Audiência de instrução, debates e julgamento. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO NOS PROCEDIMENTOS COMUNS ORDINÁRIO E SUMÁRIO
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO AUDIÊNCIA UNA: INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO Com a edição da Lei nº 11.719 de 2008, o Código de Processo Penal sofreu consideráveis alterações. Aliás, referente às AUDIÊNCIAS realizadas pelo Poder Judiciário ocorreram substânciais alterações que devem ser abordadas neste tópico. Preliminarmente, é importante ressaltar que a audiência de instrução, debates e julgamento é o principal ato do procedimento comum, haja vista que é o momento da produção e coleta das provas. Conforme lições de AURY LOPES JÚNIOR, a audiência de instrução, debates e julgamento, após a reforma procedimental, concentrou a produção de todas as provas, bem como os debates (alegações de acusação e defesa) e a prolação da sentença, tendo em vista o princípio da IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ, segundo o qual o juiz que presidiu a instrução deve ser o mesmo que prolatar a sentença (vide Art. 399 2º do Código de Processo Penal). Portanto, a audiência será UNA (LOPES, 2012, p. 932/934). Seguindo o fluxo do procedimento comum ordinário, caso o juiz não tenha absolvido sumariamente o acusado (vide Art. 397 do Código de Processo Penal) deverá designar a data da audiência que deve, necessariamente, ser realizada no prazo de 60 (sessenta) dias contando a partir do recebimento da denúncia ou da queixa-crime, em homenagem ao princípio da duração razoável do processo penal (vide Art. 5º, inciso LXXVIII da Constituição da República), bem como do que está previsto no Art. 400, primeira parte, do Código de Processo Penal brasileiro. Assim, designada a data da audiência una, o magistrado deverá determinar a intimação do acusado, de seu defensor, bem como do Ministério Público e, caso necessário, do assistente de acusação, tudo conforme o disposto no Art. 399 do Código de Processo Penal. NÃO SE ESQUEÇA: A falta do Parquet importará no adiamento do ato (vide Art. 129 2º da Constituição Federal). A ausência do defensor, caso devidamente justificada, também importará em adiamento da o ato, conforme o disposto no Art. 265 1º e 2º do Código de Processo Penal. Ademais, o acusado que estiver preso tem direito à comparecer no dia de sua audiência de instrução, haja vista o princípio da ampla defesa (vide Art. 399 1º do Código de Processo Penal). Na audiência de instrução, debates e julgamento serão realizados, respectivamente os seguintes atos, conforme redação atual do Art. 400 do Código de Processo Penal: 1 - OITIVA O OFENDIDO (vide Art 201 do CPP); 2 - OITIVA DAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO E DEFESA NESTA ORDEM (Arts. 202 a
225 do CPP); 3 - Se necessário: ESCLARECIMENTOS DOS PERITOS, ACAREAÇÕES E RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS (Art. 400 do CPP); 4 - INTERROGATÓRIO DO ACUSADO (Arts. 185 a 196 do CPP); 5 - OPORTUNIDADE PARA REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS (Art. 402 do CPP); 6 - DEBATES ORAIS (Art. 403, caput, do CPP); 7 - JULGAMENTO. O primeiro ato de instrução será a colheita das declarações do OFENDIDO conforme as regras previstas no Art. 201 do Código de Processo Penal. Posteriormente, deve o juiz colher os depoimentos das TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO, bem como das TESTEMUNHAS DE DEFESA, regra geral, nesta ordem, haja vista o disposto no Art. 400 do Código de Processo Penal. Os depoimentos devem observar as regras previstas no Arts 202 e seguintes do CPP. Conforme a regra insculpida no Art. 212 do Código de Processo Penal as partes podem perguntar diretamente às testemunhas, podendo o juiz não admitir indagações que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já realizada. Pode o juiz, ao final, complementar as perguntas. Ademais, o juiz, cumprindo dever funcional, deve advertir as testemunhas de acusação e de defesa sobre as penas referentes ao crime de FALSO TESTEMUNHO previsto no Art. 342 do Código Penal brasileiro. NÃO SE ESQUEÇA: As partes podem arrolar, no procedimento comum ordinário até 8 (oito) testemunhas (vide Art. 401 do CPP). No entanto, no procedimento comum sumário as partes podem arrolar até 5 (cinco) testemunhas (vide Art. 532 do CPP). Em seguida, havendo requerimento expresso, os PERITOS podem prestar esclarecimentos necessários para a elucidação das provas periciais (vide Art. 400 2º do CPP. Ademais, se as partes requererem o juiz poderá determinar a realização de ACAREAÇÕES conforme o disposto nos Arts. 229 e 230 do CPP. Na sequência, também podem ser realizados RECONHECIMENTOS DE PESSOAS E COISAS (vide Art. 226 a 229 do CPP).
No final, será realizado o INTERROGATÓRIO DO ACUSADO com fulcro nas regras dispostas nos Arts. 185 a 196 do CPP. É importante notar que o interrogatório é agora, o último ato da instrução, haja vista a possibilidade de realização de AUTODEFESA pelo acusado, em homenagem ao princípio constitucional da ampla defesa previsto no Art. 5º, inciso LV da Constituição da República. Terminada a produção de todas as provas e, não havendo requerimento de diligências nos termos do Art. 402 do CPP, o juiz deverá determinar o início dos DEBATES ORAIS, conforme Art. 403 do Código de Processo Penal, momento em que as partes terão 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos (Art. 403, caput, do CPP). NÃO SE ESQUEÇA: Conforme o diposto no Art. 403 3º do Código de Processo Penal, o juiz poderá, considerada, a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a APRESENTAÇÃO DE MEMORIAIS. Nesse caso, o próprio juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para prolatar SENTENÇA. Ademais, caso devam ser realizadas as diligências requeridas com fulcro no Art. 402 do CPP, o juiz deverá encerrar a audiência concendendo o prazo de 5 (cinco) dias, após a realização da diligência deferida, para a apresentação de memoriais escritos (vide Art. 404 do CPP). Aliás, o Lei 11.719/2008, viabilizou a utilização de tecnologias como VIDEOCONFERÊNCIAS (vide Art. 217 do CPP) ou GRAVAÇÃO DA AUDIÊNCIA PELO SISTEMA AUDIOVISUAL (vide Art. 405 1º do CPP). Ademais, é importante salientar que todas as audiências, em geral, serão públicas, conforme o disposto no Art. 5º, inciso LX, bem como Art. 93, inciso IX, ambos da Constituição Federal. Nesse mesmo sentido é o disposto no Art. 792 do CPP), salvo nas hipóteses em que deva ser resguardado o segredo de justiça, em razão da intimidade ou do interesse público. Referente ao PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO é importante destacar que, também possui uma audiência una de instrução, debates e julgamento, entretanto, possui algumas especificações. Em geral, "mutatis mutandis" tudo é semelhante à audiência de instrução do procedimento comum ordinário. No entanto, o prazo para a realização da audiência é de apenas 30 (trinta) dias. Quiz
1 Referente à AUDIÊNCIA NO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO, é correto afirmar: Poderá ser realizada no prazo de 90 (noventa) dias. Deverá ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da data de recebimento da denúncia. Deverá ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da data do fato. Deverá ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias. 2 Na audiência de instrução, debates e julgamento são realizadas todas as provas. Assim, aponte a assertiva correta, tendo em vista a ordem de produção das provas: Primeiro serão tomadas as declarações do ofendido, em seguida os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa e por último o interrogatório do acusado. Primeiro serão tomadas as declarações do ofendido, em seguida os depoimentos das testemunhas de defesa e acusação e por último o interrogatório do acusado. Primeiro será realizado o interrogatório do acusado, em seguida serão tomadas as declarações do ofendido e por último os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa
Nenhuma das alternativas anteriores. 3 O juiz, após a realização da audiência de instrução, poderá, no caso de complexidade do caso ou de vários corréus: Conceder prazo de 10 (dez) dias para apresentação de ALEGAÇÕES ORAIS. Conceder prazo de 05 (cinco) dias para apresentação de RESPOSTA À ACUSAÇÃO. Conceder prazo de 05 (cinco) dias para apresentação de RECURSO DE APELAÇÃO. Conceder prazo de 05 (cinco) dias para apresentação de MEMORIAIS ESCRITOS. Referências ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8.ed. Salvador, BA: JusPODIVM, 2013. BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2012. FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do garantismo penal. 4.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. LOPES, Aury. Direito Processual Penal. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2012. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 5d. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2013. RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 22.ed. São Paulo: Atlas, 2014. REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2014.