SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIENCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ. Efeito da aplicação da técnica CIM Therapy em indivíduos hemiparéticos

Documentos relacionados
Título do Trabalho: Autores: Instituição: Introdução

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Anexo I. Conclusões científicas e fundamentos da alteração dos termos da(s) Autorização(ões) de Introdução no Mercado

REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE NO DIAGNÓSTICO DO ALZHEIMER

CONHECIMENTO GERAL DA POPULAÇÃO MARINGAENSE PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO (CAMINHADA E CORRIDA) NAS RUAS DA CIDADE

TÍTULO: ANALISE DE CAPACIDADE FUNCIONAL DOS PACIENTES INTERNADOS NO PRONTO SOCORRO DE UM HOSPITAL UNIVERSITARIO DA CIDADE DE SÃO PAULO

ANÁLISE DO MOVIMENTO SENTADO PARA EM PÉ EM HEMIPLÉGICOS

PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL EM IDOSOS

MANUAL DO TREINADOR NÍVEL I MARCHA ATLÉTICA

Sociedade Cultural e Educacional do Interior Paulista Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista FAIP

Registro de Câncer de Base Populacional em Florianópolis: Ferramenta de gestão para o controle da doença

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 19 DE AGOSTO DE 2010

ASSOCIACAO EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR UNIAO DAS FACULDADES DOS GRANDES LAGOS RELATÓRIO POR CURSO DE RESPOSTAS DE ALUNOS 2º SEMESTRE DE 2013

Análise Decisional: integridade e validação

Comissão de Temas Livres. Presidente da Comissão Científica: Alberto Naoki Miyazaki. Membros da Comissão de Temas Livres:

CAUSA DA DEPENDÊNCIA EM DROGAS

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 2050/XIII/4ª

Orientações para Pacientes. Diário da Caminhada

AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APRESENTADOS NO VIII CONGRESSO CIENTÍFICO DA FARN - Pôster. TITULO DO TRABALHO e

Duplicidade de títulos na biblioteca universitária: avaliação do uso como subsídio para a tomada de decisão

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

REGULAMENTO DA DISCIPLINA DE SEMINÁRIOS TÉCNICOS CIENTÍFICOS

CURSO TÉCNICO EM (Nome do curso) Nome completo do estagiário (Iniciais maiúsculas)

FACULDADE FASERRA. Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais Faculdade FASERRA. Lúcia Batista Neves Filha

Ano Letivo de 2013/2014

REGULAMENTO GERAL DE CAPACITAÇÃO EM NÍVEL DE PÓS-GRADUAÇÃO DOS DOCENTES DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE PELOTAS

, declara, para todos os fins legais, especialmente do disposto no artigo 39, VI, da Lei, 8.078/90 que dá plena autorização ao (à) médico (a)

LEVANTAMENTO DA AUTOMEDICAÇÃO REALIZADA NO BAIRRO XIV DE NOVEMBRO, CASCAVEL, 2008

Saúde da Mulher. Fernanda Barboza

CONFIANÇA DOS CONSUMIDORES CHAPECOENSES RECUA 8,3 PONTOS EM MARÇO

O consumo de Cannabis é inofensivo à saúde humana? Evidências científicas nas especialidades médicas: Pediatria

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM UNIDADE DE AVC: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO É POSSÍVEL

EVASÃO EM CURSOS A DISTÂNCIA: ANÁLISE DOS MOTIVOS DE DESISTÊNCIA E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA INTRODUÇÃO

MATEMÁTICA ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO NOTA ENSINO MÉDIO SÉRIE: 1ª TURMAS: ABCD TIPO: U ETAPA: 1ª PROFESSOR(ES): MAGNA E THAÍS VALOR: 3,0 PONTOS

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Ensaios Clínicos. Prof. Fredi Alexander Diaz Quijano Departamento Epidemiologia FSP

As diferentes fontes de evidência na produção científica em psicoterapia

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS EDITAL 01/2016

OFICINA: LÍDER EM CONFIABILIDADE BASEADA EM LUBRIFICAÇÃO

REGULAMENTO PARA CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO OFERECIDOS PELO SERVIÇO DE PSICOLOGIA

CHAMADA PÚBLICA 2017

Taxa de desemprego estimada em 10,5%

Quo Vadis? Para Aonde Vais, Medicina do Trabalho?

AVALIAÇÃO CLÍNICA CTES

Capítulo 1 Conceitos Iniciais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Neuroplasticidade e música: um estudo sobre as neurociências e a educação musical

Missão. Objetivos Específicos

Programa de Apoio Psicoterapêuticos - PAP

Informe Epidemiológico 081/2017

Agência Nacional de Vigilância Sanitária MANUAL PARA SUBMISSÃO DE PROGRAMA DE USO COMPASSIVO E ACESSO EXPANDIDO

Iam Iniciativa Jovem Anhembi Morumbi Formulário de inscrição

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA E DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA SOBRE O PADRÃO ESPÁSTICO DE PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

REALIDADE AUMENTADA E CRIANÇAS: ESTUDO DE VIABILIDADE PARA O USO NO MUSEU DA COMPUTAÇÃO DA UEPG MUSEU VIRTUAL

SUMÁRIO. Apresentação à edição brasileira... V Marcela Dohms, Gustavo Gusso. Introdução e plano da obra...13

ESTÁGIO E PRÁTICA PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS DO IFSUDESTEMG

Comunicado Nº 036/2016 Curitiba, 28 de abril de 2016.

EDITAL Nº 01/2019 DE 26 DE FEVEREIRO DE 2019 PROGRAMA INSTITUCIONAL DE MONITORIA E TUTORIA

INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 056/2016 DIRETORIA DA UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

INTERVENÇÃO PRECOCE BILÍNGÜE CONSTRUÇÃO DE RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS UTILIZANDO A CULTURA SURDA COMO REFERÊNCIA

ESCLARECIMENTO E TRADIÇÃO: ENSINO DE FILOSOFIA POR MEIO DA APROPRIAÇÃO DE CONCEITOS

EDITAL Nº 07 /2019 ECJS (UNIVALI) / IASC / ACALEJ / OAB - ITAJAI

Hipertensão arterial que acompanha o acidente vascular encefálico deve ser tratada?

EDITAL Nº 132/2014 PROCESSO SELETIVO PARA INGRESSANTES NO CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO MODALIDADE LATO SENSU

Ciências Biológicas e da Saúde. Ciências Humanas e Sociais. Inspeção e Tecnologia dos Produtos de Origem Animal. Clínica Veterinária

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DOUTORADO EM SISTEMAS DE GESTÃO SUSTENTÁVEIS

INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA

Regimento do Departamento de Línguas

Escola Superior Agrária. Calendário circular para previsão de acontecimentos reprodutivos

RELAÇÕES HIERÁRQUICAS VERSUS ORDEM DE PALAVRAS NO ESTABELECIMENTO DA CONCORDÂNCIA ENTRE SUJEITO E VERBO NA PRODUÇÃO DE SENTENÇAS

Fundacentro lança nova edição da Norma de Higiene Ocupacional

REQUISITOS DO SUPERVISOR REQUISITOS E ATRIBUIÇÕES DO BOLSISTA

PARTICIPAÇÃO DAS DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO E INFECTOPARASITÁRIAS NA MORTALIDADE DA BAHIA NO PERÍODO DE 2000 A 2009

Universidade Federal de Minas Gerais Colégio Técnico Plano de Ensino

EMISSÃO DE CERTIFICADOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (ARTIGO 11.º)

EDITAL Nº 001 DE 02 DE JANEIRO DE 2017

EDITAL nº 14, de 08/04/2015. DIREÇÃO GERAL IFMT - Campus Primavera do Leste

4ª AULA TEÓRICA (VASCULAR)

O IMPACTO DA DOENÇA NEUROLÓGICA PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Informe Epidemiológico 007/2017

REGULAMENTO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE DIREITO DA FCG PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO

RESOLUÇÃO N.º 253/2009

EDITAL DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NEW BRANDING INNOVATION MBA 1º Semestre de 2018

BACHARELADO EM MODA HABILITAÇÃO EM DESIGN DE MODA

INOVAÇÃO EM FOCO: O REPENSAR DA MATRIZ CURRICULAR DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

PERCEPÇÃO VISUAL DE CORES E DE MOVIMENTO EM MAPAS DE FLUXO DE VEÍCULOS POR DIFICIENTES OU NÃO NA VISÃO DE CORES

Estudos Avançados de Anestesiologia. para Cirurgia Vascular. Centro Hospitalar São João

17/08/2018. Disfagia Neurogênica: Acidente Vascular Encefálico

Livro Eletrônico Aula 00 Avaliação Clínica Fisioterapêutica - PARTE 1 - p/ ALE-GO (Analista - Fisioterapeuta)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI DIAMANTINA MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

Regulamento Direção de Gestão em Educação e Intervenção Social (DGES) PREÂMBULO

CARTA DE MISSÃO. Período da Comissão de Serviço:

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Faculdades Integradas de Taquara

Clima Econômico piora nas três principais economias da região

VI SBQEE. 21 a 24 de agosto de 2005 Belém Pará Brasil MELHORIA DE DESEMPENHO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO SOB A AÇÃO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

EDITAL 01/2019 CDCP/IFAL

1. DIÁRIO DE BORBO 1.1 CEREST

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado pela Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 Componente Curricular: Fisioterapia em Neurologia

Transcrição:

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIENCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Efeito da aplicação da técnica CIM Therapy em indivíduos hemiparéticos Nazareti Pereira Ferreira Alves Professora do curso de Fisioterapia UNAERP Guarujá nazare@nautico.edu.br Professora do curso de Fisioterapia Faculdade do Clube Náutico Mogiano Aluna do curso de licenciatura em Pedagogia - Unaerp Vanessa Mendes de Jesus Fisioterapeuta, egressa do curso de Fisioterapia UNAERP- Guarujá Aluna do curso de pós graduação lato sensu em Fisioterapia Neurológica Unaerp Guarujá - nevan87@hotmail.com Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo Este estudo avalia a eficácia da terapia de restrição e indução modificada do movimento (CIM Therapy) na recuperação motora e funcional do membro superior acometido de pacientes hemiparéticos. Neste estudo foram participantes 3 indivíduos com hemiparesia à direita com déficits motores crônicos decorrentes de AVE. Os indivíduos foram avaliados pré e pós intervenção fisioterapêutica por meio dos seguintes instrumentos: a Escala de Fugl Meyer traduzida e adaptada, sendo abordada neste estudo apenas a avaliação de membro superior, e o dinamômetro Jamar. A intervenção fisioterapêutica foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá e constituiu-se de 12 sessões de cinesioterapia adaptada, com restrição do membro não comprometido durante a terapia e conseqüente indução do uso do membro superior parético. Dos resultados, 100% dos participantes apresentavam disfunção motora no membro superior acometido pelo AVE. Houve melhora do desempenho motor de 100% dos pacientes. Conclui-se que a aplicação da terapia de restrição e indução modificada do movimento (CIM-Therapy) foi eficaz na melhora da função e força do membro superior acometido de pacientes hemiparéticos pós AVE tratados nesta pesquisa, confirmado por meios de dados obtidos através da aplicação da escala de Fugl Meyer e do dinamômetro. Palavras-chave: acidente vascular encefálico; dinamômetro; restrição e indução do movimento.

Seção 4 Fisioterapia Trabalho de Conclusão de Curso Apresentação Pôster 1. Introdução Atualmente, devido a diversos fatores como o sedentarismo, fumo, hipertensão arterial, idade, entre outros, os acidentes vasculares encefálicos tornaram-se uma das maiores causas de morte, depois do câncer e das afecções cardiovasculares, sendo uma fonte importante de morbidade e invalidez (CACHO; MELO; OLIVEIRA, 2004). Segundo O Sullivan (2004), o acidente vascular encefálico (AVE) é caracterizado pelo surgimento agudo de uma disfunção neurológica devido a uma anormalidade na circulação cerebral, tendo como resultado sinais e sintomas que correspondem ao comprometimento de áreas focais do cérebro. O quadro neurológico apresentado por cada paciente é determinado pela extensão da lesão, a localização da mesma no sistema nervoso central (SNC), a quantidade de fluxo sanguíneo colateral e o tratamento inicial da fase aguda. Diversas deficiências decorrentes à AVE são possíveis, como danos às funções motora, sensitivas, perceptivas e da linguagem (OLIVEIRA; LEVY, 2003). Observa-se, no entanto que uma das mais freqüentes disfunções são motoras, que são caracterizadas pela hemiplegia (paralisia) ou a hemiparesia (fraqueza), no lado do corpo oposto ao hemisfério cerebral no qual ocorreu a lesão. Dentre as incapacidades geradas pelo AVE, a alteração da função de membros superiores é uma das maiores queixas dos pacientes, devido ao comprometimento da destreza durante a execução de importantes atividades manuais de vida diária (SALIBA et al., 2008). A perda da função do membro superior é uma conseqüência notável do prejuízo neurológico, sendo que 85% dos pacientes inicialmente ao evento do AVE possuem déficit motor, correspondendo ao decréscimo no controle voluntário e fraqueza neste membro (BACHIR; BARALDI, 2002) Segundo Shumway-Cook, Woollacott (2003), após uma lesão unilateral do SNC, o paciente pode não estar disposto a usar a extremidade superior envolvida quando a oposta, menos afetada, está disponível. Esta pode ser uma limitação importante do desenvolvimento ou da recuperação da função do braço. A recuperação de um paciente com hemiparesia é considerada a principal causa de incapacidade na sociedade atual, constitui-se um grande desafio, tanto pela complexidade das funções

perdidas, quanto pela incidência de comprometimento motor do membro superior (HORN et al., 2003). 1.1 Acidente vascular encefálico De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2003) o acidente vascular encefálico é definido como o inicio súbito de sintomas neurológicos, com duração desses sintomas superior a 24 horas ou quando leva a óbito sem nenhuma hipótese aparente que a de origem vascular. No Brasil as doenças cérebro vasculares têm grande impacto sobre a saúde da população, situando-se conforme o ano e o estado da federação como a primeira causa de mortalidade no Brasil (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DOENÇAS CÉREBRO VASCULARES, 2002). Embora estudos epidemiológicos evidenciassem que desde o inicio do século XX a incidência de AVE venha decrescendo, o mesmo ainda é considerado a terceira causa mais comum de morte nos Estados Unidos (Reyerson, 2004), no entanto mais recentemente, esse declínio cessou e alguns autores vêm relatando um aumento da mortalidade (Sacco, 2002). O AVE tem sua incidência crescente com aumento da idade, porém mesmo a incidência sendo maior em idosos, uma porcentagem estimada de 28% dos AVE s ocorre abaixo dos 65 anos, sendo predominante mais em negros que em brancos, atingindo cerca de 19% mais homens que mulheres (LEITE; NUNES; CORRÊA, 2009). O AVE apresenta vários fatores de risco, que podem ser divididos em fatores de risco não passíveis de modificação e passíveis de modificação. Considerando os fatores de risco não passíveis de modificação a hereditariedade, raça, idade e sexo, e como fatores de risco passíveis a modificação incluem-se hipertensão, cardiopatias (especialmente fibrilação atrial), diabetes, hipercolesterolemia, inatividade física, tabagismo, abuso de álcool e história de ataque isquêmico transitório (SACCO, 2002). Segundo Reyerson (2004) os acidentes vasculares encefálicos podem ser classificados de acordo com sua forma de lesão podendo ser isquêmicos, por obstrução vascular (trombose ou êmbolos) ou hemorrágica, pela ruptura de um dos vasos cerebrais com subseqüente sangramento no interior do cérebro. Sacco (2002) afirma que o metabolismo cerebral se altera quando o suprimento sanguíneo é interrompido por 30 segundos, após 1 minuto a função neuronal pode cessar. Depois de 5 minutos, a anóxia dá inicio a uma cadeia de eventos que podem culminar num infarto cerebral; no entanto os danos podem ser reversíveis se o fluxo sanguíneo oxigenado for restaurado de maneira suficientemente rápida. As hemorrágicas intracranianas podem ser subdivididas em dois tipos distintos, baseado no local e na origem vascular do sangue:

subaracnóide, quando o sangramento ocorre no espaço subaracnóide circundando o cérebro,e intracerebral, quando a hemorragia é no parênquima cerebral. Os processos que resultam de um acidente vascular encefálico são divididos em três grupos: alterações trombóticas, alterações embólicas e alterações hemorrágicas secundárias ao aneurisma ou anormalidades do desenvolvimento. Além desses processos patológicos, são citados ainda como causas menos comuns: tumores, abscessos, processos inflamatórios (como arterites) e traumatismos (REYERSON, 2004) 2 Escala de Fugl-Meyer Uma mensuração do comprometimento sensorial e motor seguido ao AVE, conhecida como Escala de Avaliação de Fugl-Meyer (EFM), foi desenvolvida e introduzida, em 1975, por Fugl-Meyer. Está escala foi o primeiro instrumento quantitativo para mensuração sensório-motora da recuperação do AVE e é provavelmente, a escala mais conhecida e usada para pesquisa e/ou prática clínica (MAKI et al. 2006) A tradução para o português da Escala de Avaliação de Fugl- Meyer foi realizada com base na versão original de 1975. Esse processo contou com dois tradutores bilíngües qualificados e experientes, e posteriormente foi vertida para o inglês por outros dois tradutores de forma independente, enfatizando-se a tradução conceitual. Uma banca examinadora, composta por um médico neurologista e dois fisioterapeutas, aplicou a versão brasileira da escala em cinco pacientes para verificar se havia entendimento dos itens da avaliação. Após consenso entre estes profissionais, a versão final foi estabelecida (GUILLERMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993). De acordo com Maki et al. (2006) após estudo sobre a confiabilidade da aplicação da EFM no Brasil, a versão brasileira não apresentou conflitos de interpretação, além de ser uma escala de fácil aprendizado e aplicabilidade. Na escala de Fugl-Meyer as medidas propostas são baseadas no exame neurológico e na atividade sensório-motora de membros superiores e inferiores, buscando identificar a atividade seletiva e padrões sinérgicos de pacientes que sofreram AVE. Está escala foi construída seguindo a hipótese que a restauração da função motora nos pacientes hemiplégicos segue um curso definido. Já um paciente com hemiparesia, a volta dos reflexos precede a ação motora voluntária, seguida por completa dependência de sinergias, e o movimento ativo aparecerá sucessivamente menos dependente de reflexos e reações primitivas. Finalmente a completa função motora voluntária com reflexos motores normais pode ser alcançado (MAKI et al. 2006). A EFM é um sistema de pontuação numérica acumulativa que avalia seis aspectos do paciente: a amplitude de movimento, dor, sensibilidade, função motora da extremidade superior e inferior e

equilíbrio, além de coordenação e velocidade, totalizando 226 pontos. Uma escala ordinal de três pontos é aplicada em cada item: 0- não pode ser realizado, 1- realizado parcialmente e 2- realizado perfeitamente. Está escala tem um total de 100 pontos para a função motora normal, sendo que a pontuação máxima para extremidade superior é 66 e para membro inferior 34. A avaliação motora inclui mensuração do movimento, coordenação e atividade reflexa de ombro, cotovelo, punho, mão, quadril, joelho e tornozelo (GLADSTONE; DANIELLS; BLACK, 2002). 3 Terapia de restrição e indução do movimento (CIM Therapy) Durante a primeira metade do século XX, havia pouca especialização em fisioterapia neurológica, e uma abordagem similar era usada na maioria dos pacientes com diversas condições incapacitantes (EDWARDS, 1999). A principal abordagem consistia de reeducação muscular centrada em músculos individuais. Os testes musculares eram usados para identificar os músculos enfraquecidos e os pacientes aprendiam exercícios específicos para fortalecê-los (CARR; SHEPHERD, 2003). Uma abordagem freqüentemente usada era a da compensação. Neste caso, os pacientes hemiplégicos eram estimulados a usar o lado não comprometido para compensar a paralisa do lado afetado. Havia a prescrição indiscriminada de órteses, como muletas e aparelhos ortopédicos. Ao longo do tempo observou-se que o uso preferencial do lado não afetado nas atividades funcionais contribuía para o desenvolvimento de atrofia e deformidades dos membros superiores e inferiores afetados (EDWARDS, 1999). Sendo assim fisioterapeutas e outros profissionais buscaram desenvolver novas abordagens para tratamento dos problemas neurológicos na metade do século XX. A qualidade no desempenho do movimento tornou-se um importante objetivo observando-se então, uma mudança considerável em relação ao período anterior (PLANT, 2000). Os novos modelos de controle motor e as teorias de aprendizagem enfatizam o treinamento físico intensivo através da prática de tarefas (CARR; SHEPHERD, 2003). No inicio dos anos 80, Edward Taub, idealizador da técnica de restrição e indução do movimento (CIM Therapy), realizou sua primeira aplicação da mesma, sendo realizada em primatas. O resultado alcançado foi animador, após treinamento os animais passaram a utilizar o membro comprometido permanentemente, ou seja, persistindo pelo resto da vida do animal (GROTTA et al. 2004). Transferir a aprendizagem do ambiente da reabilitação para o mundo exterior é um ponto importante para tornar a reabilitação motora funcionalmente eficiente. A transferência do desempenho aprimorado de uma ação não ocorre sem treinamento especifico desta mesma ação (CARR; SHEPERD, 2003).

A utilização da contenção apenas durante o treinamento é tomada para evitar aumento do sentimento de frustração, uma vez que no ambiente domiciliar grande parte dos pacientes não podem contar com cuidador para oferecer auxilio nos momentos de dificuldade durante a realização de algumas tarefas (VAZ et al. 2008). 4. Método A amostra foi composta por 3 participantes, sendo 2 indivíduos do gênero masculino e 1 indivíduo do gênero feminino com média de idade de 67 anos, sendo estes pacientes da clínica escola de fisioterapia neurofuncional de uma Universidade Particular da Baixada Santista. Foram utilizados como instrumento de avaliação o dinamômetro Jamar, e a Escala de Fugl-Meyer traduzida e adaptada (SENKIIO et al. 2005) Para a aplicação do protocolo de tratamento fisioterapêutico foram utilizados os seguintes recursos: luva de tecido, desempenadeira, bola, escova de dente, pente, copo, cone e jogo interativo (resta um), os recursos citados foram utilizados com objetivo de trabalhar a atividade funcional de membro superior, simulando as atividades de vida diária, induzindo através da restrição do membro superior não comprometido a utilização do membro superior parético, para tanto todos os materiais foram providenciados em quantidade suficiente para que todos os pacientes realizassem a atividade proposta ao mesmo tempo. A pesquisa foi realizada em etapas, sendo a primeira delas a solicitação da autorização escrita (APÊNDICE B) do coordenador do curso de fisioterapia para realização desta pesquisa na Clínica Escola de Fisioterapia da UNAERP - Campus Guarujá, para a realização da pesquisa entre seus pacientes, na segunda etapa, fez-se ao paciente ou acompanhante a solicitação do termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE C). A pesquisa teve seu início com 6 participantes, sendo 4 homens e 2 mulheres todos submetidos à avaliação, durante o tratamento 3 participantes forma excluídos da amostra pela dificuldade de locomoção, comprometimentos motores devido à queda e presença insuficiente as terapias, não completando as 12 sessões. A avaliação e tratamento fisioterapêutico foram realizadas na Clínica Escola da Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá SP, respeitando os mesmos parâmetros para todos os participantes, como duração, local utilizado para avaliação e tratamento fisioterapêutico, orientação prévia quanto ao posicionamento dos testes e execução das atividades solicitadas e seqüenciamento dos itens avaliados, sendo eles: atividade reflexa, atividade voluntária, atividade voluntária associada ao sinergismo, atividade voluntária associada a pouco sinergismo, atividade reflexa normal, estabilidade de punho, movimentação da mão, coordenação e força de preensão palmar. Todos os itens receberam pontuação conforme o escore, ou seja, a pontuação

estabelecida por seus respectivos métodos, Escala de Fugl-Meyer (ANEXO A) e dinamômetro (APÊNDICE A). Após a realização da avaliação, os participantes foram submetidos a tratamento fisioterapêutico que consistiu em 12 sessões de cinesioterapia adaptada às atividades funcionais para membro superior relacionada à atividade de vida diária. Cada sessão teve a duração de 50 minutos, sendo 5 minutos destinados a cada atividade. Previamente ao início das atividades propostas, os pacientes eram submetidos à mobilização articular, adequação do tônus do membro superior parético e orientados quanto à colocação da luva no membro superior não comprometido tendo como objetivo restringir o mesmo. A realização das atividades se deu na seguinte ordem: desempenadeira, bola, cone, copo, pente, escova de dentes e jogo interativo (resta um), sendo todas as atividades propostas executadas ao mesmo tempo por todos os pacientes. 5. Resultados Na figura 9, quanto ao escore máximo total obtido na aplicação da Escala de Fugl Meyer, os resultados demonstram que o paciente A obteve escore máximo total de 48 pontos pré intervenção e 57 pontos quando reavaliado após a mesma. O paciente B obteve escore máximo total de 40 pontos pré intervenção, quando reavaliado após intervenção obteve 55 pontos no escore máximo. O paciente C obteve escore máximo total de 48 pontos pré intervenção e quando reavaliado após a mesma obteve 56 pontos, sendo o escore máximo total dessa atividade de 66 pontos.

Na figura 14, quanto à média de força de preensão palmar, os resultados demonstram que os pacientes obtiveram graduação de 12,7 Kg/F na mão direita quando avaliados pré intervenção e quando reavaliados após intervenção 18,4 Kg/F, a mão esquerda 6. Conclusão A escala de Fugl Meyer mostrou-se eficaz quanto à avaliação e quantificação da funcionalidade do membro superior acometido, tanto pré como pós intervenção, sendo considerada uma escala de fácil aprendizado e aplicabilidade, que quando bem interpretada torna-se um instrumento de avaliação favorável para que uma melhor conduta de tratamento seja estipulada. Observou-se que a aplicação da terapia de restrição e indução modificada do movimento (CIM Therapy) pode ser utilizada para promover ganhos no desempenho motor de pacientes com hemiparesia crônica secundária ao AVE, demonstrando que a diminuição do período de restrição melhora a aceitação dos pacientes a técnica, sem interferir na produção de ganhos motores e funcionais. Os resultados obtidos através da mensuração da força de preensão, com o uso do dinamômetro, forneceram um índice objetivo da força de preensão do membro superior acometido pré e pós intervenção, mostrando-se de grande importância para monitorar o progresso o paciente, demonstrando que a CIM Therapy também é eficaz quanto ao ganho de força de preensão palmar. Portanto, o estudo confirma por meios de dados obtidos através da aplicação da escala de Fugl-Meyer e do dinamômetro, que a aplicação da terapia de restrição e indução modificada do movimento mostrou-se eficaz para recuperação da atividade motora do membro superior acometido.

7. Referencias BARALDI, I. A BACHIR, L. A. Influência do alinhamento do tronco na melhora do ombro doloroso do hemiplégico: estudo de caso. Reabilitar. ano 4, p.28-37, out-dez, 2002. BAPTISTA, B.; FELISBINO, M.; KNORST, R. et al. Efeitos da reabilitação de tronco e membro superior após participação em oficinas de arte por pacientes hemiplégicos. Fisioterapia Brasil, v.10, n.3, p.159-164, maijun, 2009. BARATO, G.; FERNANDES, T.; PACHECO, M. et al. Plasticidade cortical e técnicas de fisioterapia neurológica na ótica da neuroimagem. Revista de Neurociência, 2008. CACHO, E. W. A.; MELO, F. R.; OLIVEIRA, R. Avaliação da recuperação motora de pacientes hemiplégicos através do protocolo de desempenho físico. Fulg Meyer. Revista Neurociência, v.12, n.2, p.94-102, 2004. CAMBIER, J.; MASSON, M.; DEHEN, H. Neurologia. 11ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 196-222. CALASANS, P. A.; ALOUCHE, S.R. Correlação entre o nível cognitivo e a independência funcional após AVE. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.8, n.2, p.105-109, 2004. CAPORRINO, F. A.; FLOPPA, F.; SANTOS, J.B.G. et al. Estudo populacional da força de preensão palmar com o dinamômetro Jamar. Revista Brasileira de Ortopedia, v.33, n.2, fev, 1998. CARR, J.; SHEPHERD, R. Ciência do movimento: fundamentos para a fisioterapia de reabilitação. 2ªed. São Paulo: Manole, 2003. DURWARD, B.; BAER, G.; WADE, J. Acidente vascular cerebral. In: STOKES, M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. 81-99. EDWARDS, S. Fisioterapia neurológica: uma abordagem centrada na resolução de problemas. Porto Alegre: Artemed, 1999. GLADSTONE, D. J.; DANIELLS, C. J.; BLACK, S. E. The Fugl-Meyer Assement of motor recovery after stroke: a critical review of its measurement properties. Neurorehabil Neural Repair, v.16, p.232-240, 2002.

GROTTA, J; NOSER, E.; RO, T. et al. Constraint-induced movement therapy. Stroke, v.35, n.11, p.2699-2701, 2004. GUILLERMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptadion of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clins Epidemiol, v.46, n.12, p.1417-1432, 1993. HORN, A. G.; CARVALHO, S. M.; SILVADO, R. A. et al. Cinesioterapia previne ombro doloroso em pacientes hemiplégicos na fase subaguda do acidente vascular encefálico. Arq. Neuropsiquiatria, v.61, n.3, p.768-771, 2003. MAKI, T.; QUAGLIATO, E. M. A. B.; CACHO, E. W. A. et al. Estudo da confiabilidade da aplicação da Escala de FUGL-MEYER no Brasil. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.10, n.2, p.177-183, 2006. OLIVEIRA, A. S. B.; LEVY, J. A. Reabilitação em doenças neurológicas: guia terapêutico prático. São Paulo: Atheneu, 2003. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Promovendo qualidade de vida após acidente vascular cerebral: um guia para fisioterapeutas e profissionais de atenção primária à saúde. Traduzido por: Lopes, M. F. Porto Alegre: Artmed, 2003. O SULLIVAN, S. B. Fisioterapia: avaliação e tratamento. São Paulo: Manole, 2004. PLANT, R; Bases teóricas dos conceitos de tratamento. In: STOKES, M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Manole, 2003. 304-318. REYERSON, S. D. Hemiplegia. In: UMPHRED, D. A. Reabilitação neurólogica. 4ªed. São Paulo: Manole, 2004. SACCO, R. L. Patogênese, classificação e epidemiologia das doenças vasculares cerebrais. In: ROWLAND, L. P. Merritt tratado de neurologia. 10ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 184-194. SENKIIO, C. H.; SOUZA, E. D.; SILVÉRIO, M. R. N. et al. A utilização da escala de Fugl-Meyer no estudo do desempenho funcional de membro superior no tratamento de indivduos hemiparéticos pós AVE. Revista Fisioterapia Brasil, v.6, n.1, p.13-18, jan-fev, 2005.

SENKIIO, C.H.; SOUZA, E.D.; SILVÉRIO, M.R.N. et al. Utilização da técnica CIM-therapy adaptada como percursora da atividade motora voluntária em indivíduos com seqüelas de acidente vascular encefálico. Revista Medicina de Reabilitação, v.24, n.1, jan-abr, 2005. SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São Paulo: Manole, 2003. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DOENÇAS CÉREBRO VASCULARES. Primeiro consenso brasileiro para trombólise no acidente isquêmico agudo. Arq. Neuropsiquiatria, v.60, n.3, p.675-680, 2002. VAZ, D. V.; ALVARENGA, R. F.; MANCINI, M. C. et al. Terapia de movimento induzido pela restrição na hemiplegia: um estudo de caso único. Revista Fisioterapia e Pesquisa, v.15, n.3, p.298-303, jun-set, 2008.