LIGAÇÕES COVALENTES. Química Geral Augusto Freitas

Documentos relacionados
Estrutura e Ligações em Moléculas Orgânicas

Regra do octeto A regra do octeto: Cuidado

Ligações Químicas. Profª Drª Cristiane de Abreu Dias

LIGAÇÃO COVAL COV AL NT

Ligações químicas e VSEPR

Ligação Química Parte- 2

LIGAÇÕES QUÍMICAS. Prof. Marcel Piovezan. Curso Superior de Tecnologia em Processos Químicos

Ligações Químicas Parte - 3

Química Orgânica Ambiental

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Centro de Ciências Tecnológicas CCT Departamento de Química DQMC

QUÍMICA A Ciência Central 9ª Edição Capítulo 8 Conceitos básicos de ligação química David P. White

QB70D:// Química (Turmas S15/S16) Ligações Químicas


Química Geral I Química - Licenciatura Conteúdo 23/05/2017 Química Geral Prof. Udo Sinks

Ligação covalente comum.

QUI109 QUÍMICA GERAL (Ciências Biológicas) 8ª aula /

Lista de exercícios 1 QB73H

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC - CCT Química Geral Profª Fabíola Corrêa viel

TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA - TLV

Ligação Química. - Os elétrons mais fracamente ligados ao átomo podem tomar parte na formação de ligações químicas.

LIGAÇÕES QUÍMICAS Parte 2

Universidade Federal do Tocantins

Reis, Oswaldo Henrique Barolli. R375l Ligações químicas / Oswaldo Henrique Barolli. Varginha, slides : il.

Ligações covalentes. Profa. Dra. Marcia Margerete Meier

Estudo do átomo de carbono (Hibridização), Estrutura de Lewis, Carga formal. Aula 2

Ciências da Natureza e Matemática

Ligação Química Parte 1

AS LIGAÇÕES QUÍMICAS

As ligações químicas classificam-se em:

Por muito tempo acreditou-se que a estabilidade dos gases nobres se dava pelo fato de, à exceção do He, todos terem 8 elétrons na sua última camada.

Estrutura da Matéria Prof.ª Fanny Nascimento Costa

Química Orgânica. Prof. Me. Felipe Gorla Turma- EIN2014

LIGAÇÕES QUÍMICAS. Ocorre entre elétrons da CAMADA DE VALÊNCIA Portanto não ocorrem mudanças no núcleo dos átomos. Não altera a massa dos átomos.

Ministério da Educação Universidade Federal do Paraná Setor Palotina

É O RESULTADO DE FORÇAS ATRATIVAS E REPULSIVAS

Estrutura Molecular, Ligações Químicas e Propriedades dos Compostos Orgânicos

Centro Universitário Anchieta

Ligações Químicas. Profª. Ms. Loraine Cristina do Valle Jacobs DAQBI.

Química Orgânica I. Estruturas de Lewis, Carga Formal e Estruturas de Ressonância. Aula 2

Ligações Interatômicas: IÔNICA = metal + não-metal COVALENTE = não-metais METÁLICA = metais

Ligações covalentes múltiplas

Ligações químicas. 1. Ligações Iônicas vs. Ligações covalentes 2. Modelo RPECV ou VSEPR 3. Teoria da Ligação de Valência.

Ligações Químicas. Ligações iônicas Polarização e sólidos iônicos Ligação covalente Estrutura de Lewis Carga formal

Ligação Covalente: compartilhamento de elétrons entre os átomos.

1.3. Ligações Químicas em Moléculas Orgânicas (Bibliografia principal: Brown, 2nd)

Teorias de Ligação. Teoria da Ligação de Valência. Ligações s e p Hibridização de orbitais Ligações dos hidrocarbonetos

QUÍMICA ORGÂNICA LIGAÇÕES QUÍMICAS GEOMETRIA MOLECULAR HIBRIDIZAÇÃO

Disciplina: Química Professor: Rubens Barreto. III Unidade

PPGQTA. Prof. MGM D Oca

Teoria da Ligação Covalente. Teoria da Ligação de Valência (TLV)

Valence shell electron pair repulsion (VSEPR)

Aula 09 Teoria de Ligação de Valência

Ligações covalentes. Modelinho simplificado: será que dá conta de explicar tudo?

Ligações Químicas. Iônicas. Metálicas. Covalentes. Átomo: constituinte da menor parte de qualquer matéria;

Ligação iônica = transfere elétrons (um doa outro recebe) 1, 2, 3 e - c.v. 5, 6, 7 e - c.v. Doar e - Receber e - Íon+ Íon - Cl - : NaCl.

Ligação Covalente: compartilhamento de elétrons entre os átomos.

Estabilidade dos Átomos

Na Atmosfera da Terra: Radiação, Matéria e Estrutura Unidade temática 2

Ligações Interatômicas: IÔNICA = metal + não-metal COVALENTE = não-metais METÁLICA = metais

ESCOLA SECUNDÁRIA PINHAL DO REI FICHA FORMATIVA 2ºTESTE

QUI109 QUÍMICA GERAL (Ciências Biológicas) 7ª aula /

INTRODUÇÃO. Matéria é formada por átomos que se unem espontaneamente uns aos outros

AULA 03 - LIGAÇÃO QUÍMICA

Química Orgânica I. Ligação Química e Estudo do Átomo de Carbono. Aula 1. Profa. Alceni Augusta Werle ProfaTânia Márcia Sacramento Melo

Diferentes modelos de ligação química

CURSO FARMÁCIA SEMESTRE

2.1 Princípios gerais da ligação química. Ligações químicas

Ligações Químicas. PROF: Fábio Silva

Forma e estrutura das moléculas Atkins e Jones, Princípios de Química, cap. 3, p (5 a edição)

Revisão de Ligações Químicas

CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE LIGAÇÃO QUÍMICA. Prof a. Dr a. Luciana M. Saran

Form r as a s e s e p s ac a i c ai a s molec e u c lar a e r s G o e met e r t i r a molec e u c lar a r e e te t o e ri r as a de ligaç a ã ç o

QUÍMICA GERAL Ligações Químicas. slide- 1 LIGAÇÕES QUÍMICAS. Profª. Camila Amorim

Aulão de Química. Química Geral Professor: Eduardo Ulisses

2005 by Pearson Education. Capítulo 09

Estrutura Molecular, Ligações Químicas e Propriedades dos Compostos Orgânicos

Ligações químicas. Matéria é formada por átomos que se unem espontaneamente uns aos outros

Estruturas eletrônicas de Lewis

Colégio São Paulo-Teresópolis/RJ. Projeto Sabadão. Química. Raquel Berco

E-books PCNA. Vol. 1 QUÍMICA ELEMENTAR CAPÍTULO 2 LIGAÇÕES QUÍMICAS

QB70C:// Química (Turmas S71/S72) Ligação Química

Química de Coordenação Teorias NAE e TLV. Prof. Fernando R. Xavier

Ligações Químicas Interatômicas

Surgiu com a associação entre estabilidade dos gases nobres e o fato de possuíram 8 elétrons na última camada.

Ligações Químicas. No hidrônio, quantos pares de elétrons pertencem, no total, tanto ao hidrogênio quanto ao oxigênio? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 6

CONFIGURAÇÃO DOS GASES NOBRES ÁTOMOS ESTÁVEIS E ISOLADOS

Cursinho Pré-Vestibular Popular TRIU Disciplina: Química Professor: Giorgio Antoniolli Turma(s): T/R LIGAÇÕES COVALENTE E METÁLICA LIGAÇÃO COVALENTE

Estrutura molecular Ligação química

A Tabela Periódica pode ser um guia para a ordem na qual os orbitais são preenchidos...

CAPÍTULO 4 - LIGAÇÕES QUÍMICAS E ESTRUTURA DE MATERIAIS

Exercícios sobre LigaÇões covalentes (coordenadas e dativas)

ATIVIDADES RECUPERAÇÃO PARALELA

Ligações Químicas - II. Ligação covalente Orbitais moleculares (LCAO) Hibridização Geometrias moleculares

Teoria do Orbital Molecular (TOM)

Fundamentos de Química Orgânica. Prof. Dr. Fábio Herbst Florenzano

HIBRIDIZAÇÃO DO ÁTOMO DE CARBONO. MAIRA GAZZI MANFRO GISELI MENEGAT

Transcrição:

LIGAÇÕES COVALENTES Química Geral Augusto Freitas 1

1 Aspectos Gerais Segundo Lewis, uma ligação covalente é um par de elétrons compartilhados por dois átomos. Nenhum dos átomos perde totalmente um elétron e, portanto, nenhum átomo precisa receber a totalidade da energia de ionização. Nesse caso os átomos compartilham elétrons para atingir a configuração eletrônica de gás nobre. 2

2 Estruturas de Lewis Uma estrutura de Lewis é a representação das ligações covalentes em que os pares de elétrons compartilhados são mostrados como linhas ou pares de pontos entre dois átomos, e os pares isolados de cada átomo são mostrados como pares de pontos no respectivo átomo. Em uma estrutura de Lewis são mostrados apenas os elétrons de valência. 3

2 Estruturas de Lewis Passos para desenhar as estruturas de Lewis: 1. Some os elétrons de valência de todos os átomos. 2. Escreva os símbolos para os átomos a fim de mostrar quais átomos estão ligados entre si e una-os com uma ligação simples. 3. Complete os octetos dos átomos ligados ao átomo central. 4. Coloque qualquer sobra de elétrons no átomo central. 5. Se não existem elétrons suficientes para dar ao átomo central um octeto, tente ligações múltiplas. 4

2 Estruturas de Lewis Dicas importantes para desenhar as estruturas de Lewis: Escolher como átomo central o elemento com a mais baixa energia de ionização. Arranjar os átomos simetricamente em torno do átomo central. Outra pista é que, em fórmulas químicas simples, o átomo central é frequentemente escrito primeiro, seguindo-se os átomos a ele ligados. Os ácidos são exceção a esta regra porque os átomos H são escritos na frente, como em H 2 S, que tem o arranjo HSH. 5

2 Estruturas de Lewis 1) Escreva a estrutura de Lewis do peróxido de hidrogênio, popularmente conhecido como água oxigenada (H 2 O 2 ). 2) Considere dois elementos, A e B, com números atômicos 6 e 8. Qual será a fórmula eletrônica de Lewis e o tipo de ligação para o composto formado entre esses elementos? 3) Escreva as estruturas de Lewis para os seguintes compostos: H 2 CO 3 e NaNO 3. NaNO 3 Na + 6

2 Estruturas de Lewis 4) Observe as seguintes fórmulas de Lewis: Consulte a classificação periódica e escreva fórmulas eletrônicas das moléculas formadas pelos seguintes elementos: a) Fósforo e hidrogênio; b) Enxofre e hidrogênio; c) Flúor e carbono. 7

2 Estruturas de Lewis 5) P e Cl têm, respectivamente, 5 e 7 elétrons na camada de valência. Escreva a fórmula de Lewis do tricloreto de fósforo. 6) Considere o elemento cloro formando compostos com, respectivamente, hidrogênio, carbono, sódio e cálcio. Com quais desses elementos o cloro forma compostos covalentes? Qual a fórmula eletrônica de um dos compostos covalentes formados? 8

3 Regra do Octeto Na formação de uma ligação covalente, os átomos tendem a completar seus octetos pelo compartilhamento de pares de elétrons. Qualquer átomo, exceto o hidrogênio, tende a formar ligações de modo a completar oito elétrons de valência.

3 Exceções à Regra do Octeto A regra do octeto explica as valências dos elementos e as estruturas de muitos compostos. Carbono, nitrogênio e flúor obedecem rigorosamente à regra do octeto, desde que existam elétrons disponíveis em número suficiente. Entretanto, átomos como fósforo, enxofre, cloro e outros não-metais do Período 3 e seguintes podem acomodar mais de oito elétrons na camada de valência. 10

3 Exceções à Regra do Octeto Número ímpar de elétrons - espécies radicalares Em ClO 2, NO e NO 2, o número de elétrons é ímpar na camada de valência, não ocorrendo o completo emparelhamento dos mesmos, pois o octeto em volta do átomo não é atingido. Radical: quando o átomo tem um elétron desemparelhado. Birradical: quando o átomo tem dois elétrons desemparelhados. 11

3 Exceções à Regra do Octeto Deficiência em elétrons - Estruturas incomuns do Grupo 13 Be e B aparecem em algumas moléculas com o octeto incompleto; Be 4 elétrons na camada de valência: B 6 elétrons na camada de valência: 12

3 Exceções à Regra do Octeto Expansão do octeto: Consiste em moléculas ou íons com mais de 8 elétrons na camada de valência. A expansão da camada de valência do átomo central é observada apenas para elementos do terceiro período em diante, pois possuem orbitais ns, np e nd vazios que podem ser usados na ligação. Quanto maior o átomo central, maior o número de elétrons que podem cercá-lo. Pode ocorrer em elementos do período 3 e seguintes. Esses elementos podem mostrar covalência variável e ser hipervalentes. 13

4 Valência Valência de um átomo é o número máximo de ligações químicas que ele pode efetuar. A valência de um átomo é igual ao número de elétrons usado na formação de ligações químicas. Uma ligação covalente envolve o compartilhamento de um par de elétrons de valência de dois átomos. 14

5 Teoria da Ligação de Valência Na Teoria da Ligação de Valência (TLV), supomos que as ligações se formam quando elétrons desemparelhados de orbitais atômicos da camada de valência formam pares. Dois átomos que possuem um orbital com um elétron desemparelhado, aproximam-se até que ocorra uma superposição, ou interpenetração, destes orbitais. 15

5 Teoria da Ligação de Valência Variação energética em função da distância interatômica. A força de uma ligação entre dois átomos é medida por sua energia de dissociação: quanto maior a energia de dissociação, mais forte é a ligação. 16

5 Teoria da Ligação de Valência Orbitais. 17

5 Teoria da Ligação de Valência Superposição de Orbitais. 18

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização dos Orbitais. Hibridização sp 19

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização dos Orbitais. Hibridização sp 2 20

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização dos Orbitais. Hibridização sp 3 21

5 Teoria da Ligação de Valência Ligação Sigma (σ ) e Pi (π) Uma ligação simples é uma ligação σ Uma ligação dupla é uma ligação σ mais uma ligação π Uma ligação tripla é uma ligação σ mais duas ligaçoes π 22

5 Teoria da Ligação de Valência Ligação Sigma (σ ) São aquelas que os orbitais atômicos interpenetram frontalmente. Pode ocorrer entre dois orbitais s, ou entre um orbital s e um p, ou ainda entre dois orbitais p. 23

5 Teoria da Ligação de Valência Ligação Pi (π ) São aquelas que os orbitais atômicos interpenetram paralelamente. Ocorre quando dois átomos se ligam por ligações duplas ou triplas. Os orbitais p são os únicos que apresentam condições para efetuar ligações π. A ligação π é menos energética (mais fraca) que uma ligação σ. 24

5 Teoria da Ligação de Valência Ligação Pi (π ) Ligação Dupla 25

5 Teoria da Ligação de Valência Ligação Pi (π ) Ligação Tripla 26

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono 6C Distribuição eletrônica Como explicar a tetra valência do carbono (4 ligações) se este apresenta apenas 2 elétrons desemparelhados? Exemplo: Metano (CH 4 ) 27

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono (sp 3 ) Quatro orbitais híbridos é igual ao número de orbitais originais de valência, todos de mesma energia, com valor intermediário à energia dos orbitais s e p puros, isto é, maior que a do orbital s e menor que a dos orbitais p. 28

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono - sp 3 H H H C H O átomo de C é capaz de fazer 4 ligações covalentes σ (interação entre os orbitais híbridos sp 3 e os 4 orbitais dos ligantes). 29

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono - sp 2 30

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono - sp 2 H H C C H H O átomo de C é capaz de fazer 3 ligações covalentes σ (interação entre os orbitais híbridos sp 2 e orbitais dos ligantes), além de uma ligação π (interação paralela entre o orbital p não-híbrido com orbital do ligante). 31

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono - sp 32

5 Teoria da Ligação de Valência Hibridização do Carbono - sp H C C H O átomo de C é capaz de fazer duas ligações covalentes σ (interação entre os orbitais híbridos sp e orbitais dos ligantes), além de duas ligações π (interação paralela entre os orbitais p puros (não-híbridos) com orbital do ligante). 33

6 Ressonância Algumas moléculas têm estruturas que não podem ser expressas corretamente por uma única estrutura de Lewis. Por exemplo, o íon nitrato, NO 3-. As três estruturas de Lewis mostradas diferem somente na posição da ligação dupla. Elas são igualmente válidas e têm exatamente a mesma energia. 34

6 Ressonância Se uma delas fosse correta e as outras não, deveríamos esperar duas ligações simples, mais longas, e uma ligação dupla, mais curta, porque uma ligação dupla entre dois átomos é mais curta do que uma ligação simples entre os mesmos tipos de átomos. Entretanto, a evidência experimental é que as ligações do íon nitrato são todas iguais. Estruturas Canônicas Híbrido de Ressonância 35

6 Ressonância Íon Acetato 36

6 Ressonância Benzeno A ressonância é uma fusão de estruturas que têm o mesmo arranjo de átomos e arranjos diferentes de elétrons. Ela distribui o caráter de ligação múltipla sobre uma molécula e diminui sua energia. 37

7 Polaridade das Ligações 38

7 Polaridade das Ligações 39

7 Polaridade das Ligações 40