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CIDI 2013 6TH CIDI 5TH InfoDesign 6TH CONGIC 6 th Inform ation Design International Conference 5 th Brazilian Conference of In form ation Design 6 th Inform ation Design Student Conference Blucher Design Proceedings May 2014, Vol. 1, Num. 2 www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi Design da Informação em embalagens de brinquedos para relações sociais: análise da apresentação gráfica do conteúdo informacional de avisos e advertências Information Design in packages of social relations toys: analysis of the graphic presentation of information in warnings Patrícia Régia Sodré Nicácio, Carla Galvão Spinillo, Raimundo Lopes Diniz embalagens de brinquedos, design da informação, apresentação gráfica Considerando a importância de avisos e advertências para a segurança dos usuários na aquisição e uso de produtos, o presente artigo aborda algumas questões sobre a representação gráfica dos mesmos no âmbito da ergonomia e do design da informação em embalagens de brinquedos para relações sociais. Inicialmente são tratadas brevemente as informações que, segundo a literatura, devem estar presentes nos avisos e advertências e aspectos gráficos do conteúdo informacional. Em seguida, são apresentadas as variáveis de Mijksenaar (1997), as diretrizes de Wogalter et. al (2002) e as normas utilizadas pelo Inmetro (2004) para análise das representações gráficas das advertências veiculadas em uma amostra de brinquedos. Constataram-se deficiências na apresentação gráfica da informação, na hierarquia e uso de ênfase visual, que podem vir a comprometer a eficácia comunicativa das advertências. toy packaging, information design, graphic presentation By considering the importance of warnings to users safety when acquiring and using products, this article addresses some questions about the graphic representation of warnings in packagings of social relations toys within the ergonomics and information design viewpoints. Initially information contents that should be presented in warnings and their graphic aspects are introduced, based upon the literature on this subject. Then, an analysis of a sample of warnings in packagings of social relations toys is discussed through the graphic variables proposed by Mijksenaar (1997), the warning information guidelines by Wogalter et. al (2002) and the warning regulation by Inmetro (2004). Drawbacks in the graphic presentation of information, in its hierarchy and use of visual emphasis were found, which may jeopardize the communication efficacy of the warnings. 1. Introdução O brinquedo é um objeto de reconhecida utilidade social e que está presente na vida do ser humano, principalmente na sua infância, dando suporte material para as brincadeiras das crianças (KISHIMOTO, 1994). De acordo com o pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro (2004), brinquedo é qualquer produto ou material projetado, ou claramente destinado, para o uso em brincadeiras por crianças menores de 14 anos de idade. Tendo em vista a importância que esses objetos têm na vida das crianças, a indústria de brinquedos oferece numerosas opções de produtos às crianças. Classificação dos brinquedos Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação 5º InfoDesign Brasil 6º Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brasil 2013 Proceedings of the 6 th Information Design International Conference 5 th InfoDesign Brazil 6 th Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brazil 2013 Nicácio, Patrícia Régia Sodré; Spinillo, Carla Galvão; Diniz, Raimundo Lopes. 2014. Design da Informação em embalagens de brinquedos para relações sociais: análise da apresentação gráfica do conteúdo informacional de avisos e advertências. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2 DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-cidi-5

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 2 De acordo com Michelet (1998) existem inúmeras classificações de brinquedos que surgiram no decorrer da evolução das diversas concepções do brincar e que podem ser agrupadas pela função do brinquedo, pela faixa etária ou pelos materiais com que se fabricam os mesmos. Nesta pesquisa optou-se pela classificação do International Council for Children s Play - ICCP (Conselho Internacional do Brincar) (1998). A classificação também é utilizada pelo Inmetro, que considera o estabelecido no Regulamento Técnico Mercosul (NM 300-1:2004), sobre segurança em brinquedos. A classificação do ICCP baseia-se no desenvolvimento infantil. São sete famílias de brinquedos e cada uma delas está dividida em subcategorias: 1. Brinquedos para estágio sensório-motor: aqueles que oferecem à criança maturação dos órgãos dos sentidos; percepção de espaço e movimentos; 2. Brinquedos para atividades físicas: aqueles que desenvolvem a coordenação motora, aptidões físicas e estimulam os movimentos; 3. Brinquedos para atividades intelectuais: aqueles que estimulam o sistema cognitivo da criança e o raciocínio; 4. Brinquedos que reproduzem o mundo técnico: aqueles que estimulam a representação; substituem os objetos reais propondo um mundo imaginário; 5. Brinquedos para o desenvolvimento afetivo: aqueles que trabalham as emoções da criança; 6. Brinquedos para atividades criativas: aqueles que estimulam a expressividade das crianças através de cores, formas e sons. 7. Brinquedos para relações sociais: aqueles que possuem regras; estimulam a construção de relações sociais com outros sujeitos; respeito. A escolha dessa classificação para o presente estudo se justifica por relacionar dois aspectos complementares a classificação por famílias de brinquedos e a classificação psicológica (MICHELET, 1998). Assim, os brinquedos para relações sociais foram considerados como objeto deste estudo analítico por estimular nas crianças a interação social através de regras lúdicas. Para fins de contextualização do tema, é apresentada a seguir uma breve descrição do mercado brasileiro de brinquedos. Breve descrição do mercado de brinquedos no Brasil O mercado nacional de brinquedos, segundo Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos - ABRINQ (2013), tem registrado faturamento, no ano de 2012, da ordem de R$ 3,8 milhões, dentre produção nacional e importação, distribuídas em diversos meios de acesso, incluindo lojas de departamento, supermercados, atacadistas e sites de internet. No ano de 2012, a variedade estimada de brinquedos oferecidos no mercado foi de 4.500. A cada ano são fabricados e comercializados milhares de brinquedos diferentes. Os fabricantes devem oferecer brinquedos com todas as informações estabelecidas na norma do Inmetro (NM 300-1:2004) e com todos os selos que garantem a conformidade e a qualidade do produto aos seus consumidores. Essa norma versa sobre segurança em brinquedos e exige os seguintes itens: informação de segurança do brinquedo, forma de manuseio, faixa etária a que se destina, identificação e endereço do fabricante, advertências, substâncias contidas e a definição do risco que possui. Informações primárias, tais como sexo, instruções de uso, quantidade de participantes, duração do jogo e faixa etária (VOLPATO, 1999) também devem estar disponíveis de imediato nas embalagens. Contudo, nem sempre as informações necessárias e obrigatórias estão impressas de forma adequada como sugere a norma (INMETRO, 1997). De acordo com dados divulgados pelo Inmetro, através do Sistema de Monitoramento de Acidentes de Consumo, os produtos destinados às crianças, incluindo os brinquedos, representam 14% do total de acidentes de consumo no Brasil, dados referentes ao ano de 2012 até o mês de setembro (INMETRO, 2013). Um número alarmante que poderia ser

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 3 reduzido caso informações sobre o produto presente nas embalagens fossem transmitidas de acordo com as normas, compreendidas e/ou respeitadas pelos consumidores. Portanto, os fabricantes de brinquedos devem se atentar à apresentação gráfica do conteúdo informacional de avisos e advertências nas embalagens para que o consumidor possa identificar e compreender as informações relativas àquele brinquedo, evitando o mau uso e garantindo o bem-estar e a segurança do usuário. Considerando tal delineamento, o presente artigo aborda algumas questões sobre a representação gráfica e informacional dos avisos e advertências em embalagens de brinquedos, no âmbito da ergonomia e do design da informação. Para isto, são apresentadas brevemente a seguir as informações que, segundo a literatura, devem estar presentes nos avisos e advertências, e abordados aspectos gráficos do conteúdo informacional. 2. Avisos e advertências: aspectos gráficos e informacionais De acordo com Ayres et. al., (1994 apud MONT ALVÃO, 2002) avisos e advertências têm dois principais objetivos no intuito de garantir a segurança de indivíduos. O primeiro seria o de comunicar uma informação sobre um risco potencial, ou uma possível consequência negativa que possa ocorrer a algo ou a alguém como resultado ou falha de uma determinada ação. O segundo seria o de reduzir o comportamento não seguro que possa ocorrer caso não haja a presença de advertências, ou seja, fazer com que indivíduos se comportem de forma a não se expor a riscos/perigo. O projeto dos avisos e advertências deve ser estudado para que o usuário respeite e assuma um comportamento preventivo diante de tal informação. Segundo Mont Alvão (2002), as advertências falham quando o usuário não as percebe, não as compreende, ou mesmo quando não agem de acordo com o esperado, ou não são motivadas a obedecê-las. Alguns estudos tratam especificadamente de conteúdo informacional em embalagens (VAN DER WAARDE, 1999; FUJITA & SPINILLO, 2006) e de advertências em embalagens (MONT ALVÃO, 2002; AZEVEDO, 2009), entretanto, até onde se pode constatar, há carência de investigação sobre a apresentação gráfica de avisos e advertências em embalagens de brinquedos no Brasil. Portanto, fazem-se necessários estudos que abordem esse tema com enfoque na ergonomia informacional e no design da informação. Assim, o presente estudo objetiva contribuir para preencher esta lacuna. Para o estudo deste tema, faz-se necessário considerar os aspectos e critérios postos na literatura a fim de evitar problemas de compreensão das mensagens dos avisos e advertências impressos em brinquedos. Conteúdo Informacional em Advertências Sobre o conteúdo informacional, Wogalter et. al (1985) afirmam que para um aviso ou advertência ser eficaz deve possuir quatro componentes textuais: 1. Palavra Sinal: uma palavra de alerta para atrair atenção para a advertência e dar uma ideia do nível potencial de perigo. A American National Standards Institute ANSI recomenda o uso de quatro palavras sinais: PERIGO (eminência de perigo, que pode causar morte/ferimento sério); ADVERTÊNCIA (situação potencialmente perigosa, que pode resultar em morte/ferimento sério), CUIDADO (situação potencialmente perigosa, que pode resultar ferimento menor/moderado); e ATENÇÃO (situação não relacionadas com danos pessoais) (ANSI Z535.4/2007); 2. Identificação do perigo: descreve de forma específica e concisa a natureza do perigo. Essa descrição não deve ser longa demais para que as pessoas se esforcem para lêla, mas precisa ter seu sentido completo de forma breve; 3. Consequências se exposto ao risco: uma descrição das possíveis consequências associadas a não obediência da advertência. Uma lista de consequências deve estar explícita na embalagem dos produtos.

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 4 4. Como evitar o perigo: a advertência deve oferecer instruções explícitas das ações que precisam ser tomadas (ou evitadas) para que o usuário tenha um comportamento seguro. Além dos componentes semânticos há a presença dos componentes gráficos que auxiliam no processo de comunicação da advertência. Wogalter et. al (2002) apontam uma série de diretrizes que orientam a melhor maneira de projetar advertências. Para ser notada, a advertência deve ser capaz de chamar a atenção do usuário em um campo de estímulo visual grande, como uma embalagem de brinquedos. Pode-se utilizar para tal objetivo, recursos como o negrito nas fontes das informações, o tamanho das fontes, alto contraste, cores, bordas, símbolos pictóricos. O uso do negrito e de determinadas cores podem aumentar a capacidade de atração de uma informação (GILL et. al, 1987 apud WOGALTER, et. al, 2002). Outro importante aspecto gráfico é o uso de boxes coloridos ou com linhas espessas para emoldurar as advertências. De acordo com Wogalter e Rashid (1998), estes recursos fazem com que as advertências sejam mais bem percebidas em comparação com boxes com linhas finas. Sobre o layout da advertência, estudos mostram que a apresentação do texto da advertência possui melhor leitura quando em forma de tópicos do que quando apresentado em texto contínuo (DESAULNIERS,1987; WOGALTER & SHAVER, 2001). Associado ao texto, o uso dos símbolos pictóricos aumentam a probabilidade de uma advertência ser notada e a memorização daquela advertência, além da sua compreensibilidade quando bem desenhada. Variáveis da norma de segurança de advertências em brinquedos pelo Inmetro Além dos estudos já mencionados, são apresentadas a seguir algumas das normas de segurança referentes às advertências estabelecidas pelo Inmetro (NM 300-1:2004) que devem obrigatoriamente estar presentes nas embalagens de brinquedos para que estes possam ser comercializados. Segundo a NM 300-1:2004, as advertências, os riscos do brinquedo e a forma como evitálos deverão ser impressas sobre a embalagem ou quando não houver, sobre o brinquedo, no idioma nacional do país de destino de forma legível; as advertências deverão ser exibidas na face principal da embalagem precedidas da palavra sinal correspondente, como CUIDADO", "ATENÇÃO" ou "ADVERTÊNCIA, em letras maiúsculas destacadas de outras informações e desenhos e devem ser impressas em cores contrastantes e em caracteres não menores que 2 milímetros; deve-se informar a idade mínima dos usuários dos brinquedos e/ou a necessidade da supervisão de um adulto, além de exibir uma legenda de advertência específica para aqueles que não são destinados a menores de 36 meses com a seguinte frase: "Brinquedos não destinados a crianças menores de três anos" e o símbolo pictórico ilustrado abaixo (Figura 1), sendo que a cor do círculo e do traço devem ser vermelha e a cor do fundo deve ser branca; a indicação da faixa etária (que deve ser em anos) e o contorno da cara devem ser pretos; o diâmetro do símbolo deve ser de no mínimo 10 milímetros. Figura 1. Advertência de faixa etária imprópria Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC (2005). Essas diretrizes orientam o fabricante sobre quais informações colocar nas embalagens, entretanto não faz especificações relativas à apresentação gráfica. Assim, não orientam o fabricante sobre qual a melhor maneira de organizar as informações estabelecidas na norma, hierarquizando-as, para que o usuário possa adquirir corretamente àquela informação. Variáveis da Apresentação Gráfica

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 5 O design da informação propõe diferentes ferramentas de análise para descrever representações gráficas de fontes comunicacionais diversas. Visto que o objeto desse artigo são os avisos e advertências em brinquedos, considerou-se concernente o modelo de análise que enfoca aspectos representacionais pictóricos e/ou esquemáticos. Dessa maneira, optou-se pelo modelo das Variáveis da Apresentação Gráfica proposto por Mijksenaar (1997), no qual identificam-se a presença de elementos gráficos e sua função em um documento, no caso avisos e advertências, através de três categorias de variáveis: distintivas, hierárquicas e de suporte. Este modelo possibilita identificar possíveis deficiências no documento, através da observação do uso de variáveis, as quais são apresentadas a seguir (Quadro 1). Quadro 1. Variáveis gráficas propostas por Mijksenaar (1997) Considerando a importância do entendimento das informações presentes nas embalagens de brinquedos pelos consumidores, o presente artigo apresenta a seguir os resultados de uma análise dos avisos e advertências em embalagens de brinquedos para relações sociais, com o objetivo de identificar possíveis deficiências e tecer considerações para melhoria destes. 3. Estudo analítico das embalagens de brinquedos para relações sociais Para esta análise optou-se por uma amostra por conveniência, que é uma técnica em que se selecionam elementos da amostra com base na conveniência e baseia-se na facilidade para o desenvolvimento do trabalho, em função do pesquisador selecionar os elementos a que tem acesso (LAKATOS & MARCONI, 1987). Foram analisadas nove embalagens de brinquedos para relações sociais (MICHELET, 1998) de fabricantes diferentes coletados em uma loja na cidade de São Luís, Maranhão (Figura 2).

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 6 Figura 2. Amostra por conveniência de avisos e advertências em nove embalagens de brinquedos para relações sociais de fabricantes diferentes coletados em uma loja de brinquedos na cidade de São Luís, Maranhão. Fonte: Arquivo Pessoal (2012).

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 7 As variáveis da apresentação gráfica, juntamente com os aspectos propostos por Wogalter et. al (2002) e pelo Inmetro (2004) encontram-se dispostos em uma matriz descritiva, onde cada um dos brinquedos foi analisado individualmente em seus avisos e advertências. O quadro 2 a seguir apresenta as variáveis analisadas neste estudo. Quadro 2. Matriz utilizada para análise de conteúdo informacional e de apresentação gráfica MATRIZ DE ANÁLISE Cor Ilustração Coluna Tipo Apresentação Gráfica Distintivas Hierárquicas Posição na página Variação no tamanho da fonte tipográfica Peso da fonte tipográfica De suporte Área de cor e Sombreamento Linhas Boxes Símbolos Ilustrações Atributos do Texto Conteúdo Informacional Presença da palavra sinal Presença da identificação do perigo Presença das consequências se exposto ao perigo Presença de como evitar o perigo Inmetro Localização espacial da advertência na embalagem Presença da palavra sinal em caixa alta Presença da idade mínima Presença da frase: "Brinquedos não destinados a menores de 3 anos" Presença de símbolo pictórico de faixa etária imprópria Para análise gráfica foi empregado o modelo das Variáveis da Apresentação Gráfica de Mijksenaar (1997) na amostra, sendo considerados em cada categoria de variáveis: 1. Distintivas: cor, ilustração, coluna, tipo;

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 8 2. Hierárquicas: posição na página, variação no tamanho da fonte tipográfica, peso da fonte tipográfica; 3. De suporte: área de cor e sombreamento, linhas, boxes, símbolos, ilustrações; atributos do texto. Para análise do conteúdo informacional das advertências presentes nos brinquedos coletados utilizou as seguintes diretrizes propostas por Wogalter et. al (2002): 1. A presença da palavra sinal; 2. A presença da identificação do perigo; 3. A presença das consequências se exposto ao perigo; 4. A presença de como evitar o perigo. Por fim, quanto ao atendimento as normas do Inmetro, foram consideradas: localização espacial da advertência na embalagem; presença da palavra sinal em caixa alta; presença da idade mínima; presença da frase: "brinquedos não destinados a menores de 3 anos"; presença de símbolo pictórico de faixa etária imprópria. Resultados e discussão Observando as variáveis do Inmetro (2004), a análise indicou que houve variação na posição das advertências em relação às faces das embalagens dos brinquedos da amostra, lateral da caixa (n=3), face principal da caixa (n=2), face secundária da caixa (n=4). A palavra sinal apresentou-se em caixa alta em todas as amostras (n=9), bem como a presença da idade mínima (n=9). A frase "Brinquedos não destinados a menores de 3 anos" também estava presente em toda amostra analisada (n=9), entretanto, todas elas utilizaram outros termos para expressar essa ideia, tais como Não é indicado para menores de 3 anos ou Não é recomendável para menores de 3 anos. Houve a presença do símbolo pictórico de faixa etária imprópria em todas as amostras (n=9). Em relação às variáveis de Wogalter et. al (2002), os resultados indicam que em todas as embalagens dos brinquedos da amostra há a presença da palavra sinal ATENÇÃO (n=9) e também da identificação do perigo (n=9), a presença de como evitar o perigo também esteve presente em todas as amostras (n=9). Entretanto, uma das amostras deixou de apresentar as consequências se exposto ao perigo (n=8). Quanto às variáveis propostas por Mijksenaar (1997), constatou-se que em relação às variáveis diferenciadoras, a cor presente no texto das advertências não é intensificada e/ou destacada na palavra sinal para diferenciar das demais informações da advertência e nem das demais informações presentes na embalagem. Houve maior incidência do uso da cor preta nos textos das advertências (n=4) com fundo branco, uma embalagem utilizou texto vazado no fundo azul escuro (n=1). Observou-se também pouco contraste texto-fundo nas embalagens, como texto amarelo em fundo azul claro (n=1) e texto vazado em fundo verde claro (n=1). Nenhuma das advertências analisadas apresentou ilustrações a fim de destacar as informações de possível perigo presente no brinquedo. O texto das advertências apresentou-se em sua grande maioria em uma coluna (n=8), e apenas uma embalagem em duas colunas (n=1). Todos os brinquedos apresentaram o uso de fonte tipográfica sem serifa e mantiveram o uso de uma mesma fonte em toda advertência (n=9). Em relação às variáveis hierárquicas, o posicionamento das advertências na face da embalagem foi bem diverso. Algumas estavam centralizadas na parte inferior da face (n=3), outras no canto inferior direito (n=4), enquanto outras advertências estavam centralizadas na lateral esquerda da face (n=1) e no canto superior esquerdo (n=1). Em relação ao tamanho do tipo, a maioria das advertências apresentou apenas um tamanho em todo o texto (n=6), enquanto o restante utilizou dois tamanhos diferentes em seu texto (n=3). Quanto ao peso da fonte tipográfica, a maioria apresentou texto em negrito na palavra sinal e normal nas outras informações da advertência (n=5). Uma embalagem apresentou texto em negrito na palavra sinal e peso light nas outras informações da advertência (n=1), duas advertências apresentaram negrito em todo o texto da advertência (n=2), e uma advertência apresentou negrito condensado em todo o texto da advertência (n=1).

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 9 Por fim, em relação às variáveis de suporte, nenhuma das advertências utilizou de área de cor ou sombreamento ou linhas para auxiliar na configuração gráfica da advertência. Já o uso de boxes para delimitar a área pertencente às informações de advertências foi utilizado em quatro embalagens (n=4), sendo que em duas delas a advertência foi dividida em dois boxes. A maioria das advertências analisadas não apresentou símbolo pictórico como suporte ou complemento à representação do perigo presente naquele brinquedo, apenas duas apresentaram o pictograma de atenção (n=2). Vale salientar que as nove embalagens apresentaram o pictograma obrigatório de advertência de idade mínima (n=9). Sobre os atributos do texto utilizados nas amostras, todas elas utilizaram o negrito para enfatizar a informação (n=9), sendo que seis deles utilizaram esse elemento na somente na palavra sinal, enquanto que três aplicaram o negrito em todo o texto da advertência. A sínteses dessa análise é mostrada no Quadro 5 a seguir. Neste, as variáveis encontramse na coluna à esquerda e as descrições nas linhas 1, 3, 5, e nas linhas 2, 4, 6, a incidência destas na amostra. Quadro 5. Síntese do resultado numérico da análise das variáveis propostas por Mijksenaar (1997) Diferenciadoras Cor Ilustração Coluna Tipo N = 0 N = 0 N = 8 N = 5 Apresentação Gráfica Hierárquicas De suporte Posição na página Variação no tamanho da fonte tipográfica N = 0 N = 3 N = 5 Área de cor e sombreamento Peso da fonte tipográfica Linhas Boxes Símbolos Atributos do Texto N = 0 N = 0 N = 4 N = 2 N = 9 De acordo com os resultados da análise gráfica e de conteúdo informacional das embalagens de brinquedos para relações sociais da amostra, e observando a literatura sobre o tema, algumas considerações referentes à visualização da informação nestas imagens se fazem necessárias. Em relação à palavra sinal ATENÇÃO presente em todas as embalagens, Wogalter et. al (2002) afirmam que a presença de palavra sinal aumenta a eficácia e o nível de percepção de risco de advertências. A ANSI diz que a palavra sinal ATENÇÃO ocupa uma posição intermediária em relação às outras palavras sinal, CUIDADO e PERIGO. A avaliação de qual palavra sinal utilizar fica por responsabilidade do fabricante, de acordo com o nível de perigo. A presença da identificação do perigo em todas as embalagens também é um fator relevante, pois os usuários devem e têm o direito de conhecer a que situação de risco que ficarão expostos. Em relação à presença das consequências se exposto ao perigo, a advertência na embalagem de um dos brinquedos não descreve nenhum tipo de consequência, o que mostra que a informação não está completa como recomenda a literatura. A descrição de como evitar o perigo está presente em todas as advertências cumprindo bem sua função de informar ao consumidor como manter a segurança e o bem-estar da criança. A posição das advertências em relação às faces das embalagens dos brinquedos deve vir em sua face principal, como recomenda o Inmetro (2004). Entretanto, a análise indicou que não houve uma preocupação por parte dos fabricantes com a importância desta informação para o consumidor, deixando-as, em sua maioria, em faces secundárias ou laterais.

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 10 A palavra sinal ATENÇÃO apresentou-se em caixa alta em todas as embalagens, o que é orientado pelo Inmetro para que a informação de advertência mantenha-se destacada das demais informações que concorrem no campo visual da embalagem. A presença da idade mínima também desejável esteve presente em todas as embalagens. Em relação ao uso da cor preta empregada na maioria das advertências. Moraes e Alessandrini (2002), dizem que não há um consenso em relação a qual cor utilizar para associar a palavra sinal atenção. Entretanto, estudos mostram que o uso da cor vermelha aumenta a urgência com que uma advertência é atendida (EDWORTHY & ADAMS, 1996). Considerando que embalagem de brinquedo é um rico campo visual que possui inúmeras informações concorrentes, o uso da cor vermelha como elemento de ênfase é aconselhável. Todos os brinquedos apresentaram o uso de fonte tipográfica sem serifa e mantiveram o uso de uma mesma fonte em toda advertência, o que é aconselhável pela quantidade de informações concorrentes e o tipo de informação. Isto pode facilitar a legibilidade e a leitura do texto. Em relação às variáveis hierárquicas, não há indicação do Inmetro em relação ao posicionamento das advertências na face da embalagem, contanto que esteja na face principal. Entretanto, devem-se considerar as principais zonas de visualização, que são as áreas com maior atração visual. Segundo Hoeltz (2001), o canto superior esquerdo é a área de maior atração, seguido lado inferior oposto em diagonal. Portanto, a utilização de uma das duas áreas para incluir advertências é recomendada. A maioria das advertências apresentou apenas um tamanho de tipo em todo o texto e o mesmo peso, o que mostra uma deficiência em relação à diferenciação da informação hierarquicamente. Em relação aos elementos de suporte, o uso de boxes foi evidenciado em quatro embalagens. Isto, segundo Wogalter e Rashid (1998), pode vir a promover a atenção do leitor às advertências em comparação àquelas que não possuem esse elemento. A maioria das advertências analisadas não apresentou símbolo pictórico como suporte ou complemento à representação do perigo presente naquele brinquedo. Dewar (1999 apud WOGALTER et. al, 2002) considera que o uso de pictogramas em advertências facilita sua compreensibilidade, principalmente por atender usuários não-letrados e crianças, além daqueles que não entendem a língua utilizada na advertência. Sobre os atributos do texto, a utilização do negrito para enfatizar a informação por todas as amostras é aconselhável, porém, sabe-se também que o principal objetivo da sua utilização é hierarquizar e evidenciar as informações e/ou palavras mais importantes. Ao utilizar esse recurso em toda advertência, o efeito que causa é o mesmo que o da sua não utilização. 4. Considerações Finais A análise proposta neste estudo mostrou-se pertinente, identificando aspectos gerais da representação gráfica e de conteúdo informacional da amostra selecionada, visando contribuir para uma discussão maior sobre as informações de advertências presentes nas embalagens de brinquedos para atividades sociais na perspectiva do design da informação e da ergonomia informacional. O caráter exploratório deste estudo e o número reduzido da amostra analisada, não permitem generalizações. Todavia, é possível através dos resultados da análise das embalagens constatar algumas tendências. Na representação das advertências estudadas identificaram-se deficiências em relação à hierarquia da apresentação gráfica, que é um importante aspecto na organização da informação, e à ênfase visual. Esta referente ao uso da cor preta na palavra sinal, quando a aplicação do vermelho é recomendada. Outra consideração é que o fabricante deve-se atentar a escolha da posição da advertência na face da embalagem para que a mesma seja priorizada. A organização espacial das informações que devem ser impressas nas embalagens demonstra um consenso entre os desenvolvedores por questões meramente mercadológicas. Compreender a informação e agir em conformidade é o principal objetivo da advertência. Essa atitude desconsidera o principal interessado no uso do brinquedo, seu consumidor final, pondo em risco sua segurança e bem estar. Devem-se utilizar todas as ferramentas possíveis e necessárias para que haja clareza e eficiência na comunicação.

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 11 Por fim, vale ressaltar a necessidade de estudos junto aos stakeholders usuários, vendedores e fabricantes de brinquedos na investigação compreensiva sobre a produção, veiculação e eficácia comunicativa de avisos e advertências em brinquedos. Em relação aos fabricantes, é preciso entender como se dá o processo de concepção das informações visuais presentes em seus produtos, e assim alocar no processo de design as recomendações da literatura de design da informação e de ergonomia informacional para prevenir usos impróprios dos brinquedos, e promover a compreensão dos usuários das informações de advertências nas embalagens de seus produtos. Agradecimento Agradecemos à loja de brinquedos Rihappy de São Luís (MA) pelo apoio. Referências Artigos em revistas acadêmicas/capítulos de livros AZEVEDO, E. Sinais de advertência em manuais de instrução: um estudo analítico. In: Selected readings on information design: communication, technology, history and education. Spinillo, C.; Bendito, P.; Padovani, S. (eds.). Curitiba: Sociedade Brasileira de Design da informação, 2009. 22-34. DESAULNIERS, D. Layout, organization and the effectiveness of consumer product warnings. In: Proceedings of the HFS 31st Annual Meeting. Santa Monica, 1987. 56 60. FUJITA, P.; SPINILLO, C. A apresentação gráfica de bula de medicamentos: um estudo sob a perspectiva da ergonomia informacional. In: Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade. Anais. Bauru: UNESP, 2006. 1-6. GILL, R., BARBERA, C., PRECHT, T., A comparative evaluation of warning label designs. In: Proceedings of HFS 31st Annual Meeting. Santa Monica, 1987. 476 478. MICHELET, A. Classificação de jogos e brinquedos: a classificação ICCP. In: O direito de brincar: a brinquedoteca. Friedmann et. al (orgs). São Paulo: Scritta Editorial, 4ª Ed., 1998. MORAES, A.; ALESSANDRI, G. Ergonomização de avisos e advertências: segurança de usuários. In: Avisos, Advertências e Projeto de Sinalização. Moraes (Org.). Rio de Janeiro: iuser, 2002. VAN DER WAARDE, K. The graphic presentation of patient package inserts. In: Visual Information for everyday use: design and research perspectives. Zwaga, et al.(eds.) 1999. London: Taylor & Francis, 75-81. WOGALTER, M.; DESAULNIERS, D.; GODFREY, S. Perceived effectiveness of environmental warnings. In: Proceedings of the HFS 29th Annual Meeting. Santa Monica,1985, 664-668. WOGALTER, M., RASHID, R. A border surround a warning sign affects looking behavior: a field observational study. In: Proceedings of the HFS 42nd Annual Meeting. Santa Monica, 1998. WOGALTER, M., SHAVER, E. Evaluation of list vs. paragraph text format on search time for warning symptoms in a product manual. In: Advances in Occupational Ergonomics and Safety. IOS Press: Amsterdam. 2001. 434 438. WOGALTER, M., CONZOLA, V.; SMITH-JACKSON, T. Research based guidelines for warning design and evaluation. In: Applied Ergonomics, n.33, 219-230, 2002. Livros, e material não publicados EDWORTHY, J.; ADAMS, A. Warning Design: a research prospective. London: Taylor & Francis, 1996. KISHIMOTO, M. O Brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 2 ed.

D.P. Medeiros & R.P.L. de Sousa Design contemporâneo: a forma segue a expressão 12 São Paulo: Atlas, 1987. MIJKSENAAR, P. Visual Function: an introduction to information design. 1997. Rotterdam: 010 Publishers. MONT ALVÃO, C. Design de advertência para embalagens. 2ªed. Rio de Janeiro: 2AB, 2002. VOLPATO, G. O jogo, a brincadeira e o brinquedo no contexto sociocultural criciumense. 239f. Dissertação (Mestrado). UFSC, Florianópolis. 1999. Textos publicados na internet ABRINQ. Brinquedos: o desenvolvimento do setor - estatísticas 2012. Disponível em: <http://www.abrinq.com.br/>. Último acesso em: 29 de jan. 2013. AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE. ANSI Z535.4/2007. Disponível em: <http://www.ansi.org/>. Último acesso em: 01 nov. 2012. BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Inmetro. Sistema de Monitoramento de Acidentes de Consumo. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/acidente_consumo.asp>. Acesso em 15 jan. 2013.. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Inmetro. Brinquedos Apreendidos. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/brinquedos.asp>. Acesso em 15 jan. 2013. HOELTZ, M. Design gráfico dos espelhos às janelas de papel. 2001. Disponível em: <www.bocc.ubi.pt/pag/hoeltz-mirela-design-grafico.pdf.> Acesso em: 05 de novembro de 2012. Sobre os autores Patrícia Nicácio, Mestranda, UFMA, Brasil <patriciaregia@gmail.com> Carla Spinillo, PhD, UFPR, Brasil <cgspinillo@gmail.com> Raimundo Diniz, Dr., UFMA, Brasil <diniz@ufma.br>