.) Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference. 3 ed., v. 2. [S.l.]: JHU Press, 2005. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil"