FATORES PREDISPONENTES À OTITE EXTERNA EM CÃES ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA (CEVET) DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA, DA UNICENTRO.



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Transcrição:

FATORES PREDISPONENTES À OTITE EXTERNA EM CÃES ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA (CEVET) DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA, DA UNICENTRO. Jyan Lucas Benevenute (PAIC- Fundação Araucária/UNICENTRO), Rafael Lavezzo (IC Voluntária), Camila Debastiani (IC voluntária), Marceli Yumi Mendes Momma (IC voluntária), Jessyca Natel de Paula (Discente), Meire Christina Seki (Orientadora), e-mail: meireseki@hotmail.com Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências Agrárias e Ambientais, Departamento de Medicina Veterinária, Guarapuava PR. Palavras-chave: microrganismos, fungos, bactérias, conduto auditivo, caninos. Resumo O presente trabalho teve por objetivo realizar o levantamento dos fatores predisponentes à otite bacteriana e fúngica de cães atendidos na CEVET. Cães com orelha em pé e com secreção escura estão mais predispostos à otite externa. Observou-se também predisposição sexual para otite bacteriana, onde cães machos foram mais acometidos, todavia cães com otite fúngica não apresentaram tal predisposição. Introdução A otite externa afeta 10 a 20% dos cães atendidos pelos veterinários (BABA et al, 1981, ROSYCHUK e LUTTGEN, 2000), sendo caracterizada por uma inflamação aguda ou crônica do epitélio do meato auditivo externo, às vezes envolvendo o pavilhão auricular, devido ao aumento da população de microrganismos, sendo os mais importantes bactérias e fungos (WHITE, 1992). Os sinais clínicos localizam-se predominantemente no conduto auditivo externo com dor regional, formação de cerúmen em excesso e balanço constante da cabeça devido à irritação. Fatores que afetam o micro clima local, fornecendo temperatura, umidade, ph e substrato aos microorganismos, estimulam o aumento de sua população, o que facilita o desenvolvimento de agentes secundários oportunistas e consequentemente o desenvolvimento de otite. (MACY, 1992; LOBELL et al., 1995; BOND et al., 1996, FRASER, 1965; LARSON et al. 1988; LOBELL et al., 1995). O diagnóstico dos agentes é realizado por meio de citologia do cérumem auricular ou pelo isolamento do microrganismo e a determinação da causa é importante na escolha do fármaco utilizado, garantindo assim o sucesso do tratamento clínico (ANGUS, 2004). O presente trabalho teve por objetivo realizar o levantamento dos fatores predisponentes a otite bacteriana e fúngica de cães atendidos na Clinica

Escola Veterinária CEVET da Universidade Estadual do Centro Oeste, diagnosticados através da citologia da secreção auricular. Material e Métodos Nos períodos de agosto de 2011 a junho de 2012, foram coletadas 50 amostras de suabe de canal auditivo de cães saudáveis e com sinais clínicos de otite, atendidos na Clínica-Escola Veterinária (CEVET) da UNICENTRO. Após a coleta, o material do conduto auditivo foi aplicado na lâmina de microscopia através do método de rolagem do suabe e encaminhado ao Laboratório de Microbiologia e Doenças infecciosas da UNICENTRO, onde estas foram devidamente coradas pelo método panótico (Instant-Prov, Newprov, Pinhais, PR, Brasil) e observadas ao microscópio óptico no aumento de 100x. Após a leitura da citologia os animais foram agrupado em cães com: otite bacteriana ( n= 11) e otite fúngica (n=28). Ademais, no momento da colheita de material, foi preenchido uma ficha na qual foram avaliados: sexo, formato da orelha: quando pendular ou em pé. E também dados levantados de cada orelha do animal, tais como presença de parasitas, de hiperemia, de eritemas e de ulcerações; dor à palpação, e aspecto, odor e coloração da secreção. Resultados e Discussão Das 50 amostras avaliadas, 56% (28/50) foram positivos para a presença de fungos no exame citológico. Dados inferiores quando comparado aos de Nobre et al. (1998), que observaram a presença de fungos em 80,7% de cães com otite e 25% cães sem otite. Quanto à ocorrência de otite bacteriana, observou-se percentual de 22% (11/50) de animais positivos. Segundo Medleau e Hnilica (2009), bactérias raramente são causas primárias de otite externa, porém, Huang et al. (1993), através da citologia a presença cocos gram-positivos em 84% das amostras e bacilos gram-negativos em 100%. Dos 28 cães positivos para infecção fúngica, 53,5% (15/28) foram machos e 46,5% (13/28) foram fêmeas. Estes dados foram semelhantes ao encontrados por Megid et al. (1990) que descreveram 65,3% de prevalência de infecção fúngica em machos e 34,7% em fêmeas. Em relação ao formato da orelha, foi observado que 71,4% (20/28) dos animais com orelha em pé apresentaram otite fúngica enquanto que 28,5% (8/28) das amostras dos animais com orelha pendular, apresentaram infecção por fungo, diferente do que foi descrito por Medleau e Hnilica (2009), que afirmam que cães com orelha pendular estão mais predispostos a otite devido a menor aeração e ao aumento de umidade de temperatura do conduto auditivo. No grupo com otite fúngica, foi observado dor à palpação em 21,4% (6/28) dos animais e aspecto hiperêmico em 21,4% (6/28). Quanto a secreção, pode-se observar secreção sem odor em 75% (21/28) dos animais, secreção de odor fétido em 7,1% (2/28), e de odor rançoso em 14,2% (4/28). Cães que apresentaram

secreção sem coloração corresponderam a 7,1% (2/28), secreção clara, 21,4% (6/28) e secreção escura, 71,4% (20/28) dos animais com otite fúngica, dados semelhantes ao descrito por August (1993), que relata que as infecções por fungo levam ao acúmulo de cerúmen de odor característico (rançoso) e coloração castanha (escura). A maior ocorrência de otite fúngica em cães está relacionada com o fato de que os ácidos graxos são constituintes naturais do cerúmen dos cães (HUANG, LITTLE, 1993), constituintes estes que podem favorecer o desenvolvimento da levedura (LEITE et al. 2003). Menores percentuais em animais com otite fúngica estão relacionados à presença de parasitas (3,5%), presença de eritemas (10,7%) e presença de úlceras (0%); dados divergentes quando comparados aos citados por Scott et al. (1995), que descreve a presença de ectoparasitas, principalmente ácaros, como uma das causas primárias de otite externa em cães e a presença de eritema como um achado físico relevante ao diagnóstico desta doença. Os dados referentes à otite bacteriana mostraram que dentre os 11 cães com esta infecção, 36,4% (4/11) foram machos e 63,6% (7/11) foram fêmeas, dados estes diferentes dos obtidos por Megid et al. (1990), onde a ocorrência foi maior em machos. Em amostras de cães com orelha em pé, 63,6% (7/11) das amostras foram positivas e em casos de orelha pendular, 36,4% (4/11) apresentou otite bacteriana, todavia Scott et al. (1995), afirmam que animais com orelha pendulosa têm maior predisposição quando comparados a animais de orelha em pé. A presença de hiperemia foi observada em 72,7% (8/11) dos cães com otite bacteriana, dados estes semelhantes à Woody e Fox (1986) que relatam que a presença de bactérias, a produção elevada de cerúmen e de umidade interna causam uma inflamação da camada epitelial do conduto auditivo. Ainda relacionando os achados da ficha de coleta, 36,4% (4/11) dos cães com otite bacteriana tiveram dor à palpação, devido à inflamação do epitélio do conduto auditivo. Dos animais positivos para otite bacteriana, 100% destes apresentaram secreção do conduto auditivo, onde 72,7% (8/11) das secreções não apresentaram odor, 18,9% (2/11) odor fétido e nenhuma amostra com odor rançoso. Foram observadas também secreção sem cor em 9% (1/11) dos cães, secreção clara em 18,9% (2/11) e secreção escura em 72,7% (8/11). Nenhum animal com otite bacteriana apresentou parasitas, 36,4% (4/11) apresentaram de eritemas e 9% (1/11) dos animais apresentaram úlceras Conclusões Através do presente estudo pode-se observar predisposição sexual para otite bacteriana, onde cães machos foram mais acometidos, todavia cães com otite fúngica não apresentou tal predisposição. Animais com orelha em pé e presença secreção escura, estão mais predispostos à otite externa, podendo esta ser de origem fúngica ou bacteriana.

Agradecimentos Aos médico veterinários e professores do CEVET que auxiliaram na colheita de material. E a minha amiga Camila Debastiani pelo companheirismo e amizade. Referências Angus, J. C., Otic cytology in health and disease. Veterinary Clinics of North America, Small Animal Practice, Philadelphia, v. 34, n. 2, p. 411-424, 2004. August, J. R., Otitis externa: Una Enfermedad de Etiologia Multifactorial. Clín.Vet. Norteam.: Práct. Clín. Peq. Anim., v.18, p.1-14, 1993. Baba, E.; Fukata, T., Saito, M. Incidence a Otitis Externa in Dogs and a Cats in Japan. The Veterinary Record, 1981. Fraser, G. A., A etiology of Otitis Externa in the Dog. Journal of Small Animall Practice, v.6,p.445, 1965. Huang, H. P.; Little, C. J. L., Effects of fatty acids on the growth and composition of Malassezia pachydermatis and their relevance to canine otitis externa. Research in Veterinary Science v.55, p.119-123, 1993. Larsson, C. E.; Larson, M. H. M. A.; Amaral, R. C., Dermatitis in dogs caused by Mallassezia (Pityrosporum) pachydermatis. ARS Veterinária, v. 4, n. l, p. 63-68, 1988. Leite, C. A. L.; Abreu, V. L. V.; Costa G. M., Frequência de Malassezia pachydermatis em otite externa de cães. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 55, n. 1, p. 102-104, 2003. Lobel, R.; Weingarten, A.; Simmons, R., Um Novo Agente para o Tratamento da Otite Canina. A Hora Veterinária. v.88,p.29-33,1995. Macy, D. W., Moléstias do aparelho auditivo. In: ETTINGER, S.J, in. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 3a ed., p. 256-276, São Paulo, Editora Manole Ltda, 1992. Medleau, l.; Hnilica, K. A., Doenças de Olhos, Unhas, Saco Anal e Meato Acústico. In: Dermatologia de Pequenos Animais. 2ed., p. 377-381, São Paulo: Editora ROCA, 2009. Megid,J.; Freitas, J. C.; Muller, E. E.; Costa, l. L. S., Otite Canina: Etiologia, Sensibilidade Antibiótica e Susceptibilidade Animal, SEMINA, v.11, p. 45-48, 1990. Nobre, M.; Castro, A. P.; Nascente, P. S.; Ferreiro, l.; Meireles, M. C. A., Occurrency of Malassezia pachydermatis and Others Infectius Agents as Cause of External Otitis in Dogs from Rio Grande do Sul State, Brazil (1996/1997). Brazilian Journal of Microbiology, Rio de Janeiro, v. 32, p. 245 249, 2001. Rosychuk e Luttgen, Olhos, Ouvidos, Nariz e Garganta. In: Tratado De Medicina Interna Veterinária Doenças do Cão E Do Gato. 5ed., p. 1048-1056, Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 2005. White, S.D. Otitis externa. Walt. Int. Focus, v.2, p.2-9, 1992.Woody, B. J.; Fox, S. M., Otite externa: Revisando os Sintomas para Descobrir a Causa Determinante. Revista Cães e Gatos, São Paulo, v.17, p.38-41, 1986.