MORA AMORA NOME VULGAR. Família: Rosaceae CLASSIFICAÇÃO CIENTIFICA. Género: Rubus. Espécie: Rubus ulmifoliu



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AMORA NOME VULGAR CLASSIFICAÇÃO CIENTIFICA PORTUGUÊS ESPANHOL FRANCÊS INGLÊS Família: Rosaceae Género: Rubus Espécie: Rubus ulmifoliu AMORA MORA MÛRE BLACKBERRY

AMORA INFORMAÇÃO TÉCNICA PARA O SEU CULTIVO Na sequência de outras fichas já apresentadas, e correspondendo ao interesse que tem vindo a ser demonstrado no cultivo de frutos de baga ou frutos vermelhos, apresentam-se neste documento algumas considerações sobre as boas regras agronómicas para a condução e manutenção de um pomar de amoras. ORIGEM Das diversas variedades de amoreira, a mais utilizada na exploração comercial é a amoreira-preta que, tal como outros pequenos frutos, tem suscitado grande interesse por parte dos produtores, entre outras razões porque permite um rápido retorno do investimento realizado na instalação do pomar. Isto deve-se ao facto de, comparativamente com outras fruteiras, estas plantas entrarem rapidamente em produção começando a gerar receitas logo ao segundo ano após a plantação. Das espécies silvestres foram domesticadas três grupos de amoreiras pretas, dois oriundos da América do Norte e um correspondente a um grupo nativo da Europa. A planta é um arbusto que emite lançamentos bianuais, com hábitos de crescimento que podem ser prostrados, semi-eretos ou eretos. Depois de passar por um período de dormência surgem as flores, agrupadas em cacho que darão origem aos frutos que designamos por amoras. Depois da frutificação estas hastes não voltam a produzir, morrem e devem ser eliminadas. Tal como os outros frutos de baga, especialmente a framboesa, com a qual muito se assemelha, a amora é um fruto muito sensível, devendo ser manuseada com muito cuidado, uma vez que tem uma polpa pouco firme, e um período de pós colheita muito curto. 1

cnptia.embrapa.br Fonte: sistemasdeproducao. VARIEDADES Das variedades melhoradas existentes nos viveiristas podemos encontrar plantas com espinhos e algumas já sem espinhos, no entanto as diferentes variedades de amora normalmente são classificadas conforme os hábitos de crescimento das varas. Assim existem: Variedades prostradas Possuem vigorosos lançamentos do ano que necessitam de ser conduzidos através da utilização de um sistema de suporte para permitir as operações culturais e a colheita. Estas varas nascem a partir da base da planta ou coroa e não são produtivas. No ano seguinte surgem rebentamentos a partir desta haste principal que irão ser responsáveis pela produção do ano. Os frutos das variedades prostradas são normalmente menos firmes e apresentam um tempo de vida útil inferior aos das variedades eretas e semi-eretas, pelo que são mais adequados ao mercado de transformação. Exemplos: Siskiyou ; Obsidian ; Metolius, Onyx, Newberry ; Variedades semi-eretas - Tal como acontece nas variedades prostradas, neste grupo os novos lançamentos também surgem a partir da base da coroa ou touça, no entanto estes apresentam normalmente maior diâmetro e alguma firmeza, que permite que não fiquem depositados no solo, mas arqueados. 2

Exemplos: Chester Thornless ; Triple Crown ; Loch Ness, Hull Thornless ; Variedades eretas Como o nome indica a forma de crescimento das varas aproxima-se mais da vertical, sendo igualmente muito vigorosas, chegam a atingir 4 metros de altura. Nestas variedades os lançamentos podem surgir da base da touça ou das raízes como acontece na framboesa. As variedades eretas no primeiro ano têm hábitos de crescimento prostrado, transformando-se em eretas apenas a partir do segundo ano. Exemplos: Navaho ; Ouachita ; Tupi, Apache, Triple Crown, Osage Fonte: http://www.ncsu.edu/ Embora a maioria das variedades de amora seja não remontante, ou seja, a diferenciação floral dos gomos ocorre após o fim do crescimento do primeiro ano, existem algumas variedades, menos exigentes em frio, que frutificam em ramos do ano. O melhoramento tem trabalhado no sentido de melhorar as variedades de porte erecto em detrimento das plantas de hábito prostrado dada a maior facilidade de condução daquelas. Outro objetivo do melhoramento tem sido o apuramento das variedades sem espinhos também por uma questão de ordem prática nos trabalhos do pomar. A obtenção de frutos menos ácidos e menos adstringentes tem constituído também uma meta dos trabalhos de melhoramento. Quase todas as variedades são auto-férteis no entanto é muito útil, em explorações comerciais a utilização de abelhões para promover a fecundação, o que tem reflexos consideráveis na produção total. 3

CLIMA E SOLOS A cultura da amora está bem adaptada às condições climáticas do norte de Portugal, com invernos frios e chuvosos que permitem suprir as necessidades em horas de frio necessário para a indução e diferenciação floral. As necessidades de frio variam conforme as cultivares mas são normalmente superiores nas cultivares eretas. De um modo geral apresenta uma boa resistência à geada sendo apenas de temer as geadas tardias que podem danificar os gomos florais. Na escolha do local de implantação do pomar deve optar-se por locais abrigados porque a planta apresenta sensibilidade aos ventos fortes. No inverno os ventos podem partir os jovens rebentos, que irão assegurar a produção futura, e no verão os ventos fortes e secos afetam a qualidade e o tamanho do fruto. É no entanto desaconselhável o uso de redes quebra ventos porque podem prejudicar a boa ventilação das plantas, aumentando os problemas sanitários. Relativamente a solos, a planta prefere solos férteis, bem drenados e com ph ácido. Os solos pesados com o lençol freático muito à superfície são totalmente inadequados. Os solos franco-arenosos são os mais indicados para a instalação da cultura. Em solos com maiores teores de argila a drenagem torna-se deficiente, pelo que a plantação tem que ser efetuada em camalhões. Estes camalhões são realizados em terra ou substrato e consistem num monte com cerca de 50 cm de altura ao longo da linha de plantação. Realização de camalhões para plantação 4

FERTILIZAÇÃO A amora gosta de solos ricos em matéria orgânica, no entanto não é tão exigente como a sua prima framboesa. Pelo menos seis meses antes da plantação deve-se fazer uma análise de solo para proceder aos ajustamentos necessários ao nível de ph, matéria orgânica e incorporação de outros elementos como fósforo e potássio. O ph aconselhado deve ser inferior a 6,5, no entanto há que monitorizar cuidadosamente este valor porque se estiver muito baixo o fósforo torna-se indisponível e o alumínio e manganês podem tornar-se tóxicos. Nesta situação, o fósforo, embora presente no solo está indisponível para a planta e esta manifesta sintoma de carência de fósforo, análogo ao de outras carências, em que as folhas mais velhas apresentam áreas vermelhas ou pretas, caindo prematuramente. A amoreira é muito exigente em potássio, especialmente durante a fase de frutificação, pelo que, em anos de grande produção, poderão ocorrer sintomas de carência, que incluem atrasos no crescimento, com clorose e necrose marginal das folhas levando à sua queda prematura. Conforme o valor dos teores de fósforo e potássio apontados pela análise de solo deve-se proceder a uma adubação de pré-plantio de forma a garantir um valor mínimo, em solos de textura média, de 8 mg/kg e 41mg/kg de fósforo e potássio respetivamente. Plantação de jovens plantas 5

Relativamente à adubação azotada, recomenda-se a utilização de sulfato de amónio, que fornece enxofre, necessário à planta, consistindo numa boa fonte de azoto em solos ácidos onde normalmente origina uma boa resposta das plantas. Uma vez instalado o pomar, a única forma fidedigna de diagnosticar com precisão problemas, que se suspeite serem de natureza nutricional, é efetuar uma análise foliar. Para isso recolhe-se um conjunto de folhas, conforme um protocolo estabelecido, que depois de analisadas fornecem os teores foliares de macro e micronutrientes que podem ser interpretados por comparação com os valores de referência em plantas sadias e equilibradas. A análise de solos e/ou foliar deve ser realizada regularmente, pelo menos de 3 em 3 anos. As análises foliares devem ser feitas a seguir à frutificação. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO Compassos O espaçamento a adotar depende do vigor da variedade que se escolheu, do sistema de condução e do tipo e dimensão das máquinas a utilizar nas operações culturais. Normalmente varia entre 60 a 120 cm na linha em variedades de porte ereto (ou 90 a 150 cm nas variedades de tipo prostrado) por cerca de 3 metros na entrelinha. Poderá ainda adotar-se um sistema de dupla fila com espaçamento de 40 cm com as plantas dispostas em triângulo. Controlo de infestantes O herbicida cuja aplicação está autorizada na cultura da amora, ao abrigo dos usos menores, é o quizalofope-p-etilo no combate a gramíneas anuais. A utilização de herbicidas no entanto deve ser cuidadosa e restrita à entrelinha, sobretudo nas variedades eretas, porque a sua atuação inibe a formação de novos rebentos. Para controlar as infestantes e conservar a humidade na planta devem ser usados sistemas de cobertura do solo, com materiais que vão desde os materiais orgânicos (palha ou produtos de compostagem em camadas de 8 a 10 cm), até plástico preto e, mais frequentemente, telas. Na entrelinha, afastado cerca de 10 cm da linha de plantação, para evitar a competição, deve ser semeada uma cobertura vegetal com espécies resistentes a fungos, cujo desenvolvimento é mantido com recurso a cortes. O material 6

resultante do corte deve permanecer sobre o terreno, contribuindo assim para aumentar o teor do solo em matéria orgânica. É necessário ter cuidado com as mobilizações na entrelinha porque se se aproximarem muito da linha de plantação podem danificar as raízes, o que irá ter implicações na nutrição da planta, e portanto no seu vigor e capacidade produtiva. Nas variedades eretas, onde é possível surgirem rebentamentos a partir da raiz, a capacidade de produzir novos lançamentos poderá também ser afetada. A cobertura com material orgânico (mulching) tem o inconveniente de ter que ser reposto, no todo ou em parte, pelo menos de dois em dois anos. Por outro lado o mulching pode conter sementes que irão germinar e originar uma infestação que concorre com a produção. Também cria condições para o alojamento de roedores e agentes patogénicos. Pomar com cobertura de tela na linha Sistemas de Condução As variedades eretas não necessitam suporte, no entanto muitas vezes instalam-se sistemas de condução para ordenar o crescimento dos ramos, facilitando as operações, nomeadamente a colheita, e melhorando o arejamento das linhas de plantação. Nas variedades semi-eretas e prostradas é obrigatório, pelo menos a partir do segundo ano, quando os crescimentos do ano começam a ficar mais vigorosos, a instalação de um sistema de condução: 7

Postes simples: É o sistema mais elementar, em que os lançamentos são presos aos postes a cerca de 1,5 m. Normalmente usa-se apenas nas variedades eretas para ordenar o pomar; Cordão duplo: Sistema muito comum, em que se utilizam postes de madeira tratada, separados de 6 a 7 metros entre os quais são esticados dois arames paralelos de ø 9/11. O primeiro arame é colocado a 1 metro do chão e o segundo a 1,5 metros. Os postes devem ser ancorados no extremo da linha, de forma a conferir estabilidade ao sistema de suporte. À medida que os lançamentos vão crescendo devem-se atar de forma a formar feixes. Quando atingem a altura do arame superior fazem-se passar sobre ele e depois por baixo do arame inferior formando uma espiral. Alternativamente, em variedades semi-eretas ou pouco vigorosas, os ramos são esticados e presos aos arames em forma de leque. Esquema ilustrativo da condução em cordão duplo Existem ainda outros sistemas, em que os postes são colocados em V com uma inclinação de 20º a 30º, ou colocados paralelamente, dos quais saem arames delimitando uma faixa na qual crescem as plantas. Na Califórnia, onde o cultivo de amora está muito disseminado, existem já estruturas mecanizadas que fazem variar a orientação e exposição dos lançamentos na altura da colheita para um melhor acesso aos frutos. Armação do terreno A utilização de camalhões na plantação é uma prática recomendada, uma vez que melhora a drenagem, evitando problemas como a asfixia radicular, responsável pelo insucesso de muitos pomares. Os camalhões devem ter uma altura de cerca de 8

50 cm relativamente ao do nível do solo por 60 cm de largura e poderão ser construídos em terra, ou, preferencialmente em substrato. Forçagem No nosso clima não é necessário instalar estufas para a produção de amoras, no entanto, a utilização de coberturas pode ter impactos positivos na produtividade, na qualidade da fruta ou na deslocação da época de produção. Uma das técnicas utilizadas consiste na cobertura das linhas de plantação, depois de satisfeitas as necessidades de frio das plantas, com polietileno térmico, conseguindo-se assim antecipar a entrada em produção em cerca de duas semanas. Esta proteção da planta contra os danos do frio e chuvas origina também uma redução de doenças foliares com impacto positivo na qualidade dos frutos. O aumento da produtividade é devido à menor quantidade de fruta perdida por não apresentar condições de comercialização. É também usual a utilização de redes de sombreamento desde o vingamento do fruto até à colheita para preservar a sua integridade. A produção sob coberto permite também uma otimização da rega e fertilização. O investimento numa estrutura para cobertura do pomar, não sendo portanto uma necessidade no que respeita a fornecer as condições agronomicamente adequadas à cultura, é uma decisão de carácter económico em que há que ponderar os custos/benefícios em termos de valor de investimento e valorização da produção. Existem ainda outras técnicas, que visam a obtenção de frutos em períodos fora da época em que se dá o pico de produção, como a produção pelo sistema de longcanes, com recurso a câmaras de frio, que poderão ser aplicadas desde que o mercado pague estes investimentos que são normalmente avultados. PRAGAS E DOENÇAS Em cultura intensiva verifica-se o aparecimento de diversas doenças causadas por fungos que atacam diferentes partes da planta, causando problemas fisiológicos diversos que acabam sempre por se refletir na produção. Os fungos mais comumente encontrados são os do género Trichoderma e Botryts. 9

Os ataques de diversas pragas são também responsáveis por quebras na produção de amora cultivada. Dentre os mais importantes destacamos os estragos provocados pela broca, que escava galerias nos troncos, originando quebras de vigor que podem ir até à morte da planta devido à dificuldade de translocação da seiva. Fonte: Direção Regional de Desenvolvimento Agrário - Açores A atuação correta consiste em não esperar que a doença se instale para depois atuar, devendo antes privilegiar-se as medidas preventivas. Daí a obrigatoriedade de um acompanhamento regular da cultura, de forma a fazer a estimativa do risco de ataque, em função de fatores como as condições meteorológica e estado vegetativo da planta, e adotar regras de prevenção de doenças e pragas. A primeira regra consiste em adquirir as plantas em viveiristas idóneos e credenciados, porque por vezes são as próprias plantas que já transportam agentes patogénicos que vão contaminar todo o pomar. De seguida devem-se remover as plantas de amora selvagem existentes nas proximidades, porque elas constituem alojamento privilegiado de inimigos da cultura. Uma vez instalado o pomar devem ser utilizadas técnicas culturais adequadas, como sejam proceder à destruição de plantas e ramos infetados e efetuar a remoção dos ramos resultantes da poda, de forma a minimizar as condições propícias ao desenvolvimento dos inimigos da cultura. 10

De qualquer forma é fundamental garantir um desenvolvimento vegetativo equilibrado da planta, para que esta seja resistente aos ataques. Isto passa sobretudo por garantir que o solo, donde a planta extrai os elementos necessários ao seu crescimento, seja um solo fértil, rico em matéria orgânica e com teores de ph adequados. Uma nutrição equilibrada constitui um garante de plantas com boas resistências a ataques de doenças e pragas. Outra prática cultural preventiva da ocorrência de infestação consiste em garantir um bom arejamento das plantas através de um bom espaçamento e podas razoáveis REGAS No nosso clima, com verões amenos mas secos, é imprescindível montar no pomar um sistema de rega, tanto mais que a formação e maturação dos frutos, períodos de maior suscetibilidade ao stress hídrico, ocorrem exatamente nesse período. As plantas sujeitas a stress hídrico durante a fase de crescimento e frutificação desenvolvem frutos com menor tamanho e lançamentos mais débeis, o que tem implicações na produção do ano e na do ano seguinte. O sistema de rega aconselhado é a gota a gota porque fornece água numa faixa junto ao caule, onde se situam as raízes primárias, responsáveis pela maior parte da absorção. Este sistema, porque não molha as folhas e frutos, reduz o apodrecimento de frutos e os problemas fitossanitários. A utilização de coberturas, porque diminui a evapotranspiração, conduz a uma economia de água. PODA No primeiro ano de vida do pomar, para além da rega e do controlo de infestantes, a única operação cultural necessária é uma poda adequada, efetuada no inverno, e que consiste apenas no desponte dos ramos, 15 cm acima do arame de suporte. No final deste primeiro inverno ocorrerá a rebentação, nos ramos do ano, de novos lançamentos onde irá ocorrer a frutificação. Após a colheita deverão ser 11

eliminados os ramos onde ocorreu a frutificação, com um corte junto ao solo, uma vez que não irão voltar a produzir frutos. Nas hastes do ano deverá ser retirada a extremidade, deixando apenas um troço que permita a amarração no arame, de forma a estimular a rebentação secundária onde irá ocorrer a próxima produção. No verão poderá ser necessário efetuar uma poda em verde, se a vegetação for excessiva, de forma a eliminar alguns rebentos, o que irá reduzir a competição entre os ramos, aumentar o arejamento e facilitar a circulação de pessoas e as operações culturais. Com o mesmo objetivo deve-se também cuidar de controlar todos os rebentos que surgirem entre as linhas, mantendo a densidade de plantação e a largura da linha. Fonte: sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br Em resumo, nas variedades eretas deve-se proceder à eliminação dos lançamentos que nascem fora duma largura de cerca de 45 cm ao longo da linha de plantação, dos ramos que já produziram frutos e dos lançamentos pouco vigorosos, elegendo apenas os melhores 13 a 20 lançamentos por metro linear para promover o arejamento e ganhar espaço para a ramificação nos lançamentos selecionados. O corte deverá ser efetuado ao longo da estação de crescimento, consistindo no desponte dos ramos primários a cerca de 100cm de altura, para eliminar a dominância apical, estimulando o rebentamento de ramos laterais, onde ocorrerá a frutificação, e tornar estes ramos primários mais fortes para suster o peso da produção. No fim do inverno devem-se selecionar os lançamentos secundários que se encontram bem inseridos e podá-los a cerca de 30 cm para estimular a sua frutificação. Nas variedades prostradas, onde é obrigatória a utilização de um sistema de suporte, os lançamentos podem crescer durante o verão junto ao solo encostados à 12

linha de plantação. Após a colheita procede-se à eliminação dos ramos que já frutificaram e selecionam-se os melhores lançamento do ano, que se despontam a 1,80, sendo então atados e distribuídos pelas fiadas do sistema de suporte. Os lançamentos secundários são podados a cerca de 30 cm no fim do Inverno, tal como nas variedades eretas. PLANTAÇÃO O primeiro passo consiste em escolher o local onde será instalado o pomar, obedecendo às regras anteriormente apontadas e que dizem respeito à exposição e tipo de solo. Zonas onde foram cultivadas solanáceas (tomate, batatas, beringela, etc.) devem ser evitadas porque são zonas potenciais de ocorrência de nemátodos, aumentando o risco de infeção. De qualquer forma é conveniente proceder a uma fumigação para eliminar organismos patogénicos. A preparação para a plantação deve começar um ano antes, com a sementeira de um adubo verde com vista a incrementar o teor do solo em matéria orgânica e inviabilizar as sementes de infestantes. No ano que antecede a plantação, ou no mínimo 6 meses antes, deve-se mandar analisar uma amostra de solo para proceder à correção do ph se for caso disso. Na mesma altura deve-se fazer a incorporação de matéria orgânica para incrementar o arejamento e a drenagem do solo assim com aumentar a capacidade de retenção de água. No boletim de análise é também referida a recomendação de fertilização de fundo adequada. As plantas devem ser plantadas em dormência, no início da primavera, devendo ser adquiridas para o efeito plantas saudáveis e certificadas, pois elas vão determinar a capacidade produtiva do pomar mais do que qualquer outro fator. Uma cultivar muito produtiva em más condições fitossanitárias não irá exprimir o seu potencial produtivo nem poderá produzir frutos saudáveis. Numa altura em que o solo não esteja encharcado proceder à abertura de covas de forma a permitir o enterramento completo das raízes das plantas e cobrir com 5 a 7 cm de terra. De seguida podar para estimular o crescimento de novos lançamentos. 13

PRODUÇÃO E COLHEITA A produção de amoras inicia-se em meados de Maio e poderá estender-se até meados de Outubro com as diferentes variedades cultivadas no nosso país. O período de colheita de cada variedade poderá durar até 6 semanas. A produtividade média de um pomar, conduzido corretamente, é de cerca de 10 t/ha. O peso médio dos frutos é de 4 a 7 gramas. A maturação ocorre 35 a 45 dias após a polinização das flores, com os frutos a evoluírem de verde para vermelho e finalmente preto, à medida que vão ganhando peso e amadurecendo. A administração em água e a radiação solar são fundamentais para o fruto adquirir peso e sabor. A colheita deve ser efetuada quando os frutos tiverem adquirido a cor negra mas ainda permaneçam com uma película brilhante, de forma a aguentarem o tempo de armazenamento e transporte. Frutos com coloração negra mas com aspeto baço e polpa pouco firme são mais doces mas têm pouco tempo de conservação devendo ser consumidos de imediato. Recomenda-se uma passagem no pomar a cada dois a três dias para proceder à colheita dos frutos maduros. A colheita deve ser efetuada quando o dia ainda estiver fresco mas os frutos não devem ter humidade. O momento exato da colheita é de extrema importância na definição da qualidade, na medida em que, se os frutos forem colhidos demasiado cedo possuem uma adstringência que os torna desagradáveis ao paladar, se ultrapassado o ponto de maturação perdem firmeza e a sua conservação e manuseamento são afetados. A colheita pode ser mecanizada, no entanto este método só é utilizado quando a fruta é destinada ao mercado da transformação uma vez que, tratando-se de um fruto muito sensível, o seu aspeto pode ficar deteriorado e portanto desvalorizado para o mercado em fresco. A colheita mecânica pode ser responsável também por quebras de produção de podem ir até aos 40%. A amora, sendo um fruto bem remunerado, destinado a um consumidor exigente em termos de padrões de qualidade, nomeadamente no que diz respeito a higiene, exige especial atenção a questões ligadas a contaminação durante o 14

manuseamento, transporte e armazenamento. Assim devem ser adotadas as boas práticas que impeçam a contaminação por agentes de natureza biológica, química e física e que incluem, entre outras coisas, a utilização de material não tóxico e devidamente higienizado, condições de higiene para trabalhadores assim como a utilização veículos exclusivos, que não devem ser utilizados para o transporte de outros produtos. Para cumprir todas as regras deverá se elaborado um programa de procedimentos de higiene com registo de procedimentos. A colheita deve ser feita diretamente para as embalagens, de cerca de 150 gr, ou outras, conforme exigido pelo operador que fará a comercialização, para que o fruto não seja mais manipulado ao longo de toda a cadeia de conservação, transporte e comercialização. Se não se dispuser das embalagens de comercialização aquando da colheita, e os frutos tiverem que ser armazenados a granel, deve-se ter o cuidado de não efetuar camadas superiores a 5 cm para preservar a integridade da polpa. A amora é um fruto que sofre uma rápida quebra de qualidade pós-colheita, pelo que, logo a seguir à colheita, é aconselhável proceder a uma pré-refrigeração com ar forçado a 5ºC durante 4 horas. Devido ao fruto ser constituído por minidrupas agregadas está desaconselhado o uso de água para efetuar este procedimento, uma vez que a imersão pode levar à danificação dos tecidos de proteção do fruto e aumentar a ocorrência de podridões. De seguida o fruto deve seguir para armazenamento, onde poderá permanecer até 5 dias, a temperatura de 0º e com humidade relativa de 90-95%. Se não forem adotados todos os cuidados pós-colheita, os frutos rapidamente sofrem danos fisiológicos, que originam desvalorização da produção, e que vão desde alterações na cor, desidratação, alterações de aroma e sabor, até à podridão dos frutos. Estas alterações estão ligadas ou à ausência de frio ou a deficiências nas câmaras como sejam falta de humidade ou concentrações de oxigénio e dióxido de carbono longe das recomendadas, quando conservados em atmosfera controlada. Regras a observar para a preservação da higiene e sanidade dos frutos: Como se trata de um fruto que irá ser consumido em natureza, sem casca para retirar, há que ter especial atenção no sentido de minimizar contaminações: Usar matéria orgânica devidamente maturada; Não usar na rega águas contaminadas; Não permitir a circulação de animais no pomar especialmente na altura da colheita; 15

Desinfetar as embalagens para onde são apanhados e transportados os frutos; Dispor de casas de banho para os trabalhadores de campo; Formar o pessoal no sentido de proceder à desinfeção das mãos; Não misturar frutos são com frutos deteriorados ou contaminados. Senhora da Hora, Janeiro de 2015 Isabel Barrote (Engª Agrónoma) MIRTILO 16