DIREITO PENAL MILITAR MARCELO UZEDA

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Transcrição:

DIREITO PENAL MILITAR MARCELO UZEDA

CONCEITO O Direito Penal Militar é o ramo especializado do Direito Penal que estabelece as regras jurídicas vinculadas à proteção das instituições militares e ao cumprimento de sua destinação constitucional. A especialidade do Direito Penal Militar decorre da natureza dos bens jurídicos tutelados: a autoridade, a disciplina, a hierarquia, o serviço, a função e o dever militar.

APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR TEMPO DO CRIME Para definir o tempo do crime, o Código Penal Militar adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado (art. 5º). O CPM adota o mesmo critério do Código Penal Comum.

LEI PENAL MILITAR NO TEMPO O Direito Penal Militar segue o princípio geral do tempus regit actum. Aplica-se a lei penal em vigor quando foi praticado o fato e, sobrevindo nova lei, somente retroagirá para beneficiar o acusado (art. 2º, CPM e art. 5º, XL, CR/88).

ABOLITIO CRIMINIS - descriminalização de condutas (Artigo 2º do CPM). A abolitio não afasta a existência do crime já cometido, mas extingue a sua punibilidade. (artigo 123, III do CPM) e afasta todos os efeitos penais (principais e secundários) da sentença condenatória, mesmo com trânsito em julgado.

Ao dispor sobre a lei supressiva de incriminação, o art. 2 do CPM afirma que ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

RETROATIVIDADE DE LEI MAIS BENIGNA - Lex mitior ou novatio legis in mellius A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (art. 5º, XL, CR/88). Artigo 2º, 1º do CPM, a lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.

IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL A Novatio Legis incriminadora (lei nova que torna típica conduta que antes era permitida) e a Lex gravior ou novatio legis in pejus (nova lei mais gravosa) nunca retroagirão. Há a eficácia ultra-ativa da norma penal mais benéfica, que deve prevalecer por força do que prescreve o art. 5º, XL, da Constituição.

APURAÇÃO DA MAIOR BENIGNIDADE A benignidade da lei nova deve sempre ser aferida no caso concreto, cabendo exclusivamente ao juiz comparar as leis em confronto de per si e decidir qual é a mais benéfica. O art. 2º, 2 do CPM orienta que, para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. O CPM veda a combinação de leis.

LEI APLICÁVEL ÀS MEDIDAS DE SEGURANÇA O art. 3º do Código Penal Militar estatui que as medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. O referido dispositivo deve ser interpretado à luz do artigo 5º, XL, CR/88, pois a lei penal posterior somente se aplica aos fatos anteriores a sua vigência se trouxer algum benefício ao réu.

A ULTRA-ATIVIDADE GRAVOSA DAS LEIS EXCEPCIONAIS OU TEMPORÁRIAS. Lei temporária é aquela que traz em seu texto um período prefixado de duração, delimitando de antemão o lapso temporal em que estará em vigor. Lei excepcional é aquela que tem vigência enquanto persistirem determinadas circunstâncias excepcionais, pois objetiva atender a situações extraordinárias, de anormalidade social ou de emergência.

Em regra, a lei excepcional ou temporária de natureza penal é mais gravosa do que a lei que regula o período de normalidade. O Código Penal Militar, à semelhança do Código Penal comum, dispõe que a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (art. 4º).

LUGAR DO CRIME Para definir o lugar do crime, DIFERENTEMENTE DO CÓDIGO PENAL COMUM, o artigo 6º do Código Penal Militar adota um SISTEMA MISTO que concilia duas teorias: Quanto ao CRIME OMISSIVO adota-se a TEORIA DA AÇÃO OU ATIVIDADE, pois considera-se o lugar do crime aquele em que em que deveria realizar-se a ação omitida.

Quanto ao CRIME COMISSIVO adota-se a TEORIA da UBIQUIDADE (ou mista ou unitária), pois considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria produzirse o resultado.

DPU 2010 92 Diversamente do direito penal comum, o direito penal militar consagrou a teoria da ubiquidade, ao considerar como tempo do crime tanto o momento da ação ou omissão do agente quanto o momento em que se produziu o resultado.

ERRADA.

LEI PENAL MILITAR NO ESPAÇO O Direito Penal Militar adota a territorialidade e a extraterritorialidade incondicionada igualmente como regras de aplicação da lei penal no espaço. Art. 7º do CPM, aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE O Princípio da Territorialidade tem como fundamento a Soberania do Estado. Aplica-se o referido princípio de forma temperada, uma vez que a aplicação da lei penal militar brasileira ocorrerá "sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional."

O conceito jurídico de território desdobra-se na ficção do território por extensão ou flutuante, que no CPM alcança as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada (art. 7º, 1º, CPM).

O Código Penal Militar amplia a sua incidência para aplicar-se ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares (art. 7º, 2º, CPM).

EXTRATERRITORIALIDADE IRRESTRITA Aplica-se a lei penal militar ao crime cometido fora do território nacional, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira. Justifica-se pela própria natureza da atividade militar e pelos bens jurídicos tutelados, prevalecendo o Princípio da Soberania (Defesa da Pátria), uma vez que o deslocamento das Forças Armadas fora do território nacional e os interesses das instituições militares representam a soberania do Brasil.

DPU 2004 176. O direito penal militar adota a teoria da extraterritorialidade irrestrita, sendo suficiente, para a sua aplicação, que o delito praticado constitua crime militar nos termos da lei penal militar nacional, independentemente da nacionalidade da vítima ou do criminoso, do lugar onde tenha sido cometido o crime ou do fato de ter havido prévio processo em país estrangeiro.

CERTA.

DPU 2001 41. 1. Foram adotados os princípios da territorialidade e da extraterritorialidade para a aplicação no espaço da lei penal castrense.

CERTA.

CONCEITO DE MILITAR Nos termos do art. 22 do CPM, é considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. A definição é incompleta, deixando de fora, por exemplo, os alunos das escolas de formação de oficiais da reserva que são matriculados e não incorporados.

O art. 12 do Código Penal Militar afirma que o militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar. O art. 13, CPM, dispõe que o militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar.

As referidas normas têm aplicação na esfera processual, eis que trata de prerrogativas de posto e graduação, como, por exemplo, na presidência de inquérito policial militar (art. 7º e 15, CPPM) ou na formação do conselho de justiça. O militar propriamente dito para efeitos penais é o militar da ativa.

MILITARES ESTRANGEIROS De acordo com o art. 11 do CPM, os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções internacionais.

REFERÊNCIA A "BRASILEIRO" OU "NACIONAL" O CPM traz uma nota explicativa: quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil (art. 26, CPM). Nos termos do artigo 12 da Constituição, o termo brasileiro é gênero que comporta duas espécies os brasileiros natos e os naturalizados. É indiferente referir-se a lei penal militar a nacional ou a brasileiro nato ou naturalizado.

DPU 2004 177. O termo nacional, quando utilizado em relação às pessoas pela lei penal militar, relaciona-se apenas aos brasileiros natos; já o termo brasileiro diz respeito tanto aos brasileiros natos quanto aos naturalizados.

ERRADA.

ASSEMELHADO Art. 21 do CPM: considera assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento. O assemelhado era o servidor civil lotado nas Forças Armadas que se sujeitava ao regramento disciplinar dos militares e gozava dos respectivos direitos, vantagens e prerrogativas. Não existe mais a figura do servidor civil assemelhado a militar - Lei 8112/90.

CRIME MILITAR Crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente, atenta contra os bens e interesses jurídicos das instituições militares, qualquer que seja o agente. O texto constitucional afirma que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei (art. 5º, LXI, CR/88).

No aspecto formal, o Código castrense somente se ocupa dos crimes militares, já que, nos termos de seu artigo 19, este código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares. As transgressões disciplinares são tratadas nos regulamentos internos das instituições militares.

DPU 2010 94 O CPM dispõe sobre hipóteses de crimes militares, próprios e impróprios, e sobre infrações disciplinares militares. Entre as sanções penais, está expressa a possibilidade de se aplicar a pena de multa nos casos de delitos de natureza patrimonial ou de infração penal que cause prejuízos financeiros à administração militar.

ERRADA.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crime PROPRIAMENTE militar é aquele cujo bem jurídico tutelado é inerente ao meio militar e estranho à sociedade civil (autoridade, dever, serviço, hierarquia, disciplina etc) e somente pode ser praticado por militar da ativa.

CRIME PROPRIAMENTE MILITAR Duas características despontam: é crime previsto somente no Código Penal Militar, pois o tipo penal é criado especificamente para proteger interesses jurídicos exclusivos da vida militar o sujeito ativo só pode ser militar da ativa, uma vez que tal qualidade do agente é essencial ao tipo.

Exemplos de crimes propriamente militares: Motim e revolta (art. 149 a 153, CPM); Violência contra superior (art. 157 e a forma qualificada art. 159, CPM); Recusa de obediência (art. 163, CPM); Reunião ilícita (art. 165, CPM); Publicação de crítica indevida (art. 166, CPM); Deserção (art. 187 a 192 e omissão de oficial art. 194, CPM); Abandono de posto e outros crimes em serviço (art. 195 a 203, CPM);

No crime IMPROPRIAMENTE militar, os bens jurídicos tutelados são comuns às esferas militar e civil (vida, integridade, corporal, patrimônio etc), Pode ser praticado por militar da ativa ou por civil. Percebem-se também dois traços fundamentais: é crime previsto tanto no Código Penal Militar quanto nas leis penais comuns, com igual ou semelhante definição, e têm como sujeito ativo o militar da ativa ou o civil.

DPU 2001 41. 2. Considera-se crime propriamente militar o furto praticado no interior de um quartel por uma praça em situação de atividade.

ERRADA.

DPU 2010 93 Considere que, em conluio, um servidor público civil lotado nas forças armadas e um militar em serviço tenham-se recusado a obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço. Nessa situação, somente o militar é sujeito ativo do delito de insubordinação, que é considerado crime propriamente militar, o que exclui o civil, mesmo na qualidade de coautor.

CERTA.

CRIME MILITAR - CRITÉRIOS LEGAIS O Código Castrense não apresenta uma definição do crime militar, apenas enumera alguns critérios para orientar o intérprete na sua identificação. Prevalece o critério objetivo (Ratione legis) combinado os outros critérios apontados nos artigos 9º e 10 do CPM: Ratione personae, Ratione loci, Ratione materiae ou Ratione temporis.

Ratione legis: é crime militar aquele elencado no Código Penal Militar. Ratione personae: crime militar é aquele cujo sujeito ativo é militar. Ratione Loci: crime militar é aquele que ocorre em lugar sujeito à administração militar. Ratione materiae: exige-se a dupla qualidade de militar - no ato e no sujeito. Ratione temporis: crime militar é aquele cometido em determinada época ou circunstância (v.g. tempo de guerra ou período de manobras e exercícios).

Ratione legis Ratione loci Ratione materiae Ratione personae CRIME MILITAR Ratione temporis

UnB/CESPE DPU - 2007 Com base no direito penal militar, julgue os seguintes itens. 41 Entre os critérios utilizados para se classificar o crime militar, o critério processualista (ratione materiae, ratione personal, ratione loci, ratione temporis e ratione legis) se impôs, com preferência pelo critério ratione materiae, sendo crime militar aquele definido no CPM.

ERRADA.

CRIME MILITAR EM TEMPO DE PAZ (ART. 9º, CPM) ART. 9º, INCISO I, CPM Nos termos do art. 9º, I do CPM consideram-se crimes militares, em tempo de paz os crimes de que trata este código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial.

Nos termos do art. 9º, II do CPM consideram-se crimes militares, em tempo de paz (...) os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados por militar em situação de atividade (...). Todas as hipóteses caracterizam crimes impropriamente militares (ratione legis), tendo sempre como sujeito ativo militar em atividade (ratione personae).

a) contra militar na mesma situação Crime impropriamente militar praticado por militar da ativa contra outro militar da ativa. Pela letra fria da lei, não há necessidade de que autor saiba da condição de militar da vítima, nem que os envolvidos estejam em situação de serviço, tampouco em lugar sujeito à administração militar. A jurisprudência recente tem mitigado o alcance da competência da Justiça Militar.

DPU 2004 178. Considera-se crime militar o homicídio praticado por suboficial da Aeronáutica contra cabo da Marinha, mesmo que o fato se dê em momento de folga de ambos os militares, fora da área militar e com a utilização de arma particular.

CERTA. ATENÇÃO PARA A ORIENTAÇÃO ATUAL DO STF CRIME COMUM

b) em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil. Crime impropriamente militar (ratione legis), com definição idêntica no Código Penal Comum, mas que só pode ser praticado por militar da ativa (ratione personae) contra alguém que não ostente essa condição (militar da reserva, reformado ou civil), em lugar sujeito à administração militar (ratione loci).

UnB/CESPE DPU - 2010. No que concerne ao direito penal militar e a seus critérios de aplicação, julgue os itens a seguir. 91 Considere que um militar, no exercício da função e dentro de unidade militar, tenha praticado crime de abuso de autoridade, em detrimento de um civil. Nessa situação, classifica-se a sua conduta como crime propriamente militar, porquanto constitui violação de dever funcional havida em recinto sob administração militar.

Errada. Súmula 172/STJ Abuso de autoridade lei 4898/65 artigo 5º

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil. Crime impropriamente militar (ratione legis), praticado por militar da ativa (ratione personae) em situação de serviço, ou seja, exercendo função de natureza militar (ratione materiae), contra alguém que não ostente essa condição (militar da reserva, reformado ou civil), em qualquer lugar (ainda que fora do lugar sujeito à administração militar).

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; Crime impropriamente militar (ratione legis), praticado por militar da ativa (ratione personae) contra alguém que não ostente essa condição (militar da reserva, reformado ou civil), em período de manobras ou exercício (ratione temporis).

e) por militar em situação de atividade, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; Nessa última hipótese, para configurar-se o crime militar, é necessário que o militar da ativa cause lesão ao patrimônio ou à ordem administrativa militar.

Convém salientar que a Lei nº 9.299/96 revogou a alínea f, do inciso II do artigo 9º, CPM, que considerava militar o crime praticado: por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal.

Art. 9º, III do CPM consideram-se crimes militares, em tempo de paz (...) os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos (...). O sujeito ativo é qualquer pessoa que não seja militar propriamente dito: militar da reserva, reformado ou civil.

Na hipótese, para efeito de conceituar o crime militar, equiparase o militar a reserva e o reformado ao civil. O referido inciso somente se aplica na esfera da Justiça Militar da União, uma vez que, como já registrado, a Justiça Militar Estadual somente julga militares dos Estados por expressa disposição constitucional (art. 125, 4º, CR).

Para o Supremo Tribunal Federal, o cometimento do delito militar por agente civil em tempo de paz se dá em caráter excepcional. Tal cometimento se traduz em ofensa àqueles bens jurídicos tipicamente associados à função de natureza militar: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da Lei e da ordem (art. 142 da Constituição Federal). (HC 86216/MG. Rel. Min. CARLOS BRITTO. Primeira Turma. Publicação 24/10/2008).

Assim, o crime militar praticado por civil na situação inscrita no art. 9º, III, do CPM, por regra, exige a demonstração do dolo de atingir, de qualquer modo, a Instituição Militar, no sentido de impedir, frustrar, fazer malograr, desmoralizar ou ofender o militar ou o evento ou situação em que este esteja empenhado.

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar. (ratione materiae)

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo. (Ratione Personae) (Ratione Materiae) (Ratione Loci)

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; (Ratione Personae) (Ratione Materiae) (Ratione Temporis)

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. (Ratione Personae) (Ratione Materiae) (Ratione Temporis)

ARTIGO 9º, PARÁGRAFO ÚNICO: HOMICÍDIO DOLOSO PRATICADO POR MILITAR CONTRA CIVIL Recentemente, a Lei nº 12.432, de 29/06/2011, acrescentou uma ressalva ao parágrafo único artigo 9º do CPM quanto aos crimes dolosos praticados por militar contra a vida de civil no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei n o 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica.

A redação anterior era a seguinte: Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Incluído pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

À luz do texto constitucional (após a emenda 45/2004), mesmo que não se entenda revogado o parágrafo único do artigo 9º do CPM, pode-se interpretá-lo restritivamente, remetendo-se somente os homicídios dolosos contra a vida de civis praticados por militares dos Estados ao tribunal do júri. Todos os demais casos permanecem na competência da Justiça Militar.

TEMPO DE GUERRA Nos exatos termos do artigo 15 do CPM, o tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento. O tempo de guerra termina quando ordenada a cessação das hostilidades (art. 15, in fine, CPM), competindo ao Presidente da República celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional (art. 84, XX, CR/1988).

CRIME MILITAR EM TEMPO DE GUERRA Prevalência dos critérios ratione legis e ratione temporis. Artigo 10 do CPM: Os crimes especialmente previstos no Código Penal Militar para o tempo de guerra estão elencados no Livro II da Parte Especial do CPM do artigo 355 em diante. Os crimes propriamente militares previstos para o tempo de paz, agregando-se a circunstância temporal: se praticados em tempo de guerra.

Os crimes impropriamente militares (previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, qualquer que seja o agente) quando praticados em: território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado. qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo.

Os crimes comuns (definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos no CPM), quando praticados: em zona de efetivas operações militares. em território estrangeiro, militarmente ocupado. O artigo 25 do CPM define como crime praticado em presença do inimigo aquele que ocorre em zona de efetivas operações militares ou na iminência ou em situação de hostilidade.

DPU 2004 179. Em tempo de guerra, um fato previsto como crime na legislação comum mas não na militar poderá ser considerado crime militar se praticado em presença do inimigo.

CERTA.

CAUSA DE AUMENTO DE PENA O artigo 20 do CPM prevê uma causa de aumento de pena de um terço para os crimes praticados em tempo de guerra. Note-se que a fração de aumento, salvo disposição especial, incide sobre as penas cominadas para o tempo de paz. Somente haverá incidência da majorante nas hipóteses dos incisos II, III e IV, do artigo 10 do Código Castrense

Art. 30. Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nêle se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 31. O agente que, voluntàriamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

DPU 2004 180. O direito penal militar contempla o arrependimento posterior como causa obrigatória de redução da pena.

ERRADA.

ATENÇÃO PARA AS FIGURAS ATENUADAS NA PARTE ESPECIAL! Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, até seis anos. Furto atenuado 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entendese pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos 1º e 2º do art. 240. ESTELIONATO Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos 1º e 2º do art. 240.

Receptação Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, até cinco anos. Parágrafo único. São aplicáveis os 1º e 2º do art. 240. Dano atenuado Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o criminoso é primário e a coisa é de valor não excedente a um décimo do salário mínimo, o juiz pode atenuar a pena, ou considerar a infração como disciplinar. Parágrafo único. O benefício previsto no artigo é igualmente aplicável, se, dentro das condições nele estabelecidas, o criminoso repara o dano causado antes de instaurada a ação penal.

Crime impossível Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável.

Causas de Exclusão de ilicitude O Código Penal Militar apresenta um rol meramente exemplificativo de excludentes de ilicitude. De acordo com o artigo 42 do estatuto penal militar, não há crime quando o agente pratica o fato em: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento do dever legal; ou exercício regular de direito.

No parágrafo único do referido artigo, há uma causa de justificação exclusiva do comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, que, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

ESTADO DE NECESSIDADE O Código Penal Militar adota a Teoria Diferenciadora Alemã, pois, considerando-se os valores dos bens jurídicos em conflito, distinguem-se: Estado de Necessidade Justificante Estado de Necessidade Exculpante

O Estado de Necessidade Justificante afasta a ilicitude, quando o bem protegido é de valor superior ao daquele sacrificado. Não há crime, nos termos do artigo 43, CPM, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao mal evitado.

Estado de Necessidade Exculpante elimina a culpabilidade, quando o bem protegido é de valor igual ou inferior que o bem sacrificado. Artigo 39, CPM: não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa.

DPU 2004 181. No direito castrense, o estado de necessidade pode constituir causa de exclusão da culpabilidade do delito.

CERTA.

EXCESSO NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO Excesso Culposo A ação justificada deve ater-se aos limites impostos pela lei, quanto à sua intensidade e à sua extensão. Conforme assenta o artigo 45, CPM, o agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa.

Excesso Doloso Há duas modalidades de excesso doloso: em sentido estrito e o decorrente de erro de Direito. É somente na situação de erro de direito que se aplica o artigo 46 do Código Penal Militar, que dispõe que o juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso. O agente responde pelo resultado a título de dolo, sendo facultada ao juiz aplicação da atenuante.

EXCESSO EXCULPANTE OU ESCUSÁVEL Diferentemente do Código Penal comum, o Código castrense prevê de forma expressa o excesso exculpante, que não é punível quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação (art. 45, p. único, CPM). Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa.

CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE INIMPUTABILIDADE POR ALIENAÇÃO MENTAL (ART. 48, CPM) O artigo 48, do Código Penal Militar estatui que não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. SISTEMA BIOPSICOLÓGICO OU MISTO

DPU 2001 41. 3. O Código Penal Militar (CPM) adotou o critério do sistema biopsicológico de aferição da inimputabilidade.

CERTA.

INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ ACIDENTAL COMPLETA (art. 49, CPM) não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

INIMPUTABILIDADE POR IMATURIDADE NATURAL (ART. 228, CRFB) A Constituição da República adota a presunção absoluta de inimputabilidade do menor de 18 anos, sujeitando-os às normas da legislação especial. CRITÉRIO BIOLÓGICO PURO Assim, as ressalvas e equiparações dos artigos 50 a 52 do Código Penal Militar não foram recepcionadas pela atual ordem constitucional.

CAUSAS LEGAIS DE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA O Código Penal Militar elenca quatro causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa: Coação Irresistível (art. 38) Obediência Hierárquica (art. 38) Estado de Necessidade Exculpante (art. 39) Excesso Escusável (art. 45)

COAÇÃO IRRESISTÍVEL Nos termos do artigo 38, CPM, não é culpado quem comete o crime sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade. Devem-se distinguir duas situações: a coação MORAL irresistível (vis compulsiva), que exclui a culpabilidade; a coação FÍSICA irresistível (vis absoluta), que afasta a própria tipicidade, uma vez que não há conduta, por ausência de voluntariedade.

Nos crimes em que há violação do dever militar (artigos 187 a 204, do CPM), o agente não pode invocar coação moral irresistível. De outro lado, se a coação é material, não há conduta, por ausência de vontade. Assim, mesmo em crimes contra o dever militar, o sujeito não pode ser responsabilizado, daí a ressalva da parte final do artigo 40, CPM.

DPU 2004 182. Admite-se a coação moral irresistível como causa de exclusão da culpabilidade no crime de deserção.

ERRADA.

OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA De acordo com o Código Penal Militar não é culpado quem comete o crime em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. Requisitos: executor subordinado hierarquicamente àquele que deu diretamente a ordem. ordem vinculada à matéria de serviços e não manifestamente criminosa.

CONCURSO DE PESSOAS Teoria Monista Temperada Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a êste cominadas. Condições ou circunstâncias pessoais 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Agravação de pena 2 A pena é agravada em relação ao agente que: I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nêle participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Atenuação de pena 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância.

Cabeças 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são êstes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

DPU 2007 42 Embora o CPM tenha se filiado à teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sinequa non), consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de oficial.

CERTA.

DPU 2001 41 4. O oficial militar que, em concurso com praças, vier a praticar um crime de autoria coletiva necessária não será considerado cabeça somente em decorrência do princípio da hierarquia com os inferiores.

ERRADA.

Casos de impunibilidade Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

SISTEMA SANCIONATÓRIO PENAS PRINCIPAIS ACESSÓRIAS

PENAS PRINCIPAIS MORTE Privativas de liberdade Restritiva de liberdade Restritivas de direitos RECLUSÃO IMPEDIMENTO SUSPENSÃO DETENÇÃO REFORMA PRISÃO

O Código Castrense NÃO PREVÊ: substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos. pena de multa. progressão de regime de cumprimento da pena privativa de liberdade O STF recentemente afirmou que é contrária ao texto constitucional a exigência do cumprimento de pena privativa de liberdade sob regime integralmente fechado em estabelecimento militar (HC 104174, Rel. Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, PUBLIC 18-05-2011).

SURSIS Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)

Restrições Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do exercício do pôsto, graduação ou função ou à pena acessória, nem exclui a aplicação de medida de segurança não detentiva.

Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica: I - ao condenado por crime cometido em tempo de guerra; II - em tempo de paz: a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção; b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.

DPU 2007 49 De acordo com o CPM, é vedada a concessão de suspensão condicional da pena no crime de violência contra inferior.

PENA DE MORTE A pena de morte aplica-se somente em caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII c/c art. 84, XIX, CR/1988). Artigo 56 do CPM: é executada por fuzilamento. A sentença definitiva de condenação à morte deve ser comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação (art. 57, CPM). Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.

DPU 2004 187. A sentença que fixar pena de morte poderá ser imediatamente executada se for imposta em zona de efetiva operação militar e assim o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.

CERTA.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA A MILITAR A pena privativa de liberdade (reclusão ou detenção) até dois anos aplicada a militar é obrigatoriamente convertida em pena de prisão (artigo 59, CPM). Se não for possível a aplicação do sursis (substituição condicional), deverá ser cumprida em recinto de estabelecimento militar se o condenado for oficial. Se o condenado for praça, a pena será cumprida em estabelecimento penal militar.

Artigo 61, CPM: a pena privativa de liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar.

189. A pena de reclusão superior a dois anos somente será cumprida pelo oficial em estabelecimento prisional civil após ser declarada a perda do posto e da patente.

CERTA.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA A CIVIL (J.M.U.) não se aplica à J. M. Estadual. O civil condenado pela Justiça Militar da União sempre é executado em estabelecimento comum, submetendo-se inteiramente à Lei de Execução Penal (artigo 62, CPM). Aplicam-se as disposições da Súmula 192 do STJ e do artigo 2º, parágrafo único, LEP acima mencionadas.

FASE TERCIÁRIA - PENA DEFINITIVA (Art. 76, CPM) A terceira etapa da aplicação da pena leva em consideração as causas de aumento (majorantes) e de redução de pena (minorantes), que incidirão sobre a pena intermediária, chegando-se à pena definitiva. Nessa fase, pode o juiz exceder os limites mínimo e máximo da pena cominada, mas deve respeitar os limites genéricos do artigo 58, CPM.

No concurso de causas de diminuição e de aumento de pena, a regra é a incidência obrigatória e sucessiva, sem possibilidade de compensação entre elas. Excepcionalmente, no concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. O parágrafo único do artigo 76 do Código castrense repete a regra do artigo 68, parágrafo único, do Código Penal comum.

UNIFICAÇÃO DAS PENAS NO CONCURSO DE CRIMES Concursos Material e formal No Código Penal Militar, a unificação da pena no concurso de crimes submete-se à mesma regra: soma de penas. Pela letra da lei, a princípio, não há diferença na unificação da pena entre concurso formal e material. A mesma disposição se aplica à continuidade delitiva, como se verá a diante.

Artigo 79 CPM: quando o agente, mediante uma só (concurso formal) ou mais de uma ação ou omissão (concurso material), pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única é a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.

PENAS DE MESMA ESPÉCIE PENAS DE ESPÉCIES DIFERENTES Exemplo: 2 homicídios dolosos: Pena de 12 anos de reclusão para cada homicídio pena unificada: 12 + 12 = 24 anos de reclusão Exemplo: 1 lesão corporal grave: Pena de 2 anos de reclusão 2 lesões corporais leves: Pena de 1 ano de detenção para cada pena unificada: 2 anos de reclusão + 1 ano de detenção (metade da soma das penas menos graves) = 3 anos de reclusão

A pena aplicada a cada crime deve respeitar os limites genéricos do artigo 58, CPM. Quanto ao limite máximo das penas unificadas, deve-se atender ao limite imposto pelo artigo 81, CPM: detenção (15 anos) e reclusão (30 anos).

CRIME CONTINUADO Artigo 80, CPM: aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser considerados como continuação do primeiro. A regra castrense de aplicação da pena no crime continuado é alvo de controvérsia nos Tribunais Superiores. O Superior Tribunal Militar, com respaldo na doutrina, entende aplicável a regra da exasperação do artigo 71 do Código Penal comum por considerá-la mais benéfica ao réu.

Em sentido contrário, o Supremo Tribunal Federal entende que não cabe tal raciocínio, em respeito ao princípio da especialidade: Bem ou mal, o Código Penal Militar cuidou de disciplinar os crimes continuados de forma distinta e mais severa do que o Código Penal Comum. Tal proceder geraria um "hibridismo" incompatível com o princípio da especialidade das leis. Sem contar que a disciplina mais rigorosa do Código Penal Castrense funda-se em razões de política legislativa que se voltam para o combate com maior rigor daquelas infrações definidas como militares. (HC 86854, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, DJ 02-03-2007).

consideram-se crimes da mesma natureza os previstos no mesmo dispositivo legal, bem como os que, embora previstos em dispositivos diversos, apresentam, pelos fatos que os constituem ou por seus motivos determinantes, caracteres fundamentais comuns (art. 78, 5º, CPM).

REDUÇÃO DA PENA UNIFICADA NO CONCURSO FORMAL E NO CRIME CONTINUADO Atenção para a causa de redução prevista no artigo 81, 1º do Código Penal Militar: a pena unificada pode ser diminuída de um sexto a um quarto, no caso de unidade de ação ou omissão, ou de crime continuado. Assim, para mitigar os rigores do artigo 79, CPM, pode-se reduzir a pena unificada de 1/6 a 1/4 nos casos de concurso formal ou crime continuado, mantendo-se a soma de penas somente no concurso material.

Limites globais da pena unificada O artigo 81, CPM aponta os limites da pena unificada no concurso de crimes. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de detenção. RECLUSÃO 30 ANOS DETENÇÃO 15 ANOS

Regras especiais no caso de pena de morte Dispõe o 2º do artigo 81, CPM que quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como grau mínimo, aquela corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por trinta anos. Por exemplo, no crime de traição, previsto no artigo 355, CPM, há previsão de pena de morte no grau máximo e reclusão de 20 anos, no grau mínimo. Se o juiz optar por aplicar a pena privativa de liberdade, o máximo corresponderá a 30 anos.

Nos crimes punidos com a pena de morte, esta corresponde à de reclusão por trinta anos, para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial (artigo 81, 2º do CPM). Dosimetria das penas não privativas de liberdade As penas não privativas de liberdade são aplicadas distinta e integralmente, ainda que previstas para um só dos crimes concorrentes, conforme dispõe o artigo 83 do CPM. A aplicação das penas principais de natureza restritiva de direitos não segue a regra do critério trifásico das penas privativas de liberdade.

IMPEDIMENTO A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar (art. 63, CPM). Trata-se de pena de natureza restritiva de liberdade, em que não há encarceramento. A pena de impedimento é cominada exclusivamente ao crime de insubmissão (art. 183, CPM) e tem duração de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO consiste na agregação, no afastamento ou no licenciamento temporário do condenado (artigo 64, CPM). Trata-se de pena principal, de natureza restritiva de direitos, que acarreta a suspensão do exercício de posto (oficial), graduação (praça) ou cargo (civil), pelo prazo determinado na sentença. Ex.: crimes de ordem arbitrária de invasão (art. 170, CPM) e de exercício de comércio por oficial (art. 204, CPM). parágrafo único do artigo 64, CPM: se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena de suspensão será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano.

REFORMA sujeita o militar estável condenado à situação de inatividade compulsória, com proventos proporcionais ao tempo de serviço, não podendo perceber mais de 1/25 (um vinte e cinco avos) do soldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do soldo (artigo 65, CPM). Trata-se de pena de natureza restritiva de direitos prevista para alguns crimes militares como, por exemplo, ordem arbitrária de invasão (art. 170, CPM) e exercício de comércio por oficial (art. 204, CPM).

PENAS ACESSÓRIAS A aplicação das penas acessórias depende da imposição de uma pena principal. Não se trata de penas alternativas aplicadas em substituição às penas privativas de liberdade. As penas acessórias são aplicadas cumulativamente com as penas principais, de acordo com a natureza do crime. O artigo 98 do Código Penal Militar apresenta um rol taxativo de oito penas acessórias:

PENAS ACESSÓRIAS PARA OFICIAIS PARA PRAÇAS PARA CIVIS SUSPENSÃO perda de posto e patente indignidade para o oficialato exclusão das forças armadas incompatibilidade com o oficialato perda da função pública inabilitação para o exercício de função pública poder familiar, tutela ou curatela direitos políticos

PERDA DE POSTO E PATENTE (artigo 99, CPM) Nos termos do artigo 99 do Código Penal Militar, a perda de posto e patente do oficial resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos e importa a perda das condecorações. O artigo 107 do CPM afirma que a imposição da perda de posto e patente não precisa constar expressamente da sentença. Entretanto, segundo parte da doutrina, essa pena acessória não tem aplicação imediata e automática porque os oficiais das forças armadas são vitalícios e só podem perder o posto e a patente por decisão do Superior Tribunal Militar (art. 142, 3º, VI, CR).

DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO (artigo 100, CPM) Conforme determina o artigo 100 do CPM, fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia (crimes de tempo de guerra), ou em qualquer dos definidos nos artigos 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312, todos do Código Penal Militar. Trata-se de rol taxativo, que vincula a aplicação da pena acessória de declaração de indignidade para o oficialato.

DPU 2004 Considere que um tenente, estando em serviço, em área fora da administração militar, tenha constrangido uma mulher à prática de conjunção carnal, mediante grave ameaça, e por isso tenha sido preso em flagrante e denunciado pela prática do crime previsto no art. 232 do CPM (estupro). Considere ainda que, durante o processo, tenha sido juntada aos autos certidão de casamento do referido tenente com a vítima, fato ocorrido após o dia do delito. Em face dessas considerações e com base no CPM, julgue os itens que se seguem. 186. Se o oficial for condenado pelo crime em tela, será declarado indigno para o oficialato.

ERRADA.

DECLARAÇÃO DE INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO (artigo 101, CPM) A pena de declaração de incompatibilidade com o oficialato aplica-se ao militar condenado nos crimes dos artigos 141 e 142, COM (crimes contra a segurança externa do país).

PENA DE EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS (artigo 102, CPM) A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das Forças Armadas. A Constituição exige que a exclusão da praça da PM ou do CBM Estaduais se dê por decisão do Tribunal competente (art. 125, 4º, CR/88). Em nome da isonomia, parte da doutrina sustenta que deve também haver procedimento específico para a exclusão da praça das forças armadas (art. 142, 3º, VII, CR/88).

DPU 2007 45 A pena acessória de exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será obrigatoriamente aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for superior a dois anos.

CERTA.

Nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição da pena acessória de exclusão deve constar expressamente da sentença. De acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça (HC 29575), a exclusão deve ser requerida pelo MPM e constar expressamente na sentença, não bastando a condenação.

Atenção! Em caso de CRIME COMUM, a perda do cargo público constitui EFEITO DA CONDENAÇÃO, quando a pena privativa de liberdade é superior a 04 (quatro) anos de reclusão, sendo decidida tal questão na própria sentença condenatória, sem a necessidade de instauração de procedimento específico para esse fim perante o Tribunal Militar. (ARE 742879 AgR, Relator(a): PUBLIC 22-10-2013). Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,

A perda do cargo, função ou emprego público que configura efeito extrapenal secundário constitui consequência necessária que resulta, automaticamente, de pleno direito, da condenação penal imposta ao agente público pela prática do CRIME DE TORTURA, ainda que se cuide de integrante da Polícia Militar, não se lhe aplicando, a despeito de tratar-se de Oficial da Corporação, a cláusula inscrita no art. 125, 4º, da Constituição da República. (AI 769637 AgR-ED-ED, Relator(a): Segunda Turma, PUBLIC 16-10-2013). Min. CELSO DE MELLO,

PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 103, CPM) De acordo com o artigo 103 do CPM, incorre na perda da função pública o civil condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública ou condenado por qualquer outro crime a pena privativa de liberdade superior a dois anos. Nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição dessa pena acessória não precisa constar expressamente da sentença.

INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 104, CPM) A pena de inabilitação para o exercício de função pública aplica-se ao condenado à pena privativa de liberdade de reclusão superior a quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública varia de dois a vinte anos e começa ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em substituição, ou da data em que se extingue a referida pena. Computa-se no prazo das inabilitações temporárias o tempo de liberdade resultante da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não sobrevém revogação (Art. 108, CPM).

SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR, TUTELA OU CURATELA (artigo 105, CPM) O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do poder familiar, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena ou da medida de segurança imposta em substituição. Caso necessário, o juiz pode decretar a suspensão provisória do exercício do poder familiar, tutela ou curatela ainda durante o processo.

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (artigo 106, CPM) Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser votado. Nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição dessa pena acessória não precisa constar expressamente da sentença.

MEDIDAS DE SEGURANÇA O artigo 110 do Código Penal Militar apresenta um rol de medidas de segurança mais amplo do que aquele previsto no Código Penal comum. Na esfera castrense, as medidas de segurança dividem-se em pessoais e patrimoniais. As medidas de segurança pessoais se dividem em detentivas (internação) e não-detentivas (restritivas de direitos).

DPU 2001 41. 5. O Estatuto Penal Militar vigente não contempla as medidas de segurança de natureza patrimonial.

ERRADA.

MEDIDAS DE SEGURANÇA PESSOAIS PATRIMONIAIS DETENTIVAS internação em manicômio judiciário NÃO-DETENTIVAS cassação de licença para direção de veículos exílio local interdição de estabelecimento confisco proibição de frequentar determinados lugares

Artigo 111 do CPM: Em regra, as medidas de segurança somente podem ser impostas aos civis e aos militares que tenham perdido essa condição em virtude de condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos ou de outro modo hajam perdido posto e patente ou hajam sido excluídos das forças armadas. Aos militares somente aplica-se a medida de segurança de internação, no caso de inimputabilidade por doença mental, e a de cassação de licença para direção de veículos motorizados. A medida de segurança é imposta em sentença, que lhe estabelecerá as condições, nos termos da lei penal militar, não impedindo a expulsão do estrangeiro (artigo 120, CPM).

INTERNAÇÃO EM MANICÔMIO JUDICIÁRIO O artigo 112 do Código Penal Militar determina a internação em manicômio judiciário do agente inimputável por alienação mental que oferece perigo à incolumidade alheia em razão de suas condições pessoais e do fato praticado. Neste ponto, a lei penal castrense adota o sistema vicariante que, em oposição ao sistema do duplo binário, rejeita a possibilidade de aplicação cumulativa ou sucessiva de pena e medida de segurança de internação. Assim, aplica-se medida de segurança em lugar de pena, caso o autor do fato típico e ilícito seja inimputável e perigoso.

Em caso de semi-imputabilidade, haverá condenação com a pena reduzida, podendo o juiz substituí-la por internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro, caso o sujeito necessite de especial tratamento curativo (artigo 113, CPM). O Código Penal Militar não prevê expressamente medida de segurança de tratamento ambulatorial para o inimputável. A doutrina sugere aplicação subsidiária do Código Penal comum, sempre que a providência for benéfica ao acusado.

Semelhantemente ao Código comum, o Código Penal Militar estabelece o prazo mínimo de internação de um e três anos. Nesse período serão realizados exames para verificação da cessação da periculosidade.

CASSAÇÃO DE LICENÇA PARA DIRIGIR VEÍCULOS MOTORIZADOS artigo 115 do CPM: ao condenado por crime cometido na direção ou relacionadamente à direção de veículos motorizados, deve ser cassada a licença para tal fim, pelo prazo mínimo de um ano, se as circunstâncias do caso e os antecedentes do condenado revelam a sua inaptidão para essa atividade e consequente perigo para a incolumidade alheia.

EXÍLIO LOCAL O exílio local consiste na proibição de que condenado resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na localidade, município ou comarca em que o crime foi praticado, em face da necessidade de garantia da ordem pública ou para o bem do próprio condenado (artigo 116, CPM). O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.

PROIBIÇÃO DE FREQUENTAR DETERMINADOS LUGARES A proibição de frequentar determinados lugares consiste em privar o condenado, durante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que favoreçam, por qualquer motivo, seu retorno à atividade criminosa. O cumprimento da proibição inicia-se logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.

INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO, SOCIEDADE OU ASSOCIAÇÃO Segundo dispõe o artigo 118 do CPM, a interdição de estabelecimento comercial ou industrial, ou de sociedade ou associação, pode ser decretada por tempo não inferior a quinze dias, nem superior a seis meses, se o estabelecimento, sociedade ou associação serve de meio ou pretexto para a prática de infração penal. A interdição consiste na proibição de exercer no local o mesmo comércio ou indústria, ou a atividade social. A sociedade ou associação, cuja sede é interditada, não pode exercer em outro local as suas atividades.

CONFISCO A medida de segurança patrimonial de confisco prevista no artigo 119, CPM determina que o juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda quando o agente é inimputável, ou não punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do crime, desde que consistam em coisas: cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitui fato ilícito; que, pertencendo às forças armadas ou sendo de uso exclusivo de militares, estejam em poder ou em uso do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada; abandonadas, ocultas ou desaparecidas.

DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO O artigo 109 do Código Penal Militar repete a redação do artigo 91 do Código Penal comum elencando os efeitos genéricos da condenação. 1) dever de indenizar 2) perda, em favor da Fazenda Nacional, dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, bem como do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a sua prática.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA PARTE GERAL DO CPM (ART. 123) MORTE ANISTIA OU INDULTO ABOLITIO CRIMINIS PRESCRIÇÃO EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA PARTE ESPECIAL DO CPM (ART. 255, P. ÚNICO, CPM) PERDÃO JUDICIAL NA RECEPTAÇÃO CULPOSA REABILITAÇÃO RESSARCIMENTO DO DANO NO PECULATO CULPOSO