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Transcrição:

BuscaLegis.ccj.ufsc.br Da liquidação e do cumprimento de sentença. Comentários sobre a Lei nº 11.232/05 e análise dos arts. 475-A a 475-R do Código de Processo Civil Thiago Raddi Ribeiro Moreira* SUMÁRIO: Introdução e Breves Considerações. As Alterações Trazidas pela Lei nº 11.232/05 e sua Finalidade. Análise dos Artigos 475-A a 475-R do Código de Processo Civil. Da Liquidação de Sentença. Do Cumprimento da Sentença. Referências -------------------------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO E BREVES CONSIDERAÇÕES O presente trabalho tem como objetivo tecer comentários sobre a aplicação de parte da Lei nº 11.232/05, que alterou o Código de Processo Civil no tocante a liquidação e cumprimento da sentença, bem como a própria definição legal do instituto.

Não se tem aqui a finalidade de esgotar o tema legal, mas enfocar e expor, de maneira didática, o procedimento de liquidação de sentença e a fase posterior, de seu cumprimento, antes chamada "fase de execução", em todos os seus artigos (475-A a 475-R, CPC). As discussões doutrinárias sobre a alteração trazida pela citada lei quanto ao próprio conceito de "sentença" serão mencionadas. Do mesmo modo as relativas ao processo de execução propriamente dito (ou autônomo), agora restrito aos títulos executivos extrajudiciais, em consonância com a Lei nº 11.382/06. Dissertaremos, ainda, sobre conceitos fundamentais como a sentença, os títulos executivos, a própria execução, liquidação, impugnação e outros. Entretanto, tais explicações serão feitas subsidiariamente, entre os próprios artigos do texto legal que trazem os conceitos e, em caso de não o fizerem, serão por nós explicados da melhor maneira possível. Destarte, temos como principal escopo aduzir comentários quanto aos artigos 475-A a 475-R, que recheiam os Capítulos IX (Da liquidação de sentença) e X (Do cumprimento da sentença) do Título VIII (Do procedimento ordinário) do Livro I (Do processo de conhecimento) do Código de Processo Civil. --------------------------------------------------------------------------------

AS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 11.232/05 E SUA FINALIDADE A execução é instituto processual antigo e sua definição não compreende grandes discussões. Para nós, a execução é o instrumento processual posto à disposição do credor para exigir o adimplemento forçado de uma obrigação, por meio da retirada de bens do patrimônio do devedor ou do responsável, suficientes para a satisfação plena do direito reconhecido judicial ou extrajudicialmente do exequente. Desta forma, caso o devedor não cumpra com suas obrigações assumidas perante o credor, este último recorre ao Estado, através do Poder Judiciário, para ver satisfeito o direito ao qual faz jus. Contudo, por muitas vezes o credor vê seu direito de receber o que lhe é reconhecidamente devido exaurir-se no tempo, seja por culpa da morosidade do Poder Judiciário, seja por culpa da própria legislação, por vezes excessiva e burocrática. Por esta razão é que o legislador decidiu adequar o Código de Processo Civil ao princípio da economia processual, mormente o ciclo da execução, através das Leis nºs 11.232/05 e 11.382/06.

Em síntese, a Lei nº 11.232/05 eliminou o processo autônomo de execução de sentença, trazendo as fases de liquidação e cumprimento da sentença para dentro do processo de conhecimento. Como consequência, a economia processual foi grande, eliminando atrasos formais e legislativos como a instauração de um novo processo completamente autônomo, com petição inicial, todo o procedimento de citação do executado etc, após o possivelmente longo trâmite do processo de conhecimento até a sentença transitada em julgado. Importante salientar que os artigos 475-A a 475-R, do Código de Processo Civil, objetos de nosso estudo, (incluídos pela Lei n 11.232/05) tratam apenas de execução de título judicial de quantia certa contra devedor solvente. Continua como processo de execução autônomo, disciplinada no Livro II (Do processo de execução) do mesmo diploma legal, a execução de títulos executivos extrajudiciais. Procede-se ainda, de maneira diversa, a execução de quantia certa contra devedor insolvente, bem como a execução tendo como objeto obrigação de fazer ou não fazer (art. 461, CPC) e dar ou entregar coisa (art. 461-A, CPC). Por fim, antes da análise direta dos artigos trazidos pela "nova" lei, cabe considerarmos que a reforma processual foi muito profunda, alterando institutos há muito consagrados, de modo que divergências doutrinárias e jurisprudenciais são inevitáveis até hoje.

Há autores que afirmam serem diversos artigos inconstitucionais (p. ex. os artigos 475- L, 1º e 475-N, inciso I, ambos do CPC). Outros discutem sobre a necessidade ou não de intimação da parte executada para que cumpra espontaneamente a sentença, e não incida na multa de 10% (dez por cento) prevista no artigo 475-J, CPC. De qualquer maneira, entendemos ser conveniente o estudo deste breve trabalho, já que, em que pesem as diversas discussões doutrinárias e jurisprudenciais, bem como a confusão feita pelos próprios operadores do direito do dia-a-dia, sejam eles advogados, serventuários, cartorários, escreventes, oficiais de justiça ou juízes, também os estudantes de direito necessitam de embasamento para a futura aplicação desta lei. Afinal, não se trata de grande novidade, pelo menos em questão temporal, já que a Lei nº 11.232/05 foi publicada no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 2005, com vigência a partir de 24 de junho do ano seguinte. -------------------------------------------------------------------------------- ANÁLISE DOS ARTIGOS 475-A A 475-R DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. A liquidação é ação de conhecimento e tem natureza constitutiva. [01] Tem como finalidade completar o título, que passa a ser executivo, com o atributo da liquidez. Tal atributo é o quantum debeatur, ou seja, o valor debatido. Sem a liquidez, torna-se impossível a execução do título. A saber: o título, seja ele judicial ou extrajudicial, para que tenha eficácia executiva, precisa ser certo, líquido e exigível, conforme disciplina o art. 586, CPC. [02] Com a reforma trazida pela Lei nº 11.232/05, a liquidação passa a correr dentro do mesmo processo que originou o título ora sem liquidez, sem a formação de nova relação jurídica processual (não é necessária formulação de petição inicial e nova citação, p. ex.). Isso não tira, contudo, a natureza de ação da liquidação de sentença, que faz coisa julgada material (e pode ser impugnada por meio de ação rescisória). Somente há uma simplificação, uma economia processual, como já ocorria, p. ex., com a reconvenção.

A liquidação de sentença tem lugar apenas em sentenças condenatórias ou em parte condenatórias. Assim, sentenças declaratórias ou meramente constitutivas não podem ser liquidadas. Tal procedimento ultrapassaria o pedido do autor, configurando julgamento ultra ou extra petita. Claro que, em se tratando de sentença declaratória ou constitutiva com parte condenatória (p. ex. a condenação ao pagamento de honorários advocatícios), tal parte pode ser liquidada. 1º. Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. Essa é uma das grandes reformas trazidas pela Lei nº 11.232/05. A liquidação de sentença dispensa nova citação, pois é parte do processo de conhecimento. Não se trata de nova relação jurídica processual, mas da mesma, com as mesmas partes e com o mesmo objeto final. Desta forma, o advogado será apenas intimado. Na maior parte dos casos, a intimação ocorre através do Diário Oficial. O pedido de liquidação da sentença deve ser formulado através de petição simples dirigida ao juízo. Como o CPC não traz regra expressa quanto à competência para processar a liquidação, entendemos que deve ser seguida a regra do art. 475-P, CPC, que se refere ao cumprimento de sentença. Isso porque se trata da mesma lei e matéria consequente.

Assim, é competente o juízo que proferiu a sentença no primeiro grau de jurisdição; o juízo do lugar onde se localizam os bens sujeitos à expropriação; ou, ainda, o juízo do lugar do atual domicílio do réu. 2º. A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. Trata-se de medida de economia processual. A liquidação pode ser requerida na pendência de recurso, tenha ele efeito suspensivo ou não. Importante não se confundir com a execução provisória na fase de cumprimento de sentença. A liquidação será sempre definitiva. O que pode ser provisória é a execução de sentença, quando não atribuído efeito suspensivo ao recurso. 3º. Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas d e e desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. Existe aqui uma limitação e uma autorização ao juízo. Em casos de ação de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre e ação de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, não

pode ser proferida sentença ilíquida, ficando o juiz autorizado a fixar o quantum a seu prudente critério. Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. Quando a apuração do quantum debeatur depender meramente de cálculos aritméticos, o credor requererá o cumprimento da sentença, não sendo necessária a liquidação por artigos ou arbitramento. Como já exposto, a fase de liquidação de sentença se dá por simples petição. Nesse caso, a petição deve ser acompanhada da memória dos cálculos que fizeram o credor chegar ao valor pretendido. A apuração do valor a ser pago deve seguir estritamente o disposto na sentença. Tal sentença, apesar de ilíquida, deve dar as linhas pelas quais seguirá o credor para a apuração do valor devido. Não concordando o devedor com o valor apurado pelo credor, deverá opor impugnação ao cumprimento de sentença, nos termos do art. 475-L, inciso V, CPC.

1º. Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. O parágrafo é auto-explicativo. Estando os dados necessários em poder do devedor, não poderia o credor ser por isso prejudicado, deixando de receber valor que lhe é devido e que foi reconhecido em sentença (o direito de receber, não o montante exato do valor). 2º. Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputarse-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362. Deixando o devedor de apresentar, de maneira injustificada, os dados necessários para a apuração do valor devido, o valor apresentado pelo credor será tido como verdadeiro. Entende Nelson Nery Júnior que, nessa hipótese, fica o devedor "impedido de opor impugnação por excesso de execução (CPC 475-L V)" [03]. Entende o doutrinador que se trata de presunção iuris et de iure, que não se admite prova em contrário. Com o devido respeito, discordamos de tal assertiva. Como se depreende do texto legal, os cálculos apresentados pelo credor serão tidos como verdadeiros se o devedor não apresentar os dados solicitados injustificadamente.

Nesse caso, entendemos "injustificadamente" como a mera falta de manifestação. Ora, se é assim, não pode o devedor ser privado do direito de opor impugnação por excesso de execução pelo simples fato de não haver se manifestado. Imaginemos que o devedor perdeu o prazo fixado pelo juiz para a apresentação dos dados. O prazo para apresentação foi atingido pela preclusão, mas não o direito de manifestar-se contra um excesso que acredite existente. No mais, importante a verificação do procedimento adotado. O credor, para a confecção da memória do cálculo, acreditando ser necessária a verificação de certos dados que estão em poder do devedor, requisitá-los-á ao juiz. Caso o devedor simplesmente não se manifeste, o credor poderá apresentar os cálculos como bem entender, inclusive em valor muito superior ao real. Por força do parágrafo ora comentado, tais cálculos, mesmo que em excesso, serão tidos como verdadeiros. Seria por demais equivocado retirar do devedor o direito de opor impugnação por excesso de execução. Por fim, quanto à segunda parte do parágrafo debatido, caso os dados não sejam apresentados por terceiro, o juiz fixará prazo para apresentação de tais dados e, não sendo atendido, ordenará expedição de mandado de busca e apreensão, sem prejuízo de imputação de crime de desobediência ao terceiro. [04]

3º. Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda, e, ainda, nos casos de assistência judiciária. Trata-se de medida que pode ser adotada de ofício pelo juízo, mesmo sendo esta de interesse do devedor. Isso ocorre porque, na maioria dos casos, na execução por quantia certa por meio de cumprimento de sentença, o valor patrimonial é disponível. 4º. Se o credor não concordar com os cálculos feitos no termo do 3º deste artigo, farse-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador. Parece-nos que este parágrafo está mal redigido, dando a entender até mesmo que é inconstitucional. A correta interpretação é de que o credor, não concordando com os cálculos apresentados pelo contador do juízo, deverá impugná-los. Se não o pudesse, estaria ferido o princípio constitucional da ampla defesa. A impugnação deve ser decidida nos autos e dessa decisão interlocutória cabe recurso de agravo. Exercido o direito de ampla defesa e rejeitada a impugnação, aí sim, a penhora terá por base o valor apresentado pelo contador judicial.

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: A liquidação por arbitramento ocorre quando for necessária perícia para apuração do quantum debeatur. Não se pode confundir a necessidade de perícia com a necessidade de mero cálculo aritmético (cf. artigo anterior). Na liquidação por arbitramento exige-se perícia técnica, especializada, ou seja, profissional formado, com habilidade e habilitação para proceder a perícia. Já no caso de cálculo aritmético, mesmo que seja realizado por contador (de escritórios contábeis, p. ex.), não se trata de perícia, mas de simples "soma" de fatores. I determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II o exigir a natureza do objeto da liquidação. Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para entrega do laudo. Há que se entender a finalidade de economia processual trazida pela Lei nº 11.232/05. Por esta razão é que a perícia de que trata este artigo é mais simples do que o procedimento de prova pericial disposto nos arts. 420 a 439, CPC, apesar de aplicar-se tal procedimento, no que couber, quando não contrariar os arts. 475-C e 475-D, CPC.

Desta forma, importante a observação de que não é vedado às partes a formulação de quesitos ou mesmo a nomeação de assistente técnico para auxiliar a perícia judicial. Contudo, tais faculdades têm de ser exercidas dentro do prazo fixado pelo juízo para entrega do laudo pericial. Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. A audiência mencionada se faz necessária quando as partes, de modo fundamentado, possuindo alguma dúvida quanto ao laudo apresentado pelo perito, formulem quesitos complementares. Neste caso, o juiz designará audiência para que o perito possa analisar os quesitos e respondê-los adequadamente. Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. Frederico Marques define fato novo, nesse caso, como "o acontecimento apto a determinar o valor da condenação" [05].

Não se trata de fato modificativo do processo, já que não pode alterar o que já decidiu sentença transitada em julgado. O fato novo não diz respeito ao dano, cuja existência já foi provada no processo de conhecimento, mas sim deve ater-se a questão da valoração desse dano. Um bom exemplo é trazido por Nelson Nery Júnior [06]: "Sentença condena o réu a indenizar os danos decorrentes de acidente, com todas as suas conseqüências passadas, presentes e futuras. Caso a vítima tenha de submeter-se à nova cirurgia, não descrita na petição inicial da ação de conhecimento com um dos danos já sofridos pelo autor, deverá ser alegada e comprovada em liquidação de sentença, para que seu valor possa integrar o título executivo. (...) O que se prova na liquidação é o fato novo, isto é, que essa cirurgia superveniente é um dos danos de que fala a sentença". Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272). Tal procedimento poderá dar-se pelo rito sumário (art. 275 e ss., CPC) ou ordinário (art. 282 e ss., CPC), dependendo do caso. Devem ser apresentadas a petição inicial, cumprindo os requisitos estabelecidos nos arts. 282 e 283, CPC [07], a defesa, as provas, razões finais etc. Por fim, será proferida a sentença pelo juiz.

Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. Explica o Superior Tribunal de Justiça: "A sentença deve ser executada segundo o que nela se contém, de modo expresso e implícito, fielmente, adotando-se o adjetivo preciso. Ao diverso proceder, à evidência o desacato à autoridade da coisa julgada". [08] Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. Momento oportuno para discorrermos sobre a modificação do conceito de sentença, trazida pela Lei nº 11.232/05, no art. 162, 1º, CPC, in verbis: "Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei". Os mencionados artigos arrolam as situações em que o processo é decidido com (art. 269, CPC [09]) e sem (art. 267, CPC [10]) resolução do mérito. Houve momentânea discussão na doutrina sobre a questão de a sentença continuar a por fim ao processo ou não. Afinal, a considerar-se apenas a modificação trazida pela

nova Lei, sem adequá-la a sistemática do Código de Processo Civil, seria possível entender-se que a sentença poderia não pôr fim ao processo. Assim, p. ex., a decisão do juiz que determina a exclusão de uma das partes do pólo passivo, em caso de litisconsorte, por falta de legitimidade, seria sentença, já que legitimidade é uma das condições da ação (matéria do art. 267, inc. VI, CPC). Consequentemente, seria recorrível por meio de apelação (art. 513, CPC [11]). Por essa interpretação, os autos deveriam subir ao Tribunal para a decisão sobre a legitimidade da parte excluída em primeira instância, ficando o processo suspenso. Ora, tal situação iria contra o objetivo do Código de Processo Civil e da própria Lei nº 11.232/05, que visam a celeridade e a economia processual. Desta forma, há que se entender que o art. 162, 1º, CPC, deve ser interpretado dentro da sistemática do Código. Assim, sentença é o ato do juiz que implica em alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269, CPC, e que, ao mesmo tempo, extingue o processo ou procedimento no primeiro grau de jurisdição.

Logo, a decisão que exclui o corréu por ilegitimidade não extingue o processo, mas sim resolve questão incidental, por isso chamada de decisão interlocutória (art. 162, 2º, CPC [12]) e recorrível por meio de agravo (art. 522, CPC [13]). No caso do art. 475-H, ora em comento, acertou o legislador em dizer que da decisão de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento. Apesar de a liquidação de sentença ter natureza de ação, de sua decisão ter conteúdo de mérito, acolhendo ou rejeitando a pretensão (art. 269, I, CPC), de fazer coisa julgada material (art. 467, CPC [14]) e ser rescindível (art. 485, CPC), não põe fim ao processo e, assim, é recorrível por meio de agravo, no caso, de instrumento (e não o retido), por definição do legislador. -------------------------------------------------------------------------------- DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

A Lei nº 11.232/05 modificou a forma de execução de quantia certa, tendo por fim facilitar e desburocratizar o processo de execução. Conforme se depreende do caput do artigo em comento, o capítulo denominado "Do Cumprimento da Sentença" rege a execução de obrigação por quantia certa. A execução das obrigações (decorridas de títulos judiciais) de fazer ou não fazer regerse-ão conforme o art. 461, CPC, e de entregar coisa certa, conforme o art. 461-A, CPC. O legislador decidiu por inserir este capítulo logo depois do destinado à "Liquidação de Sentença", já que o cumprimento de sentença ocorrerá após a mesma ser revestida de liquidez. Importante ressaltar que tanto a liquidação de sentença como a execução de quantia certa (agora denominada cumprimento de sentença) continuam a ter natureza jurídica de ação. O que a Lei fez foi simplificar o procedimento, acumulando diversas ações em um único processo. Desta forma, instaurado o processo de conhecimento, após a manifestação das partes e dilação probatória, o juiz proferirá sentença. Se ilíquida, será liquidada no mesmo processo, conforme art. 475-A e ss., CPC, sem a necessidade de nova citação, aproveitando a citação realizada no processo de conhecimento. Como regra geral, será o advogado do executado intimado pela imprensa oficial.

Terminada a liquidação, iniciar-se-á a execução, denominada cumprimento da sentença, conforme art. 475-I e ss., CPC, do mesmo modo aproveitando a citação realizada no processo de conhecimento, sendo o advogado do executado apenas intimado. Por fim, cumpre dizer que tal capítulo rege a execução de títulos judiciais, e não dos títulos extrajudiciais. 1º. É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. A questão será mais bem explicada no comentário do art. 475-O, CPC (execução provisória). O que se vê aqui é que a sentença poderá ser executada, ainda que provisoriamente, na pendência de decisão de recurso, ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. De sentença transitada em julgado a execução é definitiva. Se atribuído efeito suspensivo ao recurso, aguardar-se-á o acórdão para que se proceda a execução. Se não for atribuído efeito suspensivo a eventual recurso, a execução será provisória, correndo por conta e risco do exequente.

2º. Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. Ainda observando os princípios da celeridade e economia processual, em caso de sentença com partes líquida e ilíquida, o legislador faculta ao credor iniciar a execução da parte líquida nos autos do processo de conhecimento (cf. arts. 475-I e ss., CPC) e, de maneira incidental, promover a liquidação (cf. arts. 475-A e ss., CPC) da parte ilíquida em autos apartados. Depois de transitada em julgado a decisão da liquidação, prossegue-se o cumprimento da sentença, conforme o procedimento dos arts. 475-I e ss., CPC. Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de 15 (quinze) dias, o montante da condenação será acrescido de multa percentual de 10% (dez por cento) e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. O devedor tem um prazo de 15 (quinze) dias para efetuar o pagamento do valor da condenação voluntariamente. Tal disposição tem fulcro no princípio da lealdade processual. Se o devedor foi condenado a pagar quantia, e se a decisão de tal condenação já transitou em julgado, não há porque o devedor dar margem ao início do processo de execução (ou cumprimento de sentença), se pode simplesmente efetuar o pagamento, de maneira voluntária.

Não o fazendo, o valor da condenação será acrescido de multa percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor total da condenação prevista na sentença, inclusive sobre os honorários advocatícios e juros legais. Frise-se a voluntariedade do pagamento. O devedor, para que não seja obrigado a pagar a multa prevista, deve efetuar o pagamento independente de intimação. Assim não entende o professor Nelson Nery Júnior [15], afirmando que "o devedor deve ser intimado para que, no prazo de quinze dias a contar da efetiva intimação, cumpra o julgado e efetue o pagamento da quantia devida". Com o devido respeito, não concordamos com o renomado doutrinador. A condenação deve ser paga de maneira voluntária e a intimação, se necessária fosse, do devedor para o cumprimento do determinado na sentença, iria ao revés da sistemática do Código de Processo Civil e da finalidade da Lei n 11.232/05, ou seja, os princípios da celeridade e economia processuais. O que espera o codice e a Lei é que o devedor cumpra a sentença espontaneamente, evitando assim todo o procedimento envolvendo a intimação e, consequentemente, a imprensa oficial, ou correio, ou oficial de justiça.

Os 15 (quinze) dias mencionados no caput do artigo 475-J, CPC, devem ser contados a partir do trânsito em julgado da sentença (ou acórdão, se recurso houver). Nessa ocasião, o devedor, pessoalmente ou através de seu advogado, já foi intimado da decisão (da sentença ou do acórdão), não sendo necessária nova intimação informando o trânsito em julgado e a consequente necessidade de pagamento da condenação. É esse o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Transcrevemos, em parte, o acórdão proferido pela 3ª Turma do Colendo Órgão, tendo como relator o Ministro Humberto Gomes de Barros: "O bom patrono deve adiantar-se à intimação formal, prevenindo seu constituinte para que se prepare e fique em condições de cumprir a condenação. (...) Se por desleixo, omite-se em informar seu constituinte e o expõe a multa, ele (o advogado) deve responder por tal prejuízo. (...) 1. A intimação de sentença que condena ao pagamento de quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos meios ordinários, a fim de que tenha início o prazo recursal. Desnecessária a intimação pessoal do devedor. 2. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumprí-la. 3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação, em quinze dias, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%". [16] Por fim, deve o credor requerer o início da execução, indicando os bens que devem ser penhorados. Tal requerimento deve ser feito através de simples petição. Se o credor desejar que a execução seja feita em comarca diversa, deve instruir a petição com o título executivo judicial.

1º. Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. O auto de penhora será lavrado pelo oficial de justiça, que imediatamente fará a avaliação do valor dos bens. Destes atos será intimado o executado. A intimação normalmente é feita através da imprensa oficial (cf. art. 236, CPC [17]), na pessoa do advogado do devedor. Contudo, pode ser feita intimando-se o advogado pessoalmente, através de diligência efetuada por oficial de justiça ou por carta registrada a ele enviada, com aviso de recebimento (cf. art. 237, CPC [18]). O parágrafo em comento prevê, ainda, que o executado seja intimado pessoalmente, ou através de seu representante legal, seja por mandado ou pelo correio. O prazo de 15 (quinze) dias aqui previsto conta-se da data da publicação, pela imprensa oficial, do ato de intimação do executado (ou seu advogado, ou representante legal) da penhora e avaliação realizadas. Em caso de intimação feita pelo correio ou por mandado, o prazo conta-se a partir da juntada do aviso de recebimento ou da cópia do mandado nos autos do processo.

Está prevista a necessidade de realização de penhora e avaliação para o oferecimento de impugnação. Desta forma, só poderá ser oferecida a impugnação após a garantia do juízo, que se dará, no caso, com a avaliação do bem penhorado. Todavia, não é vedada a manifestação do devedor antes da impugnação, que pode ser feita, conforme criação doutrinária, através de exceção de pré-executividade (chamada por Cândido Rangel Dinamarco de objeção de pré-excecutividade e por Nelson Nery Júnior dividida em exceção e objeção de executividade). Entendemos que a penhora e avaliação são garantias de juízo e que a lei teve por finalidade exigir a garantia e não especificamente a penhora. Assim, caso o devedor realize o pagamento da condenação depositando o valor correspondente em juízo, para garanti-lo, escapará de qualquer forma da multa prevista no parágrafo em comento, de 10% (dez por cento), e poderá oferecer impugnação. Ou seja, garantido o juízo, seja através da realização da penhora e avaliação, seja por meio do pagamento do valor da condenação, pode o devedor, querendo, oferecer impugnação. Na segunda hipótese, o prazo de 15 (quinze) será contado a partir do depósito do valor em juízo.

2º. Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. As partes podem manifestar-se sobre o laudo apresentado pelo perito e, dele discordando, nomear assistente técnico para realização de perícia própria. O juiz decidirá sobre as perícias e sobre qual valor apurado será utilizado no prosseguimento da execução. Dessa decisão cabe recurso de agravo por parte do credor (já que se trata de decisão interlocutória). Já para o devedor não há recurso, posto que os argumentos acerca de penhora incorreta e avaliação errônea devem ser aduzidos na própria impugnação. 3º. O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. Essa indicação será feita na própria petição que requereu a execução (cumprimento da sentença) e atenderá os requisitos legais da penhora, cf. arts. 646 e ss., CPC. Também o devedor, adiantando-se ao exequente, pode oferecer bens a penhora. Caso ocorra alguma irregularidade em qualquer uma das nomeações (como a nomeação de bens absolutamente impenhoráveis, p. ex.), o juiz deve intervir, aceitando ou não a indicação.

4º. Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de 10% (dez por cento) incidirá sobre o restante. A lei não exige justificativa, por parte do devedor, sobre a razão de ter feito o pagamento parcial da condenação, de qualquer jeito incidindo a multa apenas sobre o valor não pago. Assim, tanto faz se o devedor não quis pagar a totalidade, não o podia fazer por razões financeiras ou não concorda com a totalidade da condenação. Todavia, em caso de a condenação ser paga parcialmente por acreditar o devedor que há excesso de execução, tal matéria deve ser alegada em sede de impugnação. Se procedente tal alegação, a multa sobre o valor restante ficará sem efeito. Caso o devedor, mesmo acreditando tratar-se de excesso de execução, decidir pagar o total da condenação, para de maneira nenhuma incidir a multa de 10% (dez por cento), se procedente a impugnação, terá o valor restituído. 5º. Não sendo requerida a execução no prazo de 6 (seis) meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. O juiz não pode determinar, de ofício, o início da execução. Cabe à parte fazer o requerimento e, não o fazendo, será ordenado o arquivamento dos autos.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II inexigibilidade do título; III penhora incorreta ou avaliação errônea; IV ilegitimidade das partes; V excesso de execução; VI qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. Conforme já mencionado, a impugnação ao cumprimento de sentença não é a única forma de manifestação do devedor no processo de execução (agora tramitando dentro do processo de conhecimento).

Criação da doutrina, a exceção de pré-executividade é um meio de defesa do devedor sem que se faça necessária a segurança do juízo (seja através do pagamento, seja através da efetivação da penhora). Quanto à impugnação, o art. 475-L, CPC, traz um rol taxativo das matérias que podem ser alegadas nessa defesa. Assim, não é qualquer matéria que poderia ter sido alegada (ou efetivamente o foi) durante o processo de conhecimento que podem ser aduzidas na impugnação ao cumprimento de sentença. O objetivo do legislador foi limitar a discussão acerca do título executivo judicial, pois o processo de conhecimento já passou por toda a fase de manifestações e dilação probatória, não sendo necessário retomar todas as matérias anteriormente alegadas. No entanto, certas matérias, de ordem pública, também podem ser alegadas na impugnação, independente de fazerem parte do rol taxativo do art. 475-L, CPC. Isso porque tais matérias podem ser alegadas em qualquer fase do processo, desde que supervenientes à sentença. Exemplos de matérias de ordem pública que podem ser alegadas na impugnação ao cumprimento da sentença, não obstante não fazerem parte do rol taxativo do artigo em comento, são as exceções de suspeição e incompetência.

1º. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. Existe discussão acerca da constitucionalidade deste parágrafo. Assevera Nelson Nery Júnior [19]: "Título judicial é sentença transitada em julgado, acobertada pela autoridade da coisa julgada. Esse título judicial goza de proteção constitucional, que emana diretamente do Estado Democrático de Direito (CF 1º, caput), além de possuir dimensão de garantia constitucional fundamental (CF 5º XXXVI). Decisão posterior, ainda que do STF, não poderá atingir a coisa julgada que já havia sido formada e dado origem àquele título executivo judicial". O argumento do Superior Tribunal de Justiça, a favor da constitucionalidade do art. 475-L, 1º, CPC, é que a lei "agregou ao sistema de processo um mecanismo de eficácia rescisória de sentenças inconstitucionais". [20] Ao nosso ver, assiste razão em parte ao citado doutrinador, em oposição ao Colendo Tribunal. O fato é que o legislador criou um mecanismo para rescindir sentenças inconstitucionais sem a necessidade de interposição de ação rescisória. Assim, se a sentença realmente é inconstitucional e poderia ser rescindida por meio de ação, seria

de grande economia processual que a rescisão seja feita ainda no processo de conhecimento (em sua fase de impugnação ao cumprimento da sentença). Contudo, tal artifício processual é materialmente inconstitucional. Isso porque a ação rescisória é sempre julgada por um Tribunal, órgão colegiado e com maior experiência que o juízo de primeira instância. No caso de aplicação do combatido artigo, chegar-se-ia ao absurdo de um juiz de primeiro grau, que prolatou a sentença, ter sua decisão rescindida por outro juiz de primeiro grau, no caso de o credor ter decidido fazer o requerimento da execução do título judicial em outro juízo (p. ex., o do domicílio do devedor ou do local dos bens). 2º. Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. Trata-se de exigência legal. Se o devedor entender que há excesso de execução, deve declarar qual o valor que entende correto. Tal declaração deve ser feita no prazo da impugnação, ou seja, 15 (quinze) dias (art. 475-J, CPC), na mesma peça ou em separado. Caso não o faça, ocorrerá a preclusão. Se a impugnação versar apenas sobre o excesso de execução, será liminarmente rejeitada. Se contiver outras matérias, apesar de não

constar explicitamente do parágrafo comentado, apenas o argumento de excesso de execução será rejeitado, cabendo ao julgador decidir quanto às outras matérias alegadas. Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. Seguindo a sistemática do Código de Processo Civil e da Lei reformadora nº 11.232/05, o legislador optou por favorecer o credor, que tem um crédito reconhecido por sentença condenatória transitada em julgado, e que deve, assim, recebê-lo, sendo necessário, para tanto, a eficácia jurídica, conseguida através do princípio de celeridade processual. A impugnação ao cumprimento de sentença, via de regra, não terá efeito suspensivo, o que significa que a execução prosseguirá, ainda na pendência desse recurso. Caso a impugnação seja julgada procedente, nula será a execução. O efeito suspensivo da impugnação será exceção, e poderá ser-lhe atribuído desde que cumulados os requisitos dispostos no caput do art. 475-M, CPC, ou seja, fundamentos relevantes da impugnação e ameaça de grave dano de difícil ou incerta reparação.

A conjunção "e" utilizada pelo legislador demonstra a necessidade de cumulatividade dos requisitos trazidos pelo caput, e não apenas um deles. Já o termo "poderá" registra uma faculdade do juízo, e não obrigação. Araken de Assis e Nelson Nery Júnior entendem que, na hipótese acima, a suspensão é medida que se impõe. [21] Com a devida vênia, discordamos dos renomados doutrinadores. A interpretação legislativa não pode ser feita convenientemente, mas buscando-se a intenção do legislador e seguindo a sistemática legal. Se fosse objetivo do legislador impor uma obrigação ao magistrado, utilizar-se-ia do termo "deverá". A utilização da palavra "poderá" denota logo a intenção legislativa de facultar ao juiz a atribuição do efeito suspensivo à impugnação. É a sistemática da Lei nº 11.232/05. A reforma tem o objetivo de acelerar a execução. Tanto é assim que a atribuição do efeito suspensivo à impugnação é uma exceção. 1º. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

A norma traz a possibilidade de o exequente requerer o prosseguimento da execução, mediante a prestação de caução suficiente e idônea. Se a caução prestada realmente for dotada de suficiência e idoneidade, o juiz deferirá o requerimento e dará prosseguimento à execução. Caso a caução seja insuficiente, o juiz determinará sua complementação e, caso seja inidônea, fixará outra caução. Prestada a caução exigida pelo juízo, dar-se-á prosseguimento à execução. 2º. Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados. A regra geral é de não atribuição do efeito suspensivo. Nesse caso, a execução prosseguirá normalmente nos autos principais e a impugnação será autuada e processada em autos apartados. Caso deferido o efeito suspensivo, o que se dará em casos excepcionais, conforme previsão do parágrafo anterior, a execução será sobrestada e a impugnação será julgada nos autos principais. 3º. A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

Conforme já mencionado nos comentários do art. 475-H, CPC, sentença é o ato do juiz que implica em alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269, CPC, e que, ao mesmo tempo, extingue o processo ou procedimento no primeiro grau de jurisdição. Sendo assim, a decisão que acolher a impugnação e extinguir a execução é sentença e, como tanto, recorrível mediante apelação, conforme dispõe o art. 513, CPC, do qual o parágrafo em comento seguiu a sistemática. Em todos os casos em que a decisão da impugnação não importar em extinção da execução (ou seja, decisão interlocutória), o recurso cabível é o agravo de instrumento, conforme determina o art. 522, CPC (recurso de agravo), do qual o parágrafo em comento seguiu a sistemática. Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: A norma traz um rol dos títulos executivos judiciais. O rol é taxativo e limitativo. Conforme já dito, os títulos executivos judiciais serão executados conforme o procedimento de cumprimento da sentença, disciplinados nos arts. 475-I e ss., CPC.

Já os títulos executivos extrajudiciais são taxados no art. 585, CPC e sua execução segue o rito do Livro II do Código de Processo Civil (Processo de Execução). I a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; Apesar da reforma no inciso, que deixou de mencionar "sentença condenatória", tanto a sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, como a de não fazer, entregar coisa ou pagar quantia, para que tenham eficácia executiva, devem possuir ao menos, uma parte condenatória. II a sentença penal condenatória transitada em julgado; III a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; IV a sentença arbitral; V o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; VI a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.

VII o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. No caso dos incisos mencionados, a fase de cumprimento da sentença não corre nos autos do processo de conhecimento. Desta forma, o executado ainda não foi citado, não podendo ser apenas intimado. Necessária assim a citação para o prosseguimento da execução da sentença (penal condenatória, arbitral ou estrangeira). Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: É possível a realização de execução provisória, ou seja, quando a sentença condenatória ainda não transitou em julgado, estando pendente a decisão de recurso. Para tanto, algumas normas devem ser seguidas.

A Lei nº 11.232/05 trouxe maior efetividade à execução provisória, tornando possível o prosseguimento da execução até o seu termo final (arrematação), desde que prestada caução suficiente e idônea. Independentemente de caução, a execução provisória pode ser iniciada a pedido do exequente e será paralisada no momento de uma das situações do inciso III deste artigo. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assim consignou: "Não há necessidade de prestar caução para dar início à execução provisória. O processo de execução provisória pode iniciar-se e prosseguir sem caução, somente exigida quando do levantamento do dinheiro ou disponibilidade de bens". [22] I corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; A execução provisória é de responsabilidade do credor. Desta forma, caso o recurso de efeito meramente devolutivo seja provido em favor do executado, reformando a sentença, caberá ao credor reparar eventuais danos que o executado haja sofrido.

Nelson Nery Júnior [23] assevera que tais prejuízos "serão apurados e liquidados por arbitramento, nos mesmos autos em que se deu a execução provisória (CPC 475-O II)". II fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; A execução é provisória. Sobrevindo acórdão modificativo, restitui-se o estado anterior. Eventuais prejuízos serão apurados e liquidados nos próprios autos, para economia de tempo e dinheiro. Tal apuração e a liquidação serão feitas por arbitramento, disciplinadas nos arts. 475-C e 475-D, CPC. III o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. Antes do advento da Lei nº 11.232/05, a execução provisória parava no momento em que seria levantado depósito em dinheiro ou praticados atos de alienação ou outros atos dos quais poderiam resultar danos graves ao executado.

Agora, a execução provisória prossegue até seu termo final, que se dá com a arrematação do bem penhorado, na maioria dos casos (ou transferência de posse, transferência de valores etc), desde que prestada caução suficiente e idônea pelo exequente. 1º. No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. 2º. A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: Trata-se de norma restritiva e excepcional. A regra geral é de que deve o credorexequente prestar caução suficiente e idônea para levantar valores ou para a prática de atos que importem em alienação ou qualquer ato do qual possa resultar grave dano ao devedor-executado. Contudo, são previstas situações de exceção, que devem ser interpretadas restritivamente. No mais, importante a faculdade contida no parágrafo. A caução poderá ser dispensada, o que é bem diferente de deverá. Assim, o juiz analisará a possibilidade de reversão da situação fática e a capacidade do credor de fazer voltar as coisas como eram antes da execução.

I quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; Nas causas de natureza alimentar ou decorrentes de ato ilícito (e que o exequente demonstre situação de necessidade) o legislador impõe um limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo para que a caução possa ser dispensada. Tal limite tem o objetivo de manter a reversibilidade da situação anterior. Não havendo limite de valor, poderia o executado ser lesado no caso de o credor não possuir capital suficiente para restabelecer a situação anterior à execução provisória. II nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. Outra possibilidade de dispensa de caução ocorre nos casos em que penda agravo de instrumento de despacho denegatório de recurso especial ou de recurso extraordinário, situação disposta no art. 544, CPC [24]. Da mesma forma que nos outros casos, a caução não poderá ser dispensada quando dessa dispensa possa resultar grave dano de difícil ou incerta reparação.

3º. Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, 1º: À referida petição, juntamente com as peças exigidas e facultativamente juntadas, dáse o nome de carta de sentença. Os autos principais subirão ao Tribunal para o julgamento do recurso, enquanto a execução provisória prosseguir-se-á no juízo a quo, mediante carta de sentença. As cópias das peças que formarão a carta de sentença deverão ser autenticadas. Contudo, o advogado pode autenticá-las, conforme dispõe o art. 544, 1º, CPC, sendo a autenticação de sua responsabilidade [25]. O parágrafo ora em comento traz um rol de peças necessárias para a formação da carta de sentença e o consequente prosseguimento da execução provisória, bem como faculta ao exequente juntar as peças que entenda importantes e necessárias. I sentença ou acórdão exeqüendo; II certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III procurações outorgadas pelas partes;

IV decisão de habilitação, se for o caso; V facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias. Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: O art. 475-P, CPC é praticamente uma reprodução do art. 575, CPC, que estabelece a competência para julgamento da execução de título judicial. O novo artigo é, contudo, um pouco mais abrangente, conforme explicitado adiante. I os tribunais, nas causas de sua competência originária; Os tribunais são competentes para julgar o cumprimento de sentença nas causas em que tiverem competência originária e, portanto, que tiverem exarado a decisão no processo de conhecimento. São os casos de ação rescisória e mandado de segurança, por exemplo.

O inciso em comento é mais abrangente que seu correspondente (art. 575, I, CPC), pois não restringe a competência apenas aos tribunais superiores, abarcando todo e qualquer tribunal. II o juízo que processou a causa no primeiro grau; A regra geral é de que o juízo que processou a causa no primeiro grau e proferiu a decisão ou sentença exequenda é competente para processar e julgar o cumprimento desta sentença. Essa competência, contudo, deixa de ser absoluta com a vigência da Lei nº 11.232/05, devido ao disposto no parágrafo único deste artigo. A exceção, ao nosso ver, é a execução judicial de sentença condenando à prestação de alimentos. Verificando-se a sistemática adotada no Código de Processo Civil, vê-se que o legislador tem a intenção de proteger o alimentado, pois se trata de interesse público. Logo, o art. 100, II, CPC [26], que dispõe ser competente o foro do domicílio ou residência do alimentado (ou alimentando), se sobrepõe à regra dos arts. 475-P, II e 575, II, ambos do CPC. Decidiu-se: "O CPC atual é ainda mais explícito que o anterior ao fixar a competência do foro da residência do alimentado, bastando que sejam pedidos alimentos para que qualquer ação pertença ao foro da sua residência". [27]