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Transcrição:

Boletim Academia Paulista de Psicologia ISSN: 1415-711X academia@appsico.org.br Academia Paulista de Psicologia Brasil Custódio Marconi, Eda; Gomes, Maria R.R.; Avoglia, Hilda R.C.; Bastos, Isaac Qualidade de vida entre universitárias: Estudos preliminares com o WHOQOL Bref Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. XXIV, núm. 3, setembro-dezembro, 2004, pp. 47-57 Academia Paulista de Psicologia São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94624308 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Qualidade de vida entre universitárias: Estudos preliminares com o WHOQOL Bref. Eda Marconi Custódio (C.20) 1 Maria R.R. Gomes, Hilda R.C. Avoglia (docentes) e Isaac Bastos (aluno da graduação) Curso de Psicologia da UMESP Resumo: Embora não haja consenso a respeito do conceito de qualidade de vida, três aspectos fundamentais se destacam em relação ao mesmo: subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões positivas e negativas. O desenvolvimento destes três elementos conduziu a uma definição de qualidade de vida pela Organização Mundial de Saúde (WHO) como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Embora sua avaliação tenha se concentrado em grupos de pessoas com comprometimento de saúde, principalmente entre aqueles submetidos aos cuidados paliativos, hoje há uma preocupação em se conhecer características de qualidade de vida em parcelas mais amplas da comunidade. Vários estudos têm buscado conhecer a qualidade de vida entre universitários. O presente trabalho representa a fase inicial de uma pesquisa que pretende avaliar fatores associados a diferentes expressões de qualidade de vida entre universitários, e aborda apenas estudantes do gênero feminino. O instrumento WHOQOL-bref - versão brasileira foi aplicado a 150 alunas entre 18 e 29 anos, sendo 95 alunas do curso de Psicologia e 55 do curso de Nutrição, freqüentando os 2º ou o 8º semestres dos períodos matutino e noturno na UMESP. O WHOQOL-bref consta de 26 questões, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as demais se dividindo em 4 domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. Meio Ambiente (composto pelas facetas segurança e recursos financeiros, entre outros) apresentou os piores resultados entre as universitárias. As alunas de Nutrição apresentaram melhores resultados nos domínios Físico, Meio Ambiente e Relações Sociais em relação às de Psicologia (teste t; p<0,05). As alunas do período matutino referem um índice melhor (t; p<0,05) no domínio Meio Ambiente. O mesmo domínio acusa melhor desempenho entre as alunas do 8º semestre, quando comparadas àquelas que se encontram em fase inicial da vida acadêmica - 2 o. semestre (t; p< 0,05). Várias explicações podem justificar estas diferenças e outras que se insinuam, entre elas: o poder aquisitivo das que estudam pela manhã e o objeto de estudo desenvolvido pelos dois grupos de estudantes Psicologia e Nutrição. O instrumento WHOQOL-bref parece demonstrar abrangência suficiente para representar a multidimensionalidade da qualidade de vida. A pesquisa prosseguirá investigando a qualidade de vida de universitários de outras áreas do conhecimento, de ambos os gêneros. Palavras-chaves: qualidade de vida, WHOQOL-Bref, Universitários 1 Docente do Curso de Pós-graduação de Psicologia da Saúde da UMESP e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia IPUSP. Endereço para correspondência: R. Victor Meireles, 277, 09580-460 S.Caetano do Sul/SP. E-mail.edmc@cibinet.com.br 47

1. Introdução A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem considerando desde 1948, que a saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecção ou doença. Conquanto este conceito não seja novo, pois como se vê já conta 56 anos, só nos últimos anos os profissionais da área da saúde se conscientizaram disso. E dada igual importância ao trabalho curativo e ao voltado para a proteção e promoção da saúde, visando estes ao bem estar, evitar o adoecer e proteger a população de eventuais doenças. Essas práticas modernas não apenas têm melhorado a qualidade de vida e, assim, do bem estar físico, mental e social, como ainda reduzido os gastos sociais com a saúde, porque evitar o adoecer onera bem menos o Estado e a população do que custear o tratamento das doenças e as perdas individuais causadas por elas. É importante para a sociedade evitar a inatividade e eventualmente a redução da capacidade produtiva das pessoas. Estas conclusões são igualmente verdadeiras quanto aos cuidados relativos à saúde mental. A mensagem do Diretor Geral do World Health Report 2001 (http://www.who.int/whr2001/2001/main/en/message/index.htm) assinalou, bem recentemente, que a doença mental não é uma falha pessoal e pode acontecer a qualquer um, não havendo qualquer justificativa para que as comunidades segreguem os doentes mentais ou os portadores de distúrbios cerebrais. O tema do World Healt Day 2001 foi: Pare de excluir, ouse cuidar! (Stop exclusion. Dare to care). Sobre a saúde em geral e a mental em particular, políticas de promoção são sempre bem vindas e desejáveis. Como se pode deduzir do World Health Report 2001, muitas são as estratégias que podem ser usadas na saúde mental, fazendo ele 10 recomendações: promover o tratamento em cuidados primários; tornar as drogas psicotrópicas disponíveis; investir em cuidados na comunidade evitando a hospitalização; educar o público para melhor conhecer as doenças mentais e seus tratamentos; envolver as comunidades e as famílias; estabelecer políticas nacionais, programas e legislação; desenvolver recursos humanos; estabelecer liames com outros setores, ou seja, a educação, o trabalho, as organizações não governamentais, que deveriam estar envolvidos de modo mais proativo na promoção da saúde mental das comunidades; monitorar a saúde mental da comunidade e, por último, fomentar mais pesquisas na área. Envolver as comunidades e influenciar políticas públicas no que refere aos cuidados em saúde, notadamente os relacionados à promoção e proteção da saúde, passou a ser uma preocupação constante da OMS. Várias reuniões foram realizadas com representantes de governos e comunitários de várias partes do 48

mundo e documentos importantes produzidos com o objetivo de se estabelecerem metas relativas à saúde. Andrade e Barreto (2002) sumariam os objetivos destes documentos, entre eles o Informe Lalonde, produzido pelo governo canadense em 1974; a Carta de Ottawa, referente a I Conferência Mundial de Promoção da Saúde de 1986; a III Conferência Mundial de Promoção de Saúde realizada na Suécia em 1991, tendo particularmente esta, como tema central, a criação de ambientes saudáveis. Na verdade a preocupação com ambientes saudáveis tem estado mais ou menos presente em todos os documentos produzidos e o envolvimento da comunidade tem sido uma constante. Segundo Andrade e Barreto (2002), estas preocupações também fundamentaram as bases discursivas da Reforma Sanitária norteadoras do nosso SUS. Paralelamente a estas preocupações, a OMS interessou-se em estudar questões relativas à qualidade de vida e desenvolveu inicialmente um instrumento para avaliá-la, o denominado WHOQOL 100 e, após o WHOQOL Bref. (http://www.ufrgs.br/psic/ whogol7.html). Conhecer a qualidade de vida dos pacientes dos ambulatórios de psiquiatria permitiria saber quão mais prontamente os mesmos responderiam aos tratamentos. Segundo o grupo WHOQOL (1998), qualidade de vida foi expressão usada pela primeira vez por Lyndon Johnson em 1964, ao declarar que os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas. Com a humanização da medicina, o termo qualidade de vida passou a integrar cuidados relacionados à saúde. Vários são os significados do termo e depende muito dos estudos aos quais está relacionado. O grupo WHOQOL apresenta a opinião de Bullinger e cols., em 1993, que consideram o termo qualidade de vida uma variedade de condições que podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o seu funcionamento diário, incluindo, mas não se limitando, a sua condição de saúde, às intervenções médicas. Berlim e Fleck (2003) fazem um balanço do conceito qualidade de vida e das dificuldades para defini-lo. Inicialmente, os autores lembram aos seus leitores que saúde e vida boa já foram consideradas por séculos dentro de uma perspectiva filosófica, teológica e científica. Entretanto o conceito em si é bem recente, introduzido em 1975 como uma palavra-chave nos índices médicos, com estudos sistemáticos a partir dos anos 80, principalmente na área da oncologia. Esta área específica trás em si um dilema a ser enfrentado pela equipe de saúde cura pode significar um preço muito alto para se pagar frente à 49

expectativa de vida resultante. Os autores apresentam o grande dilema dos oncologistas deveríamos acrescentar anos à vida ou vida aos anos? Hoje para Berlim e Fleck (2003), qualidade de vida extrapola a preocupação com mortalidade ou sintomas de doença e avaliá-la tem permitido melhorar as relações da equipe de saúde com seus clientes. Entretanto, quando usado no campo da saúde mental, os autores afirmam ser o termo qualidade de vida, que na verdade é um constructo auto avaliado, poderoso por permitir a integração de várias pessoas em programas de cuidados relativos à própria saúde mental. Mas poderá revelar-se frágil por ser muito amplo nos aspectos que abrange. Não há acordo quanto ao conceito. Para Berlim e Fleck (2003) qualidade de vida é um conceito mais amplo, contempla aspectos médicos e não médicos e inclui: funcionamento físico, por exemplo, a capacidade de desenvolver as atividades do dia a dia; funcionamento psicológico, como o bem estar mental e emocional; funcionamento social, como participar de atividades sociais, estabelecer relações sociais; percepção das condições de saúde/doença e satisfação geral com a vida. Em 1994, o Grupo definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (Grupo WHOQOL, 1998). Segundo Berlim e Fleck (2003) este conceito contempla a natureza subjetiva da qualidade de vida é uma experiência pessoal, interna, que depende de fatores externos, os quais são coloridos pelas primeiras experiências do sujeito. Uma das preocupações mais crescentes nos últimos anos tem sido buscar critérios para se avaliar qualidade de vida e muitos são os instrumentos desenvolvidos com este objetivo. Berlim e Fleck (2003) assinalam, em seu texto, que em revisão de literatura foram encontrados 159 instrumentos diferentes e apresentam algumas características de 11 deles, entre os quais o WHOQOL: World Health Organization s Quality of Life Instrument. O WHOQOL foi projetado para avaliar a qualidade de vida independente de questões culturais. Na sua elaboração, 15 centros participaram simultaneamente e criaram o WHOQOL 100, instrumento de 100 questões, avaliando 6 domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade/crenças pessoais. A partir dele foi feita uma versão abreviada, o WHOQOL Bref, contendo 26 questões que obtiveram os melhores desempenhos psicométricos da versão de 100 itens. Na versão abreviada são avaliados 4 domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. O WHOQOL - Bref é um instrumento genérico de mensuração 50

da qualidade de vida, contrapondo-se a outros instrumentos criados e adaptados para avaliá-la em situações específicas. Hoje estes instrumentos estão disponíveis em 20 idiomas e a versão brasileira foi desenvolvida no Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo sido Marcelo Pio de Almeida Fleck o coordenador da pesquisa. Em todos os locais onde os Grupos WHOQOL trabalharam, a sistemática de pesquisa foi a mesma. Envolve a coleta de informações na comunidade, back translation, grupos focais dos quais participam pacientes, membros da comunidade e profissionais da saúde. São estabelecidas médias, estudo da consistência interna, validade discriminante, validade de critério, validade concorrente com o Inventário de Beck para depressão (BDI), escala de desesperança de Beck (DHS) e coeficientes de fidedignidade. Os estudos com o WHOQOL Bref., versão brasileira, apontam para semelhanças com a forma de 100 itens, mas a versão breve refere um número menor de domínios e o domínio 3, relações sociais, não apresenta validade discriminante. Mas, de forma geral, a versão bref preenche os critérios de consistência interna, validade discriminante, validade concorrente, validade de conteúdo e confiabilidade teste-reteste. Estes critérios são essenciais para o uso do instrumento em nosso meio. Outros instrumentos estão sendo desenvolvidos no Brasil, tais como Wisconsin Quality of Life Index W-QLI (Pitta, 2000). Contudo o WHOQOL Bref, embora tenha sido desenvolvido para uso em ambientes que promovem saúde, ou cuidam dos doentes, o mesmo apresenta um pool de itens pouco relacionados às doenças em si e podem ser aplicados a outros grupos de pessoas. A presente pesquisa visa este objetivo: conhecer a possibilidade do WHOQOL Bref avaliar a qualidade de vida da população universitária, ou seja, de um grupo de pessoas às quais não podemos imputar nenhuma perda de capacidade funcional. Conhecer características da qualidade de vida entre universitários, em quais domínios elas se fazem presentes (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente), pode permitir trabalhos de intervenção a grupos de risco (drogas, por exemplo) e otimizar ações de promoção da saúde entre jovens. Entretanto, só o fato de ampliar os conhecimentos psicométricos sobre o WHOQOL Bref já é suficientemente relevante para os que utilizam avaliação psicológica na área da saúde. 51

2. Método: Sujeitos 150 alunas da UMESP, com idade média de 20,7 anos (idade variando entre 18 e 29 anos), dos cursos de Psicologia e Nutrição, períodos matutino e noturno, diversificadas quanto ao semestre de estudo (2º e 8º). Foi condição essencial para participar da pesquisa que cada aluna assinasse o termo de consentimento pós-informado. O grupo de alunas de Psicologia foi escolhido pelos pesquisadores; o grupo de alunas da Nutrição foi sorteado dentre os demais cursos oferecidos no campus Planalto da UMESP. Instrumentos - a) questionário para levantamento de características sócio-demográficas, tais como: idade, gênero, curso, série, local de residência. b) WHOQOL Bref., desenvolvido pelo Grupo WHOQOL Brasil (1998), que avalia os seguintes domínios: Domínio 1 (Físico): - dor e desconforto; - energia e fadiga; - sono e repouso; Domínio 2 (Psicológico): - sentimentos positivos; - pensar, aprender, memória e concentração; e - auto-estima Domínio 3 (Relações Sociais): - relações pessoais; - suporte (apoio) social ;e - atividade sexual Domínio 4 (Meio Ambiente): - segurança física e proteção; - ambiente no lar; e - recursos financeiros - cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade - oportunidades de adquirir novas informações e habilidades - participação em, e oportunidades de recreação/lazer - ambiente físico: poluição/ruído/trânsito/clima - transporte Procedimento para coleta de dados A coleta de dados foi feita coletivamente em sala de aula. Cada classe foi informada dos objetivos da pesquisa e aqueles que concordaram em submeterse a ela assinaram um termo de consentimento pós-informado. 52

3. Resultados e Discussão Foram entrevistadas 95 alunas (63,3% do total) do curso de Psicologia e 55 (36,7% do total) do curso de Nutrição, freqüentando os 2º e 8º semestres dos períodos matutino e noturno. Dessas, 67 alunas (44,7%) freqüentavam o período matutino e 83 alunas (55,3%) o período noturno. Quando questionadas sobre problemas de saúde, 92 alunas (61,3%) responderam negativamente, ou seja, não tinham problemas dessa natureza; 10 (6,7%) relataram problemas crônico-emocionais; 3 (2,0%) relataram depressão; 3 (2%) joanete/unha encravada; 2 (1,3%) enfisema; 2 (1,3%) dermatose; 1 (0,7%) coração; 25 (16,7%) relataram outros problemas e 12 (8,0%) não responderam. A partir do WHOQOL Bref foi possível levantar a média e desvio padrão nos quatro diferentes domínios para as alunas de Psicologia e de Nutrição, a saber: Tabela 1 Médias e Desvios Padrão dos Cursos nos diferentes domínios. Domínio Curso Média Desvio Padrão 1- Físico Psicologia 14,16 2,04 Nutrição 15,26 2,27 2- Psicológico Psicologia 14,16 2,43 Nutrição 14,74 2,11 3- Relações Sociais Psicologia 14,67 3,01 Nutrição 15,58 2,80 4- Meio Ambiente Psicologia 13,70 2,04 Nutrição 13,80 2,49 Comparando domínio a domínio, os resultados apontam coeficientes que variam de 0,462 a 0,603, indicando uma boa correlação entre os mesmos e que eles pertencem ao construto qualidade de vida avaliado pelo instrumento. Quando comparadas as estudantes da Psicologia e da Nutrição, os resultados são muito semelhantes, mas existem diferenças significativas que revelam tendências a serem pontuadas: no Domínio 1 (Físico) as alunas da Psicologia apresentaram média de 14,16 (± 2,04), enquanto que as alunas da Nutrição obtiveram média de 15,26 pontos (±2,27), indicado que as alunas da Nutrição possuiriam uma melhor qualidade de vida neste domínio. Dentro do domínio físico, no item que se refere a quão você tem energia suficiente para seu dia-a-dia, avaliando os extremos inferiores - nada ou muito pouco - temos os seguintes resultados: as alunas da Psicologia tendem a se referir como possuindo pouca energia em relação às alunas da Nutrição. 53

Comparando os extremos superiores, as alunas da Nutrição tendem a se perceber como possuindo muito mais energia para enfrentar o dia-a-dia. Outro item do mesmo domínio que aponta diferenças significativas é quão você está satisfeito com seu sono. As alunas da Psicologia tendem a se referir como mais insatisfeitas que as alunas da Nutrição, que por sua vez se sentem muito mais satisfeitas com seu sono. Ainda dentro do domínio físico, se referindo ao quão satisfeito você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia, as alunas da Psicologia tendem a se referir mais insatisfeitas, enquanto que as alunas da Nutrição estão mais satisfeitas com sua capacidade de desempenhar suas atividades no dia-a-dia. Aparentemente as alunas da Nutrição estão mais satisfeitas com a qualidade do seu sono, se sentem mais dispostas e com mais energia para enfrentar o dia-a-dia do que as alunas da Psicologia. Comparando os escores referentes aos cursos, no domínio meio ambiente, observa-se que as alunas da Nutrição, em quase todos os itens, tendem a indicar melhor qualidade de vida em comparação com as alunas da Psicologia. Dentro deste domínio (meio ambiente) no item que se refere a quão disponível estão as informações de que precisa durante o dia-a-dia, constata-se que as alunas da Psicologia sentem mais facilidades para obter as informações necessárias do que as alunas da Nutrição. Ainda dentro do domínio meio ambiente, no item referente a quão satisfeita está com o seu meio de transporte, nota-se que há uma tendência das alunas da Nutrição a melhor avaliarem este quesito de qualidade de vida. Outro domínio que tende a apontar alguma diferença é o de Relações Sociais. As alunas de Nutrição apresentam média de 15,58 pontos (±2,80), enquanto as de Psicologia apontam a média de 14,68 pontos (±3,01). Tabela 2: resultados em porcentagem do domínio Relações Sociais nos itens: 1 quão satisfeito você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas) e 2 - quão satisfeito você está com sua vida sexual. Tabela 2 - Psicologia / Nutrição Extremos: Inferior e Superior Itens 1 2 E. Inf (muito insatisfeito ou insatisfeito) 11,6% / 1,8% 13,9% / 9,1% E. Sup. (satisfeito ou muito satisfeito) 67,4% / 74,6% 40,0% / 60,0% Observando-se a Tabela 2, nota-se que mais de 1/3 das alunas da Nutrição tendem a avaliar-se como satisfeitas ou muito satisfeitas com suas relações pessoais e quase 2/3 referem-se a satisfeitas ou muito satisfeitas com sua vida 54

sexual. Nota-se, que as alunas da Nutrição apresentam melhores resultados em comparação com as alunas da Psicologia, indicando que as alunas da Nutrição, neste domínio, apresentam uma melhor qualidade de vida. No domínio psicológico, o item que se refere a quão você está satisfeito consigo mesmo aponta uma ligeira tendência das alunas da Nutrição de se avaliarem como satisfeitas ou muito satisfeitas consigo mesmas, porém, no mesmo domínio, o item que se refere a com que freqüência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão, as alunas da Psicologia tendem a referir que tais sentimentos não são tão freqüentes, enquanto as alunas da Nutrição referem-se aos mesmos como mais freqüentes, indicando, portanto, que as alunas da Psicologia neste aspecto têm melhores resultados. De modo geral as alunas da Nutrição tendem a referir uma qualidade de vida ligeiramente melhor que as da Psicologia. Estas e em especial as do 8º semestre, acusam uma ligeira tendência a referir uma melhor qualidade de vida nas relações sociais com uma média de 15,00 pontos (±3,04). No 2º semestre a média é de 16,27 pontos (±2,37). O mesmo ocorre no domínio meio ambiente, onde as alunas do 8º referem melhor qualidade de vida. As alunas do 2º semestre obtiveram uma média de 12,98 pontos (±2,68), enquanto que as do 8º semestre obtiveram a média de 14,74 pontos (±1,96), com um nível de significância < 0,05. Ainda entre as alunas da Nutrição, observa-se uma diferença significante (<0,05) no domínio meio ambiente. As alunas do período matutino referem um índice maior de qualidade de vida neste aspecto, com resultado médio de 14,74 pontos (±1,96), enquanto que as alunas da noite referem, no mesmo domínio, média de 12,98 pontos (±2,63). Quase não há diferenças quanto aos períodos cursados entre as alunas da Nutrição. Nas perguntas gerais, quando se pede que as alunas informem como avaliariam sua qualidade de vida, observa-se o que se segue: 28,5% das alunas da Psicologia avaliam-na como ruim ou nem ruim, nem boa, contra 21,8% das alunas da Nutrição referindo o mesmo quesito. No extremo superior, avaliando a qualidade de vida como boa ou muito boa observou-se 71,6% da Psicologia, contra 78,2% da Nutrição, indicando que as alunas da Nutrição tendem a avaliar um pouco melhor sua qualidade de vida. Na questão o quão você está satisfeito com a sua saúde, nos extremos inferiores (muito insatisfeito e insatisfeito), verifica-se haver 13,7% das alunas do curso de Psicologia, contra 3,8% das alunas da Nutrição. No extremo superior, revelando satisfação ou muita satisfação com a própria saúde, encontramos 65,3% das alunas da Psicologia contra 81,5% das alunas da Nutrição. 55

Tabela 3: resultados dos turnos (matutino - noturno) do domínio Meio Ambiente dos itens: 1 - quão saudável é seu ambiente físico? 2 - você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? 3 - quão disponível para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia? Tabela 3 - Período Matutino / Noturno Extremos Inferior e Superior Itens 1 2 3 E. inf. (nada ou muito pouco) 7,5% / 22,9% 19,4% / 39,5% 0% / 7,3% E. sup. (muito ou completamente / 44,8% / 21,7% 28,4% / 9,9% 64,2% / 37,8% extremamente) A análise da Tabela 3 permite constatar que quando comparadas as alunas do período matutino e noturno, nos itens sobre a salubridade do ambiente físico, recursos financeiros para satisfazer as necessidades e disponibilidade de informações para nortear suas ações, as alunas do período matutino referiram melhor qualidade de vida, do que as do período noturno (<0,05). Realizando uma avaliação dos principais resultados obtidos na pesquisa, podemos dizer que o domínio Meio Ambiente, composto pelos quesitos segurança e recursos financeiros, entre outros, apresentou os piores resultados entre as universitárias. As alunas da Nutrição apresentaram melhores resultados em alguns aspectos relacionados aos domínios Físico, Meio Ambiente e Relações Sociais quando comparadas às da Psicologia (t; p<0,05). As alunas do período matutino referem um índice melhor (t; p<0,05) no domínio Meio Ambiente. No mesmo domínio acusam melhor desempenho as alunas do 8º semestre, quando comparadas àquelas que se encontram na fase inicial da vida acadêmica, ou seja, no segundo semestre (t; p<0,05). Algumas hipóteses podem ser alinhadas para justificar estes resultados, entre elas o maior poder aquisitivo das alunas que estudam no período matutino e que provavelmente não precisam trabalhar para sustentar o próprio curso, quando se sabe que muitos alunos do período noturno precisam colaborar com as despesas de suas famílias, além de proverem o próprio sustento. Esta mesma razão pode explicar o melhor resultado entre as alunas do 8º semestre, quando comparadas às do 2º semestre, pois quem consegue atingir aquele nível é porque também reúne condições financeiras para continuar estudando. 56

Uma outra hipótese seria a de que a escolha do objeto de estudo estaria de alguma forma associada a uma preocupação com o sofrimento humano (Psicologia), ou ao prazer (Nutrição). As pesquisas têm revelado que quem busca a profissão de Psicólogo, tem em mente trabalhar num consultório para atender pacientes segundo o modelo médico. Constata-se que o WHOQOL Bref parece demonstrar abrangência suficiente para representar a multidimensionalidade da qualidade de vida, inclusive entre sujeitos que a priori não são portadores de qualquer problema de saúde e pelas correlações observadas entre os diferentes domínios, mostra-se válido para medir o que se propõe fazer a qualidade de vida. 4. Referências bibliográficas: Andrade, L.O.M. & Barreto, I.C.H.C.(2002 Promoção da saúde e cidades/ municípios saudáveis: propostas de articulação entre saúde e ambiente. In Minayo, M.C.S. & Miranda, A.C. (orgs.) Saúde e ambiente sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. Berlim, M.T. & Fleck, M.P.A. (2003) Qualidade de Vida : um novo conceito para a pesquisa e a prática em psiquiatria. Rev. Bras. Psiquiatr. 25(4): 249-252. Fleck, M.P.A., Louzada, S., Xavier, M., Chachamovich, E., Vieira, G., Santos, L. & Pinzon, V. (1999) Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL 100). Rev. Bras. Psiquiatr.; 21(1): 19-28. Organização Mundial da Saúde: Divisão de Saúde Mental (1998) - Grupo WHOQOL Versão em Português dos Instrumentos de Avaliação de Qualidade de Vida(WHOQOL) http://www.ufrgs.br/psiq/whogol7.html Pitta A. M. Escala de Qualidade de Vida de Clientes de Serviços de Saúde Mental. In Goreinstein, C; Andrade, L.H.S.G. & Zuard, A.W. (Orgs.), (2002) Escalas de avaliação em psiquiatria e psicofarmacologia. S. Paulo: Lemos Editorial. The World Health Report (2001) (http://www.who.int/whr2001/2001/main/en/message/index.htm) 57