O jornalismo pressionado pelo tempo: uma análise comparativa da qualidade do discurso jornalístico nos veículos impresso e on-line 1



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Transcrição:

O jornalismo pressionado pelo tempo: uma análise comparativa da qualidade do discurso jornalístico nos veículos impresso e on-line 1 Milena Ferreira Hygino Nunes 2 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Resumo O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a qualidade do discurso jornalístico atual, por meio de uma análise comparativa entre dois veículos, sendo um impresso e um on-line. Como procedimentos de pesquisa, foram selecionadas algumas matérias do jornal O Globo e no portal de notícias G1 sobre o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), ocorrido em 27/01/2013. Ao final, verifica-se que a dinâmica do ciberespaço colabora para que as notícias sejam geradas rapidamente, de forma prematura, sem a devida apuração, e, assim, os problemas já presentes no jornalismo impresso - simplificação, superficialidade e banalização das notícias, por exemplo - são acentuados no on-line, prejudicando a qualidade e, consequentemente, a credibilidade do discurso jornalístico. Palavras-chave: discurso jornalístico; jornalismo on-line; ciberespaço. Abstract This paper aims to reflect about the quality of the current journalistic discourse through a comparative analysis between two vehicles, one print and one online. As research procedures, some reports were selected from O Globo newspaper and from the G1 news page, about the fire at Kiss nightclub, in Santa Maria (RS), which occurred on January 27th, 2013. At the end, it was concluded that the cyberspace dynamics helps the news to be generated quickly, prematurely, without proper investigation, and this way, the problems already present in the printed journalism - simplification, superficiality and trivialization of the news, for example - are accented in the online journalism, damaging the quality and the credibility of journalistic discourse, in consequence. Keywords: journalistic discourse; online journalism; cyberspace. 1 Trabalho apresentado no GT Jornalismo e Política do X Seminário de Alunos de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio. 2 Mestranda em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Orientador: Carlos Henrique Medeiros de Souza. Coorientadora: Analice de Oliveira Martins. Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC-Rio. E-mail: milena.hygino@gmail.com

Considerações iniciais O rápido avanço das tecnologias tem provocado mudanças bruscas no setor das comunicações. Esse cenário dominado pela internet, com inúmeros recursos tecnológicos e redes sociais, alterou, de forma significativa, as rotinas de produção e veiculação jornalísticas. Os processos passaram a ser mais flexíveis, rápidos e dinâmicos, o que resultou em maiores possibilidades de apuração, processamento e publicação em um período de tempo bem menor. Ao mesmo tempo, porém, outras características já presentes - e muito criticadas - no jornalismo impresso migraram para o universo on-line, de forma acentuada: a simplificação, a superficialidade e a banalização das notícias são algumas delas. No jornalismo on-line, as formas de apuração e verificação de informações passam pela própria internet, o que possibilita um jornalismo muito mais ágil, porém, de certa forma, arriscado, porque pode transformar-se em superficial e, consequentemente, sem credibilidade. É importante pensar até que ponto essa dinâmica e velocidade não atrapalham o resultado de um trabalho bem elaborado e minucioso, com verdadeira apuração dos fatos, evitando, assim, que sejam geradas notícias prematuras nos veículos on-line. Pode-se destacar a necessidade de, em tempos de produção voraz de notícias, o discurso jornalístico ser analisado, tanto por aspectos técnicos quanto éticos. Afinal, as pessoas têm, atualmente, à disposição, um número incalculável de notícias, graças às novas tecnologias de informação e comunicação, que influenciam desde as técnicas de apuração das informações, passando pela produção das matérias e pela veiculação. É inegável que o jornalista, como mediador da informação e construtor de uma suposta realidade, influencia, de alguma forma, a sociedade. Por isso, o que vem sendo noticiado - e de que forma - merece atenção, não só por parte dos profissionais de imprensa, mas também dos pesquisadores e da sociedade.

Do impresso ao on-line Segundo Pena (2008, p. 36), é (...) a noção de tempo que vai efetivar a constituição dos primeiros jornais. Estes são caracterizados por trazerem notícias de todos os gêneros e por terem atualidade e periodicidade. Daí o termo jornal, que vem do francês journal, ou seja, diário. A experiência da temporalidade está diretamente ligada à evolução histórica e tecnológica, influenciando diretamente a transformação da imprensa até seu estabelecimento como veículo diário. Basta dizer que esse processo chegou ao cúmulo de hoje termos jornais na internet que trazem notícias segundo a segundo (PENA, 2008, p. 37). Na segunda metade da década de 1990, com o boom da internet, muitos jornalistas migraram para o ambiente virtual, que alterou vários aspectos da vida humana. Este ambiente, chamado ciberespaço, caracteriza-se como um espaço real, território que assume ou é assumido por uma nova cultura, que antes da informatização não era conhecida. A nomenclatura ciberespaço é de autoria do escritor de ficção científica William Gibson, criada em 1984, no livro Neuromancer. Pierre Lévy (1999) define ciberespaço como o novo meio de comunicação que surge da interconexão de computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (Lévy, 1999, p. 17). No âmbito jornalístico, não foi diferente. O ciberespaço influenciou todas as fases de produção e recepção da notícia. No primeiro momento, as novas tecnologias serviram tão somente para modernizar o processo industrial e dinamizar as redações (pela substituição de velhas máquinas de escrever por computadores); numa segunda etapa, a tecnologia vai facilitar a comunicação interna, entre os diversos setores do jornal. Quando os jornais começaram a fazer edições online não sabiam para onde iam, nem por que o faziam, mas tinham a intuição de que se não fizessem acabariam por desaparecer. Hoje, pode-se falar de um jornalismo digital, que amplia, redobra, multiplica o potencial do jornalismo impresso (ARNT, 2002, p. 1).

Com a internet, surgiu um novo gênero, ciberjornalismo (ou webjornalismo, jornalismo digital ou jornalismo on-line), que, segundo Pena (2008), pode ser definido como a disponibilização de informações jornalísticas no ciberespaço, organizadas de forma hipertextual com potencial multimidiático e interativo (PENA, 2008, p. 176). A jornalista Pollyana Ferrari diferencia o jornalismo digital do impresso por envolver conteúdo on-line cujos elementos vão muito além dos tradicionalmente utilizados na cobertura impressa - textos, fotos e gráficos. Pode-se adicionar sequências de vídeo, aúdio e ilustrações animadas (FERRARI, 2009, p.39). Também não se pode esquecer outro grande diferencial do veículo on-line: a atualidade, medida em segundos. A guerra da informação se disputa hoje no espaço da mídia em tempo real. Ninguém mais espera a edição do dia seguinte ou a revista que vai sair no final de semana para tomar conhecimento das últimas notícias. Basta ligar o computador e acessar os sites onde informações quase instantâneas desfilam para o leitor (JORGE, PEREIRA, ADGHIRNI, 2009, p. 77). É importante destacar que, com a troca de suporte (do impresso para o digital), os valores profissionais, principalmente de produção de notícias, não mudam - ao menos, não deveriam fazê-lo. Os critérios de noticiabilidade e os valores-notícia consagrados nos jornais impressos de referência continuam sendo válidos no jornalismo produzido para a web. (...) Os valores-notícia de seleção e os valores-notícia de construção permanecem os mesmos para as rotinas de produção do hard news, tanto no jornalismo impresso quanto no jornalismo on-line (AGUIAR, 2009, p. 163). Castilho (2005) tem a mesma opinião: O jornalismo através da internet continua basicamente sendo jornalismo. Os seus objetivos e valores continuam exatamente os mesmos porque estão relacionados ao caráter social da informação, à ética noticiosa, à privacidade dos usuários e aos procedimentos profissionais básicos como objetividade, isenção e checagem de notícias (CASTILHO, 2005, p. 234). Porém, vê-se que há alterações, sim. As mudanças no jornalismo, possibilitadas pelo ambiente virtual, são visíveis. Primeiramente, é preciso falar que nenhuma inovação tecnológica produziu tantas alterações no ambiente jornalístico desde o surgimento da imprensa há 400 anos quanto o uso combinado do computador e da internet na veiculação de informações (CASTILHO, 2005, p. 240). São algumas delas a oportunidade de se trabalhar com conteúdo multimídia (vídeo, texto e áudio); a rotina de trabalho mais flexível

e cômoda, feita por telefone ou até mesmo pela internet, com pesquisa de fontes e de informações; a entrada de novos participantes na produção da notícia, por meio do jornalismo colaborativo; a veiculação da informação, feita de forma dinâmica e rápida; e o acesso às informações muito mais facilitado. Não se deve esquecer, entretanto, outros aspectos que as novas tecnologias também abarcam, principalmente pela busca incessante pela atualização da informação, uma vez que a velocidade é consumida como fetiche, pois chegar na frente torna-se mais importante do que dizer a verdade (MORETZSOHN, 2002, p. 120). A necessidade de se veicular a notícia o mais rápido possível faz com que o computador seja a grande fonte de informações dos jornalistas, que não querem - e nem podem - perder tempo com apuração mais detalhada e com a demora de fontes oficiais, sob o risco de perder leitores para a concorrência. Assim, as notícias são superficiais e perecíveis, sendo preciso uma atualização constante, gerando um excesso de informações, dado o acúmulo de matérias sobre um mesmo acontecimento. (...) Essa liberdade de publicações que a Internet oferece acarreta o problema da veracidade da garantia quanto à qualidade da informação. (...) O maior acesso à informação tornou visível a parte submersa do iceberg: há informação demais (SOUZA e BRUM, 2009, p. 122). Outro aspecto do jornalismo digital é o perfil múltiplo do profissional, que trabalha num ritmo de produção veloz. Por ter que exercer diversas funções, como as de apurador, pauteiro e editor da própria reportagem, além de repórter, em um curto espaço de tempo, o jornalista não consegue manter a qualidade do trabalho e, assim, passa a (...) divulgar informações sobre as quais não tem certeza; reduz, quando não anula, a possibilidade de reflexão no processo de produção da notícia, o que não apenas aumenta a probabilidade de erro como, principalmente e mais grave, limita a possibilidade de matérias com ângulos diferenciados de abordagem, capazes de provocar questionamentos no leitor; e (...) praticamente impossibilita a ampliação do repertório de fontes, que poderiam proporcionar essa diversidade (MORETZSOHN, 2002, p. 70).

Reflexões acerca do discurso jornalístico Helena H. Nagamine Brandão (2004), em seu livro Introdução à análise do discurso, define discurso como um fenômeno da linguagem não mais centrado apenas na língua, sistema ideologicamente neutro, mas, sim, o ponto de articulação dos processos ideológicos e dos fenômenos linguísticos (BRANDÃO, 2004, p. 11). E, segundo Charaudeau, se existe um fenômeno humano que dependa precipuamente da linguagem, é o da informação (CHARAUDEAU, 2009, p. 33). A linguagem enquanto discurso não constitui um universo de signos que serve apenas como instrumento de comunicação ou suporte de pensamento; a linguagem enquanto discurso é interação, e um modo de produção social; ela não é neutra, inocente ou natural, por isso o lugar privilegiado de manifestação da ideologia (BRANDÃO, 2004, p. 11). Sendo assim, o jornalismo - que tem, em sua essência, o dever de informar - também pode ser pensado sob uma perspectiva discursiva, porque a informação implica processo de produção de discurso em situação de comunicação (CHARAUDEAU, 2009, p. 34) e também porque não há jornalismo sem aquilo que costumamos compreender como sendo exterior : os fatos, as relações de poder, os contextos sociais, as decisões políticas, os interesses econômicos, as crenças religiosas, as concepções estéticas (MACHADO e JACKS, 2001, p. 12). Por se ter essa compreensão, como objetos de análise para a dissertação, foram escolhidos dois veículos - jornal O Globo e o portal de notícias G1 - pertencentes à mesma empresa, Organizações Globo, para que não haja discordância de fatores externos, que possam, de alguma forma, interferir na política editorial do veículo e, consequentemente, no trabalho de análise. Em todo discurso, no funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela história, temos um complexo processo de constituição desses sujeitos e produção de sentidos e não meramente transmissão de informação. São processos de identificação do sujeito, de argumentação, de subjetivação, de construção da realidade (ORLANDI, 1990, p. 21). No jornalismo, também reconhecemos os processos citados acima. Apesar de o discurso jornalístico, segundo Maingueneau (2008), ser de certa forma antecipadamente

legitimado, uma vez que foi o próprio leitor que o comprou (MAINGUENEAU, 2008, p. 40), é preciso refletir sobre o papel que a mídia exerce na mediação dos fatos, uma vez que o jornalismo não é o discurso da realidade (como diz ser), mas um discurso sobre a realidade (MORETZSOHN, 2002, p. 79). Afinal, sabe-se que a mídia reconstrói o acontecimento na operação jornalística, mas, junto com ela, vende a crença de que a montagem não interfere na construção da realidade (PENA, 2008, p. 160). É o que Barthes (1972) chama de efeito de real. Em seu artigo homônimo, o autor cita a reportagem (que pode ser entendida como metonímia de jornalismo) como técnica que autentica o real, por ser uma narrativa que faz parecer ou simular a realidade. Mas, como esclarece Beatriz Jaguaribe (2007), as atuais estéticas do realismo - também presentes nos meios de comunicação - contribuem para moldar a percepção de realidade, o que ela denomina choque do real. A noção de choque do real (...) está intimamente ligada à ideia de efeito do real. Mas, enquanto o efeito do real busca, por meio do detalhe de ambientação, do fluxo da consciência ou de quaisquer outros meios narrativos, reforçar a tangibilidade de um mundo plausível, o choque do real visa produzir intensidade e descarga cartática. Refere-se a certas narrativas e imagens que desprendem uma carga emotiva intensa, dramática e mobilizadora que, entretanto, não dinamitam a noção de realidade em si. O elemento do choque reside na natureza do evento que é retratado e no uso convincente do efeito do real que abaliza a autenticidade da situação-limite (JAGUARIBE, 2007, p. 103). Isso é possível porque, segundo a mesma autora, a vasta maioria do público brasileiro (...) não se engaja nas explicações sociológicas ou antropológicas da realidade social e, assim, a realidade produzida pelas imagens e narrativas midiáticas é uma fonte crucial de constituição de mundo (JAGUARIBE, 2007, p. 112). Castilho (2005) acredita que isso ocorra porque a imprensa sempre se apresentou como uma instituição acima de qualquer suspeita, ou seja, preocupada basicamente em transmitir a verdade aos integrantes das comunidades às quais ela se dirige. Trata-se de uma credibilidade auto-assumida, adquirida junto com o título de posse do veículo (CASTILHO, 2005, p. 247). Charaudeau (2009), porém, desconfia dessa posição de insuspeição da imprensa: O que está em causa aqui não é tanto a busca de uma verdade em si, mas a busca de

credibilidade, isto é, aquilo que determina o direito à palavra dos seres que comunicam, e as condições de validade da palavra emitida (CHARAUDEAU, 2009, p. 49). Afinal, o jornalismo informativo - gênero supostamente não contaminado pela opinião, pela valoração e pela ideologia - define a si mesmo como imparcial e isento. Faz parte de seu jogo discursivo fazer crer que ele se interpõe entre os fatos e o leitor de forma a retratar fielmente a realidade. Não poderia ser diferente, já que o que está em jogo é sua credibilidade (MACHADO e JACKS, 2001, p.1). Vê-se, portanto, que a questão da credibilidade perpassa toda a prática jornalística, desde a apuração até a veiculação da notícia. Coloca-se, então, a importância da análise da credibilidade do discurso jornalístico, por construir uma suposta realidade e, inevitavelmente, influenciar a sociedade. Análise das matérias A análise teve como objetos as matérias jornalísticas sobre o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), ocorrido em 27/01/2013, noticiadas no jornal O Globo e no portal de notícias G1, ambos os veículos pertencentes às Organizações Globo, maior grupo de comunicação do Brasil, responsável pela Infoglobo, pela Rede Globo de Televisão, pelo Sistema Globo de Rádio, pela Editora Globo, entre outros negócios, como TV a cabo e Internet. A escolha dos veículos de uma mesma empresa foi intencional, para que não houvesse discordância de fatores externos - como as relações de poder, as decisões políticas, os interesses econômicos, as crenças religiosas, as concepções estéticas - que pudessem, de alguma forma, interferir na política editorial do veículo e, consequentemente, no trabalho de análise. Como exemplos comparativos, foram selecionadas três matérias do portal G1 (a primeira, publicada às 09h03; a segunda, às 11h23; a terceira, às 23h43, todas do dia 27/01/2013) e a capa do jornal O Globo, edição do dia 28/01/2013 (todas em anexo). Levou-se em consideração, para a análise, o critério da atualidade, que, por ser um valornotícia, está presente desde a seleção do acontecimento até a construção discursiva da

notícia (WOLF, 2003), e, pelo fato de um dos veículos de análise ser o on-line, este critério é crucial nas matérias analisadas. Em se tratando de um veículo on-line, atualizar significa publicar a notícia o mais rápido possível, em tempo quase real, porque a tecnologia colabora para isso. Comparando as matérias do jornal O Globo e as do portal de notícias G1, objetos de análise, sobre o incêndio em Santa Maria (RS), em um período de 24 horas (das 2h30 do dia 27/01/2013 - horário do incêndio - às 2h30 da manhã do dia 28/01/2013), vê-se que o critério de atualidade é muito mais forte no veículo on-line. Enquanto O Globo teve apenas uma edição nesse intervalo de tempo, com 18 matérias internas mais capa inteira sobre o ocorrido, o G1, no mesmo período, publicou 109 matérias relacionadas ao incêndio, o que equivale, aproximadamente, a uma atualização a cada 13 minutos. Essa busca incessante pela atualização, típica do meio on-line, faz com que, por causa da pressa, não se dedique tempo suficiente para a apuração e, assim, sejam cometidos erros e imprecisões nas publicações. Algumas observações pertinentes: Passadas 24 horas do incêndio, a informação quanto ao número de mortos no jornal O Globo e no portal G1 coincidia. Mas, para o G1 chegar a esse número, foi preciso atualizar esse dado com nove números diferentes (sem contar as diversas vezes em que os mesmos números foram trocados eventualmente), tendo cometido o grave erro de noticiar a quantidade exorbitante de 245 mortos que, até hoje, passados mais de seis meses, não foi atingida. A última vítima fatal foi a 242ª, ocorrida no dia 19/05/2013 (G1, 19/05/2013). Não se pode deixar de notar que a possibilidade e a facilidade de atualização de uma matéria de forma infinita e imediata em um site colaboram para que se perca o histórico do que foi noticiado, uma vez que há o costume da utilização de um mesmo link para acrescentar ou mesmo mudar informações sobre determinado acontecimento. Como exemplo, tem-se o link <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/01/numerode-mortes-em-incendio-de-boate-ja-chega-245-diz-policia.html>. A primeira vez em que foi usado, às 11h23 do dia 27/01/2013, a matéria tinha como título Número de mortes após incêndio em boate já chega a 245, afirma polícia. Às 14h22, a matéria foi modificada,

passando a ter o título Número de mortes após incêndio em boate já chega a 232, afirma polícia. Assim, muitos erros cometidos por jornalistas são literalmente apagados. E, na maioria das vezes, passam despercebidos pelos leitores. Outra comparação necessária entre os dois veículos é quanto à imprecisão das informações, visível na escolha dos tempos verbais, por exemplo. Enquanto o texto da capa do jornal O Globo é constituído, majoritariamente, por verbos no pretérito perfeito, tempo verbal que indica uma ação definida no tempo e exprime uma certeza de quem fala em relação ao conteúdo de sua comunicação (CUNHA, 2013 p. 25), as matérias no G1 mesclam verbos no futuro do pretérito com citações indiretas, o que sugere que o orador não se compromete, não assume a responsabilidade pelo que enuncia; quem faz a afirmação é alguém, alguma fonte autorizada (CUNHA, 2013 p. 24). Exemplos: O Globo: Uma sucessão de erros e falhas na segurança resultou na segunda maior tragédia provocada por incêndios já registrada na História do país. O fogo começou às 2h30m da madrugada... Boa parte das vítimas morreu asfixiada no banheiro. G1: Conforme informações da polícia, o incêndio teria começado por volta das 2h30 deste domingo (...). Faíscas teriam atingido a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, e iniciado o fogo (...). Segundo informações preliminares, o fogo teria começado por volta das 2h30 (...).

Considerações finais Globo), que Vê-se, com a análise comparativa entre os veículos on-line (G1) e impresso (O essa busca pela atualização contínua pode acabar por deixar de lado uma das potencialidades que a Internet propiciou ao jornalismo, que é exatamente permitir o aprofundamento da informação e, com isso, possibilitar uma oferta maior de leituras, não só do ponto de vista quantitativo, mas, principalmente, qualitativo (PRADO, 2002, p. 104). A necessidade de atualização constante no veículo on-line prejudica a qualidade das matérias e, consequentemente, a credibilidade do discurso jornalístico. Criam-se matérias imprecisas, especulativas e opinativas, que causam um excesso de informações, com o objetivo primordial de cumprir o critério de atualidade, em detrimento do compromisso fundamental do jornalista: a verdade dos fatos, a precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação (Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, cap. II, art. 4º). O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social e finalidade pública, portanto, subordinada ao Código de Ética. Porém, é visível, nas matérias que têm sido veiculadas, que o trabalho jornalístico não tem respeitado as determinações do Código. O jornalista Eugênio Bucci (2003) acredita que isso possa ser consequência do monopólio dos meios de comunicação, da pressa inerente ao jornalismo, da briga acirrada e diária pela notícia exclusiva ou da guerra pela audiência, o fato é que os jornalistas e seus patrões muitas vezes se afastam da conduta ética e oferecem ao público uma informação de má qualidade (BUCCI, 2003, p. 30). As características citadas acima por Bucci são típicas tanto do jornalismo on-line quanto do impresso. Mas é inegável que as novas tecnologias potencializam-nas, porque, ao multiplicar as possibilidades, a informática multiplica também os riscos (PENA, 2008, p. 60).

Referências X POSCOM AGUIAR, Leonel. A validade dos critérios de noticiabilidade no jornalismo digital. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. p. 163-182. ARNT, Héris. Do jornalismo impresso ao digital: novas funções comunicacionais. XXV INTERCOM: Salvador, 2002. Disponível em: <http://ericaribeiro.com/wpcontent/uploads/dojornalimpressoaodigital.pdf> Data do acesso: 10 jan. 2013. BARTHES, Roland. O efeito de real. In: GENETTE, Gérard; BARTHES, Roland; KRISTEVA, Júlia; TODOROV, Tzvetan; BREMOND, Claude (Org.). Literatura e Semiologia: pesquisas semiológicas. Petrópolis: Vozes, 1972. p. 35-44. BRANDÃO, Helena Hathsue Nagamine. Introdução à análise do discurso. São Paulo: Editora da Unicamp, 2004. BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. Companhia das Letras. São Paulo. 2003. CASTILHO, Carlos. Webjornalismo: o que é notícia no mundo on-line. In: RODRIGUES, Ernesto (Org.). No próximo bloco... O jornalismo brasileiro na TV e na internet. Rio de Janeiro: Ed. PUC- Rio; São Paulo: Loyola, 2005. p. 231-256. CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2009. CUNHA, Hélia Coelho Mello. A persuasão em discursos da atualidade. Campos dos Goytacazes: IFF, 2013. FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas. Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. Vitória: 2007. Disponível em: <http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf> Data do acesso: 18 jan. 2013. FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. São Paulo: Contexto, 2009. INFOGLOBO. Tragédia em Santa Maria. In: O Globo. Edição do dia 28 de janeiro de 2013. Rio de Janeiro: O Globo, 2013. pp. 1-18. JAGUARIBE, Beatriz. O choque do real: estética, mídia e cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. JORGE, Thaïs de Mendonça; PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo na Internet: desafios e perspectivas no trinômio formação/universidade/mercado. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. p. 75-96. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

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Anexos X POSCOM Figura 1: Primeira matéria sobre a tragédia em Santa Maria (RS) do portal G1, veiculada no dia 27/01/2013, às 09h03. Figura 2: Erro na manchete sobre a tragédia em Santa Maria (RS). Veiculada no dia 27/01/2013, às 11h23. Figura 3: Matéria sobre a tragédia em Santa Maria (RS), com nova correção no número de mortos. Veiculada no dia 27/01/2013, às 23h43, e atualizada no dia 28/01/2013, às 00h01.

Figura 4: Capa do jornal O Globo do dia 28/01/2013, primeira edição do veículo que noticiou a tragédia em Santa Maria (RS).