Composição Bromatológica do Sorgo Forrageiro no Semiárido de Minas Gerais

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Transcrição:

Composição Bromatológica do Sorgo Forrageiro no Semiárido de Minas Gerais Renata R.J. Sousa; Carlos J.B. Albuquerque; Dorismar D. Alves; Edson M. Freire; Dalton A. Santos e Renato M. Oliveira EPAMIG. Cx. Postal 2248, 38402-019, Uberlândia, MG. e-mail: renatajardimagro@hotmail.com; carlosjuliano@epamig.br; dorismar.alves@unimontes.br; feja@epamig.br; feac@epamig.br; renatoagronomo@hotmail.com Palavras-chave: fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, qualidade. A qualidade da silagem é fundamental no estabelecimento racional da pecuária de leite e corte. O sorgo possui características bromatológicas, que, à semelhança do milho, possibilitam fermentação adequada e conseqüentemente favorece o seu armazenamento na forma de silagem (WHITE et al., 1991; CUMMINS, 1981; LUSK et al., 1984). Segundo CUMMINS (1971), os critérios para seleção de híbridos de sorgo para silagem têm sido, principalmente, altura da planta, produtividade, produção de grãos, resistência a doenças e pragas e tolerância à seca. A determinação das frações fibrosas é muito importante na caracterização do valor nutritivo das forragens. Tanto a fibra em detergente ácido (FDA) quanto à fibra em detergente neutro (FDN) são correlacionadas com a digestibilidade, e conseqüentemente com o valor energético das forragens. Teores de FDN da forragem são negativamente correlacionados com o seu consumo (Van Soest, 1994). As forrageiras, de modo geral, apresentam correlação negativa entre a fração fibrosa e a digestibilidade. De acordo com SILVA (1997), os níveis de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), celulose, hemicelulose e lignina no sorgo limitam a qualidade final das silagens, já que estas não apresentam redução após o processo fermentativo, permanecendo como principais barreiras à atuação dos microrganismos presentes no silo. MORRISON (1979) relatou que pequena alteração ocorre nos conteúdos de lignina e celulose no processo de ensilagem, indicando que os microrganismos fermentadores no silo não degradam estas frações. Perdas nestas porções estão ligadas a situações em que ocorrem deterioração por fungos (VAN SOEST, 1994). O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição bromatológica de sete genótipos de sorgo forrageiro em duas localidades do Estado de Minas Gerais. O experimento foi realizado em área experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), na Fazenda Experimental de Acauã (FEAC) localizada no município de Leme do Prado, MG e na Fazenda Experimental do Gorutuba (FEGR) localizada no município de Nova Porteirinha, MG. Foram utilizados sete genótipos de sorgo forrageiro, sendo uma variedade experimental (Exp866), duas variedades comerciais (Ponta Negra e Silotec 20), além de quatro híbridos comerciais (1F 305, BRS 610, SHS 500 e Volumax). Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso com três repetições, em esquema fatorial 7 (genótipos) x 2 (localidades). Cada parcela foi composta por quatro fileiras 1355

de cinco metros de comprimento, espaçadas de 0,6 metros entre si, sendo a área útil as duas fileiras centrais, onde foram coletados os dados. As áreas experimentais foram preparadas convencionalmente, sendo realizadas uma aração, uma gradagem e posterior sulcamento. Foi feito a adubação antes do plantio com 350 Kg ha -1 da fórmula 4 (N): 30 (P 2 O 5 ): 10 (K 2 O), com base na análise de solo. Realizou-se apenas uma adubação de cobertura com 200 kg ha -1 de uréia e 120 kg ha -1 de cloreto potássio. Para o controle de plantas daninhas, foi utilizado, na pós-emergência, o herbicida Gesaprim 500 (atrazine), na dosagem de 4 L ha -1 do produto comercial. O plantio foi realizado de forma manual no dia 12 de dezembro de 2008, distribuindo uniformemente 10 sementes por metro linear. Quando as plantas estavam com três a quatro folhas totalmente expandidas, foi realizado desbaste deixando 120 mil plantas por hectare. Foram realizadas pulverizações, por meio de um pulverizador costal, com o inseticida Deltametrina, na dosagem de 200 ml ha -1, para controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Foram avaliados os parâmetros de porcentagem de fibra em detergente neutro (FDN) e porcentagem de fibra em detergente ácido (FDA). A colheita das plantas foi realizada de forma manual, a uma altura de dez centímetros do solo quando os grãos do centro da panícula estavam no estádio leitoso a pastoso. Neste momento todas as plantas da área útil de cada parcela foram cortadas, e destas, quinze foram selecionadas ao acaso, identificadas e levadas para o laboratório, onde foram separadas as frações colmo, folha e panícula, cada fração foi separada e seca em estufa de aeração forçada, a 65 C, por 72 horas. Estas amostras depois de secas foram moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 1 mm de crivo, para determinação da matéria seca definitiva a 105 C por 12 horas de acordo com a metodologia descrita por Silva et al. (2006). As análises bromatológicas de fibra em detergente neutro e fibra em detergemte ácido foram realizadas no Laboratório de Bromatologia da Universidade Estadual de Montes Claros, de acordo com a metodologia descrita por Silva et al. (2006). Os dados obtidos nas avaliações foram submetidos à análise de variância conjunta envolvendo os sete genótipos e os dois locais. As médias foram agrupadas pelo teste de Scott- Knott (1974) a 5% de probabilidade. Para a porcentagem de fibra em detergente neutro do colmo das cultivares, em cada local foi constatado que a, cultivar Silotec 20 apresentou a menor porcentagem independente da localidade (Tabela 1), indicando melhor qualidade de colmo. Em Acauã essa cultivar não diferiu das cultivares BRS 610, Ponta Negra, SHS 500 e Volumax. Já em Nova Porteirinha, a cultivar Silotec 20 apresentou diferença estatística das demais cultivares, sendo que as cultivares 1F 305, BRS 610 e Exp 866 foram as que apresentaram os maiores valores para essa característica. 1356

TABELA 1 Resultado médio de porcentagem fibra em detergente neutro colmo de cultivares de sorgo, em função das localidades. Cultivares Acauã Nova Porteirinha Exp 866 67,17 A 65,77 A 1F 305 67,63 A 72,99 A BRS 610 58,67 B 66,51 A Ponta Negra 53,56 B 53,81 B SHS 500 55,62 B 58,30 B Silotec 20 50,30 B 46,84 C Volumax 59,42 B 60,33 B Médias com mesma letra maiúscula na vertical pertencem ao mesmo agrupamento de acordo com o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. A porcentagem de fibra em detergente neutro do colmo apresentou entre as cultivares uma variação de 50,30 a 67,63%, em Acauã. Já em Nova Porteirinha, constatou-se uma variação na ordem de 46,84 a 72,99%. Estudando oito híbridos de sorgo Pedreira et al. (2003) encontraram variação de 49,43 a 68,04%. Para a porcentagem de fibra em detergente neutro da folha, em Acauã, observou-se que as cultivares BRS 610 e Ponta Negra apresentaram os menores valores para essa característica (Tabela 2). As outras cultivares apresentaram comportamento semelhante nesse local. No experimento conduzido em Nova Porteirinha, as cultivares Ponta Negra, SHS 500 e Silotec 20, mostraram as menores porcentagens de fibra em detergente neutro da folha, diferindo das demais cultivares. 1357

TABELA 2 Resultados médios de porcentagem de fibra em detergente neutro da folha, panícula e planta inteira de cultivares de sorgo, em função das cultivares e localidades. Item FDNF FDNP FDNPI Ac. (1) N.P. (2) Ac. (1) N.P. (2) Ac. (1) N.P. (2) Exp 866 73,67Aa 72,66Aa 79,81Aa 70,16Ab 73,33Aa 69,82Aa 1F 305 75,41Aa 73,08Aa 77,00Aa 66,62Bb 71,56Aa 71,56Aa BRS 610 70,76Ba 74,45Ab 70,19Ba 71,43Aa 64,74Ca 70,58Ab Ponta Negra 71,88Ba 67,03Bb 78,55Aa 70,39Ab 64,65Ca 61,92Ca SHS 500 75,24Aa 70,18Bb 79,02Aa 71,66Ab 61,17Da 65,83Bb Silotec 20 75,46Aa 67,20Bb 79,25Aa 66,57Bb 58,53Da 57,32Da Volumax 75,77Aa 72,19Ab 71,72Ba 71,29Aa 67,51Ba 67,22Ba Médias 74,03 70,97 76,51 69,73 65,93 66,32 C.V. 2,55 2,99 3,27 Médias com mesma letra maiúscula na vertical e minúscula na horizontal pertencem ao mesmo agrupamento de acordo com o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. (1) Ac. - Acauã, (2) N.P. - Nova Porteirinha No experimento realizado em Acauã, as cultivares BRS 610 e Volumax apresentaram a menor porcentagem de porcentagem de fibra em detergente neutro da panícula (Tabela 2). Nesse mesmo local as demais cultivares não apresentaram diferenças. Em Nova Porteirinha as cultivares 1F 305 e Silotec 20 foram as que apresentaram a menor porcentagem de porcentagem de fibra em detergente neutro da panícula. Comparando as médias das cultivares nos dois locais notou-se que a Exp 866, 1F 305, Ponta Negra, SHS 500 e Silotec 20 foram afetadas pelo local de cultivo. A BRS 610 e Volumax tiveram comportamento semelhante nos dois locais. Os teores de fibra em detergente neutro das panículas estiveram acima dos resultados obtidos por outros autores. Pedreira et al. (2003) apresentaram valores de fibra em detergente neutro em panículas de sorgo variando 46,8 a 55,5%. Neumann et al. (2002) obtiveram uma média de 30,66% de fibra em detergente neutro das panículas. Esse fato observado no presente estudo pode estar relacionado ao déficit hídrico ocorrido no momento de enchimento dos grãos. No experimento conduzido em Acauã, foram encontrados os menores valores de porcentagem de fibra em detergente neutro de planta inteira, para as cultivares Silotec 20 e SHS 500, e os maiores para Exp 866 e 1F 305 (Tabela 2). Em Nova Porteirinha, o menor valor foi observado para a Silotec 20 e os maiores para Exp 866, 1F 305 e BRS 610. Pesce et al. (2000) e Pedreira et al. (2003) obtiveram valores semelhantes aos obtidos neste trabalho para porcentagem de fibra em detergente neutro de planta inteira. Quando se compara a porcentagem de fibra em detergente neutro de planta inteira das cultivares nos dois locais, observa-se que as cultivares BRS610 e SHS500 apresentaram diferenças significativas, com menores valores observados em Acauã. 1358

Considerando a porcentagem de fibra em detergente neutro no colmo, folha e panícula notou-se que a cultivar BRS 610 foi a melhor no experimento conduzido em Acauã. Já em Nova Porteirinha não verificou-se superioridade da cultivar Silotec 20. Considerando as médias das duas localidades foi constatado que cultivares obtiveram 46,48% de fibra em detergente ácido do colmo, em Acauã e 42,72% em Nova Porteirinha. Neumann et al. (2008) encontrou uma variação de 41,57 a 44,68% para a mesma característica. Já Gomes et al. (2006) relatou uma variação de 29,32 a 40,53%. As cultivares BRS 610, Ponta Negra, SHS 500, Silotec 20 e Volumax avaliadas em Acauã, apresentaram uma menor porcentagem de fibra em detergente ácido de colmo (Tabela 3). Já em Nova Porteirinha, foram as cultivares Ponta Negra e Silotec 20 que apresentaram os menores valores para essa característica. TABELA 3 Resultado médio de porcentagem de fibra em detergente ácido do colmo de cultivares de sorgo, em função da localidade. Cultivares Acauã Nova Porteirinha Exp 866 55,30 A 47,75 A 1F 305 55,62 A 53,80 A BRS 610 44,70 B 46,32 A Ponta Negra 42,85 B 36,26 B SHS 500 40,55 B 41,42 A Silotec 20 38,56 B 30,34 B Volumax 47,81 B 43,13 A Médias com mesma letra maiúscula na vertical pertencem ao mesmo agrupamento de acordo com o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Comparando o comportamento das cultivares nos dois locais, notou-se que houve diferença significativa para as cultivares BRS 610, Ponta Negra e Silotec 20 (Tabela 4). Sendo que em Acauã essas cultivares apresentaram 47,10, 53,82 e 51,65% de fibra em detergente ácido da folha. Em Nova Porteirinha notou-se para as mesmas cultivares 53,13, 43,74 e 43,23%. Os teores de fibra em detergente ácido da folha estiveram acima dos resultados obtidos por outros autores. Neumann et al. (2008) apresentou valores variando de 34,38 a 36,56%. Gomes et al. (2006) encontrou uma variação de 32,32 a 37,58%. Esse fato é atribuído a um baixo suprimento de água no decorrer do período experimental. 1359

TABELA 4 Resultados médios de porcentagem de fibra em detergente ácido da folha, panícula e da planta inteira de cultivares de sorgo, em função das cultivares e localidades. FDAF FDAP FDAPI Item Ac. (1) N. P. (2) Ac. (1) N.P. (2) Ac. (1) N.P. (2) Exp 866 51,13Aa 49,18Aa 22,38Da 28,52Bb 42,03Ba 41,83Ba 1F 305 50,35Aa 48,57Aa 57,28Aa 33,08Ab 53,75Aa 47,29Ab BRS 610 47,10Aa 53,13Ab 32,59Ca 38,07Ab 43,37Ba 46,26Aa Ponta Negra 53,82Aa 43,74Bb 22,23Da 34,94Ab 40,59Ba 39,19Ba SHS 500 51,62Aa 48,28Aa 51,25Ba 26,25Bb 43,47Ba 39,72Ba Silotec 20 51,65Aa 43,23Bb 55,53Aa 35,56Ab 42,96Ba 35,96Bb Volumax 50,70Aa 48,82Aa 24,79Da 28,90Aa 43,26Ba 41,33Ba Médias 50,91 47,85 38,00 32,19 44,20 41,65 C.V. (%) 6,79 8,54 5,73 Médias com mesma letra maiúscula na vertical e minúscula na horizontal pertencem ao mesmo agrupamento de acordo com o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. (1) Ac. - Acauã, (2) N.P. - Nova Porteirinha Observou-se as menores porcentagens de fibra em detergente ácido da panícula, para as cultivares Ponta Negra, Exp 8666 e Volumax, em Acauã e para as cultivares SHS 500, Exp 866 e Volumax, em Nova Porteirinha (Tabela 4). Comparando as médias das cultivares nos dois locais notou-se que a Exp 866, 1F305, BRS610, Ponta Negra, SHS 500 e Silotec 20 foram afetadas pelo local de cultivo. No experimento conduzido em Acauã, essas cultivares apresentaram 22,38, 57,28, 32,59, 22,23, 51,25 e 55,53% de fibra em detergente ácido da panícula. Em Nova Porteirinha, notou-se para as mesmas cultivares 28,52, 33,08, 38,07, 34,94, 26,25 e 35,56%. Resultado semelhante de porcentagem de fibra em detergente ácido da panícula foi relatado por Pedreira et al. (2003) que encontraram uma variação de 23,30 a 30,6%. No experimento conduzido em Acauã, notou-se que a cultivar 1F 305, foi a que apresentou a maior porcentagem de fibra em detergente ácido de planta inteira (Tabela 4). As outras cultivares comportaram de forma semelhante neste local. Em Nova Porteirinha, a 1F 305 e BRS 610 apresentaram a maior porcentagem de fibra em detergente ácido de planta inteira. A variação dos teores de fibra em detergente ácido entre híbridos de sorgo também foi observada por Pesce et al. (2000), os quais apresentaram resultados de fibra em detergente ácido de 20 cultivares de sorgo variando de 31,9 a 36,8%. Comparando as cultivares nos dois locais, observou-se que a 1F 305 e Silotec 20 foram afetadas pelo local de cultivo. As demais cultivares não apresentaram diferença estatística entre os dois locais. A composição químico-bromatologica de genótipos de sorgo forrageiro é influenciada pelo local de cultivo. Considerando o consumo potencial de fibra em detergente neutro, as cultivares com melhor potencial para utilização na alimentação de ruminantes são a SHS 500 e Silotec 20, para as regiões de Acauã e Nova Porteirinha. Ensaios com desempenho de ruminantes são necessários para convalidar as análises químico-bromatologicas. 1360

Agradecimentos Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Banco do Nordeste (ETENE/FUNDECI) pelo apoio financeiro. CUMMINS, D.G. Relationships between tannin content and forage digestibility in sorghum. Agronomy Journal, v.63, n.3, p.500-502, 1971. CUMMINS, D.G. Yield and quality changes with maturity of silage type sorghum fodder. Agronomy Journal, v.73, n.3, p.988-990, 1981. GOMES, S.O.; PITOMBEIRA, J.B.; NEIVA, J.N.M.; CÂNDIDO, M.J.D. Comportamento agronômico e composição químico-bromatológico de cultivares de sorgo forrageiro no Estado do Ceará. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.2, p.221-227, 2006. LUSK, J.W.; KARAU, P.K.; BALOGU, D.O. Brow hibrid sorghum or corn silage for milk production. J. Dairy Sci., v.67, n.8, p.1739-1744, 1984. MORRISON, I.M. Changes in the cell wall components of laboratory silages and the effect of various additives on these changes. J. Agric. Sci., v.93, n.3, p.581-586, 1979. NEUMANN, M.; RESTLE, J.; ALVES FILHO, D.C.; BERNARDES, R.A.C.; ARBOITE, M.Z.; CERDÓTES, L.; PEIXOTO, L.A. de O. Avaliação de diferentes híbridos de sorgo (Sorghum bicolor, L. Moench) quanto aos componentes da planta e silagens produzidas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 1, p. 302-312, 2002. NEUMANN, M.; RESTLE, J.; NÖRNBERG, J.L.; OLIBONI, R.; PELLEGRINI, L.G. de; FARIA, M.V.; OLIVEIRA, M.R. Efeito associativo do espaçamento entre linhas de plantio, densidade de plantas e idade sobre o desempenho vegetativo e qualitativo do sorgo forrageiro. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.7, n.2, p. 165-181, 2008. PEDREIRA, M. dos S.; REIS, R.A.; BERCHIELLI, T.T.; MOREIRA, A.L.; COAN, R.M. Características Agronômicas e Composição Química de Oito Híbridos de Sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench]. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5, p.1083-1092, 2003. PESCE, D.M.C.; GONCALVES, L.C.; RODRIGUES, J.A.S.; RODRIGUEZ, N.M.; BORGES, I. Análise de Vinte Genótipos de Sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), de Portes Médio e Alto, Pertencentes ao Ensaio Nacional. Revista Brasileira de Zootecnia. v.29, n.4, 2000. SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A Cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, Washington, v. 30, p. 507-512, Sept. 1974. SILVA, F.F. Qualidade de silagens de híbridos de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) de portes baixo, médio e alto com diferentes proporções de colmo + folhas/panícula. 1997. 94p. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 1361

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