DIREITO PROBATÓRIO: ANÁLISE SISTEMÁTICA 1



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Transcrição:

DIREITO PROBATÓRIO: ANÁLISE SISTEMÁTICA 1 Resumo Este trabalho vem com o objetivo de mostrar, num primeiro plano, considerações gerais sobre provas, fazendo parte do primeiro capítulo e, posteriormente, os tipos de provas existentes no processo civil, como parte do segundo capítulo. Neste último capítulo, importante referir que, serão apresentadas as peculiaridades, assim como a valoração de cada meio de prova, quais sejam: o depoimento pessoal, a confissão, prova documental, a exibição de documento ou coisa, a prova testemunhal, a prova pericial e, por fim, a inspeção judicial. Cabe mencionar que, existem princípios retores para a construção de uma teoria geral da prova, ademais, o direito brasileiro filiase ao princípio de direito probatório denominado princípio do livre convencimento, mesmo havendo com certas limitações devidas ao sistema que se denomina princípio da prova legal. Oportuno frisar que, com as novas reformas ocorrendo em nosso ordenamento jurídico, aprimorando nossas normas em conformidade com a evolução da sociedade, tem-se cada vez mais claro que, a tecnologia vêm incidindo diretamente nas novas tendências de provas. Ao passo que, alguns meios de provas vem sendo inutilizados por serem mais precários ou, também, pelo fato de estarem em desconformidade com os princípios que regem as provas, motivo pelo qual, outros meios vem tomando espaço, moldando o cenário da estrutura pós-modernista. Salienta-se ainda que, na procura de uma sociedade mais justa, o juízo a quo vem se tornando cada vez mais cuidadoso quanto à análise e admissibilidade da prova, com o intuito de evitar a má-fé. Faz-se assim, além da amostragem da teoria, uma abordagem crítica, sem deixar de descartar a jurisprudência da nossa Corte maestral. Palavras-chave: princípios, prova, tipos de provas cíveis. Abstract This essay comes with the objective of showing, in a first plan, some notes about the evidence on the first chapter and the types of evidences that exist in the civil action on the second chapter. In this last chapter, that's important to refer that will be showed the peculiarities, as well as the valuation of each way of evidence, i.e., personal testimony, confession, documental proof, the exhibition of document or thing, the testimonial evidence, the expert evidence and, at last, the judicial inspection. By the way, there are a lot of important principles in order to build a general evidence theory. Besides, the Brazilian law is affiliated to the probative law that is called free conviction principle, even limited by the system called legal evidence principle. It is appropriate to emphasize that with the new reforms happening in our legal planning, improving our rules in accord with the society evolution, it is clearer that the technology directly influences in the new evidence trends. While some evidence ways have been despised for being more precarious or for being in disagree with the principles that rule the evidence, the reason why other ways are taking place, shaping the post-modernist structure scenario. Note that, searching for a fairer society, the previous judgment have been more careful about the analysis and admissibility of the proof, aiming avoid the bad-faith. So, beside the sampling of the theory, here comes a critical approach, without forget the jurisprudence of our Supreme Court. Key words: principle, evidence, types of evidences civil. 1 Letícia Almeida Silva Ghellere. Graduada pela Pontifícia Univerdade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS; Pós-Graduada pelo Instituto de Desenvolvimento Cultura IDC; Atualmente, trabalha em escritório de advocacia.

INTRODUÇÃO O presente trabalho expõe um dos mais difíceis problemas apresentados na atualidade pelo processo brasileiro. Nunca foi tão discutida a problemática da prova em termos de processo.a abordagem do tema está dividida em dois capítulos. No primeiro, trataremos do conceito de prova, demonstrando o mesmo não ser unívoco; além do objeto; da finalidade, valoração da prova; princípios e; prova ilícita, compreendendo um dos itens mais importantes.optou-se pela análise da sistemática de provas por entender-se que, a prova é fundamental na instrução do processo judicial. Assim, as partes, frente ao caso que está sub judice, buscam nos vários meios de provas, dentro da legalidade permitida em direito, aquela que mais se adéqua ao caso in concreto. No segundo, coloca-se à análise as espécies de provas, começando pelo depoimento pessoal; confissão; a questão da prova documental; exibição de documento ou coisa; prova testemunhal, pericial, inspeção judicial e, por fim; a jurisprudência do Tribunal Justiça Rio Grande do Sul e do Supremo Tribunal Federal. Não pretende-se aqui esgotar a matéria, mas apenas contribuir com uma parcela do tema. 1. DA TEORIA GERAL DA PROVA 1.1. Noções Introdutórias de Provas: Conceito, finalidade e Objeto Num primeiro momento é Importante mostrar que a palavra prova tem inúmeros significados, tanto para a linguagem coloquial, como para a linguagem jurídica, que por sua vez essa é aquela que pretende-se analisar. Sendo assim, é utilizada no meio comum para expressar o ensaio, a verificação ou a confirmação pela experiência, de um dado fenômeno, objeto da investigação científica. Assim como no sentido comum da palavra, para o sentido jurídico, ela não defere em massa, tendo-se assim, como a atividade que os sujeitos do processo realizam para demonstrar a existência dos fatos formadores de seus direitos, quanto o instrumento por meio do qual essa verificação se faz. 2 Importante referir que, o entendimento de prova é o modo pelo qual o magistrado forma convencimento sobre as alegações de fatos que as partes pretender embasar. Refere-se que é instituto processual, portanto, sua produção ocorre no decorrer do processo e segue os parâmetros que o Código Civil trás, muito embora essa matéria seja preferencialmente tratada em casos específicos, como por exemplo, a prova de pagamento para a quitação. 3 Para Couture, em sua obra Fundamentos Del Derecho Processual Civil, referido por Humberto Theodoro Júnior, diz que provar é demonstrar de algum modo a certeza de um fato ou a veracidade de uma afirmação. 4 Nesses parâmetros, tem-se a prova como o instrumento processual adequado a permitir que o juiz forme convencimento sobre os fatos que envolvem a relação jurídica objeto da atuação jurisdicional. 5 Humberto Theodoro Júnior 6 afirma que, toda a prova tem um objeto, uma finalidade, um destinatário, assim a prova deverá ser obtida através de meios e métodos determinados. A prova tem 2 SILVA, Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 295. 3 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p.392. 4 Couture. Apud JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 382. 5 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 392. 2

como objeto os fatos mostrados, trazidos pelas partes ao feito. Já a finalidade da prova, é para mostrar e convencer o juiz da verdade dos fatos, cujo qual, valendo-se dessa, dará a devida resolução do conflito. Continua afirmando o mesmo autor que, a lei exige a notoriedade dos fatos, sendo este, requisito ou elemento essencial de um direito ou fato jurídico. Portanto, a própria notoriedade se torna objeto da prova e esta é indispensável. 7 Quanto ao fato incontroverso, alega Humberto Theodoro Júnior 8 que, não é objeto de prova, não há que se falar em prová-lo, sendo assim, perda de tempo, motivo pelo qual fere o princípio da celeridade processual, que hoje em dia tem-se enfatizado muito. 1.2. Princípios Fundamentais do Direito Probatório Para a construção de uma teoria geral da prova, é oportuno relatar que, os princípios fundamentais (chamados de Devis Echandia princípios retores) são norteadores para a solução de um problema jurídico. 9 Quanto à publicidade ou moralidade, aqui no Brasil se admite falar em dever das partes de dizer a verdade, em contrapartida, fazendo-se analogia com o sistema europeu, bem como de países socialistas (embora de forma mais aguçada), nota-se que, usam a expressão dever de lealdade e de probidade das partes e de seus procuradores no feito, ou seja, cabe a parte e aos seus defensores de alegar os dizer a verdade, não podendo alegar fatos que condizem com a verdade, sabendo que são falsos, bem como de não negar fatos que, trazido pela parte adversa, como sendo estes verdadeiros. 10 1.3. Valoração da Prova Claramente, são três os sistemas conhecidos no processo civil, quais sejam: o critério legal; o da livre convicção e; o da persuasão racional. Passa-se a analise de cada uma delas. O critério legal vem do sistema do direito romano primitivo e medieval, que por sua vez, era rigorosa hierarquia legal do valor das diversas provas, o processo produzia simplesmente uma verdade formal. Já o da livre convicção, segue o oposto do critério da prova legal, o que se sobressai é a intima convicção do juiz, ou seja, o juiz pode julgar sem olhar para a prova dos autos. Por fim, a persuasão racional ou livre convencimento, vêm do Código de Napoleão, que pode-se extrair alguns pontos. Primeiro, o juiz pode se valer do livre convencimento, no entanto, deve ficar retido as alegações das partes e prova dos autos; segundo, critérios legais e validade das provas não podem ser desprezadas pelo juiz; terceira, o juiz pode valer-se de sua experiência para quando a lei não regular sobre a prova trazida, por exemplo, dados científicos e culturais e, para finalizar; a sentença deve ser sempre fundamentada para que o julgamento não seja diverso das provas colhidas nos autos. 11 6 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 382. 7 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 383. 8 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 383. 9 SILVA, Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 300-/301. 10 CAPPELLETTI, Mauro; OLIVEIRA, Hiltomar Martins (trad.). O Processo Civil no Direito Comparado. Belo Horizonte: Ed. Cultura Jurídica Ltda., 2001, p. 62. 11 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 385. 3

1.4. Ônus da Prova Na visão de Ovídio Batista 12, primeiramente, giza que deve-se fazer uma distinção entre ônus e obrigação. Relata que, a parte que tem o ônus de provar não tem qualquer obrigação de fazêlo, no entanto, o não cumprimento desta, implica simplesmente em desvantagens processuais. Ainda, giza que não se pode dizer que é uma obrigação porque não existe um direito correlato, bem como ninguém tem direito a que outem faça prova de fatos que lhe digam respeito. Ovídio cita Rosenberg, o qual diz que, o ônus da prova decorre de um principio geral do direito processual civil moderno, que o juiz, mesmo que com duvida, não é licito eximir-se de decidir o processo. Pois, como ele deve decidir da veracidade ou existência dos fatos que não tenha uma decisão concreta, importante que a lei estabeleça qual das partes haverá de sofrer as conseqüências dessa insuficiência de prova. 13 O dispositivo legal que revela a importância do ônus da prova é o art. 333, do CPC, e seus incisos 14. Pois, a prova recai àquele que aproveita o reconhecimento do fato, ou seja, àquele que demanda em juízo. 15 O juiz deve fazer seu julgamento secundum allegata et probata partium e não secundm propriam suam conscientiam, e com isso surge o encargo, que as partes têm no feito, não só de alegar, mas também de provar (encargo é ônus). 16 E, por fim, Kisch trazido por Humberto Theodoro Júnior 17, revela que, a necessidade de provar para vencer a causa, mostrando nesse sentido que, pode-se ver uma imposição e uma sanção de ordem processual. 1.5. Prova Ilícita Para Marinoni e Arenhar 18, o conceito de prova ilícita vem quando viola uma norma, seja de direito material, seja de direito processual. Nos termos do que prevê o art. 5(quinto), LVI, da CF, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. O tema em questão, é bem resolvido com a nossa constituição, tendo em vista que esta proibe o uso de prova ilícita. Não obstante a isto, não é só a prova ilícita que é proibida pela constituição, o direito a prova também é reconhecido por ela. Portanto, de um lado tem-se a problemática de investigar adequadamente o tema da prova ilícita, tentando-se buscar a solução para o conflito que pode surgir entre os princípios constitucionais do acesso a justiça e do direito à prova, no entanto, por outro lado, tem-se a problemática da proibição do uso da prova ilícita. Somente se pode aceitar uma prova ilícita quando esta for a única maneira de demonstrar os fatos em juízo, bem como deve ser a única forma capaz de evidenciar fato absolutamente necessário para a tutela de um direito que, no caso concreto, 12 ECHANDIA, Devis apud SILVA, Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 301. 13 Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 301. 14 Art. 333: O ônus da prova incumbe: I- ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor: Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando: I- recair sobre direito indisponível da parte; II- tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 15 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Malheiros, 2004, p. 352. 16 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Malheiros, 2004, p. 351. 17 Kisch apud JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 387. 18 Marinoni, Luiz guilherme; Arenhar, Sergio cruz Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 409. 4

precisa ser analisada mesmo que ferindo o direito da personalidade. Sobre a prova derivada da prova ilícita, os mesmos autores ressaltam que, se uma prova derivar de outra que é ilícita, ai esta derivada não poderá ser admitida. Toca com o exemplo, não pode ser admitida busca e apreensão advinda de uma escuta telefônica ilícita. Tendo em mente que a teoria: os frutos da arvore venenosa, vem com o intuito de demonstrar que a prova obtida em caráter principal for inconstitucional, elas contaminam, assim, invalidando as provas posteriores. 19 E, continuam ensinando que, quanto à teoria da descontaminação do julgamento, partindose do pressuposto que deram-se por conta que a prova era ilícita em grau de recurso de apelação, exemplificando, deverá a corte maestral desconsiderar essa prova, remetendo o feito ao grau a quo, dando-se oportunidade da parte produzir nova prova, devendo o juiz de grau a quo, julgar novamente o mérito, analisar a nova prova trazida, sem basear-se pela prova que o grau ad quem deu por ilícita, embora a pessoa do juiz que proferiu a sentença impugnada deva ser substituída. Por este fator, fala-se em descontaminação do julgado, sendo pois, àquele julgado que antes havia sido contaminado pela prova ilícita, será substituído pelo juízo do outro juiz, que não poderá se fixar na prova ilícita trazida anteriormente. 20 Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery 21, adotam o seguinte ensinamento: A doutrina se manifesta de forma bastante controvertida a respeito da validade e eficácia da prova obtida ilicitamente. A proposição da doutrina quanto à tese intermediaria é a que mais se coduna com o que se denomina modernamente de princípio da proporcionalidade. Assim, o conceito de meio ilícito deve ser analisado por exclusão, que nem afirma Luiz Rodrigues Wambier e outros 22, pois a partir do disposto no art. 332 do CPC, que prevê a utilização das provas obtidas pelos meios legais, ou seja, os previstos em lei, e, os moralmente legítimos, ou seja, que não vão em desconformidade com o senso ético. Tira-se a conclusão que, no nosso ordenamento jurídico, com a norma maior, que é a Constituição Federal de 1988, proíbe expressamente a utilização da prova por meio ilícito, somente será admitida quando não houver outro meio de demonstrar o fato que esta sendo alegado pela parte. De outra banda, deve ser observado o direito à intimidade, pois este não é absoluto, cabendo ao juiz cuidar do seu poder discricionário. No entanto, a prova advinda da prova ilícita, ou seja, a prova derivada, não será valida, devendo o juiz dar oportunidade a parte, se querendo, refazer ou trazer outra prova, substituindo a anterior. Pode-se entender também que, em caso de não ser admitida àquela prova ilícita como um meio legítimo de prova real, há a necessidade então de anular somente aquele ato, falando-se assim de nulidade relativa. 2. ESPÉCIES DE PROVAS 19 Marinoni, Luiz guilherme; Arenhar, Sergio cruz Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 409. 20 Marinoni, Luiz guilherme; Arenhar, Sergio cruz Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 409. 21 Marinoni, Luiz guilherme; Arenhar, Sergio cruz Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 409. 22 Marinoni, Luiz guilherme; Arenhar, Sergio cruz Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 402. 5

2.1. Do Depoimento Pessoal Cabe aqui fazer uma introdução a respeito do tema, referindo acima de tudo que, quem melhor conhece os fatos objeto do litígio, são aqueles que nela estão envolvidos, ou seja, as partes. Conceituando a expressão tem-se que, o depoimento pessoal é o meio de prova pelo qual o juiz conhece dos fatos litigiosos ouvindo-os diretamente das partes. 23 Explicam, Wambier e outros 24 que, a comunicação escrita muitas vezes não é o suficiente para se demonstrar o que realmente ocorreu, e mais, é a pessoa do advogado quem redige a peça, por esse motivo a informação já vem filtrada pelo advogado, ocorrendo omissão de fatos importantes, que por sua vez, podem ser ouvidos pelas partes. Para o doutrinador Humberto Theodoro Jr. 25, é o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte, no curso do processo. E refere que quanto ao objeto, são os fatos alegados pela parte contrária, como fundamento de seu direito. Pode, no entanto, para aclarar a situação da lide, haver depoimento pessoal, também, sobre fatos alegados pelo próprio depoente. Complementa José Carlos Barbosa Moreira 26 que, cada uma das partes devem comparecer a juízo e responder as perguntas realizadas pelo juiz, que ordenar o seu depoimento pessoal ex officio, a seu critério ou a critério da parte. Ademais, com relação à pena de confesso, com relação ao depoimento requerido, e não ao determinado de ofício a lei dá sanção para o descumprimento do dever de comparecer e depor. Essa sanção consiste na aplicação de pena de confissão requerido pela parte e concretizado pelo juiz. Pena essa que presumem-se confessados os fatos contra ela alegados. No entanto, há nulidade da pena no caso de não constar do mandado através do qual se intima pessoalmente a parte a comparecer para depor. Vale lembrar um fator importante, no procedimento, em especial na audiência, se não comparecer o procurador da parte, pode o juiz dispensar o depoimento da parte contrária, ou restringir as perguntas por ele próprio formuladas. 2.2. Da Confissão No entendimento de Ernani Fidélis dos Santos 27, acredita-se que, assim que apresentada a ação, o réu pode admitir que os fatos são verdadeiros ou apenas parte dos fatos alegados, contrários a seu interesse. Na mesma medida que, apresentada a defesa, poderá o autor considerar verdadeiros os fatos alegados pelo réu. É desmentido, o ou os, fatos alegados pela parte adversa. Isso se caracteriza a confissão (art. 348). Ainda continua explicando que, não existe confissão ficta ou confissão tácita, pois a confissão é realizada de forma expressa. Afirma que, a revelia e mesmo a não-impugnação de um ou de alguns fatos podem fazê-los incontroversos, mas não confessados. Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, citados por Wambier e outros 28 relatam que, é meio de prova o negócio jurídico unilateral, não receptício, processual ou não, conforme seja realizada fora do feito ou não. Mostra que seus elementos fundamentais são a capacidade da parte, a declaração de vontade e o objeto possível. 23 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 414. 24 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 414. 25 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 393. 26 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.57. 27 SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil. 11. ed. Rev. e atual. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006, 1.v., p. 509/510. 28 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 455. 6

Ainda afirmam que, a confissão é capaz de formar livre convencimento para seu julgamento, que é diferente do reconhecimento jurídico do pedido, este, no entanto, é mais amplo e de natureza negocial e sua conseqüência é a extinção do feito com julgamento de mérito, e assim, não é meio de prova. Ao confessar um fato, a parte pode pretender simplesmente que o reconhecimento de sua veracidade favoreça também seu interesse. Ressaltam ainda que, a confissão de um fato, nem sempre acarreta na perda da demanda para aquele, tendo em vista que o reconhecimento do pedido, com todos os pressupostos de validade e eficácia, conduzem sempre para a precedência em favor do autor. Gizam que, a confissão pode ser efetuada por qualquer das partes, ao passo que o reconhecimento é ato privativo do réu. 29 Conforme ensina Moreira 30, existe a confissão judicial e extrajudicial, sendo que a judicial há a real e ficta. Sendo que a real, por sua vez se subdivide em espontânea e provocada. A confissão espontânea é aquela que quando requerida pelo próprio confitente, podendo ser a qualquer tempo e podendo ser feita pela própria parte, pessoalmente, ou por procurador investido de poderes especiais, devendo ser reduzida a termo nos autos. Já a provocada, é obtida através de interrogatório da parte, na forma de depoimento pessoal, na audiência de instrução e julgamento, ou em outra especialmente para oitiva da mesma. 2.3. Da Prova Documental Define Carnelutti 31 que, documento é uma coisa capaz de representar um fato. E complementa o doutrinador Humberto Theodoro Jr. referindo que, é o resultado de uma obra humana a que tenha por objetivo a fixação ou retratação material de algum acontecimento.. Na visão de Luiz Rodrigues Wambier e outros 32, conceituam documento não somente o escrito, mas como todo objeto capaz de cristalizar um fato transeunte, tornando-o, sob certo aspecto, permanente. Tanto é documento o papel escrito como a fotografia, um mapa ou uma simples pedra com infrições ou símbolos. Pouco importa o material que é utilizado - para caracterizar documento basta a existência de uma coisa que traga em si caracteres suficientes para atestar que um fato ocorreu. Continuam Ensinando que, o habitual é utilizar como meio de prova o escrito, muito embora, outros tipos de provas documentais, tais como: a tela pintada, a fita magnética ou o CD contendo imagens ou sons, ou mesmo um pedaço de metal esculpido, desde que seja este possível a compreensão do fato. 33 Quanto do procedimento, toda vez que alguma das partes requerer a juntada de um documento, o juiz abrirá vistas à parte contrária para falar a respeito no prazo de 5 dias, em havendo impugnação ao documento, cabe ao juiz decidir desentranhar, no caso de acolher a impugnação. Cabe agravo de instrumento, do art. 522, em qualquer das decisões. 34 29 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 455. 30 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 59. 31 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 406. 32 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 423-24. 33 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 424. 34 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 63. 7

Há, ainda, que se falar em falsidade documental, conforme estabelece o art. 390 e seguintes. O incidente poderá ser decretado em qualquer grau de jurisdição suscitado ou em contestação, sendo este anexo a inicial, ou dentro do prazo de 10 dias contados da intimação da juntada do documento aos autos, no caso desse documento não ser juntado com a inicial, ou com a contestação, são casos de documento novo. Esse prazo de 10 dias é preclusivo. No entanto, um fator relevante é que, se a parte teve por verdadeiro o documento, não mais poderá argüi-lo como sendo este falso, caso em que se configura preclusão lógica. 35 2.4. Exibição de Documento ou Coisa É sabido que assim como, às partes e aos terceiros há o dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade, o juiz também tem o poder de determinar a exibição de documento ou coisa que se ache em mãos das referidas pessoas, sempre que o exame desses bens for útil ou necessário para a instrução do feito. 36 Arruda Alvim citado por Luiz Rodrigues Wambier 37, giza que os procedimentos que têm intuito de buscar o documento ou coisa ao processo, estando este em detenção de parte adversa ou terceiros não são idênticos. Assim, tem-se que a parte contrária, tem o ônus de trazer o documento ao processo e na falta, sofrerá conseqüências de ordem processual. De outra banda, o terceiro tem o dever de trazer o documento ao processo e na sua falta, terá conseqüências de ordem civil e penal. Já o doutrinador Moreira lembra que, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, constante da petição inicial ou posteriormente formulado, pode o juiz determinar a exibição, pela outra parte, de documento ou coisa que se supõe estar em seu poder. 38 E conclui que, quando se imagina que o documento ou coisa está em mãos de terceiros,o código diz que é verdadeira ação incidente, sendo o terceiro é citado, prosseguindo, não se deve inferir, no entanto, o órgão judiciário não pode ex officio, determinar a exibição deste, se lhe parecer necessário ao esclarecimento dos fatos o exame do documento ou da coisa. 39 2.5. Da Prova Testemunhal Tem-se para Humberto Theodoro Jr. 40 que, a prova testemunhal é aquela que é obtida através de relato prestado em juízo, por aqueles que conhecem o fato em questão. Essa prova colhida tem que ter as garantias do depoimento oral, deve ser em audiência, sob a presença do juiz e das partes, ainda sob o compromisso legal previamente assumido pelo depoente com sujeição a contradita e reperguntas daqueles contra a parte contrária que a fez. E segue, afirmando que, sobre o valor dessa prova, não é possível atribuir um valor para a prova testemunhal. No entanto, Arruda Alvim 41, complemente o conceito trazido por Humberto Theodoro Jr., asseverando que, se obtém através do relato oral prestado ao juiz também mas, que se excetua-se nos casos em que a lei não permitir esse meio de prova. Com relação ao valor probande, descorda 35 ALVIM, Eduardo Arruda. Curso de Direito Processual Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004, p. 584-86. 36 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 400. 37 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 456. 38 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 60. 39 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 61. 40 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 424. 41 ALVIM, Arruda. Apud, WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 457. 8

do autor anteriormente citado, pois, relata que esse meio de prova não é o mais ideal, ponderando-se assim que, a prova documental supera-a de muito, muito embora, importante lembrar que a prova testemunhal é um direito da parte e, trazendo a parte a vontade, a manifestação desse direito, o juiz não pode, sponte sua, dispensá-la. O próprio Wambier 42, assegura, que está é a prostituta das provas, porque é a mais sujeita a imprecisões, seja pela falha da memória humana, seja porque, talvez até sem malícia, pode a testemunha deturpar os fatos com o feito de favorecer a parte. Continua referindo que, é impossível não se ter esse meio de prova, pois existem casos em que este é o único meio para se provar o fato ao juiz. E aprofunda dizendo que, não vale a confusão que se possa fazer entre capacidade civil e capacidade de testemunhar. Uma difere da outra, no sentido em que a primeira, exemplificando, um cego, surdo ou, enfermo, não são capazes civilmente, mas poderão ser ouvidos. Mostra ainda o impasse do menor de dezesseis e maior de dezoito anos pode testemunhar, mas fica afastada a possibilidade de ocorrência de crime de falso testemunho, devido a inimputabilidade do mesmo. Há ainda a possibilidade do menor ser ouvido apenas como informante, mas o valor deste, é pouco menos inferior ao testemunhal propriamente dito. 43 Quanto ao prazo da entrega do rol de testemunhas do art. 470 do CPC, anteriormente se falava em incumbe à parte, 5 (cinco) dias antes da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, a profissão e a residência. ( ), no entanto, o legislador reformou desse artigo, modificando esse prazo, trazendo da seguinte forma: Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência. ( ). 44 Quanto a classificação das testemunhas, quais sejam: as presenciais (aquelas que tiveram contato direto com o fato em epígrafe); as de ouvida ou de referência (não presenciaram, mas que dele tiveram notícias por outra pessoa diversa da parte) e, por fim; as referidas (embora não arroladas pela parte, surgiram por depoimentos de outras testemunhas). 45 2.6. Da Prova Pericial A prova pericial aparece para suprir a carência de conhecimento técnico que o juiz necessita para solucionar o caso em quaestio. Se trata de auxílio de pessoas especializadas, que examinam pessoas, coisas ou documentos envolvidos no litígio e que proporcionam ao juiz que realize um julgamento mais justo e, assim, sendo indispensável a segurança. Menciona-se a distinção da prova pericial, da prova testemunhal, ao passo que, a prova pericial se aproxima da prova testemunhal, uma vez em que nos tempos antigos os peritos eram considerados testemunhas. De outra banda, esses instrumentos de convencimento do juiz tem diferença, pois o objetivo da prova testemunhal é apenas reconstituir o fato tal qual existiu no 42 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 433. 43 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 433. 44 WAMBIER, Luiz Rodrigues; WAMBIER, Tereza Arruda Alvim; MEDINA, José, Miguel Garcia. Breves Comentários `a Nova Sistemática Processual Civil: Emenda Constitucional n. 45/2004 (Reforma do Judiciário); Leis 10.444/2002; 10.358/2001 e 10.352/2001. 3. Ed.rev. atual e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 209. 45 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., 435. 9

passado, do contrário, a perícia vem para descrever o estado atual dos fatos. Da testemunha, é buscada a memória, da perícia se busca a ciência. 46 Outros doutrinadores, tais como, Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery 47, salientam que, o objetivo da prova pericial é o fato ou os fatos que foram alegados na inicial ou na contestação que careçam de perícia para sua cabal demonstração. Se a alegação do fato surgiu durante o processo, de forma fugaz e pouco consistente, apenas como recurso de retórica, não pode ter o condão de impor a necessidade de produção de prova. Acredita-se que, a nomeação do perito e a indicação de assistentes técnicos, quando a perícia for realizada a partir de carta, poderá ser feita no juízo que se requisitou a perícia, bem como no juízo de origem, exemplificando, pode ser quando se tenha que vistoriar um imóvel que fica noutra comarca, com o intuito da praticidade de se usar técnicos nela residentes, que podem ser desconhecidos pelo juiz que requisitou a perícia. Sendo esse caso, o juízo destinatário da carta a atividade das funções da perícia, assim como, a saber, fixar prazo para a entrega do laudo, decidir sobre impugnações, também escusas, etc. 48 Sobre a perícia complexa, importante trazer a idéia de que, sendo o caso abrangido por mais de uma área de conhecimento especializado, pode o juiz nomear mais de um perito e a parte poderá indicar mais de um assistente técnico também. 49 Vários autores, como exemplo, Wambier, classificam 3 tipos de perícias, quais sejam: a) Exame, que é a perícia propriamente dita, pois o perito inspeciona coisas ou pessoas, desvendando aspectos técnicos ou científicos que não são visíveis. b) Vistoria, pela nomenclatura mostra-se a mesma atividade do exame, no entanto, é somente para bens imóveis. c) Avaliação, atribui-se valores para bens jurídicos (coisas direitos ou obrigações). E, quanto ao grau de formalidade, tem-se a judicial, a extrajudicial e, informal. A primeira, ocorre dentro do processo a pedido da parte ou pelo juiz de ofício, o perito é nomeado pelo juiz e, a segunda, a parte contrata técnicos da sua confiança para instruírem a inicial e a contestação, evitando a perícia judicial. Essa última se assemelha a prova documental, mas não deixa de ser perícia, pois é o meio de esclarecimento técnico dos fatos. Quanto a informal, cabe referir que é espécie de perícia judicial, só que fica dispensado o laudo, assim, o juiz pode somente pedir ao perito e assistentes que verifiquem a situação. 50 Sobre os prazos, oportuno lembrar que, para os assistentes técnicos, terão que oferecer seus pareceres em 10 dias, após a apresentação do laudo, independente de intimação e posteriormente, as partes serão intimadas do laudo. 51 46 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 434. 47 JUNIOR, Nelson Nery e NERY, Rosa Maria de Andrade. Apud WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 458. 48 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 70. 49 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 71. 50 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 442. 51 WAMBIER, Luiz Rodrigues; WAMBIER, Tereza Arruda Alvim; MEDINA, José, Miguel Garcia. Breves Comentários `a Nova Sistemática Processual Civil: Emenda Constitucional n. 45/2004 (Reforma do Judiciário); Leis 10.444/2002; 10.358/2001 e 10.352/2001. 3. Ed.rev. atual e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 223. 10

2.7. Inspeção judicial Quanto esse meio de prova, cabe trazer considerações iniciais, como o conceito, que vem bem claro com o doutrinador Eduardo Arruda Alvim, que mostra a inspeção judicial como um meio subsidiário de prova, e a possibilidade de sua determinação mediante ex officio como regra ao ônus da prova, independente de aprovação das partes, estando o juiz com dúvida sobre fato controvertido sobre a decisão da parte, assim com a inspeção de pessoas ou coisas, sucessivamente para a produção de outras provas ou quando entender que somente com a inspeção poderá se esclarecer. 52 A inspeção será realizada no lugar em que se encontre a pessoa ou coisa, sempre que: esta for necessária para melhor verificação/interpretação dos fatos; ou, quando a coisa não puder ser trazida a juízo sem grandes despesas ou grandes dificuldades; ou, ainda, quando necessária para realizar a reconstituição dos fatos. 53 Com relação ao procedimento, podem as partes assistir a inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que sejam de interesse à causa. Ainda, podem as partes levar técnicos de confiança para assessorar, mas farão esclarecimentos particulares, sem assumir a posição processual de assistentes técnicos, como é na prova pericial. 54 A inspeção judicial pode ser em pessoas, coisas ou lugares. Sendo em pessoas, pode ser as partes, terceiros (que devem vir por força do dever de colaboração ao judiciário, acompanhados de seus procuradores). Sendo coisas, tanto móveis como semoventes, sendo incluídos os documentos que não podem ser transportados. Sendo em lugares, aí é para o caso de visualização do local onde os fatos ocorreram. 55 2.8. Entendimento Jurisprudencial Para uma análise prática da jurisprudência, realizou-se a seleção de alguns acórdãos de maior relevância, alguns do Tribunal de Justiça do sul do país e, também, com o intuito de complementação, outros acórdãos do Supremo Tribunal Federal. Assim, mostra-se o enfrentamento da questão pelo TJRS, com os seguintes acórdãos: 1) AGI nᵒ 595203167, datado de 02.04.96, 6ᵃ Câmara Cível, Relator Milton Loff. Ementa: Prova. Fita magnética. Admissibilidade. A fita magnética, conforme precedente jurisprudencial, só é prova lícita e legítima atendidas as cautelas quanto a falseamentos, quando o diálogo gravado é entre as partes envolvidas no processo. Agravo improvido. 2) Recurso improvido, datado de 16.11.93, 1ᵃ Câmara Cível, Relator Celeste Rovani. Ementa: Direito Processual. Prova. Gravação clandestina de conversa telefônica. Ilegalidade e Imoralidade. Aplicação dos incisos XII e LVI do art. 5ᵒ da 52 ALVIM, Eduardo Arruda. Curso de Direito Processual Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004, p. 564-65. 53 ALVIM, Eduardo Arruda. Curso de Direito Processual Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004, p. 565. 54 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v., p. 444. 55 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v., p. 447-48. 11

CF e do art. 332 do CPC. A gravação de conversa telefônica sem consentimento e ciência do interlocutor é ineficaz como prova, porque colhida por meio ilícito e ofensivo à tutela de direito individual e, por isso, não pode ser inserida em processo de natureza cível. 3) AGI, nᵒ 590091278, datado de 05.03.91, 6ᵃ Câmara Cível, Relator Adroaldo Fabrício. Ementa: Prova Ilícita. Inadmissibilidade. Constatando o juiz, ictu oculti, que a prova oferecida a seu exame foi obtida fraudulentamente deve de plano rejeitá-la, sem sequer admitir contraditório sobre sua licitude. Tal é o caso da gravação obtida por investigador particular, consentindo nisso a parte porque induzida em erro quando ao real propósito da entrevista, que se inculcara destinada a matéria jornalística. Improvimento. Ademais, entendimento do STF, traz-se alguns acórdãos: 1) RE nᵒ 85439/RJ STF. 2) HC 3892/RJ STJ 3) RE nᵒ 85439/RJ 4) HC 69912/RS (STF). Esse acórdão é de potencial importância pois nele o ministro aplica a teoria americana da árvore contaminada igualmente contamina seus frutos. 5) RE nᵒ 100094 PR. CONCLUSÃO Tem-se por conclusão que, a lei exige a notoriedade dos fatos, sendo este, requisito ou elemento essencial de um direito ou fato jurídico. Portanto, a própria notoriedade se torna objeto da prova e esta é indispensável. Esse fato jurídico, por sua vez, deve ser mostrado, trazido aos autos, sendo que o ônus da prova caberá àquele que aproveita o reconhecimento do fato. Oportuno fixar que, a prova trazida, deve ser a prova lícita, somente no caso de não se ter como demonstrá-la de outra forma, aí sim, esta poderá ser apresentada aos autos como sendo àquela prova adquirida de forma ilícita. O direito à prova não é absoluto. Deve o juiz discricionariamente pesar os direitos, quando do embate de princípios constitucionais protegidos, e buscar a justiça no caso concreto. Sobre as provas ilícitas, apesar da Constituição Federal de 1988 trazer uma proibição expressa, o melhor entendimento é que deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade, uma vez que, não tendo outra forma da parte provar seu direito, fica admitida de provar o fato a partir da prova obtida de maneira ilícita. No caso da prova derivada, ou seja, aquela obtida através da prova ilícita, pois bem, essa não será passível de admissibilidade. O direito à intimidade não é absoluto. Todavia, deve ser analisado com atenção redobrada pelo julgador e este, frear seu poder discricionário, não passando por cima desse princípio tão importante do nosso ordenamento jurídico. 12

Além dos meios de provas já existentes na atualidade, como os mencionados no capítulo segundo, surgirão cada vez mais novas situações, ainda não regulamentadas, tais como: o interrogatório on-line do acusado, a produção de prova testemunhal via televisão, a utilização da Internet para coleta de testemunhos, etc. Situações estas que deverão ter, posteriormente, posicionamento legal e uniforme para a aplicabilidade dos magistrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVIM, Eduardo Arruda. Curso de Direito Processual Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004. CAPPELLETTI, Mauro; OLIVEIRA, Hiltomar Martins (trad.). O Processo Civil no Direito Comparado. Belo Horizonte: Ed. Cultura Jurídica Ltda., 2001. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Malheiros, 2004. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. São Paulo: Ed. Malheiros, 2001, 2.v. GRINOVER, Ada Pellegrini. O Processo: Estudos e Pareceres. São Paulo: Ed. Perfil, 2005. JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, 1.v. MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro: exibição sistemática do procedimento. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007. SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil. 11. ed. Rev. e atual. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006, 1.v. SILVA, Eduardo da Silva. Fontes e Meios de Prova na perspectiva do microssistema da arbitragem. In: Prova Cível. 2. Ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2005. SILVA, Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006. SILVEIRA, Patricia Azevedo da. A prova ilícita no cível. In: Prova Cível. 2. Ed. Rev. e atual. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2005. WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo, WAMBIER, Luiz Rodrigues (coord.). Curso Avançado de Processo Civil. 8. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, 1.v. WAMBIER, Luiz Rodrigues; WAMBIER, Tereza Arruda Alvim; MEDINA, José, Miguel Garcia. Breves Comentários `a Nova Sistemática Processual Civil: Emenda Constitucional n. 45/2004 (Reforma do Judiciário); Leis 10.444/2002; 10.358/2001 e 10.352/2001. 3. Ed.rev. atual e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005. 13