DIFICULDADES PARA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM NAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES Julianny de Vasconcelos Coutinho Universidade Federal da Paraíba; email: juliannyvc@hotmail.com Zirleide Carlos Félix Universidade Federal da Paraíba; email: zirleidefelix@hotmail.com Maria Andrea Fernandes Universidade Federal da Paraíba; email: m.andreaf@hotmail.com Fabiana Medeiros de Brito Universidade Federal da Paraíba; email: fabianabrito_@hotmail.com Renata Lívia Silva Fonsêca Moreira de Medeiros Universidade Federal da Paraíba;email:renaliviamoreira@hotmail.com INTRODUÇÃO: A ética apresenta envolvimento em substancialmente todas as fases da vida do ser humano, seja ela na faceta pessoal, socioeconômica ou profissional 1. A prática da ética requer adesão íntima do indivíduo, convicção pessoal, necessitando que este harmonize de forma livre e consciente seus interesses com os da coletividade. Em suma, a ética pode ser considerada como a disciplina que possibilita processos reflexivos acerca do comportamento humano, favorecendo debates e investigações de valores, princípios e condutas, tendo a finalidade de ir à procura do bom, da boa vida, do bem-estar em convivência com a sociedade 2. Portanto, as características inerentes ao bom profissional são a obediência, o respeito à hierarquia, a humildade, o espírito de servir, entre outras 3. A Resolução nº 172/94 autoriza a criação de Comissões de Ética de Enfermagem como órgãos representativos dos Conselhos Regionais junto a instituições de saúde, com funções educativas, consultivas e fiscalizadoras do exercício profissional e ético dos
profissionais de Enfermagem 4. Dita comissão tem como finalidade: Garantir a conduta ética dos profissionais de Enfermagem na instituição; Zelar pelo exercício ético dos profissionais de Enfermagem na instituição, combatendo o exercício ilegal da profissão, educando, discutindo e divulgando o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e Notificar ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição irregularidades, reivindicações, sugestões, e, as infrações éticas. A partir de leituras acerca da temática Comissão de Ética de Enfermagem, identificou-se que este tema representa um atributo de consciência ou elemento formador do caráter, particularmente dos valores morais, que oferece ao indivíduo a polaridade do bem ou do mal, do certo ou errado, falso ou verdadeiro. Também foi percebido que a literatura especifica sobre Comissão de Ética de Enfermagem ainda é restrita embora haja diversas discussões acerca da temática em estudo. Diante destas considerações, o presente estudo teve como Objetivo Geral: conhecer as dificuldades para formação e atuação da Comissão de Ética de Enfermagem em organizações Hospitalares. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa exploratório a qual foi realizada em dez hospitais localizados na cidade de João Pessoa-PB, que teve como critério de inclusão possuir ou não o Comitê de Ética de Enfermagem. A população que comporá os sujeitos dessa pesquisa será constituída dos presidentes das Comissões de Ética de Enfermagem das instituições hospitalares onde existem as mesmas, assim como os enfermeiros responsáveis técnicos das instituições que não possuem tal comissão. Para coleta dos dados foi utilizado um questionário. Buscando compreender melhor a temática investigada, os dados obtidos na investigação proposta foram agrupados e, em seguida apresentados por meio de representação gráfica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A amostra do estudo foi composta por 10 (dez) Enfermeiros, sendo distribuídos: 03 (três) Enfermeiros presidentes das Comissões de Ética de Enfermagem e 07 (sete) Enfermeiros Responsáveis Técnicos das instituições que não possuem Comissão de Ética de
Enfermagem. Os dados da tabela abaixo demonstram que a metade dos profissionais investigados (50%), afirmam que a principal dificuldade para a formação de uma comissão de ética de enfermagem, reside na falta de interesse e na falta de compromisso dos profissionais que exercem suas atividades nas instituições visitadas, outros (20%) relatam não enfrentaram nenhuma dificuldade para formação das mesmas, igual percentual acredita que a rotatividade de profissionais nestes serviços, contribui para a não implantação das referidas comissões e apenas (10%), aponta que existe dificuldade de um profissional se expor na presença de outro. A implantação de uma Comissão de Ética de Enfermagem em um serviço de saúde, ajuda na padronização de conduta, assim como contribui para um agir corretamente, sem causar dano a terceiro, pois só assim haverá respeito, justiça, compromisso e responsabilidade, tudo isso preconizado pela Resolução COFEN-311. DIFICULDADES ENFRENTADAS Frequência Percentual % Nenhuma 02 20 Rotatividade de profissionais 02 20 Falta de interesse e compromisso 05 50 Dificuldade de se expor diante do colega 01 10 Total 10 100,0 Quando indagados sobre a atuação das comissões existentes nos serviços, os dados da tabela abaixo revelam que, (66%) dos investigados, consideram a Comissão de Ética de Enfermagem existente em seu serviço atuante, enquanto que (33%) afirmam que a comissão existente não é atuante. Devido aos grandes problemas vivenciados hoje pelos profissionais de saúde, como por exemplo, alta demanda de pacientes, tecnologia cada vez mais presente prolongando a vida
biológica e criando conflitos de valores, estrutura física inadequada e baixa quantidade de profissionais para atender com dignidade o paciente e sua família, a Comissão de Ética de Enfermagem se faz importante para garantir, acima de tudo, a reflexão ética no cuidado com o outro, seja o paciente, sua família e o próprio colega de trabalho (FLÁVIO, 2008). SE CONSIDERA A COMISSÃO ATUANTE Frequênci a Percentual % Sim 02 66,6 Não 01 33,3 Total 03 100,0 CONSIDERAÇÕES FINAIS: As Comissões de Ética de Enfermagem são órgãos representativos do COREN, com função educativa, consultiva e fiscalizadora do exercício profissional e ético dos profissionais de enfermagem, são reconhecidas pela instituição e têm com esta uma relação de autonomia. A formação da Comissão de Ética de Enfermagem em uma instituição de saúde poderá sanar e proporcionar oportunidade de resolução de problemas vividos pelos profissionais de enfermagem nos dias atuais, através de regulamentação e orientação no sentido de humanizar as ações de enfermagem, com o intuito de promover a saúde e proteger o paciente, vislumbrando atendimento com a melhor qualidade possível. Quanto as dificuldades de implantar ditas comissões, os investigados afirmaram que a falta de interesse e compromisso se constitui em entraves importantes. Afirmaram ainda que as instituições nas quais trabalham, nunca promoveram eventos voltados para dita atividade. É oportuno destaca que com a criação das Comissões de Ética de Enfermagem, nos diversos serviços de saúde, os problemas relacionados à categoria, seriam melhor encaminhados e avaliados, bem como possibilitaria melhores condições para uma análise da qualidade da assistência prestada e das condições de trabalho oferecidas.
REFERÊNCIAS: Smeltzer SC, Bare BG. Brunner e Suddarth:Tratado de enfermagem médicocirúrgica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. Fortes PA. Ética e saúde: questões éticas, deontológicas e legais, tomada de decisões, autonomia e direitos do paciente, estudo de casos. São Paulo: EPU; 1998. Germano RM. A ética e o ensino da ética na enfermagem do Brasil. São Paulo: Cortez; 1993. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução 172/94. Normatiza a criação de comissão de ética de enfermagem nas instituições de saúde. Documentos Básicos. 8ª ed. COFEN; 2002. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução 311/07. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. COFEN; 2007. Flávio MHG. Proposta para implantação da Comissão de Ética em Enfermagem no hospital zona sul de Londrina (PR) [Monografia]. Londrina: Universidade Estadual de Londrina; 2008.