HISTÓRIA INDÍGENA AULA 1. Prof. Lucas de Almeida Pereira

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Transcrição:

HISTÓRIA INDÍGENA AULA 1 Prof. Lucas de Almeida Pereira lucas.pereira@ifsp.edu.br

Apresentação Lucas de Almeida Pereira, licenciado em História pela UNESP de Assis Participação no NUPE e curso de extensão sobre História e Cultura Negra no Brasil e nos EUA Linhas de pesquisa: Teoria da história (Doutorado) e História da Ciência (Pós-doc) Discussão de temas ligados à História da África em cursos ministrados na UFABC (Pós-doc) Concepções de alunos: África como país, África como sinônimo de miséria.

Mas afinal quem são os índios? Espalhados por praticamente todo o território nacional, embora em grupos pequenos os índios constituem diversas culturas e identidades manifestadas na nação brasileira. O Estado brasileiro é formado por uma única nação, embora reconheça a existência e direitos particulares a outras nações. Nação X Povo O exemplo boliviano -> Estado Plurinacional

Quem somos? De acordo com dados do IBGE atualmente são mais de 700 mil indígenas no território nacional, mas pesquisas genéticas demonstram que cerca de 30% dos brasileiros adultos possui herança indígena materna e 10% paterna. Os dados genéticos condizem com a condição de exploração colonial que ocorreu no continente (homens dizimados e mulheres gerando famílias). A grande maioria dos índios vive em estado de urbanidade ou semi-urbanidade (reservas). Há um pequeno mas significativo número de índios isolados no país, especialmente na região Amazônica.

Notícia 08/09 Índios de uma tribo isolada massacrados por garimpeiros. Ao menos dez corpos foram encontrados torturados e mutilados. Atualmente os índios isolados ou em reservas encontram-se em estágio de conflito com mineradores, madeireiros e agronegócio. A história indígena do Brasil é antes de tudo uma história de resistência, de lutas e se sobrevivência. A despeito dos massacres, doenças, perseguições e preconceitos os índios continuam lutando por terra e liberdade. A ideia do curso é não apenas estudar e valorizar o que aprendemos com os índios brasileiros, mas perceber o quanto estes ainda contribuem com seu trabalho e cultura.

Diversidade Étnica Brô Mcs: Bororôs e Kaingang Crianças Kayapós Tribo isolada (divisa Acre/Peru)

A importância da(s) Língua(s) Os índios brasileiros se articulam em grupos sociais e culturais extremamente diversificados, o que dificulta a criação de padrões de abordagem. As Famílias Linguísticas e os Troncos Linguísticos são comumente utilizados para fazer a distinção entre grupos indígenas. Em muitos casos o nome da própria tribo é confundido com sua língua.

Troncos Linguísticos/ Família Linguística Troncos linguísticos são conceitos articulados em forma de árvore na qual se identifica a pertença de certos grupos sociais. Exemplo: o tronco linguístico do Português é o Latino, do qual também participam o espanhol, o italiano, o francês, etc. Famílias linguísticas são conceitos mais restritos, e são formadas por ramos dos troncos. Exemplo o Português é uma família linguística do tronco latino.

Tronco Tupi e Indo-Europeu

Troncos e Famílias Indígenas à época da Invasão

As principais línguas indígenas Tupi-Guarani: Tupi e Guarani não são as mesmas línguas embora haja grande proximidade entre ambas e por isso formem um tronco. As línguas Tupis eram mais faladas no litoral central e norte enquanto as línguas Guarani eram mais faladas no centro sul/oeste. Jê: O tronco Jê é relativamente novo Durante séculos no Brasil se falou tupi de modo disseminado, índios, escravos, portugueses, todos falavam a língua-geral (Nhengatu, tupi antigo). Em 1768 o Marquês de Pombal proíbe o uso da língua geral e o Brasil começa a adotar o português de modo mais geral.

Espécie, raça, etnia Espécie Homo, gênero Sapiens Raça ou Etnia? -> Raça conceito social, diz respeito a aspectos fenotipicos e de parentesco; Etnia -> reunião de diversos fatores culturais: (nacionalidade, tradições, costumes) Pesquisas genéticas sobre a população brasileira apresentam resultados díspares: a pesquisa mais famosa da área (2003) aponta para 70% de Dna europeu, ao passo que pesquisas localizadas (2011) apontam para um maior equilíbrio.

Origem da concepção de Raça Carolus Linnaeus (1758), criador da taxonomia moderna e do termo Homo sapiens, reconheceu quatro variedades do homem: 1) Americano (Homo sapiens americanus:vermelho, mau temperamento, subjugável); 2) Europeu (europaeus: branco, sério, forte); 3) Asiático (Homo sapiens asiaticus: amarelo, melancólico, ganancioso); 4) Africano (Homo sapiens afer: preto, impassível, preguiçoso) (In: SANTOS, 2010)

Conceito de Etnia Historicamente, a palavra etnia significa gentio, proveniente do adjetivo grego ethnikos (...) É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo resumida em: parentesco, religião, língua, território compartilhado e nacionalidade, além da aparência física (In: SANTOS, 2010)

Plano de curso Aula 1: Apresentações, Discussão sobre o conceito de Povo e nação, Linguagens e povos indígenas. Aula 2: O Brasil antes dos brasileiros -> Pré-história brasileira e comunidades indígenas. Aula 3: Do Estranhamento às Alianças (1500-1600) Aula 4: Escravidão indígena no Brasil Aula 5: A questão indígena até a formação do Império Brasileiro

Plano de curso Aula 6: Migração para o Norte e Centro-Oeste e Políticas Públicas para populações indígenas (1841-1914) Aula 7: A questão indígena no século XX (I) Aula 8: A questão indígena no século XX (II) Aula 9: Cultura(s) indígenas brasileiras: Crenças e estórias Aula 10: Cultura(s) indígenas brasileiras: música, cerâmica, dança, literatura Aula 11: Debate sobre questões indígenas Aula 12: Encerramento

Avaliação Do curso: será solicitados aos participantes uma avaliação do curso ministrado e dos conteúdos aprendidos. Do conteúdo: será solicitado a criação de um plano de aula (docentes) ou uma redação sobre um dos temas trabalhados em curso. Materiais de apoio e sugestões de leitura serão enviados via o blog Historiaafrosuzano.wordpress.com