ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO CREPÚSCULO EM LEITO FIXO POR ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO

Documentos relacionados
ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO PRETO 5 EM COLUNA DE LEITO FIXO UTILIZANDO ESFERAS REVESTIDAS COM QUITOSANA EM LEITO FLUIDIZADO.

Universidade Estadual do Rio Grande, Escola de química e Alimentos

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

ISOTERMAS DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DA ADSORÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA UTILIZANDO ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA

INFLUÊNCIA DO ph NA ADSORÇÃO DE ÍONS Cr (VI) UTILIZANDO ESPONJA DE QUITOSANA

ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM LEITO FIXO UTILIZANDO PARTÍCULAS DE AREIA RECOBERTAS COM QUITOSANA

PREPARAÇÃO DE NANOFIBRAS DE QUITOSANA E NYLON VIA FORCESPINNING PARA A ADSORÇÃO DE CORANTES ANIÔNICOS

ADSORÇÃO DE CORANTE ALIMENTÍCIO EM COLUNA DE LEITO FIXO EMPACOTADA COM ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA E QUITOSANA RETICULADA COM CIANOGUANIDINA.

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

EFEITO DO PH NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR QUITOSANA E QUITOSANA MODIFICADA COM CIANOGUANIDINA

USO DE QUITOSANA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS CONTAMINADAS COM CORANTE ALIMENTÍCIO 1. INTRODUÇÃO

ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL PRETO REATIVO N 5 UTILIZANDO FILMES DE QUITOSANA MODIFICADOS COM TERRA ATIVADA EM DIFERENTES PROPORÇÕES

UTILIZAÇÃO DE ADSORVENTE ALTERNATIVO DE BAIXO CUSTO PARA REMOÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA

UTILIZAÇÃO DE QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO PARA A REMOÇÃO DE CROMO DE SOLUÇÕES AQUOSAS

OBTENÇÃO DE QUITOSANA A PARTIR DE CARAPAÇAS DE SIRI OBTAINMENT OF CHITOSAN FROM CRAB SHELLS

Utilização de lama vermelha tratada com peróxido de BLUE 19

EFICIÊNCIA DO CARVÃO ATIVADO DE BABAÇU NA REMOÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA EM SOLUÇÃO AQUOSA

DESSORÇÃO DO CORANTE COMERCIAL AZUL 5G A PARTIR DO ADSORVENTE CASCA DE SOJA

O EFEITO DA ADIÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO NO COMPORTAMENTO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

1. INTRODUÇÃO. (um espaço)

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

UTILIZAÇÃO DE SEMENTES DE LARANJA COMO ADSOVENTE NA REMOÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO

COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO PRETO 5 UTILIZANDO CARVÃO COMERCIAL DE CASCA DE COCO E LODO ATIVADO GASEIFICADO

Eixo Temático ET Tratamento de Efluentes Sanitários e Industriais

BRANQUEAMENTO DE ÓLEO DE FARELO DE ARROZ COM TERRA ATIVADA E QUITOSANA

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1Comprimento de onda do corante Telon Violet

ESTUDO DA ADSORÇÃO E DESSORÇÃO DO CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

REMOÇÃO DE METAIS PESADOS EM ÁGUA ATRAVÉS DE BIOPOLÍMEROS MODIFICADOS 1 INTRODUÇÃO

RESUMO AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARANTO POR FILMES DE QUITOSANA

CORANTE REATIVO VERMELHO REMAZOL RGB EM CARVÃO ATIVADO COMERCIAL E LODO GASEIFICADO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

APLICAÇÃO DA FIBRA DE BAMBU IN NATURA E CARVÃO ATIVADO ÓSSEO COMO ADSORVENTE NA REMOÇÃO DE CORANTE AZUL DE METILENO

ESTUDO DA VIABILIDADE DE USO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA COMO ADSORVENTE ALTERNATIVO

ESTUDO AVALIATIVO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO METAL PESADO CHUMBO (II) EM VERMICULITA REVESTIDA COM QUITOSANA

CINÉTICA DA ADSORÇÃO DE OURO CONTIDO EM SOLUÇÕES LIXIVIADAS DE MICROPROCESSADORES UTILIZANDO QUITINA COMO ADSORVENTE

EFEITO DA TEMPERATURA DE GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA NA ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO

TÍTULO: CASCA DE BANANA UTILIZADA NA REMOÇÃO DE FERRO EM SOLUÇÃO AQUOSA ATRAVÉS DE COLUNA DE LEITO FIXO

CINÉTICA DE ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR UMA ESPONJA MEGAPOROSA DE QUITOSANA

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO DE ÍONS DOS METAIS DE TRANSIÇÃO UTILIZANDO O MODELO DE AVRAMI

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DA LAMA VERMELHA TRATADA TERMICAMENTE A 400ºC NA ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL REATIVO BLUE 19.

SECAGEM DE PASTA DE QUITOSANA EM CAMADA DELGADA: AVALIAÇÃO DO EFEITO DA SECAGEM SOBRE O GRAU DE DESACETILAÇÃO E A MASSA MOLECULAR VISCOSIMÉTRICA

CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS EM SISTEMA BINÁRIO POR QUITOSANA COM E SEM MODIFICAÇÃO RESUMO

PARAMETRIZAÇÃO DA ADSORÇÃO DE ANTOCIANINAS EM PARTICULAS RECOBERTAS COM QUITOSANA NO PROCESSO EM BATELADA.

II-311 DESTRUIÇÃO DE AZO-CORANTES COMERCIAIS EM EFLUENTES TÊXTEIS POR PROCESSO FOTOCATALÍTICO

ESTUDO DA REMOÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELO PROCESSO DE ADSORÇÃO USANDO ARGILA CHOCOBOFE IN NATURA

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA CASCA DE ARROZ

REMOÇÃO DE CÁTIONS METÁLICOS UTILIZANDO ZEÓLITA HBEA

ELABORAÇÃO DE MICROESTRUTURAS POROSAS A BASE DE QUITOSANA E QUITINA PARA A ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE RESUMO

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REVESTIMENTO Ni METÁLICO EM MEMBRANAS DE QUITOSANA POR ELETRODEPOSIÇÃO

APLICAÇÃO DE HORSERADISH PEROXIDASE IMOBILIZADA NA DESCOLORAÇÃO DE AZUL DE METILENO

INVESTIGAÇÃO DA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PONCEAU SOBRE CARVÃO COMERCIAL DE ORIGEM ANIMAL

4. Resultados e Discussão

VIABILIDADE DO USO DA CASCA DE BANANA COMO ADSORVENTE DE ÍONS DE URÂNIO

ESTUDO DA RETENÇÃO DO CORANTE VIOLETA CRISTAL EM QUITOSANA

TÍTULO: MATERIAIS HÍBRIDOS DERIVADOS DE ARGILA-SUBSTÂNCIAS HÚMICAS POR DIFERENTES ROTAS APLICADOS A ADSORÇÃO DE NÍQUEL

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE COR EM EFLUENTES DE LAVANDERIAS INDUSTRIAIS DE JEANS, UTILIZANDO O PROCESSO DE ADSORÇÃO EM ARGILAS ESMECTITAS EM LEITO FIXO.

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE INDÚSTRIA DE CUIA COMO UM ADSORVENTE PARA A REMOÇÃO DE CORANTE ORGÂNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA

PQI-2321 Tópicos de Química para Engenharia Ambiental I

Remoção de Cr(VI) de soluções aquosas pelo filme de óxido de ferro/nanotubo de carbono/quitosana reticulada

Uso de vermiculita revestida com quitosana como agente adsorvente dos íons sintéticos de chumbo (Pb ++ )

INFLUÊNCIA DO ph NA SORÇÃO DE ÍONS METÁLICOS EM SÍLICA GEL

REMOÇÃO DO CORANTE TÊXTIL VIOLETA REATIVO 5 DE SOLUÇÕES AQUOSAS UTILIZANDO FIBRA DE COCO NAS FORMAS BRUTA E ATIVADA

BIOSSORÇÃO DO ÍON CU 2+ EM LEITO FLUIDIZADO PELA LEVEDURA SACCHAROMYCES CEREVISIAE IMOBILIZADA EM QUITOSANA

4. Materiais e métodos

DESENVOLVIMENTO DE BIOADSORVENTE A PARTIR DA VAGEM SECA DO FEIJÃO

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA

BIOSSORÇÃO DE IÓNS NÍQUEL EM ALGA MARINHA SARGASSUM SP. LIVRE E IMOBILIZADA EM ALGINATO

UTILIZAÇÃO DA LAMA VERMELHA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES TÊXTEIS COM ELEVADA CARGA DE CORANTE REATIVO

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

Obtenção das curvas de ruptura de adsorção do corante reativo Azul 5G utilizando escamas do peixe Oreochromis niloticus

ESTUDO DE ADSORÇÃO DO CORANTE ALIMENTÍCIO SINTÉTICO, AMARELO CREPÚSCULO, DE SOLUÇÕES AQUOSAS COM O USO DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA NATURAL PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

ESTUDO DA DESSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL REATIVO AZUL 5G ADSORVIDO EM BAGAÇO DE MALTE

REMOÇÃO DE CORANTE AZUL DE METILENO DE SOLUÇÃO AQUOSA USANDO RESINAS DE TROCA IÔNICA

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ph NA ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM CARVÃO ATIVADO GRANULAR

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE ÍONS CROMO (VI) EM NANOFIBRAS DE QUITOSANA/NYLON 6

Construção de reatores de fotodegradação em batelada para atividades práticas envolvendo Química e Matemática

EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO DE CORANTES PRESENTES NA BETERRABA (Beta vulgaris L.)

ADSORÇÃO DOS CORANTES AZUL REATIVO CI 222 E AZUL ÁCIDO CI 260 COM RESÍDUOS SÓLIDOS AGRÍCOLAS E LODO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES.

Patricia Cunico, Carina P. Magdalena, Terezinha E. M. de Carvalho,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE ALIMENTOS

BIOADSORÇÃO E DESSORÇÃO DOS ÍONS Cd 2+ E Zn 2+ PELO RESÍDUO DA EXTRAÇÃO DO ALGINATO DA ALGA MARINHA Sargassum filipendula

XV 011 USO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE PARA PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO QUIMICAMENTE COM INDUÇÃO POR ENERGIA DE MICRO-ONDAS

USO DE RESÍDUOS TRATADOS PARA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE REMAZOL EM EFLUENTE SINTÉTICO

O uso de Lama Vermelha ativada a diferentes temperaturas como meio adsorvedor de baixo custo para corante reativo

SÍNTESE DE ESPUMAS DE POLIURETANO/QUITOSANA PARA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO N 40

Adsorção em interfaces sólido/solução

Degradação do Fármaco Cloridrato de Tetraciclina utilizando o processo Fenton.

INFLUÊNCIA DA CARGA ORGÂNICA NO DESEMPENHO DE REATORES DE LEITO MÓVEL COM BIOFILME PREENCHIDOS COM DIFERENTES MATERIAIS SUPORTE

Adsorção do corante Rodamina B de soluções aquosas por zeólita sintética de cinzas pesadas de carvão

ESTUDO DA ADSORÇÃO SOBRE CHAR OBTIDO PELA PIRÓLISE LENTA DE CAPIM ELEFANTE

ESTUDO DA REMOÇÃO DE FENOL EM ÁGUAS RESIDUÁRIAS SINTÉTICAS ATRAVÉS DE ADSORÇÃO EM CARVÃO VEGETAL

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL NO ESTUDO DA REMOÇÃO DO VIOLETA CRISTAL UTILIZANDO CAULIM COMO ADSORVENTE.

INFLUÊNCIA DO PH E TEMPO DE CONTATO NA CAPACIDADE ADSORTIVA DA MORINGA OLEÍFERA PARA REMOÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA

4 MATERIAIS E MÉTODOS

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE SAIS NA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PROCION UTILIZANDO ALUMINA ATIVADA

ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO DE SOLUÇÃO AQUOSA COM UTILIZAÇÃO DE PÓ DE SERRAGEM DE MDF E MADEIRITE E CARVÃO ATIVADO GRANULAR

TRATAMENTO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS ATRAVÉS DOS PROCESSOS ADSORTIVOS COM ARGILAS SÓDICAS

CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE CARBONO ATIVADO NA REMOÇÃO DE CORANTES ANIÔNICOS.

Transcrição:

ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO CREPÚSCULO EM LEITO FIXO POR ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO M. L. G. VIEIRA 1, M. S. MARTINEZ 1, G. B. SANTOS 1, V. A. VIEIRA 1, C. M. MOURA 2, G. L. DOTTO 3, L. A. A. PINTO 1 1 Universidade Federal do rio Grande, Escola de Química e Alimentos 2 Universidade Federal do Pampa, Engenharia de Alimentos 3 Universidade Federal Santa Maria, Departamento de Engenharia Química E-mail para contato: catarinamoura@unipampa.edu.br RESUMO A quitosana tem se destacado como um eficaz adsorvente, e a sua imobilização em suportes inertes tem se mostrado promissora para a aplicação nos processos de adsorção em colunas de leito fixo. Este trabalho avaliou, a influência do grau de desacetilação (GD) da quitosana no recobrimento de esferas de vidro e na adsorção do corante amarelo crepúsculo em leito fixo. O efeito do GD (75%, 85% e 95%) foi verificado através da massa de quitosana aderida nas esferas e das curvas de ruptura. As condições de operação da coluna foram vazão 5 ml/min, ph 3 e 25 C. Os melhores resultados, tanto para o recobrimento quanto para o desempenho da coluna, foram obtidos para a quitosana GD 85%. Nesta condição, a massa de quitosana aderida foi de 0,26 g qts /100 g esf, e a coluna teve os maiores tempos de ruptura (t b ) e de exaustão (t e ), bem como um maior volume de efluente (V ef ) foi tratado. Além disso, a massa de corante adsorvido foi de 72 mg e o percentual de corante removido chegou a 57%. 1. INTRODUÇÃO O corante amarelo crepúsculo é um azo-composto utilizado como aditivo na indústria de alimentos. Embora seja permitido pela legislação brasileira, há relatos de vários efeitos adversos na saúde (Amin et al., 2010). Além disso, a disposição ambiental de efluentes coloridos (como o amarelo crepúsculo) desequilibra as atividades fotossintéticas do meio aquático. Entre os métodos com aplicabilidade no tratamento de efluentes industriais contendo corantes, ressalta-se a adsorção pela possibilidade de utilizar adsorventes de baixo custo (Gupta e Suhas, 2009). A quitosana possui características interessantes que fazem dela um eficaz adsorvente para a remoção de corantes. Comparada com adsorventes convencionais, tais como carvões ativados comerciais, a adsorção utilizando quitosana tem sido reconhecida (Gupta e Suhas, 2009). A quitosana pode ser imobilizada em matrizes sólidas através de técnicas de recobrimento, e posteriormente aplicada na remoção de corantes em coluna de leito fixo (Popuri et al., 2009). O recobrimento por imersão, técnica dip coating, destaca-se por ser de simples operação e curto Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

tempo de processamento (Jittavanich et al., 2010). As esferas de vidro podem servir como suporte para imobilização da quitosana, basta uma limpeza com solução ácida para neutralizar os compostos alcalinos e óxidos básicos dissolvidos no vidro, formando uma camada superficial rica em sílica, a qual irá interagir com os grupos funcionais da quitosana (Vijaya et al., 2008). Quanto ao processo de adsorção em leito fixo pode-se ressaltar que possui um baixo investimento inicial e alta eficiência se comparado aos processos convencionais, tais como, troca iônica, irradiação, precipitação, ozonização, filtração em membranas e destruição eletroquímica (Ahmad e Hameed, 2010). O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do grau de desacetilação (GD) da quitosana no recobrimento de esferas de vidro e na adsorção do corante amarelo crepúsculo em leito fixo. A quitosana foi obtida em diferentes graus de desacetilação e caracterizada. As esferas foram recobertas com quitosana pela técnica dip coating. O desempenho do leito foi avaliado mediante as curvas de ruptura. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Adsorvato Foi utilizado como adsorvato o corante alimentício da classe química dos azo-corantes, amarelo crepúsculo, proveniente da Duas Rodas Ind., Brasil. Este corante tem como especificações: índice de cor (C.I.) de 15985, massa molar de 452,4 g/mol e comprimento de onda máximo de 480 nm. A sua estrutura química está apresentada na Figura 1. 2.2 Obtenção da quitosana Figura 1 Estrutura química do corante amarelo crepúsculo. A quitina foi obtida de resíduos de camarão (Penaeus brasiliensis) conforme descrito por Weska et al. (2007). A desacetilação da quitina foi realizada em um reator de pequena escala, utilizando 45 g (b.s.) de quitina seca e 3L de solução de hidróxido de sódio (42,1% p/v), sob agitação constante (50 rpm) e temperatura de 130 ± 2 º C. Foram realizadas bateladas em diferentes tempos de reação de 40, 90 e 240 min para obtenção de quitosana com grau de desacetilação de 75%, 85% e 95%, respectivamente (Moura et al.,2011). A viscosidade reduzida da quitosana foi determinada pela equação de Huggins e após esta foi convertida em massa molar por meio da equação de Mark- Houwink-Sakurada (Zhang e Neau, 2001). O grau de desacetilação (GD) foi determinado pelo Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 2

método de titulação potenciométrica linear (Jiang et al., 2003). 2.3. Obtenção das esferas recobertas As esferas de vidro (diâmetro de partícula de 1 mm) foram fornecidas pela Nacional Esferas Ltda., Brasil. As esferas recobertas com quitosana foram obtidas através da técnica dip coating. As esferas foram imersas em solução de quitosana (0,5% m/v) por 12h, à temperatura ambiente. Após, as esferas foram separadas da solução por filtração (Vijaya et al., 2008). Então, a secagem da solução de quitosana superficial das esferas foi realizada em estufa a 50 C por 12 h (Wan et al., 2010). Na sequencia, as esferas recobertas e secas foram imersas em solução de NaOH 1M por 4 h à temperatura ambiente (Vijaya et al., 2008). A massa de quitosana aderida nas esferas foi determinada por diferença entre a massa de esferas antes e após o processo de recobrimento, em balança analítica (Marte, AY220, Brasil). 2.4. Ensaios de adsorção em coluna O leito fixo foi composto por uma coluna acrílica de 20 cm de altura e 3,4 cm de diâmetro interno. O leito foi empacotado com esferas recobertas com quitosana de diferentes graus de desacetilação. A solução de corante (100 mg/l) foi bombeada em fluxo ascendente na vazão de 5 ml/min, ph 3 e temperatura ambiente. Foram retiradas amostras no topo da coluna em tempos préestabelecidos até a completa saturação do sistema, sendo a concentração remanescente do corante determinada por espectrofotometria no comprimento de onda máximo do corante. 2.5 Análise dos dados da coluna As curvas de ruptura foram expressas em termos de concentração normalizada (C t /C 0 ) como uma função do tempo. Os tempos de ruptura (t b ) e de exaustão (t e ) foram definidos quando a concentração na saída da coluna atingiu valores de, respectivamente, 5% e 95 % da concentração inicial do corante. O volume de efluente (V ef ) foi calculado pela Equação 1 (Chen et al., 2012). Vef Qt (1) A quantidade de corante (q ) na coluna foi calculada a partir da área da curva de ruptura conforme a Equação 2 (Ahmad e Hameed, 2010). q Q 1000 t t 0 C ad dt (2) A capacidade de adsorção do corante no equilíbrio, q eq (mg/g) foi obtida através da Equação 3 (Han et al., 2009). Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 3

q eq q m (3) A massa de corante alimentada (m ) foi calculada pela Equação 4 e o percentual de remoção (%R) pela Equação 5 (Han et al., 2009). m C0Qt 1000 (4) R(%) q m 100 (5) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Caracterização da quitosana A quitosana obtida em diferentes tempos de reação foi caracterizada quanto o grau de desacetilação, a viscosidade intrínseca e a massa molar conforme Tabela 1. Tabela 1 Grau de desacetilação, massa molar e viscosidade intrínseca da quitosana Tempo de reação (min) Grau de desacetilação (%)* Viscosidade intrínseca (ml/g)* Massa molar (kda)* 40 75,1 ± 1,2 165,2 ± 2,4 215,6 ± 3,4 90 85,0 ± 1,0 114,9 ± 3,6 146,0 ± 5,0 240 94,7 ± 0,8 96,7 ± 3,1 121,2 ± 4,2 *Média ± desvio padrão (n = 3). Pode-se observar na Tabela 1 que foram obtidas quitosanas com diferentes graus de desacetilação. Isto se deve ao rompimento gradual das unidades N-acetil-D-glucosamina do polímero durante o curso da desacetilação. As unidades de D-glicosamina formadas contém um grupo amínico livre, aumentando a proporção deste na estrutura do polímero. Com o aumento do grau de desacetilação há uma redução no valor da massa molar (Tabela 1) devido à degradação ocorrida nas cadeias do polímero durante a reação. Em relação viscosidade do polímero, pode-se observar comportamento diretamente proporcional ao da massa molar. Os valores de grau de desacetilação e massa molar se assemelham aos obtidos em estudo cinético da reação de desacetilação realizado Moura et al. (2011). Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 4

3.2 Ensaios de recobrimento O efeito do grau de desacetilação da quitosana (75%, 85% e 95%) sobre o recobrimento das esferas, e sobre a adsorção em coluna de leito fixo foi verificado através da massa de quitosana aderida nas esferas e das curvas de ruptura, respectivamente. A massa de quitosana aderida nas esferas está apresentada na Tabela 2. Tabela 2 Relação entre a massa de quitosana recoberta e a massa de esferas obtida em diferentes graus de desacetilação. Grau de desacetilação Massa de quitosana recoberta (g/100 g) *a GD 75% GD 85% 0,2044 ± 0,0049 a 0,2633 ± 0,0120 b GD 95% 0,1936 ± 0,0064 a * g de quitosana/100 g de esferas; a média ± desvio padrão (n=3). Letras iguais indicam que não existe diferença significativa (p>0.05); letras diferentes indicam que existe diferença significativa (p<0.05). Pode-se verificar na Tabela 2 que o grau de desacetilação da quitosana teve influência significativa (p<0,05) sobre a massa de quitosana recoberta. Os melhores resultados para o recobrimento foram atingidos com quitosana de grau de desacetilação (GD 85%). Com isto, pode-se inferir que a adesão da quitosana ao vidro teve influência tanto das propriedades físicas, como a viscosidade da quitosana, quanto das propriedades químicas, como os grupos amina disponíveis para interagir com o vidro. Neste caso, as propriedades citadas foram igualmente importantes no recobrimento, uma vez que a maior massa de quitosana recoberta foi obtida no grau de desacetilação intermediário. Brinker et al. (1992), em estudo sobre a formação de filmes finos através da técnica de recobrimento dip coating salienta que a espessura da película depositada é relacionada com as forças do filme. 3.3 Ensaios de adsorção em coluna As curvas de ruptura estão apresentadas na Figura 2, e os dados fornecidos pelas mesmas sobre a adsorção em coluna de leito fixo estão apresentados na Tabela 3. Podemos observar através da Figura 2 que a coluna de leito fixo teve o melhor desempenho quando empacotada com esferas recobertas por quitosana GD 85%, seguida pela quitosana GD 75% e GD 95%. Neste caso, pode-se inferir que o fator que predominou foi à massa de quitosana presente no leito, tendo em vista que os valores de massa de quitosana aderida nas esferas seguem a ordem GD 85% > GD 75% > GD 95% (Tabela 2). Nos parâmetros fornecidos pelas curvas de ruptura, conforme mostra a Tabela 3, pode-se salientar que ao utilizar quitosana GD 85% obteve-se maiores tempos de ruptura (t b ) e exaustão (t e ), bem como um maior volume de efluente (V ef ) foi tratado. Além disso, a Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 5

massa de corante adsorvido chegou a 72 mg. Em estudos de adsorção de íons Cu (II) e Ni (II) por PVC revestido por quitosana, Popuri et al. (2009) observou que as percentagens de remoção aumentaram com o aumento da massa do adsorvente. Figura 2 Curvas de ruptura para a adsorção do corante amarelo crepúsculo por esferas recobertas com quitosana ( ) GD 75% ( ) GD 85% ( ) GD 95%. Tabela 3 Parâmetros para adsorção do corante amarelo crepúsculo em coluna de leito fixo por esferas recobertas por quitosana de diferentes graus de desacetilação Grau de desacetilação GD 75% GD 85% GD 95% t b (min)* 18 ± 2 40± 5 12 ± 2 t e (min)* 135 ± 5 200± 5 90 ± 5 t (min)* 160± 5 250± 10 110 ± 5 V eff (ml)* 800± 25 1250± 50 550± 25 q (mg)* 46,0± 2,4 72,1± 4,1 33,7± 2,5 q eq (mg/g)* 81,6± 4,3 99,2± 5,6 63,0± 4,7 R (%)* 57,3± 1,2 57,5± 4,7 60,9± 1,8 *Média ± desvio padrão (n = 3). Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 6

4. CONCLUSÃO O recobrimento das esferas mostrou-se mais adequado com quitosana GD 85%. Nesta condição, a massa de quitosana aderida foi de 0,26 g qts /100 g esf. O mesmo comportamento foi observado para o desempenho da coluna quando empacotada com esferas recobertas com quitosana GD 85%, sendo que a massa de corante adsorvido foi de 72 mg e o percentual de corante removido chegou a 57%. Desta forma, a quitosana aderida em esferas mostrou-se viável para aplicação na remoção do corante amarelo crepúsculo em processos de adsorção contínuos. 5. NOMENCLATURA Símbolo Definição Unidade C ad Concentração do corante adsorvido mg/l C o Concentração inicial na fase líquida mg/l C.I. Índice de cor - M Massa do adsorvente na coluna g m Massa de corante alimentada mg q Quantidade de corante mg Qeq Capacidade máxima da coluna mg/g Q Vazão de alimentação ml/min R Remoção do corante % t b Tempo de ruptura min t e Tempo de exaustão min t Tempo de fluxo min V ef Volume de efluente ml λ máx Comprimento de onda máximo nm 6. REFERÊNCIAS AHMAD, A. A.; HAMEED, B. H. Fixed-bed adsorption of reactive azo dye onto granular activated carbon prepared from waste. J. Hazard. Mater., v.75, p. 298 303, 2010. AMIN, K.A.; ABDEL HAMEID II; ELSTTAR, A.H. Effect of food azo dyes tartrazine and carmoisine on biochemical parameters related to renal, hepatic function and oxidative stress biomarkers in young male rats. Food Chem. Toxicol., v. 48, p. 2994 2999, 2010. BRINKER,C. J.; HURD, A. J.;SCHUNK, P. R.; FRYE, G. C.; ASHLEY, C. S. Review of sol-gel thin film formation. J. Non-Cryst. Solids, v.148, p. 424 436, 1992. CHEN, S.; YUE, Q.; GAO, B.; LI, Q.; XU, X.; FU, K. Adsorption of hexavalent chromium from aqueous solution by modified corn stalk: A fixed-bed column study. Biores. Technol., v.113, p. 114 120, 2012. GUPTA, V.K.; SUHAS. Application of low-cost adsorbents for dye removal - A review. J. Environ. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 7

Manage., v.90, p. 2313 2342, 2009. HAN, R.; YU, W.; XIN, Z.; YUANFENG, W.; FULING, X.; JUNMEI, C.; NGSHENG, T. Adsorption of methylene blue by phoenix tree leaf powder in a fixed bed column: experiments and prediction of breakthrough curves. Desalination, v.245, p. 284 287, 2009. JITTAVANICH, K.; CLEMONS C. K.L.; ALJARRAH M.; EVANS E.; YOUNG G.W. Modeling, simulation and fabrication of coated structure using the dip coating technique. Chem. Eng. Sci., v. 65, p. 6169 6180, 2010. JIANG, X.; CHEN, L.; ZHONG, W. A new linear potentiometric titration method for the determination of deacetylation degree of chitosan. Carbohydr. Polym., v. 54, p. 457 463, 2003. MOURA, C.M.; MOURA, J.M.; SOARES, N.M.; PINTO, L.A.A. Evaluation of molar weight and deacetylation degree of chitosan during chitin deacetylation reaction: Used to produce biofilm. Chem. Eng. Process., v. 50, p. 351 355, 2011. POPURI, R. S.; VIJAYA, Y; BODDU, M. V.; ABBURI, K. Adsorptive removal of copper and nickel ions from water using chitosan coated PVC beads. Biores. Technol, v. 100, p. 194 199, 2009. VIJAYA, Y.;POPURI, S. R.; BODDU, V. M.; KRISHNAIAH, A. Modified chitosan and calcium alginate biopolymer sorbents for removal of nickel (II) through adsorption. Carbohydr. Polym., v. 72, p. 261 271, 2008. WAN,M.W; KAN,C.C.; ROGEL,B.D.; DALIDA,M.L.P. Adsorption of copper (II) and lead (II) ions from aqueous solution on chitosan-coated sand. Carbohydr. Polym., v. 80, p. 891 899, 2010. WESKA, R. F.; MOURA, J. M.; BATISTA, L. M.; RIZZI, J.; PINTO L. A. A. Optimization of deacetylation in the production of chitosan from shrimp wastes: Use of response surface methodology. J. Food Eng., v. 80, p. 749 753, 2007. ZHANG, H.; NEAU, S. H. In vitro degradation of chitosan by a commercial enzyme preparation: Effect of molecular weight and degree of deacetylation. Biomaterials, v. 22, p. 1653 1658, 2001. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 8