TÍTULO: NECESSIDADES EDUCATIVAS DE ESTUDANTES DE 7 A E 8 A SÉRIES DE UMA ESCOLA PÚBLICA SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS AUTORES: Aline Salmito Frota, Luciana Soares Borba, Débora Silva Melo, José Ueides Fechine Júnior, Viviane Chave Pereira, Daniel Medeiros Almeida, Patrícia Coelho Rodrigues, Francisco Tiago Barroso Chagas. e-mail: ueides@hotmail.com INSTITUIÇÃO: Faculdade de Medicina Universidade Federal do Ceará (FAMED- UFC); Fortaleza Ceará ÁREA TEMÁTICA: Saúde INTRODUÇÃO Segundo a OMS, as DSTs estão entre os problemas mais comuns de saúde pública em todo o mundo, embora não se conheça a real magnitude do problema. Estima-se que, nos países desenvolvidos, as DST estão entre as cinco causas mais freqüentes de procura por serviço de saúde, e, no Brasil, há uma previsão de ocorrência por ano de 3, 5 a 4 milhões de episódios de doenças sexualmente transmissíveis. Essas doenças, devido à elevada morbidade, têm influência importante na saúde, economia e organização social das comunidades. Isso por que infertilidade, doenças neonatais e infantis, gravidez ectópica, aborto, neoplasias anogenitais e morte podem ocorrer como complicações das DST, sendo enormes os gastos despendidos no tratamento. O estudo da literatura sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) preconiza, como um dos meios de preveni-la, medidas preventivas entre a população de risco, e nesta incluem-se os jovens. Hoje, a AIDS se concentra entre adolescentes que apenas estão iniciando sua vida sexual e que a doença está aumentando consideravelmente, nesta faixa etária, dada a vulnerabilidade deles diante dos riscos de contaminação, seja por sexo ou drogas. Há uma necessidade emergencial de se tornarem efetivos os programas educativos voltados para estas questões, por se tratar e um método concreto e eficaz para garantir o combate deste problema, que aflige a todos nós. Estas ações visam a sensibilidade da população para aquisição de conhecimentos, habilidades e mudanças de comportamento para hábitos e atitudes saudáveis que venham promover a saúde
individual e coletiva, tendo-se em vista o direito à qualidade de vida e o resgate à cidadania. OBJETIVOS Objetivos Gerais: - Identificar os conhecimentos de estudantes de uma escola pública do bairro Serrinha, na cidade de Fortaleza, no que diz respeito as DST/AIDS. Objetivos Específicos: - Identificar suas fontes de informações sobre DST/AIDS; - Analisar o interesse do adolescente em receber informação adicional; - Avaliar como esses jovens estão se prevenindo contra uma possível contaminação; - Verificar quem esses jovens procuram em caso de dúvidas com relação à própria saúde. METODOLOGIA Local da pesquisa: A pesquisa foi realizada em uma escola pública, situada em um bairro pobre da cidade de Fortaleza. Esta escola foi escolhida devido ao fácil acesso, por fazer parte de uma comunidade onde os pesquisadores já atuam, possibilitando, assim, um melhor conhecimento por parte destes sobre a prática de sexo seguro entre os estudantes. Caracterização da amostragem: Para a aplicação dos questionários, foi escolhido o período da tarde por ser mais viável aos pesquisadores. Os entrevistados foram alunos de 7 a e 8 a séries, que estavam presentes. Coleta dos dados:
Para que os objetivos da pesquisa em questão fossem atingidos, foi elaborado um instrumento contendo questões relacionadas ao assunto. As questões eram objetivas e apresentavam uma linguagem simples e clara de modo que não apresentassem dificuldade para serem respondidas. Todos os alunos receberam o instrumento da pesquisa. Foram orientados previamente para não colocarem nomes no questionário, de modo que não fossem identificados, com o intuito de que eles respondessem as questões com sinceridade e sem receio de serem reconhecidos. Os questionários foram recolhidos à medida que os alunos fossem terminando de respondê-los. Análise dos questionários: Os cento e cinqüenta e um questionários respondidos foram armazenados e analisados pelo programa EPI INFO versão 6.02. Para a avaliação da significância estatística, foi considerado estatisticamente correto o valor de P(a) < 0,05. RESULTADOS Caracterização da amostra: Como se pode ver na tabela 01, foram entrevistados 151 alunos de uma escola pública do bairro Serrinha. A amostra constou de 63 homens (41,75 do total) e 88 mulheres (58,3 do total). A maioria tinha entre 12 e 14 anos de idade (54,6), com grande parte também tendo idade entre 15 e 17 anos (44,6). Tabela 1: Distribuição numérica e percentual das características de identificação dos sujeitos pesquisados por sexo e idade Sexo n Masculino 63 41,7 Feminino 88 58,3 Total 151 1 Idade
12 a 14 82 54,6 15 a 17 67 44,6 > 17 1 0,8 Total 150 1 A grande maioria dos entrevistados era solteira com renda familiar de um ou dois salários mínimo.quanto à religião, grande parte dos entrevistados tinha como religião a católica, sendo que a maioria, 65, não pratica a religião. Fonte de informações sobre DST/AIDS O gráfico 1 nos mostra que a televisão exerce um importante papel educador, visto que 72,2 dos entrevistados afirmaram ser ela uma fonte de informação. Os livros foram citados por mais da metade dos entrevistados. Os pais, amigos e professores também exercem um importante papel. Vale ressaltar que a soma dos valores não resulta em 1, pois o entrevistado pôde escolher mais de uma opção. Gráfico1. Fontes de informações sobre DST/AIDS citadas pelos adolescentes Irmãos Radio Palestras Planfetos/cartazes informativos Posto de saúde Revistas Pais Amigos Professores Livros Televisão 11,3 19,2 24,5 33,1 38,4 39,7 44,4 45,0 46,4 55,0 72,2 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 Conhecimento sobre DST/AIDS Como era esperado, a AIDS se apresenta como a DST mais conhecida, seguida da sífilis, gonorréia, cancro e herpes. Entretanto, o percentual de alunos que afirmou conhecer pelo menos uma DST é ainda é muito baixo.
Gráfico2.Distribuição percentual das DST s mais citadas pelos entrevistados 70,0 60,0 60,9 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 21,9 21,2 4,6 2,0 AIDS Sífilis Gonorréia Cancro Herpes Podemos ver no gráfico3 que mais da metade dos entrevistados afirmaram utilizar a camisinha como uma forma de se proteger das DST s e AIDS. Esta porcentagem, porém ainda é bastante baixa, visto a importância do uso da camisinha. 5 dos entrevistados afirmaram somente se prevenir, mas não especificaram o método. Gráfico3. Distribuição percentual das reapostas dos entrevistados à pergunta: Como você faz para evitar as DST s/aids Vou ao médico regularmente Uso anti-concepcional Usar seringas descartáveis Não transo Transo com parceiro(a) certo "Me previno" 1 1 3 5 9 5 Uso camisinha 51,70 0,0 10, 20, 0 30, 40, 50, O sexo vaginal e o uso de seringas por mais de uma pessoa são as formas mais conhecidas de transmissão de DST/AIDS. Outras formas de transmissão foram selecionadas com menor freqüência : toalha/sabonete (6), suor(4,6), picada de inseto(4), talher/copo(2), aperto de mão/abraço (1,3), beijo no rosto(1,3) e piscina(0,7). 60,
Gráfico 4. Distribuição percentual das formas de transmissão de DST/AIDS mais selecionadas pelos alunos Sexo oral 25,2 Durante a gravidez ou parto se a mãe estiver contaminada Instrumentos que furam ou cortam não esterelizados 48,3 49,7 Sexo anal 50,30 Doação de sangue 71,5 Uso de seringas por mais de uma pessoa 82 Sexo vaginal 88,10 0, 20, 40, 60, 80, 1, CONCLUSÃO Nossa amostra baseou-se basicamente em jovens adolescentes com média de um a dois salários mínimo, pertencendo,portanto,à classe social mais baixa. Podemos observar a importância da televisão na difusão de conhecimentos acerca de DST/AIDS., sendo ela citada por 72,2 dos estudantes. A AIDS foi identificada como uma doença sexualmente transmissível por 60,9 dos entrevistados, o que ainda é um número baixo. A principal forma de preveni-la é fazendo sexo seguro, entretanto somente 51,7 dos entrevistados afirmaram que o uso de camisinha é uma forma de se prevenir contra AIDS. Uma pequena porcentagem de estudantes acha que a AIDS pode ser transmitida por suor, talheres, copos banho de piscina, beijo ou abraço. A conscientização desses jovens a respeito das verdadeiras formas de transmissão é importante para evitar qualquer tipo de preconceito ou medo do colega contaminado no futuro. Os estudantes se mostram deficientes quanto ao conhecimento de DST/AIDS, entretanto mais de 90 deles responderam estar interessados em obter mais informações sobre essas doenças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO,S.M.V, CREPALDI,L. Estudo do Conhecimento e das Dificuldades de Alunos do 2º Grau de uma Escola Estadual de Ribeirão Preto Relativos a Sexualidade e DST/AIDS. J. Brás.Doenças Sex Transm, 9(6):24-36,1997 KNIJNIK,J. et al- Necessidades educativas de jovens sobre doenças sexualmente transmissíveis. Na bras Dermatol, 65(6): 289-292, 1990 CHICRALA,M.A. et al- Conhecimento, Atitudes e Práticas Relacionadas à DST/AIDS. J. brás Doenças Sex Trans, 9(3): 10-15, 1997 STRUCHINER,C.J.- Introdução à dinâmica populacional das doenças transmissíveis. Rio de Janeiro, mimeo, 1994. PAIVA,V.- Sexualidade e gênero num trabalho com adolescentes para prevenção do HIV/AIDS. Rio de Janeiro, ABIA,IMS, 1994.