Mudança de paradigma M. Dueña u M dança de 50 R e v i t a d a ES P M maio / junho de 2009
João Boaventura Branco de Mato ParadigMa, crie e oportunidade em trê onda e}o trê ciclo apreentado imbolizam período ditinto de acenão e declínio de grande potência que dominaram cada um dee ciclo.~ m uma perpectiva ao no afatarmo da árvore para melhor ver a floreta, um primeiro paradigma de ordem política de conformação do etado nacionai reide no Etado-aboluto, que tem em Maquiavel, no início do éculo XVI, ua primeira contrução teórica. Mai tarde, encontra em Hobbe, com eu Leviatã (1651), ua forma madura e mai elaborada. Ea forma de organização encontraria ua fae outonal com o clamor pela liberdade individuai e pelo etado de direito, que começava a inpirar a revoluçõe agrada, a livre-iniciativa e a gênee do Etado-liberal retratada pelo filóofo de tradição empirita. Na virada para o éculo XVIII, a nova concepção repreentada pelo Etadoliberal de John Locke amadureceria rapidamente, alimentada pela pujança econômica e pela compulão extraterritorialita inglea e francea, atingindo eu ápice em período de grande bonança econômica e, ao memo tempo, de grande revolta ociai. A plenitude material caracterítica do período vitoriano e eu uceivo excedente financeiro, entretanto, viriam acompanhado de intena deigualdade. Nee contexto, o clamor do movimento operário e a revolta ociai, o conflito da Primeira Guerra Mundial e nova forma de organização do Etado como a da revolução, etimulando no ocidente açõe compenatória (ou organizativa) por parte do Etado nacionai. Aim é que, a crie de 1929, epecialmente para o mundo capitalita é o marco de nova forma de atuação do Etado, aqui caracterizada como Etado-interventor. Ee novo padrão e conolidaria apó a egunda grande guerra ob a forma da agência multilaterai que confeririam ao capitalimo a ua chamada era de ouro. Tai agência, mai tarde modificada em função do interee da potência hegemônica, eriam o utentáculo da expanão de um novo itema-mundo (Wallerteein, 1996). Ee novo poder hegemônico viria também acompanhado de ignificativo excedente financeiro, que caracterizaria a chamada era de ouro do capitalimo (1945-73, Arrigh, 1996). î maio/junho de 2009 R e v i t a d a E S P M 51
Mudança de paradigma Grau de maturidade Figura 1: A tranformaçõe no Plano Político e Nacional Etado-Aboluto Etado-Liberal Etado-Interventor Etado-Mediador r1 r2 r3 Europa Continental Inglaterra EUA? Mai de 250 ano Meno de 200 ano Meno de 100 ano? 1500 1650 1750 1850 1870 1930 1945 1970 1980 tempo Fonte: Elaboração do autor Todavia, o acirramento da guerra-fria, e ua dieminação por praticamente todo o globo terretre, implicou numa fantática elevação de gato militare por parte do EUA, motivando o rompimento do padrão Dólar-ouro, convencionado em Bretton Wood, abrindo uma nova era de afirmação do poder hegemônico americano, diociada, deta feita, de padrõe de acumulação mai etávei e regulado. A expectativa da deagregação da ordem etabelecida pelo Etadointerventor e potencializou pela onda neoliberal que e intalou no curo dea afirmação hegemônica, trazendo intabilidade ao itema, exprea por uceiva crie pontuai e deaguando na atual crie financeira. Novamente, a crie do paradigma atual vem ucitar o clamor por nova e diferente forma de organização mai voltada pela repactuação de regra de controle da moeda e do fluxo financeiro internacionai. Nee entido, a figura de um Etado-mediador, no qual ganha força a ideia de regulação, reúne a perpectiva de uma concertação do Etado com um conjunto de atore ociai e político que atuam efetivamente reivindicando novo e maiore epaço de participação no itema, como aliá é caracterítica marcante de todo o proceo de crie... A linha pontilhada da Figura 1 indica um proceo ainda em andamento. Ee novo padrão de intervenção do Etado vem e contruindo no ecombro de um modelo intervencionita agônico que, todavia, encontra em eu opoitor neoliberal mai um algoz do ancien régime do que um artífice de um nouveau régime provavelmente ainda em getação. Cabe detacar que ea configuraçõe apreentada na Figura 1 apreentam ainda a acenão e declínio da grande potência nacionai que dominaram a cena em cada um do ciclo apreentado e a aceleração do tempo em que e deram ea tranformaçõe, no entido explorado por Kennedy (1989). O trê ciclo apreentado imbolizam período ditinto de acenão 52 R e v i t a d a E S P M maio/junho de 2009
João Boaventura Branco de Mato e declínio de grande potência que dominaram cada um dee ciclo. No ciclo do Etado-aboluto, fica clara a proeminência da Europa Continental. Nee período, o poder central não e manteve retrito a uma única cidade, tranitando entre Gênova, Florença, Liboa, Madri e Amterdam, porém permanecendo circuncrito à ideia de centralimo político e adminitrativo e poder aboluto da figura do monarca. No egundo ciclo, o poder cruza o Etreito de Calai e e conolida na Inglaterra, ancorado na ideia da livre-iniciativa como propulora do mercado e da divião internacional do trabalho. No terceiro ciclo, cruza o Atlântico e e etabelece na figura do EUA como grande fiador de um conjunto de intituiçõe multilaterai que paaram a controlar a ordem mundial do pó-guerra. Mai recentemente, o decontrole a que vêm endo ubmetida ea agência multilaterai tem convivido com a acenão da economia periférica, predominantemente a aiática ou a do hemifério ul, que têm coneguido e impor como novo player de peo no jogo político internacional. Dee modo, não ão irrelevante nem fantaioa a poibilidade de que, em algum momento do futuro, o poder venha novamente a cruzar oceano, ou hemifério, abrindo oportunidade para o Brail no contexto do paíe emergente. Nee entido, ainda ao examinar a Figura 1, é poível verificar que eta tranitoriedade eteja mai evidente à medida que a tranformaçõe apreentada têm apreentado uma aceleração de eu tempo hitórico, no termo de Foucault (2002) ou de Hobbawn (1991), ou ao contrário de Arrighi (1997). O que vemo aqui, além da vertiginoa aceleração da Curva do Século XX decrita por Foucault, é uma aceleração contante do intervalo de duração do ciclo anteriormente examinado. A delicadeza do contorno da curva, em ua perpectiva hitórica de longuíimo prazo denuncia que não há nee proceo traniçõe marcante ou decontinuada (Braudel, 1995). A hitoriedade evolutiva de Foucault, aqui parece eguir eu curo obre vaga num oceano de poibilidade, em que ea vaga encontrem ua arrebentação ou aumam contorno mai crítico, cabendo ao fato marcante não o papel de inflexão ou determinação dea onda, ma utilmente a função de demarcação dee contorno eculare. Outro ponto a er coniderado é a dimenão produtiva, repreentada na Figura 1 pela eta R1, R2 e R3. Cada uma dela repreenta o deenvolvimento de uma ordem hegemônica de produção que dominou a cena em M. Dueña cada um do ciclo apreentado e, poivelmente, etimulou a aceleração do tempo em que e deram ea tranformaçõe. A R1 repreenta a dieminação da indútria têxtil e invenção da máquina a vapor (1677). A conolidação deta forma de produção vale dizer, erve como o laboratório da obra de Adam Smith. Poteriormente, R2 imboliza a acenão do grande inventore e da grande invençõe como a eletricidade, química, aço (iderurgia), telégrafo, telefone, automóvel etc. Analogamente, a dieminação da técnica de adminitração racional inpirariam autore como Taylor e Fayol até atingirem o grau de maturidade da grande indútria fordita. Por fim, R3 imboliza um novo paradigma produtivo ainda em contrução, repreentado por atividade ligada à microeletrônica, computação, telecomunicaçõe, internet e biotecnologia que tanto têm inpirado autore mai contemporâneo como Drucker e Roemberg, ou outro à frente de eu tempo como Em algum momento do futuro, o poder novamente cruzara oceano, ou hemifério, abrindo oportunidade para o Brail no contexto do paíe emergente. î maio/junho de 2009 R e v i t a d a E S P M 53
Mudança de paradigma M. Dueña O novo paradigma produtivo, ainda em contrução, pode er repreentado por atividade ligada a nova fonte de energia limpa e aceível. Schumpeter. Falta ainda a ee paradigma uma conolidação que poderia er repreentada por uma fae futura onde e integraria ao itema inovativo com nova fonte de energia limpa e aceível, racionalidade do emprego e manipulação genética em larga ecala etc. Por fim, o cruzamento entre a curva e reta da Figura 1 ugere que a acenão de nova forma de produção (reta) e dá, em geral, no momento de declínio da forma hegemônica de organização política (curva) o que eneja a preença de conflito ignificativo em cada uma deta época. A fae em que vivemo é certamente repreentada por um dee momento de conflito, no qual etá em curo o demonte do Etado-interventor pela obra de eu algoz neoliberal, o qual, entretanto, não e credenciou a etabelecer um novo padrão hegemônico. O cenário atual combina a intena deagregação de um paradigma político, potencializado pela ameaça, principalmente para o paíe ubdeenvolvido, da interrupção do fluxo internacionai de crédito, impondo ao comércio externo um hitórico retroceo. Dee modo, a crie atual e deagregação do itema financeiro internacional repreenta uma miríade de oportunidade de entrada em cena de novo atore. Uma da face dee proceo é o fortalecimento de moeda regionai, que pode levar ao etabelecimento de nova etrutura monetária. Ee é o cao, por exemplo, de alguma iniciativa de troca direta de moeda entre paíe, como o cao em curo de Brail-China ou China-Argentina. Nee entido, tornar-e-á imperioo o redeenho da intituiçõe multilaterai, que, em algum momento do futuro, virão a ocupar a lacuna regulatória legada pelo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, entre outra. Por fim, a urgência da contituição de nova etrutura não parece er capaz de antecipar eu tempo hitórico. Nunca é demai lembrar que foram neceário uma guerra mundial e quinze ano dede o crah na bola de Nova Iorque, para que e edificae e conolidae um novo arcabouço regulatório em Bretton Wood. Etamo vivendo uma era de ameaça e oportunidade, na qual a ecolha feita podem fazer toda a diferença para a próxima geraçõe. É tempo é de cuidar da árvore ESPM para alvar a floreta. João Boaventura Branco de Mato Economita, profeor da ESPM-RJ, epecialita em regulação da ANS, doutorando do IMS/UERJ e metre em economia pelo IE/UFRJ. E-mail: jmato@epm.br Bibliografia Anderon, P. - O Fim da Hitória de Hegel a Fukuyama. Ed. Brailiene. 2007. Arrigh, G. - O Longo Século XX. 1997. Beant, J. - Fifith wave manufacturing: The Managment Implication of New Manufacturing Technology. 1995. Bobbio, N. - A Ideologia e o Poder em Crie. Ednub, 1994. Catel, M. - A Sociedade em Rede. Paz e Terra, 1999. Cipolla, C. - The Fontana Economic Hitory of Europe. Glagow, 1980. Châtelet, F. et alli. - A Hitória da Ideia Política. Zahar. 2000. Drucker, Peter. - Além da Revolução da Informação. HSM. 2000. Fiori, J. et alli. - O Poder Americano. Voze. 2004. FOUCAULT, Michel. - A palavra e a coia: uma arqueologia da ciência humana. São Paulo: Martin Fonte, 2002. Hobbawn, E. - Era do Extremo. (O Breve Século XX - 1914-1991). 1991. Kennedy, Paul. - Acenão e queda da grande potência. Rio de Janeiro: Campu, 1989. Krugman, P. - Internaciolanimo Pop. Campo. 1997. Moura, P. - O Benefício da Crie. Ed. Mauad, 1995. Ohmae, Kenichi, - The End of the Nation State: The Rie of Regional Economie. (New York: The Free Pre, 1995). Polanyi, K. - A grande tranformação. 1986. Stiglitz, J. - A Globalização e eu Malefício. Futura, 2002. Teixeira, A. - O Ajute Impoível - um etudo obre a deetruturação da ordem econômica mundial e eu impacto obre o Brail. RJ: Editora UFRJ, 1994.. Wallertein, I. - Para Abrir a Ciência Sociai. Relatório da Comião Gulbenkian obre a etruturação da Ciência Sociai, Mem Martin, Publicaçõe Europa-América, 1996. 54 R e v i t a d a E S P M maio/junho de 2009