PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE FAUNA NOTA METODOLÓGICA



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Transcrição:

PLANO BÁSICO AMBIENTAL DO AHE CACHOEIRA CALDEIRÃO PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE FAUNA NOTA METODOLÓGICA Licença Prévia 0112/2012 Condicionante Específica Nº 2.2 Detalhar todos os programas de prevenção, controle e monitoramento consignados no Estudo de Impacto Ambiental e demais documentos, no Plano Básico Ambiental-PBA, que, necessariamente incluirá: metodologia, cronograma físico de execução e responsável técnico, devendo ser apresentado em versões impressa e digital. P6 EIA Monitoramento Integrado da Fauna Terrestre Monitoramento da Avifauna Monitoramento de Invertebrados Terrestres Monitoramento de Mamíferos Monitoramento da Herpetofauna 1. INTRODUÇÃO As propostas de programas do PBA relativas ao Monitoramento de Fauna, para os grupos mamíferos terrestres, aves, répteis e anfíbios e invertebrados terrestres todas, em suas indicações metodológicas, apontaram o protocolo RAPELD instituído pelo Programa de Pesquisas em Biodiversidade PPBio/MCT como delineamento espacial para a implantação de unidades amostrais concernentes às especificidades de cada grupo de pesquisa. Obviamente, a implantação de referido protocolo amostral tem algumas implicações de ordem operacional que necessitam ser claramente definidas, como a simplificação do modelo original para adequar-se às circunstâncias locais, a disponibilidade satisfatória de formação natural, restrições a perturbações antrópicas, etc. PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 1

Ao lado disso existem implicações associadas aos custos adicionais que incidem sobre a implantação e manutenção da grade amostral que, indubitavelmente, precisa ter a garantia do empreendedor para com os respectivos encargos antecipadamente para não dificultar cronograma amostral, de atendimento a critérios exigidos pela referido protocolo, enfim, outras garantias mais, de modo a evitar interferências que possam causar prejuízos aos respectivos monitoramentos biológicos. Para efeito do presente documento, este último assunto tem papel definitivo na viabilização ou não do referido protocolo amostral. E, por conta disso é que, após avaliação e acordo por parte do empreendedor foi autorizada a elaboração de instruções que, dentre seus aspectos informativos, contemplassem a definição do arranjo espacial que deve ser seguido para a implantação do protocolo RAPELD na área de influência do AHE Cachoeira Caldeirão. 2. PROTOCOLO RAPELD 2.1. BASE CONCEITUAL O delineamento amostral RAPELD integra duas escalas temporais de estudos, onde a sigla RAP (Rapid Assessment Protocols), contempla os inventários e estudos rápidos, de curta duração e PELD, as Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (MAGNUSSON et al. 2005). Apesar da origem acadêmico-científica, o referido método vem sendo indicado pelo IBAMA por melhor atender a Instrução Normativa N o 146/2007- IBAMA, no tocante à adoção de critérios padronizados para a execução de trabalhos de levantamento e monitoramento de flora e fauna no âmbito do licenciamento ambiental. Pelas definições, um dos objetivos do método é propiciar delineamento amostral padronizado que permita a comparação de resultados do mesmo grupo biológico entre regiões, e de grupos diferentes na mesma região (MAGNUSSON et al. 2005). O delineamento RAPELD busca ajustar as necessidades amostrais de diversos grupos biológicos dentro das mesmas unidades amostrais (parcelas), propiciando a integração dos dados bióticos e abióticos, bem como a integração de dados de diferentes grupos biológicos. Em investigações de padrões de distribuição espacial de organismos, os fatores ambientais precisam ser bem controlados estatisticamente (RICKLEFS, 2004). Para as comunidades de plantas neotropicais, os fatores ambientais que têm maior influência sobre a estrutura das comunidades, desde a mesoescala até a escala da PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 2

paisagem, são as características associadas ao solo (como textura e disponibilidade de nutrientes) e à topografia (PIMAN et al. 2001; CONDIT et al. 2002; TUOMISTO et al. 2003; VORMISTO et al. 2004; SVENNING et al. 2006). No método RAPELD, a variação interna da textura do solo na parcela é minimizada, pois as parcelas seguem a curva de nível do terreno (MAGNUSSON et al. 2005). 2.2. IMPLANTAÇÃO Na concepção original do método, cada sítio de coleta é composto por uma grade de 12 trilhas abrangendo 25 km² espaçadas a cada quilômetro, sendo 6 no sentido N-S e 6 no sentido L-O. Ao longo das trilhas, há 30 parcelas também espaçadas sistematicamente a cada quilômetro, conforme mostra a Figura 1. FIGURA 1 - Esquema demonstrando a localização e tamanho da grade de pesquisa RAPELD e parcelas associadas. FONTE: ppbio.inpa.gov.br/instalacao/parcelas PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 3

Cada sítio de pesquisas pode, dependendo da heterogeneidade ambiental, abrigar diversos tipos de parcelas permanentes. Existem parcelas que são distribuídas sistematicamente ao longo das trilhas (parcelas de distribuição uniforme) e normalmente usadas para amostrar organismos que são encontrados com frequência, como insetos, plantas herbáceas, fungos, anfíbios, répteis, etc. Existem também parcelas permanentes desenhadas para amostrar organismos aquáticos de pequenos corpos d água como peixes e insetos aquáticos (parcelas aquáticas), para organismos que vivem ao redor desses corpos de água, como vegetação ripária e anfíbios (parcelas ripárias) e para organismos que usam corpos d água maiores como jacarés e quelônios. Para os organismos que não podem ser amostrados em parcelas pequenas, ou seja, aqueles organismos que normalmente são pouco frequentes no ambiente, como árvores de interesse comercial, ou aqueles que apresentam grande mobilidade, como os grandes mamíferos, as trilhas principais podem ser usadas como unidades de amostragem. 2.1. PARCELAS PERMANENTES As parcelas são distribuídas de forma sistemática ao longo das grades ou módulos com 1 km de distância entre si e tem 250 m de comprimento. A demarcação da linha central das parcelas é feita por, no mínimo, duas pessoas e o material de campo essencial é um clinômetro (aparelho que mede a inclinação do terreno) ou teodolito. A linha central da parcela, que acompanha a curva de nível do terreno, é materializada com barbante de plástico, sempre em segmentos retos de 10 m (Figura 2). Estes segmentos são fixados com piquetes feitos de tubos de PVC branco com diâmetro de 1/2 polegada e comprimento de 50 cm (20 cm ficam enterrados e 30 cm ficam acima da superfície do solo). Cada piquete recebe uma placa de alumínio indicando a metragem ao longo da linha central. Seu início é a 10 m de distância da trilha principal, seguindo a cota de nível do piquete instalado na trilha principal. No caso das grades completas essas parcelas são sempre instaladas nas marcações de 500 m de cada quadrante (Figura 1). O processo de demarcação das parcelas pode ser descrito da seguinte maneira: ao chegar ao marco de onde se deseja iniciar a instalação da parcela (marcações de 500 m de cada quadrante, no caso de grades completas), uma pessoa se situa no piquete da trilha principal com o clinômetro e a outra pessoa se desloca aproximadamente 10 m para o lado DIREITO da trilha principal. A pessoa que ficou no piquete da trilha principal então indica para a outra pessoa qual é exatamente o ponto que está na mesma curva de nível do piquete de 500 m. Essa indicação é dada pelo clinômetro e, para encontrar o ponto certo, muitas vezes é preciso andar para os lados. Uma vez achado um ponto que PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 4

está no mesmo nível topográfico que o piquete da trilha principal é preciso medir com uma trena 10 m de distância (que antes havia sido apenas estimado). É importante checar novamente, usando o clinômetro, se o novo ponto está mesmo seguindo a curva de nível do terreno em relação ao piquete da trilha principal. Devidamente conferido esse novo ponto será o início da parcela (piquete 0 m). Um cano de 50 cm com uma plaqueta de metal indicando "0 m" é fixada neste local. Uma vez marcado o ponto zero, um barbante plástico deverá ser puxado do piquete da trilha central até o ponto zero da parcela (amarrado no cano). A pessoa situada no piquete da trilha principal marca um novo ponto a 60 cm para a DIREITA. Este ponto deverá ser marcado também com um cano de 50 cm. A pessoa situada no ponto zero realiza o mesmo procedimento, assim será possível esticar outro barbante entre os novos pontos marcados. Este procedimento irá garantir a delimitação de um caminho único, com os dois barbantes dispostos paralelamente, para que pesquisadores caminhem na parcela (Figura 2). Note-se que até este ponto do processo NENHUM elemento da vegetação deverá ser cortado. Somente após a demarcação deverá ser cortada apenas a vegetação que estiver no interior do caminho. A pessoa que estava no piquete da trilha central se desloca para o piquete "zero" e a outra pessoa caminha mais 10 m e repete todo o processo, até o ponto 250 da parcela. Ao final do processo, uma parcela medindo 250 m, seguindo a curva de nível e com um caminho de 60 cm para a passagem de pesquisadores, estará instalada. 2.1.1. Curvas com inclinação menor ou igual a 70 (Figura 2 b): Como as parcelas permanentes seguem a curva de nível do terreno, a mesma não necessariamente segue uma linha reta e pode apresentar um traçado sinuoso. Dependendo do organismo a ser estudado, a parcela varia em sua largura. Por exemplo, para fungos de solo a parcela possui 25 cm de largura, e para árvores grandes (acima de 30 cm de DAP), 40 m. Quando a inclinação entre segmentos (três piquetes) é menor do que 70 (Figura 2-b), a sobreposição entre a área amostrada (no caso de árvores grandes, por exemplo), é muito grande. Desse modo, foi estabelecido que uma inclinação igual ou menor que 70 não é aceitável. Quando isso ocorre, os piquetes que apresentaram inclinação demasiado pequena deverão ser ignorados e a distância que foi ignorada deverá ser compensada no final da parcela (Figura 2). PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 5

FIGURA 2 - Possíveis problemas durante a implantação de parcelas permanentes. Apenas a linha central da parcela está representada. a Parcela encontra a trilha principal; b Curvas com inclinação menor ou igual a 70. FONTE: ppbio.inpa.gov.br/instalacao/parcelas 2.1.2. Parcela encontra a trilha central (Figura 2 a): Dependendo da topografia, a linha central de uma parcela poderá cruzar a trilha principal da grade (ou módulo) (Figura 2 a). Como a vegetação da trilha encontra-se alterada, este trecho não pode ser considerado como uma parte efetiva da parcela. Neste caso, devem-se desconsiderar os trechos que estiverem sobrepostos à trilha da grade e adicionar os trechos correspondentes no final da parcela (Figura 2). 3. LOCAÇÃO DOS MÓDULOS RAPELD PARA ATENDER MONITORAMENTO DE FAUNA NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO AHE CACHOEIRA CALDEIRÃO. Na adequação do referido método de investigação biológica para atender necessidade de monitoramento de fauna do citado empreendimento a primeira condição a ser buscada foi de que a locação dos módulos de monitoramento fosse o satisfatório, suficiente, para detectar possíveis efeitos que poderiam advir da construção ou funcionamento do empreendimento, de forma que outras perturbações que porventura pudessem alterar a composição da vegetação das unidades amostrais fossem isoladas. Para isso as parcelas deveriam estar, preferencialmente, longe de clareiras antropogênicas, estradas e trilhas, exceto as produzidas pela construção do empreendimento, para evitar efeitos de borda e outros tipos de pressão. PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 6

Com esse mesmo objetivo interessa que a locação das parcelas de monitoramento permaneçam, na medida do possível, sem sofrer interferências antrópicas de qualquer tipo, pois atividades antrópicas, nas suas várias formas, como caça, extrativismo vegetal, pecuária ou simples trânsito, ocasionam alterações que podem interferir na estrutura do ambiente local, podendo implicar em conclusões errôneas sobre a dinâmica do referido ambiente. Assim, cabe procurar locais em que o trânsito de pessoas e/ou animais domésticos seja escasso ou mesmo ausente. Transpor isso para a realidade das áreas de influência do AHE Cachoeira Caldeirão foi tarefa difícil, pois toda a extensão da AID do empreendimento encontra-se marcada por ocupações antrópicas em diferentes formas. No caso da margem direita do rio Araguari não haveria condição, pois ali ocorre a sede municipal de Porto Grande com forte expansão perirubana, moradores dispersos, instalações de exploração mineral, áreas agrícolas, formações secundárias. Tudo em meio a pequenos fragmentos de formações primárias com grandes isolamentos entre si. A AID do empreendimento correspondente à margem direita do referido rio também se apresenta com sérias restrições, por conta de lotes ribeirinhos pertencentes ao PA Manoel Jacinto e também de outros moradores ribeirinhos com suas marcas de agricultura itinerante, etc. Frente a isso, foram indicados quatro módulos amostrais com extensão de 5 km cada, conforme demonstra a Figura 3, cuja delimitação não se restringe unicamente aos limites da AID que estão representados pelos contornos de linha amarela. Os módulos 1 e 2 são inteiramente representativos de ambientes florestais primários que, na classificação fitofisionômica do EIA/RIMA, abrange as tipologias: Floresta Ombrófila Densa Submontana Dossel Emergente e Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas. O módulo 1 está locado na margem esquerda do rio Amapari e o módulo 2, na margem direita do rio Araguari ambos em condição externa aos limites terrestres da AID, mas se mantendo dentro da projeção fluvial da AID. Os módulos 3 e 4 estão locados na margem esquerda do rio Araguari, em condição mais próxima à barragem. Ambos são inteiramente representativos de ambientes de contatos e transições vegetacionais, destacando as tipologias, Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas, Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas + Savana Florestada. Finalmente, cabe dizer que na própria Figura 3, ilustrativa da locação espacial dos quatros módulos amostrais, consta um quadro demonstrativo das coordenadas geográficas de cada módulo. PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 7

FIGURA 3 - Locação dos módulos para os monitoramentos de fauna na Área de Influência do AHE Cachoeira Caldeirão 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ECOTUMUCUMAQUE. (2009). Estudo de Impacto Ambiental: Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão. Relatório Técnico. Macapá/AP: Ecotumucumaque, MAGNUSSON, W.E.; LIMA, A.P.; LUIZÃO, R.; LUIZÃO, F.; COSTA, F.R.C.; CASTILHO, C.V.; KINUPP, V.F. (2005). Rapeld: a modification of the gentry method for biodiversity surveys in long-term ecological research sites. Biota Neotropica, 5(2): 1-6. Métodos de Instalação Parcelas Permanentes em uma Grade RAPELD. Disponível em: http://www.ppbio.inpa.gov.br/instalacao/parcelas PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 8

5. ANEXO Mapa locação dos módulos para os monitoramentos de fauna na Área de Influência do AHE Cachoeira Caldeirão PBA Plano Básico Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira Caldeirão 9

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