DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA DA PRÓPOLIS DE ABELHAS NATIVAS: T. angústula e M. quadrifasciata quadrifasciata

Documentos relacionados
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA DO PRÓPOLIS DE ABELHAS NATIVAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DE DIFERENTES ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS CRIADAS NA CETREVI-EPAGRI-VIDEIRA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MEL PRODUZIDO POR DIFERENTES ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS CRIADAS NA CETREVI-EPAGRI VIDEIRA

BIOPROSPECÇÃO ANTIMICROBIANA DE EXTRATO DA PRÓPOLIS DE Apis mellifera PRODUZIDO EM MG E O SEU SINERGISMO COM A PENICILINA

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Resumo. Palavras-chave: Extratos etanólicos de própolis. Teor de polifenóis totais. Atividade antimicrobiana. Abstract

Determinação de sensibilidade bacteriana aos antimicrobianos

Diagnóstico da Meliponicultura no Brasil

USO DA PRÓPOLIS NO CONTROLE in vitro DA BACTÉRIA GRAM-POSITIVA Staphylococcus aureus CAUSADORA DA MASTITE EM VACAS LEITEIRAS 1

Características físico-químicas e atividade antimicrobiana de extratos de própolis da Paraíba, Brasil

PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA, TOXICIDADE IN VITRO E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTI-RADICALAR E ANTIBACTERIANA DA GEOPRÓPOLIS DA ABELHA JANDAÍRA

ACTIVIDADE ANTIOXIDANTE DE PRODUTOS DA COLMEIA

Influência da coloração de frações cromatográficas na atividade antimicrobiana de própolis vermelha

PERFIL DE INBIÇÃO DE MÉIS DE AROEIRA PRODUZIDOS POR ABELHAS APIS MELLIFERA

Produção do mel 29/10/2010

Oliveira, K. A. M. et al.

O pólen coletado pelas abelhas sem ferrão (Anthophila, Meliponinae)

(22) Data do Depósito: 25/02/2015. (43) Data da Publicação: 20/09/2016

GEOPRÓPOLIS PRODUZIDA POR DIFERENTES ESPÉCIES DE ABELHAS: ATIVIDADES ANTIMICROBIANA E ANTIOXIDANTE E DETERMINAÇÃO DO TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DOS FRUTOS DO CERRADO Genipa americana L., Dipteryx alata Vog. E Vitex cymosa Bert.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DA PRÓPOLIS DE Apis mellifera OBTIDA POR DIFERENTES TÉCNICAS DE COLETA EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON- PR

Atividade antimicrobiana de frações da própolis vermelha de Alagoas, Brasil. Antimicrobial activity of fractions of red propolis from Alagoas, Brazil

PRODUÇÃO DE PRÓPOLIS E SUA UTILIZAÇÃO NA PRODUÇÃO ANIMAL

QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONÓIDES E FENÓIS DO EXTRATO DO FEIJÃO BRAVO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS Departamento de Microbiologia e Imunologia. Ary Fernandes Júnior

POTENCIAL PRODUTIVO DE PRÓPOLIS COM ABELHA SEM FERRÃO Frieseomelitta varia.

PRÓPOLIS: EFEITO NA FRAGILIDADE OSMÓTICA DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE ANTIBIOTICOS CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO MEL DE ABELHA Apis mellifera DO SERTÃO PARAIBANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA MELIPONICULTURA PROGRAMA DA DISCIPLINA

PADRONIZAÇÃO DE EXTRATIVOS DE GEOPRÓPOLIS DE Melipona fasciculata SmITh (TIÚBA)*

TÍTULO: EFEITO ANTIMICROBIANO DOS FLAVONÓIDES DO PÓLEN APÍCOLA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Dissertação

Produção de Própolis em Portugal Sandra Barbosa Valentiva, Lda.

CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DOS EXTRATOS DE PÓLEN APÍCOLA DA REGIÃO SUL DO BRASIL

EMERGÊNCIA DE Salmonella RESISTENTE A QUINOLONAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

EFEITO ANTIMICROBIANO DA PRÓPOLIS CONTRA AGENTES INFECCIOSOS DE INTERESSE VETERINÁRIO

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE MÉIS DE MELIPONÍNEOS OBTIDOS DE DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DO PARANÁ (BRASIL)

Como ter sucesso em empreendimentos apícolas. Manoel Eduardo Tavares Ferreira Apis Flora

Anais do 1º Seminário sobre Criação de Abelhas & 1 Economia Solidária, Estado do Rio de Janeiro 2008 UFRRJ Seropédica, RJ, Brasil

Qualidade microbiológica do mel de abelhas Melipona scutellaris

Comunicado 383 Técnico

VISITANTES FLORAIS E POTENCIAIS POLINIZADORES DE ORA-PRO-NOBIS (Pereskia aculeata) NA REGIÃO DE INCONFIDENTES, MG

Antibacterial effect of Camellia sinensis on human pathogens

COMPARAÇÃO POLÍNICA ENTRE A PRÓPOLIS DOS MUNICIPIOS DE FÊNIX E PEABIRU

ESTUDO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANO DE EXTRATO NATURAL DE FOLHAS DE OLIVEIRA EM VEGETAIS (VMP s)

Estudo farmacológico do óleo essencial de vários tipos de pimentas.

Avaliação microbiológica de amostras de mel de trigoníneos (Apidae: Trigonini) do Estado da Bahia

APICULTURA ABELHAS SEM FERRÃO. Docente: Lilian Kratz. Discentes: Ana Cecília da Luz Frantz; Franciela Rocha; Gabriella Ruzskowski da Rocha;

Bases ecológicas da resistência bacteriana às drogas

AVALIAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO MEL DE APIS MELLIFERA PRODUZIDO NA REGIÃO DE SINOP/MT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA APICULTURA PROGRAMA DA DISCIPLINA

Cuidados a serem tomados para que produtos apícolas tenham qualidade

SUSCEPTIBILIDADE DOS AGENTES DE INFECÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

ELABORAÇÃO DE VINAGRE UTILIZANDO MEL DE ABELHA (APIS MELLIFERA) EXCEDENTE DE PRODUÇÃO

EFEITO TOXICO DO MACERADO DA FLOR DE

PERFIL DA RESISTÊNCIA/SENSIBILIDADE À ANTIBIÓTICOS EM CEPAS DE Staphylococcus spp. ISOLADAS DE LEITES PROVENIENTES DE VACAS COM MASTITE

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS DE JATAÍ PRODUZIDOS NO RIO GRANDE DO SUL

Qualificação em meliponicultura sob enfoque agroecológico em Boninal, Chapada Diamantina, Bahia

ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE FOLHAS DE LOURO (LAURUS NOBILIS L) EM BACTÉRIAS CAUSADORAS DE TOXINFECÇÃO ALIMENTAR

A NATURALIDADE DA DESINFECÇÃO. ORIGEM, PROCESSO PRODUTIVO E EFICÁCIA DA Baccharis dracunculifolia D.C

A produção de própolis e pólen na rentabilidade de apiários

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO CONTENDO EXTRATO DE PRÓPOLIS VERMELHA PARA PREVENÇÃO DA CÁRIE

Anais do II Simpósio de Produção Animal do Vale do São Francisco 1 BIOLOGIA E MANEJO DE ABELHAS SEM FERRÃO. Márcia de Fátima Ribeiro 1

MELIPONICULTURA COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL

A criação de abelhas nativas em propriedades agroecológicas no Leste de Minas Gerais

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: características clínicas e microbiológicas

Considerações Biomédicas sobre a Própolis Verde de Minas Gerais

MF-1308.R-2 - MÉTODO DE LIXIVIAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS EM MEIO AQUOSO - TESTE DE LABORATÓRIO

Levantamento dos estudos com a própolis produzida no estado da Bahia

Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mourão (PR), v.2, n.1, p 60-65, jan./jun., 2011.

EXTRATOS ETANÓLICOS E OLEOSOS DE PRÓPOLIS: QUANTIFICAÇÃO E ATIVIDADE BIOLÓGICA

Recuperação de colônias de abelhas nativas de área desmatada no projeto Pontal Norte e implantação de meliponários em assentamentos

Resistência bacteriana as drogas antimicrobianas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JANALLE ROCHA DOS SANTOS

DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIOXIDANTE DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE Cymbopogon flexuosus CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

Revista Eletrônica de Biologia

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE PITANGA E CAPIM CIDREIRA

ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO DE ERVA-MATE (ILEX PARAGUARIENSIS ST. HIL.).

Curva de sobrevivência de bactérias isoladas do leite de vacas com mastite a três extratos etanólicos de própolis*

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE FORMULAÇÕES DE SPRAY BUCAL DE PRÓPOLIS AROMATIZADOS

Estudo in vitro e ex vivo da ação de diferentes concentrações de extratos de própolis frente aos microrganismos presentes na saliva de humanos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA UEPB CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CCBS DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA CAROLINA MEDEIROS DE ALMEIDA

Débora Rosa Portilho 1, Iangla Araújo de Melo 2, Ricardo Consigliero Guerra 3, Hebert Lima Batista 4, Cláudio Henrique Clemente Fernandes 5

Palavras chave: peptídeo; estrutura 3D; SDS micelas

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE ÓLEOS ESSENCIAIS PRESENTES EM PLANTAS AROMÁTICAS FRESCAS E DESIDRATADAS

Caracterização Físico-química de mel de abelha sem ferrão proveniente do Alto São Francisco

PERFIL DE SENSIBILIDADE DE AGENTES CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA ANALÍTICO DE DISCIPLINA

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E ANTIMICROBIANAS DOS FRUTOS DA AROEIRA (Schinus terebenthifolius Raddi).

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE FRUTOS DA PLANTA Illicium verum HOOK

TRATAMENTO DE MASTITE BOVINA CAUSADA POR Streptococcus agalactiae COM UTILIZAÇÃO DE PRÓPOLIS 1. INTRODUÇÃO

TRABALHOS PREMIADOS COM CREDENCIAIS EM EVENTOS CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

APROVEITAMENTO DA CASCA DE CITROS NA PERSPECTIVA DE ALIMENTOS: Prospecção da Atividade Antibacteriana

Avaliação da atividade antibacteriana de extratos etanólico e de ciclohexano a partir das flores de camomila (Matricaria chamomilla L.

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

TÍTULO: PERFIL ANTIMICROBIANO DE EXTRATOS HIDROALCOÓLICO DE PLANTAS NATIVAS NO CONTROLE DE BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

Propriedades Antioxidantes e antimicrobianas de filmes de amido contendo extrato de própolis

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA

Transcrição:

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA DA PRÓPOLIS DE ABELHAS NATIVAS: T. angústula e M. quadrifasciata quadrifasciata Júlia Mioza Lazaris 1 ; Marina Frâncio Balena 2 ; Karine Schulck 3 ; Aledson R. Torres 4 ; Bruno Menezes de Oliveira 5 INTRODUÇÃO Introduzidas no Brasil, em 1839 pelo padre Antônio Carneiro, as abelhas europeias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera carnica, Apis mellifera caucasica) disseminaram-se por toda a Federação. Sendo que, devido a sua superioridade as abelhas europeias, posteriormente africanizadas, assumiram um papel predominante sobre as demais espécies nativas (NOGUEIRA-NETO, 1997; SOARES, 2012). Mas há também mais de uma centena de espécies de abelhas nativas, também conhecidas como abelhas indígenas, que já existiam no Brasil antes da introdução da Apis mellífera, que também produzem mel e própolis. Essas abelhas são polinizadoras naturais de inúmeras plantas da flora brasileira que ajudam a manter a biodiversidade. Atualmente a procura por produtos naturais com aplicação biológica tornouse de grande interesse da comunidade científica, e não diferentemente, ocorreu com os produtos produzidos pelas abelhas: mel, própolis, cera, pólen. O própolis constitui- 1-Aluna do IFC-Videira, Curso Téc. Nível Médio Int. em Agropecuária. E-mail: julialazaris@gmail.com 2-Aluna do IFC-Videira, Curso Téc. Nível Médio Int. em Agropecuária. E-mail marinabalena@gamil.com 3-Técnica de Laboratório de Química do IFC-Videira. E-mail: karine.schuck@ifc-videira.edu.br 4-Professor Coorientador do IFC-Videira. E-mail: aledson.torres@ifc-videira.edu.br 5-Professor Orientador do IFC-Videira. E-mail: bruno.oliveira@ifc-videira.edu.br

se de uma resina produzida pelas abelhas, oriunda da mistura de secreções produzidas pelas abelhas e de diferentes partes de plantas, como brotos, botões florais e exsudados resinosos (GHISALBERTI, 1979). A este produto apícola tem sido creditado inúmeras atividades biológicas, podendo citar atividades antimicrobianas, anti-inflamatória, anti-sépticas entre outras que tem atraído a atenção de pesquisadores (GHISALBERTI, 1979; BANKOVA et al., 1995; MARCUCCI, 1995). Sua composição química está diretamente relacionada com a flora da região, época da colheita, técnica empregada para extração e com a espécie da abelha (MARCUCCI, 1995). Várias são as classes de substâncias isoladas, identificadas e quantificadas na própolis, as quais citamos: flavonoides, flavonas preniladas, benzopirano, benzofenona, éster do ácido caféico, triterpenóides entre outros (CHEN et al., 2003; RUBIO et al., 1999; BANSKOTA et al., 2000). Dentre estes destacam-se os flavonóides e ácidos fenólicos aos quais são atribuídas grande parte das atividades biológicas da própolis. Embora as indústrias farmacêuticas tenham produzido uma variedade de antibióticos, cada vez mais tem sido observado um aumento da resistência das bactérias a essas drogas usadas para fins terapêuticos. Em geral, bactérias têm a habilidade genética de adquirir e transmitir resistência às drogas utilizadas como agentes terapêuticos. O problema dos microrganismos resistentes está crescendo e a perspectiva para o uso de antibióticos é indefinida (COUTINHO et al., 2004). Sendo assim, pesquisas voltadas para o estudo e avaliação de produtos naturais com potencial terapêuticos e principalmente com atividade antibiótica devem ser estimuladas no intuito de criar novas perspectivas de tratamentos contra esses patógenos. De forma que propomos no presente estudo a avaliação da concentração inibitória mínima da própolis das espécies de abelhas nativas: T. angústula e M. quadrifasciata, contra bactérias das espécies E. coli e S. Aureus; o que se torna importante no momento que poucos estudos tem sido realizados sobre as propriedades do própolis destas abelhas.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Química do Instituto Federal Catarinense câmpus Videira, no período de julho de 214 a julho de 2015. Para o experimento foram utilizados os própolis produzidos por 2 espécies de abelhas nativas sendo elas: Tetragonisca angustula (Jataí), Melipona quadrifasciata quadrifasciata (Mandaçaia). Coleta das amostras e obtenção do extrato O própolis foi coletado no meliponário de propriedade do Sr. Luiz Celso Stefaniak, localizada no interior de Rio das Antas - SC (latitude 26 51'13,8'' Sul, longitude 51 05'40,4'' Oeste). As coletas foram realizadas na primavera de 2014, sendo realizadas através de raspagem mecânica das caixas. A obtenção do extrato etanólico do própolis (EEP) foi conforme descrito por PARK et al.(1998), onde o própolis após colhido foi triturado com uso de pistilo e gral, e após triturado, 2 g de própolis foram adicionado a 25 ml de solução hidroalcoólica (80%), sendo a extração realizada a 70 C por 30 minutos, com agitação constante. Determinação da concentração inibitória mínima A concentração inibitória mínima (CIM) foi determinada através do método de microdiluição em caldo, conforme descrito pela Clinicla and Laboratory Standards Institute - CLSI M07-A09 (2012) com pequenas modificações. As cepas bacterianas de S. aureus (ATCC25923), E. coli (ATCC25922) foram cultivadas em meio de cultura Brain Heart Infusiun (BHI) em microplacas contendo 96 poços. O inócuo bacteriano foi ajustado a partir da escala 0.5 MacFarland (1 x 10 8 CFU/mL) para obter concentração final no poço de 5 x 10 5 CFU/mL. A concentração final do extrato variou entre 16-0,25 mg/ml. A inócuo bacteriano deixado em crescimento por 24 h a 37 C, quando então foi adicionado 40 µl de Resazurina 0,01% (indicador de crescimento) e após 30 minutos realizou-se a leitura visual. O desenvolvimento de cor roxa indica

que não houve crescimento bacteriano (negativo), enquanto que a cor púrpura indica crescimento (positivo). Quadro 1 Esquema da microdiluição em caldo Fig. 1 Exemplo do ensaio da microdiluição

Análise estatística A análise estatística foi realizada através da aplicação do teste t, utilizando para isso o programa Graph Pad Prism versão 4.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com as análises realizadas, observamos que o EEP apresentou atividade antimicrobiana para ambas as cepas bacterianas testadas: S. aureus (ATCC25923), E. coli (ATCC25922), sendo que a menor CIM, ou seja, maior atividade antibacteriana foi contra a bactéria gram positiva, o que encontra-se de acordo com a literatura (SILVA et al., 2012; Da CUNHA et al., 2013; CHOUDHARI et al., 2012; FERNANDES Jr. et al., 2001; MARCUCCI et al., 2001). Tabela 1. Suceptibilidade da M. quadrifasciata quadrifasciata e T. angustula ao EEP Cepa Bacteriana M. quadrifasciata quadrifasfiata T.angustula S. aureus ATCC 25923 1.26 mg/ml 6.13 mg/ml E. coli ATCC 25922 7.72 mg/ml 9.73 mg/ml O EEP da M. quadrifasciata quadrifasciata apresentou uma melhor atividade antibacteriana que a T. angustula para ambas as bactérias. A CIM do EEP da M. quadrifasciata quadrifasciata foi de 1,26 e 7,72 mg/ml, contra S. aureus e E. coli, respectivamente (Fig. 2).

Figura 2 - Determinação da CIM do EEP para S. aureus O EEP da T. angústula apresentou maior CIM, 6,13 mg/ml para S. aureus e 9,73 mg/ml para E. coli. (fig. 3) Figura 3 Determinação da CIM do EEP para E. coli

Os valores para CIM encontrados neste trabalho com abelhas nativas sem ferrão (meliponíneos) são maiores quando comparados aos valores publicados para abelhas da espécie Apis melífera, o que encontra-se de acordo com o descrito por Levy Jr. (1997) e Fernandes Jr. (2001). O que pode ser atribuído a diferença na composição química da própolis entre as espécies produtoras, uma vez que existe uma preferência das espécies de abelhas por determinadas espécies florais, sendo que a especificidade da flora determina a composição da própolis (BANKOVA et al. 2014). CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar dos avanços na terapia, ainda vivemos em uma era onde os incidentes de infecções resistentes a antibióticos estão assustadoramente em ascensão. O fator mais importante que influencia o surgimento e disseminação da resistência aos antibióticos é a excessiva exposição bacteriana aos antibióticos. Onde surge a necessidade de pesquisar produtos de origem natural com atividade antibacteriana. O EEP de M. quadrifasciata quadrifasciata, demonstrou boa atividade antibacteriana para S. aureus, podendo ser usado como coadjuvante ao tratamento usual clínico convencional. REFERÊNCIAS BANKOVA, V. S.; CASTRO, S. L.; MARCUCCI, M. C. Propolis: recent advances in chemistry and plant origin. Apidologie. n. 31, p. 3-15, 2000 BANKOVA, V. S.; POPOVA, M.; TRUSHEVA, B. Propolis volatile compounds; chemical diversity and biological activity: a review. Chemistry Central Journal. n. 8:28, p. 1-8, 2014.

BANSKOTA, A. H.; TEZUKA, Y; MIDORIKAWA, K; MATSUSHIGE, K; KADOTA, S. Two novel cytotoxic benzofuran derivatives from Brazilian propolis. Journal Nat. Prod.,v. 63, p.1277-9, 2000 CHEN, C. N.; WU, C. L.; SHY, H. S.; LIN, J. K.; J. Cytotoxic prenylflavanones from Taiwanese propolis. Journal Natural Products, n. 66, v. 4, p.503-6, Apr, 2003. CHOUDHARI, M. K.; PUNEKAR, S.A.; RANADE, R. V.; PAKNIKAR, K.M. Antimicrobial activity of stingless bee (Trigona sp.) propolis used in the folk medicine of Western Maharashtra, India. Journal of Ethnopharmacology, v. 141, p. 363-367, 2012 COUTINHO et al. Atividade antimicrobiana de produtos naturais. Revista Conceitos v. 6, p. 77-85, 2004. Da Cunha, M. G.; Franchin, M.; de Carvalho Galvao, L. C.; de Ruiz, A. L.; de Carvalho, J. E.; Ikegaki, M.; de Alencar, S. M.; Koo, H.; Rosalen, P. L. Antimicrobial and antiproliferative activities of stingless bee Melipona scutellaris geopropolis. BMC Complementary and Alternative Medicine. 13:23. 2013. FERNADES JR, A.; LEOMIL, L.; FERNADES, A. A. H.; SFORCIN, J. M. The antibacterial activity of própolis produced by Apis melífera L. and Brazilian stingless bees. Journal of venomous Animals and Toxins, v. 7 (2), p. 1-9, 2001 GHISALBERTI, E. L. Própolis: a review, Bee World. v. 60, p. 59-84, 1979 LEVY JR NC. Estudo da atividade antimicrobiana de méis e própolis de Apis mellifera e Meliponinae brasileiros. Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências,1997. 116p. (Dissertação - Mestrado). MARCUCCI, M. C. Propolis: chemical composition, biological properties an therapeutic activity. Apidologie. v. 26, p. 83-99, 1995. MARCUCCI, M. C.; FERRERES, F.; GARCIA-VIGUERA, C.; BANKOVA, V. S.; CASTRO, S. L. d., DANTAS, A. P.; VALENTE, P. H. M.; PAULINO, N. Phenolic compounds from Brazilian própolis with pharmacological activities. Journal of Ethnopharmacology, v. 74, p 105-112, 2001 NCCLS; Methods for Dilution Antimicrobial Susceptibility Tests for Bacteria That Grow Aerobically, Approved Standard - M7-A09, vol. 32, n 02, 2012. NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão, São Paulo, ed. Nogueriapis, 1997

PARK, Y. K.; IKEGAKI, M.; ABREU, J. A. S.; ALCICI, N. M. F. Estudo da preparação dos extratos de própolis e suas aplicações. Revista Ciência Tecnologia de Alimentos. n. 18, v. 3, p. 313-318,1998. RUBIO, O. C.; CUELLAR, A. C.; ROJAS, N.; CASTRO, H. V.; RASTRELLI, L.; AQUINO, R. Polyisoprenylated benzophenones from Cuban propolis. Journal Natural Products. v. 62, p. 1013-1015, 1999. SILVA, J.C.; RODRIGUES, S.; FEÁS, X. ESTEVINHO, L. M. Antimicrobial activity, phenolic profile and role in the inflammation of propolis. Food and Chemical Toxicology, n 50, p.1790-1795, 2012. APOIO: