ANUÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA 297 PROCESSO N 3.877



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Transcrição:

ANUÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA 297 PROCESSO N 3.877 ACÓRDÃO N aufrágio. Arrastamento do rebocador pela draga na ocasião do emborcamento. Imperfeita execução das manobras de suspender a lança para recolocar o rosário na sua denda posição. Impossibilidade de determinar a falha observada e individuar possíveis responsáveis, dadas as circunstâncias em que se deu o fato e sobretudo por ter perecido o operador. Arquivamento do inquérito. Vistos, relatados e discutidos estes autos de inquérito, originários da Capitania dos Portos do Distrito Federal Estado do Rio de Janeiro, doles consta que, cêrca das 23 horas e 30 minutos do dia 3 de junho de 1959, a draça Número 9". de propriedade da Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas, soçobrou na haía de Guanabara, quando se achava a serviço de dra^airem na hacia de evolução do cais de minério, na ponta do Caju, em conseqüência do que perderam a %ida cinco tripulantes. Ao ir para o fundo a draga arrastou rebocador Coioda mesma empresa, de cuja tripulação pereceu o respectivo mestre. Conforme a descrição feita pelos que sobreviveram, o serviço era executado ininteí ruptamente, revesando-se o pessoal, havendo corrido normalmente até o momento em que o rosário saiu fora do tombo inferior. O draguista então iniciou o levantamento da lancha, em meio de cuja operação a embarcação tombou para bombordo. Parte da tripulação ainda conseguiu safar-se, saltando para o chatão que estava atracado por boreste. Nessa ocasião, o rebocador C oio, à disposição nas proximidades e chamado por apitos, ia se encostando por bombordo para dar auxílio à draga, sendo alcançado pela superestrutura desta e com ela juntamente indo a pique. Nem todos os corpos foram encontrados, apesar das buscas dadas por homens-rãs da Marinha. Constam como vitimados: Julio Paulo de Sou/a, mestre draguista, Mario Nunes da Costa, maquinista, José Urbano de Almeida e Enedino Ferreira, foguistas, Lourival José de Santana, cozinheiro da draga e Joaquim Martins Carneiro, mestre do rebocador. Ambas as embarcações foram recuperadas e vistoriadas, nenhuma avaria apresentando que pudesse ter ocasionado o acidente, sendo todas as encontradas, resultantes da operação de salvamento. As vistorias regulamentares estavam em dia e concluiu a comissão pericial que o naufrágio foi devido ao tempo e principalmente à impericia nas manobras, fazendo com que a draga adernasse além do limite máximo, perdendo a estabilidade. O encarregado do inquérito, porém, não concordou com êsse parecer, concluindo que a causa principal foi o rosário ter saído fora do tombo inferior, para

298 TRIBUNAL MARÍTIMO bombordo, e na ocasião de ser posta a lança em cima, fa/endo grande esforço pela resistência encontrada no fundo, a draga adernou e perdeu a estabilidade, não havendo nenhuma prova de negligência ou imperícia do respectivo operador, que por sinal, também perdeu a vida no sinistro. Características da draga: comprimento 41,75m. bôca 7,00, pontal 2.60, casco de aço. tonelagem bruta 274. Do rebocador: comprimento 17,10m. bôca 3.65. pontal 1,90, casco de aço, tonelagem bruta 26.5, equipado com um hélice movido por um motor de 110 cavalos. Edital de notificação no Diário Oficial". A Procuradoria (dr. 29 adjunto-de-procurador) pediu o arquivamento. Com o fim de melhor se esclarecer, o relator visitou uma draga similar da mesma empresa, em plena atividade ao largo da baía. desde que o Número 9" se encontrava ainda em reparos, nas oficinas, presenciando a bordo o sistema de trabalho de dragagem e inteirando-se de alguns detalhes de manobras, que se faziam necessárias para reposição do rosário em seu lugar, ao sair fora do tombo. Também por ter notícia de haver sido procedido estudo por pessoas técnicas tendentes a averiguar as possíveis causas do naufrágio, solicitou à Hidráulica as conclusões obtidas. A documentação remetida, constante de fls. e fls., dividi-se em duas partes, sendo a primeira relativa ao exame dos aparelhos de manobras, condições da embarcação ao ser posta a reflutuar, avarias encontradas, etc., e a segunda, relativa à pesquisa das possíveis causas determinantes do evento. Na parte referente aos aparelhos, registra-se. como mais importante, 1, que a máquina da lança se encontrava na posição de descida; 2, que o guincho guia se encontrava na posição normal de trabalho com o linguete ferrado; 3", que o guincho dos cabos de través de proa. situado a bombordo, tinha o tambor de vante, que movimentava o cabo de través de bombordo, freiado e a embreagem desligada: o de ré, que acionava o cabo de través de boreste, tinha o freio sôlto e a embreagem ligada, posições que eram demonstradas pelos respectivos comandos hidráulicos (macacos); 4, que a draga tinha as válvulas de vapor dos guinchos da proa e da máquina da lancha, em um teclado de três válvulas, situado no alojamento sob a casa do draguista e daí comandadas diretamente >or hastes de ferro. Estavam abertas as válvulas da máquina da lança e do guincho dos cabos de través, esta última de duas voltas; 5U, que a bomba de manobra de água estava, no momento do acidente, transferindo água do tanque de bombordo para o de boreste; 6o, que 3 caçambas apresentavam na borda de ataque, como se tivessem encontrado resistência excepcional no trabalho.

ANUÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA 299 Tratando da causa a comissão enumera várias hipóteses, às quais, depois, vai excluindo, a final se detendo na apreciação do que denominara, apoiada tanto no testemunho dos sobreviventes cotno nos elementos colhidos na vistoria, de acidente de manobra', cheirando à conclusão de que se a subida da lancha tivesse sido interrompida quando a draea começou a adernar, não teria havido o acidente. Argumenta no laudo, que um conjunto de causas e efeitos, culminando com uma infeli/ manobra efetuada no guincho dos cabos de través, teria ocasionado o acidente, bastando que estivessem freiados, não uin, mas o* dois tambores, como é preciso fa/er ao levantar a lança de uma draga de alcatruzes, e nada de lamentável teria sucedido. ILsse acidente ou êrro de manobra, como melhor será di/er-se, pela posição dos freios, embreagens e válvulas de vapor dos guinchos dos traveses na ocasião do acidente, estaria explicado no acionamento do cabo do través de boreste, quando do levantamento da lança, enquanto o de bombordo conservou-se travado, funcionando como fôrça de reação, com a circunstância ainda, de o cabo de través de bombordo ter sido gornido na roldana da borda falsa, por se ter rompido pouco antes, ao invés de o ser na roldana do fundo da carena, como seria reçular. A essa fôrça foi somada a outra, resultante do pêso do rosário ao tombar para bombordo o que, embora não suficiente para produzir o emborcamento, faria a embarcação adernar para o bordo correspondente, neste caso, o de bombordo. A disposição do cabo de través de bombordo sôbre a borda falsa, comentam os peritos, provocaria um momento de tombamento da draça para bombordo, tôda vez que fossem solicitados os cabos de través, momento" que seria igual ao esforço do cabo multiplicado pela distância vertical entre os cabos de bombordo e de boreste. Sinteti/ando, entendeu a comissão que a draga emborcou por efeito das duas seguintes forças conjugradas: I Saída do rosário fora do tombo, para bombordo; II Acionamento do guincho dos cabos de través de proa. durante a operação de suspender a lança. I)a diligência conheceu a Procuradoria, mantendo entretanto, o parecer pelo arquivamento. Isto pôsto: Pelo estudo da matéria, feitas as verificações e conhecidas as manobras correspondentes a bordo de uma draga em tudo parecida com a Número 9, se é levado a acreditar que teria havido mesmo êrro do draguista ao levantar a lança, conforme, aliás, concluíram os peritos no seu laudo, ao mesmo ou à semelhante resultado chegando a vistoria da Capitania, sem o que não haveria emborcamento, uma vez que a lança está disposta no sentido longitudinal e situada a meio do plano tranversal, dividido parte do casco em dois flutuadores, formando um poço entre êles por onde passa a lança.

300 TRIBUNAL MARÍTIMO Portanto, ao levantar a lança, produz-se naturalmente uma modificação das características da estabilidade, como deslocamento do centro de gravidade para cima e variação da altura mctacentrica, ficando a embarcação mais suscetível de adernar, o que, em águas tranqüilas, só acontece, porém, sob o efeito de uma qualquer força que tenda a desequilibrá-la, cessado o que, voltará à posição direta. Com a saída do rosário fora do tombo (ou carretei), ocorrência anormal mas não incomum nas operações de dragagem, há uin deslocamento de pêso para um bordo, ocasionando ligeira inclinação para o bordo respectivo, o que jamais seria suficiente para produzir o sinistro, como a experiência de vários anos tem demonstrado, constituindo o incidente do rosário quase coisa rotineira. Não havendo, contudo, pelo simples incidente, o perigo da embarcação virar, a operação de repor o rosário no carretei requer perícia e muito cuidado, logo que, como se viu, qualquer efeito tendente a aderná-la é mais sensivelmente sentido pela embarcação, cm virtude da redução da sua estabilidade transversal. Ao levantar a lança com o rosário fora do tombo e acionar o cabo de través de boreste, enquanto o de bombordo, passado pela borda, permanecia travado, houve um conjugado de esforços, o do rosário e o do cabo de través, aeindo em igual sentido, o que tomou fácil o tombamento assim que a lança atingiu certa altura, pela precariedade das condições de estabilidade. Pode-se afirmar, daí. que. neste caso, as manobras conjuntas não se desenvolveram como deviam, tomando inevitável o acidente. Por um erro ou uma falha qualquer na movimentação das alavancas de comando, as manobras não foram perfeitamente executadas. não se podendo concluir, porém, tenha efetivamente havido culpa do inditoso draguista. Inclusive, por circunstâncias supervenientes e que não é possível se apurar, poderia ocorrer inoperância de sua habilidade profissional, fartamente comprovada durante anos de labor, reafirmada ao relator por aqueles que, com êle, lidaram diariamente. E nesse sentido registra-se, v.g., que o draguista inverteu a manobra que fazia, na tentativa de descer a lança, como a perceber que o perigo era iminente. A par disso, tainbém se processava a cambação da água de bombordo para boreste. significando que foram tomadas providências para restabelecer o equilíbrio da draga e portanto para prevenir o acidente, não conseguindo, por motivos que permaneceram ignorados. Por êsses motivos, e por mais tudo o que dos autos consta. Acorda o Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à nature/a e extensão do acidente: naufrágio da draga, por soçôbro, arrastando o rebocador que se achava próximo, sendo ambos posteriormente recuperados, com as avarias provenientes da operação de salvamento, conforme laudo de folhas; perecimento de seis (6) tripulantes; prejuízos não avaliados; b) quanto à causa determinante: banda excessiva, com perda da estabilidade, por execução imperfeita das manobras de suspender a lança para repor o rosário na sua posi

ANUÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA 301 ção, cm circunstância que não pôde ser devidamente esclarecida: c) na impossibilidade de determinar com exatidão a razão da falha observada, para individuar possível responsável, dado que pereceu o operador, ordenar o arquivamento do inquérito. P.C.R. Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1960. Paulo Mário da Cunha Rodrigues, almirante-presidente Gerson Rocha da Cruz. relator Francisco José da Rocha João Stoll Gonçalves Alberto Epaminondas de Souza Antônio Mendes Braz da Silva Alvaro Cezar Beduschi. Fui presente: Gilberto Goulart de Barros, 2 adjunto-de-procurador.