QUALIDADE DA SERAPILHEIRA EM FLORESTA TROPICAL COM Bertholletia excelsa

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Transcrição:

QUALIDADE DA SERAPILHEIRA EM FLORESTA TROPICAL COM Bertholletia excelsa Caroline Souza de Freitas 1, Lucielio Manoel da Silva 2, José Marlo Araújo de Azevedo 3 1 Discente de graduação em tecnologia em agroecologia IFAC. Programa IFAC Canadá. e-mail: caroline.sfreitas@gmail.com; 2 Analista da Embrapa Acre. e-mail: lucielio.silva@embrapa.br; 3 Docente do Instituto Federal do Acre/IFAC. e-mail: jose.azevedo@ifac.edu.br 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 INTRODUÇÃO A serapilheira é a principal via de transferência de nutrientes das plantas ao solo e viceversa. Esta ocorre em todos os ecossistemas, mas a quantidade e qualidade do material estocado, dos nutrientes encontrados variam para cada ambiente. O processo de quantificação da biomassa viva (parte aérea e raízes) e biomassa morta (serapilheira, troncos caídos e etc.) pode possibilitar quantificar e qualificar o material orgânico disponível neste sistema. Trabalhos relacionados com a quantificação de serapilheira acumulada fornecem subsídios para um melhor entendimento da dinâmica dos nutrientes (CALDEIRA et al., 2008). O conhecimento da ciclagem de nutrientes em florestas nativas ou implantadas é de extrema importância para que se possa manejar o sistema seja com fins de recuperação ou produção. Porém, são poucos os conhecimentos sobre a ciclagem de nutrientes em florestas naturais, tropicais e plantações florestais com florestas nativas no Brasil (CALDEIRA et al., 2011). Durante o processo de decomposição da serapilheira a qualidade do material orgânico é regulada pelo clima e pelas características edáficas do local, podendo influenciar o processo de decomposição. E com as condições edafoclimáticas do local a velocidade de decomposição da serapilheira varia de acordo com os teores das substâncias encontradas nos componentes das plantas. Deste modo, o estudo da qualidade dos nutrientes da serapilheira se torna fundamental para compreender a estrutura e funcionamento do ecossistema. O presente trabalho teve como objetivo estudar a qualidade da serapilheira acumulada através da espécie arbórea Bertholletia excelsa. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no seringal Filipinas colocação Rio de Janeiro, na Reserva Extrativista Chico Mendes, Epitaciolândia, Acre. Apresentando coordenadas geográficas 10 41 05,6 de Latitude e 68 40 10,7 de Longitude Norte e, 10 47 38,2 de Latitude e 68 39 57.7 de Longitude Sul. O clima da região é classificado como sendo Tropical Úmido Chuvoso - Am (Köppen), com temperaturas variando entre 24,5 ºC e 32 ºC. O solo predominante é o Argissolo. Geralmente, a estação chuvosa inicia em novembro ou dezembro e segue até maio ou junho com período seco ocorrendo nos demais meses. Os dados referentes às precipitações e temperaturas médias mensais no período de estudo, foram obtidos na estação climatológica da região (Figura 1). Anais 5º Semana de Iniciação Científica do IFAC, Dezembro, 2015 1

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 Figura 1. Índices mensais de precipitação pluvial e temperatura no período de junho de 2009 a maio de 2010. Foram selecionadas 24 castanheiras de modo aleatório. Para quantificar a produção de serapilheira foram instalados quatro coletores de 1 m 2 de acordo com a projeção da copa de cada árvore, totalizando 96 coletores. As coletas foram feitas mensalmente, no período de junho de 2009 a julho de 2010. A serapilheira acumulada foi recolhida e misturada totalizando uma única amostra por árvore. As folhas de castanheira eram embaladas em sacos de papel e identificadas e folhas de outras espécies eram descartadas. Para determinar a matéria seca o material coletado foi pesado em balança de precisão e acondicionado em saco de papel e levado para estufa de circulação forçada de ar a 65 C por aproximadamente 72 horas, até peso constante. Posteriormente, foi pesado e triturado em moinho para posterior análise química. Após a digestão nitro-perclórica a serapilheira foi analisada quanto a concentração total de cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) por fotometria de chama e fósforo (P) espectrometria molecular. O nitrogênio total (N) foi obtido após destilação por Kjeldahl (CARMO et al., 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores dos macronutrientes N, P, K, Ca e Mg da serapilheira de castanheira são apresentados na figura 2. Observa-se que o nitrogênio apresentou os maiores teores, com média de 17,92 g kg -1. Verifica-se ainda que a concentração de N na serapilheira de castanheira é maior que os observados por Campanha et al., (2007) ao estudar a serapilheira de cafezais cultivados em sistemas agroflorestais. O macronutriente fósforo apresentou valores elevados quando comparado com a literatura, neste trabalho a média foi de 0,72 g kg -1. Em estudos realizados por Terror et al. (2011) em serapilheira de floresta, observaram valor médio de P de 0,61 g kg -1. Anais 5º Semana de Iniciação Científica do IFAC, Dezembro, 2015 2

74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 Figura 2. Teores médios de macronutrientes N, P, K, Ca e Mg, em serapilheira a partir de folhas de castanheira no período de 2009 até 2010. Com base na figura 2 é possível observar que o nitrogênio apresentou maior valor no mês de dezembro, enquanto que o fósforo se manteve praticamente constante durante todos os meses de avaliação. Diferente dos estudos realizados por Terror et al., (2011), onde os maiores valores de N (13 g kg -1 ) e P (0,65 kg -1 ) ocorreram no início da estação seca apresentando um aumento ao longo da estação chuvosa. Verifica-se também que os teores de N e P encontram-se dentro das faixas observadas para florestas tropicais brasileiras, que variam entre 10,7 e 24,4 g kg -1 para N (VILLELA; PROCTOR, 1999; PINTO et al., 2009), 0,27 e 2,08 g kg -1 para P (VASCONCELOS; LUIZÃO, 2004). Os macronutrientes K, Ca e Mg apresentaram comportamento semelhante nos diferentes meses de avaliação. É possível observar que os maiores teores destes nutrientes na serapilheira de castanheira são nos meses de setembro a dezembro, correspondentes ao fim do período seco e início do inverno amazônico. Em estudos realizados por Ferreira et al., (2014) em uma floresta urbana no estado de São Paulo, verificaram que o potássio apresentou valores mais elevados no final do período invernoso e início da primavera, enquanto que cálcio e magnésio manifestaram maiores teores no outono. Vital et al., (2004) em estudos realizados no mesmo estado, verificaram que o potássio e magnésio obtiveram maiores teores em outubro (primavera). Enquanto que o cálcio apresentou maior valor em agosto (inverno). Constatando-se que em um mesmo local pode ocorrer diferenças quanto aos teores e as condições ambientais. Diferentes trabalhos demonstram que a qualidade nutricional da serapilheira desempenha um importante papel na regulação do processo de decomposição em diversos ecossistemas florestais (HOBBIE; VITOUSEK, 2000; VILLELA; PROCTOR, 2002; CLEVELAND et al., 2006; KOZOVITS et al., 2007). Com isso, verifica-se que a serapilheira produzida pela castanheira, por apresentar altos teores de macronutrientes contribui para a manutenção da fertilidade nas florestas amazônicas. Anais 5º Semana de Iniciação Científica do IFAC, Dezembro, 2015 3

123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 CONCLUSÕES A castanheira (Bertholletia excelsa) produz serapilheira de ótima qualidade por apresentar elevados teores de macronutrientes o que contribui para a manutenção da fertilidade dos solos. REFERÊNCIAS CALDEIRA, M. V. W. et al. Ciclagem de nutrientes via deposição e acúmulo de serapilheira, em ecossistemas florestais. In: GODINHO, T. O. Quantificação de biomassa e de nutrientes na serapilheira em trecho de floresta estacional semidecidual submontana, Cachoeiro de Itapemirim, ES. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal do Espírito Santo, 2011. CALDEIRA, M. V. W. et al. Quantificação de serapilheira e de nutrientes em uma floresta ombrófila densa. In Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 1, p. 53-68, 2008. CAMPANHA, M. M. et al. Análise comparativa das características da serrapilheira e do solo em cafezais (Coffea arabica L.) cultivados em sistema agroflorestal e em monocultura, na zona da mata Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.31, n.5, p.805-812, 2007. CARMO, C. A. F. S. do et al. Métodos de análise de tecidos vegetais utilizados pela Embrapa Solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 41p, 2000. (Embrapa Solos. Circular técnica, 6). CLEVELAND, C. C.; REED, S. C.; TOWNSEND, A. R. Nutrient regulation of organic matter decomposition in a tropical rain forest. Ecology, v. 87, n.2, p. 492-503, 2006. FERREIRA, M. L.; PEREIRA, E. E.; MONTEIRO, P. Ciclagem de nutrientes numa floresta urbana no município de São Paulo, SP. Cidades Verdes, v. 02, n. 02, p. 1-17, 2014. HOBBIE, S. E.; VITOUSEK, P.M. Nutrient limitation of decomposition in Hawaiian forests. Ecology, v. 81, n. 7, p.1867-1877, 2000. KOZOVITS, A. R. et al. Nutrient resorption and patterns of litter production and decomposition in a Neotropical Savanna. Functional Ecology, v. 21, p.1034-1043, 2007. PINTO, S. I. C et al. Ciclagem de nutrientes em dois trechos de floresta estacional semidecidual na reserva florestal Mata do Paraíso em Viçosa, MG, Brasil. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 33, n.4, p. 653-663, 2009. Anais 5º Semana de Iniciação Científica do IFAC, Dezembro, 2015 4

162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 TERROR, V. L.; SOUSA, H. C.; KOZOVITS, A. R. Produção, decomposição e qualidade nutricional da serapilheira foliar em uma floresta paludosa de altitude. Acta bot. bras. V. 25, n.1, p.113-121, 2011. VASCONCELOS, H. L.; LUIZÃO, F. J. Litter production and litter nutrient concentrations in a fragmented amazonian landscape. Ecological Applications, v. 14, n.3, p. 884-892, 2004. VILLELA, D. M.; PROCTOR, J. Litterfall mass, chemistry and nutrient retranslocation in a monodominant forest on Maracá Island, Roraima, Brazil. Biotropica, v.31, n.2, p.198-211, 1999. VILLELA, D. M.; PROCTOR, J. Leaf litter decomposition and monodominance in the Peltogyne forest of Maraca Island, Brazil. Biotropica, v. 34, n. 3, p.334-347, 2002. VITAL, A. R. T. et al. Produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes de uma floresta estacional semidecidual em zona ripária. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 28, n. 6, p.793-800, 2004. Anais 5º Semana de Iniciação Científica do IFAC, Dezembro, 2015 5