Análise numérica do comportamento de fundações superficiais tipo sapata

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Transcrição:

O Futuro Sustentável do Brasil passa por Minas Cong. Brasileiro Mec. dos Solos e Eng. Geotécnica 19-22 Outubro, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil ABMS, 2016 Análise numérica do comportamento de fundações superficiais tipo sapata Frutuoso, A. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil, adrianofrutuoso@deha.ufc.br Melo, R.M. Boa Vista, Roraima, Brasil, rocharicardo00@gmail.com Mota, N.M.B. BMS Engenharia, Brasília, Distrito Federal, Brasil, neusamota@bmsengenharia.com.br Dantas Neto, S.A. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil, silvrano@gmail.com Moizinho, J.C. Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil, joel.moizinho@ufrr.br RESUMO: Neste trabalho estuda-se o comportamento de fundações superficiais em sapata de um edifício localizado em Águas Claras/DF, através da modelagem numérica tridimensional do sistema estrutural solo-fundação superficial, utilizando o programa de elementos finitos Plaxis 3D Foundation, como os seguintes objetivos: determinar os recalques e as tensões desenvolvidas no solo de fundação; avaliar a influência recíproca entre as sapatas da fundação, bem como influência das etapas de construção das fundações. Os resultados são apresentados sob a forma de tabelas e gráficos, onde os recalques obtidos pela modelagem numérica foram comparados com valores previstos através da teoria da elasticidade. As análises demonstraram a influência do efeito de grupo entre as fundações superficiais e do processo construtivo na configuração final dos recalques. Além disso, a comparação numérico-analítica mostrou que os recalques previstos pelos métodos numéricos foram maiores que os valores obtidos pelo método analítico, porém com valores menores que o limite tolerável de 65 mm (NBR 6122). PALAVRAS-CHAVE: Fundações, Sapata, Modelagem Numérica, Recalques, Tensões 1 INTRODUÇÃO Em projetos de edificações é da maior importância prever como as tensões e os recalques se desenvolverão na fundação com o tempo. De acordo com Aoki (2000), o desempenho de uma obra de engenharia civil ao longo de sua vida útil, especialmente da sua fundação, depende do grau de alteração do maciço de solo durante a fase de execução desta última. A NBR 6122/96 estabelece que em obras de edificações, a medição dos recalques constitui o recurso fundamental para a observação do comportamento da obra. A norma acrescenta que tal medida tem como objetivo permitir a comparação de valores medidos com valores calculados, visando o aperfeiçoamento dos métodos de previsão de recalques. Na prática de engenharia de fundações as tensões e os recalques são calculados por meio de métodos analíticos, fundamentados na teoria da elasticidade, que leva em consideração a hipótese da relação constante entre tensões e deformações. O emprego dessa teoria é questionável, pois o comportamento dos solos não satisfaz aos requisitos de material elástico.

Outro ponto relevante nos projetos de edificações refere-se ao dimensionamento estrutural que é feito considerando seus apoios indeslocáveis, e o dimensionamento das fundações é desenvolvido a partir das solicitações obtidas sob a hipótese de apoios indeslocáveis e das propriedades do solo de fundação. Com isso, os recalques são previstos, supondo-se que cada elemento isolado de fundação possa se deslocar de modo independente dos demais. Em outras palavras, admite-se que os elementos estrutura e fundação possuem comportamento independente, ou seja, são desprezados os efeitos da interação solo-estrutura provocados pela deformação do solo e pela rigidez da estrutura. Esse procedimento convencional vem sendo alvo de críticas há muito tempo, pois apesar de oferecer um desempenho aceitável em função da hipótese de que os apoios das estruturas hiperestáticas têm facilidade de se adaptarem às deformações do solo, o mesmo conduz a resultados que se afastam da realidade, principalmente em casos de edifícios com grande número de pavimentos, como observou. Em vista do exposto, este trabalho apresenta um estudo do comportamento de fundações superficiais, em sapata, de um edifício construido em Águas Claras/DF, através da modelagem numérica tridimensional do sistema estrutural solo-fundação superficial. Para tanto, foi utilizado o programa de elementos finitos Plaxis 3D Foundation, Versão 1.6. 2 METODOLOGIA Para consecução dos objetivos propostos, este trabalho foi desenvolvido segundo um conjunto de atividade, conforme descrito a seguir. Incialmente, foi realizada uma coleta de dados do projeto estrutural do edifício e do solo de fundação, visando uma modelagem realista. A partir dai, foi feita a modelagem tridimensional de todas as fundações do prédio, levando em consideração a interação solofundação. Após a modelagem numérica das fundações foi avaliado o desempenho da obra a partir da comparação dos os recalques obtidas pela simulação com os valores obtidos por metodologias analíticas. 2.1 Descrição do edificio O edifício em estudo (Torre E), trata-se de um edifício tipo residencial pertencente a um condomínio de prédios, constituído por um pavimento térreo, um pavimento semienterrado e 14 pavimentos-tipos, localizado na quadra 07, na cidade satélite de Águas Claras/DF. A Figura 1 apresenta uma vista 3D do edifico. Figura 1. Vista 3D do edicio. O cálculo estrutural foi realizado de forma tradicional as lajes transmitindo as cargas para as vigas e estas se apoiando nos pilares. Estes por sua vez, descarregando nos elementos de fundações, os quais foram dimensionados considerando a hipótese vínculos indeslocáveis. A estrutura é constituída por 50 pilares e os elementos de fundação são sapatas isoladas assentes na cota 7,00 m em relação ao nível do terreno. A Tabela 1 apresenta as sapatas, suas dimensões e os carregamentos (forças verticais e momentos) provenientes da superestrutura, e a Figura 2 apresenta uma planta de locação das sapatas.

Tabela 1. Caracteristicas das sapatas do edificio. Sapata Sapata Pilar Força Mx My B (cm) L (cm) b (cm) l (cm) (kn) (kn.m) (kn.m) S1 220 300 70 120 1750 21 0 S2 220 320 70 120 1840 18 0 S3 180 140 80 50 840 0 2 S4 170 250 50 100 960 13 0 S5 180 300 80 50 1560 0-2 S6 155 250 50 100 1200 11 0 S7 230 160 120 50 890 0-2 S8 160 300 80 50 1480 2 1 S9 240 420 60 150 1840 48-1 S10 260 420 60 150 2210 52 0 S11 230 290 50 130 2420-25 0 S12 230 290 50 130 2500-24 1 S13 270 180 150 50 1610 0 10 S14 280 180 130 50 1710 0-10 S15 280 190 130 50 1800 0 10 S16 270 180 130 50 1630 0-10 S17 220 260 50 130 1730 24 0 S18 220 280 50 130 1820 22 0 S19 190 150 80 50 1110 0 2 S20/31 310 740 100 740 5980 63 0 S21/32 310 740 100 740 6310 66 0 S22 250 160 120 50 1330 0-2 S23 240 210 95 50 1940 0 5 S24 330 185 130 50 2300 0-12 S25 290 330 150 60 4270-3 1 S26 290 370 150 60 4120 2 24 S27 340 185 130 50 2410 0 12 S28 250 210 95 50 2030 0-5 S29 230 160 120 50 1270 0 2 S30 200 150 80 50 1220 0-2 S33 230 270 50 130 1720-25 0 S34 220 270 50 130 1720-23 0 S35 270 180 130 50 1630 0 11 S36 280 180 130 50 1730 0-10 S37 280 190 130 50 1780 0 9 S38 280 280 130 50 1640 0-10 S39 220 300 50 130 2360 25 0 S40 220 300 50 130 2370 23 0 S41 180 260 80 50 1570-2 0 S42 270 375 60 150 2460-50 0 S43 260 375 60 150 2380-45 0 S44 180 260 80 50 1530-2 - 1 S45 210 140 120 80 930 0 2 S46 190 130 80 50 880 0-2 S47 165 250 50 100 950-14 0 S48 165 250 50 100 990-10 0 S49 210 290 50 130 1700-22 0 S50 210 290 50 130 1690-20 0 Figura 2. Planta de locação das sapatas. 2.2 Características geotecnicas local O subsolo do edifício analisado foi caracterizado a partir de cinco sondagens a percussão realizadas no local da obra. A Figura 3 apresenta o perfil de solo idealizado de acordo com o material encontrado nas sondagens, o qual constituido por três camadas bem definida.

fundações foi simulada em 8 etapas, a fim de avaliar a interação entre as sapatas, ou seja, determinar os recalques e as tensões desenvolvidas pela construção de uma sapata sobre outra sapata próxima, bem como de um conjunto de sapatas sobre as outras, e, portanto, avaliar o desempenho das fundações. A Figura 4. mostra um detalhe da sequência de simulação das sapatas. S133/134 S3 S150 S19 S29/154 S45/165 S4 Figura 3. Perfil de solo do local da obra. 2.3 Modelagem tridimenional S49 S47 S35 S36 S23 S24 S13 S14 S1/140 A modelagem foi realizada considerando o comportamento conjunto elemento de fundação-solo, para as 50 sapatas. O modelo constitutivo utilizado para representar o comportamento o solo de fundação foi o modelo elástico perfeitamente plástico com critério de ruptura de Mohr- Coulomb e para representar as sapatas foi o modelo elástico linear. Para as sapatas foram adotados os parâmetros apresentados na Tabela 2 e a Tabela 3 apresenta os parâmetros do solo. S39 S41 S44 S42 S43 S33 S25 S26/C5 S17 S20/31 S21/32 S11 S9/137 S10/139/C4 S136 S8 S138 S5 S141 Tabela 2. Parâmetros da fundação. Parâmetro Valores γ (kn/m 3 ) 25 ν 0,20 E (GPa) 30 Tabela 3. Parâmetros dos solos de fundação. Parâmetro Camada 1 Camada 2 Camada 3 γ (kn/m 3 ) 13,9 17,7 19 γ sat (kn/m 3 ) 16,7 18,6 20 Ε (ΜPa) 10 20 45 ν 0,2 0,2 0,2 G (MPa) 4,2 8,3 18 c (kpa) 6 12 11 φ ( o ) 27 27 25 S50 S46 S48 S40 S37 S38 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 S34 S30 S27 S28 S22/152 S18 S15 S16 Etapa 5 Etapa 6 Etapa 7 Etapa 8 S12 S7/144 S6 S2/142 A modelagem foi realizada em três etapas principais: primeira etapa modelagem do perfil de solos; segunda etapa escavação e execução da contenção lateral das paredes da escavação; terceira etapa execução das fundações. Nesta etapa a execução das Figura 4. Detalhe da sequência de modelagem das sapatas. A malha de elementos finitos gerada é constituída por elementos prismáticos de 15 nós para representar o solo, elementos tipo floor

para representar as sapatas, e elementos tipo wall para a contenção das paredes de escavação do solo. A Figura 5 apresenta a malha de elementos finitos geradas (discretizada com 4300 elementos e 13270 nós). Figura 5. Modelagem do terreno escavado, com contenção e com fundação. O carregamento em cada sapata foi aplicado como carga pontual seguindo o seguinte critério: a partir do estágio inicial (tensões iniciais), foram incluídas as sapatas e seus respectivos carregamentos, aplicados no centro e em um único estágio. A Figura 6 apresenta uma vista isométrica das sapatas com o vetor de carga. 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Recalques Os resultados obtidos estão ilustrados na Figura 7, mostram que os recalques previstos pelo método numérico foram maiores que os resultados obtidos pelo método analítico, para todas as sapatas. Esse resultado era esperado, uma vez que o método analítico utilizado foi baseado na teoria da elasticidade que considera o solo como um meio elástico linear, já no método numérico, o solo foi considerado com comportamento elástico perfeitamente plástico com critério de ruptura de Mohr-Coulomb, onde o material comporta-se como elástico linear até atingir a condição de ruptura, depois passa a ter comportamento plástico. Recalque 70 60 50 40 30 20 10 0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 S17 S18 S19 S20/31 S21/32 S22 S23 S24 S25 S26 S27 S28 S29 S30 S33 S34 S35 S36 S37 S38 S39 S40 S41 S42 S43 S44 S45 S46 S47 S48 S49 S50 Numérico Analítico Figura 7. Recalque previsto pelo método numérico e recalque calculado pelo método analítico Figura 6. Vista isométrica das sapatas com seus vetores de cargas correspondentes. Após a modelagem numérica, foram realizados o cálculo de recalque pelo método analítico com a Teoria da Elasticidade de todas as sapatas, e o acréscimo de tensões como, Método de Salas, Solução de Boussinesq e Solução de Newmark, para uma comparação entre os métodos avaliados a fim de validar os resultados de tensões e previsão de recalques obtidos através do método numérico e avaliar as limitações dos métodos analíticos. Outro fato a ser considerado é que pelo método analítico os recalques são previstos para cada fundação isoladamente, isto é, sem considerar tensões geradas por fundações vizinhas, já pelo método numérico os recalques são estimados simultaneamente para todas as fundações, levando em consideração o conjunto carregamento-fundação-solo, desse modo acabam ocorrendo interação entre as fundações vizinhas. Observa-se também, que pelo método analítico, todas as sapatas apresentaram recalques menores que o recalque total limite, de 65mm para sapata isoladas. Assim, pode-se concluir que para carregamentos elevados, o método da elasticidade prevê recalques menores quando

comparados com os resultados de previsão de recalque obtidos pelo método numérico. Nas Figuras 8 e 9 têm-se, respectivamente, os gráficos da relação entre as cargas e os recalques obtidos pelos métodos analítico e numérico. Na Figura 8 observa-se que o comportamento carga-recalque do solo de fundação segue uma tendência linear, isso é justificado, tendo em vista que o método analítico utilizado foi o elástico linear. Já na Figura9 tem-se a relação entre as cargas e os recalques com comportamento não linear, e os dados podem ser ajustados exponencialmente, com uma precisão razoável. Figura 10. Indicação do conjunto de sapatas analisadas. A Tabela 4 apresenta os recalques diferenciais para o conjunto de sapatas analisadas, pelos métodos numérico e analítico. De acordo com Moraes (1976), os recalques diferenciais obtidos, mostram-se tolerável quanto à estabilidade estrutural do edifício. Figura 8. Carga versus recalque analítico. Figura 9. Carga versus recalque numérico 3.2 Análise dos recalque angulares A fim de avaliar a movimentação diferencial entre as sapatas, foi avaliado os recalques diferenciais para um conjunto de sapatas, conforme detalhado na Figura 10. Tabela 3. Avaliação dos recalques diferenciais. Grupo Analisado 1 2 3 4 5 6 Sapatas Dist. (m) δv num. δa nalítico. Limites Toleráveis (Moraes, 1976) L/400 L/250 S3 S19 5500 2,35 2,84 13,75 22 S19 S29 2500 0,11 0,77 6,25 10 S29 S45 5500 2,69 1,3 13,75 22 S4 S13 3000 4,74 6,93 7,5 12 S13 S23 4000 1,61 3,32 10 16 S23 S35 4000 1,84 3,12 10 16 S35 S47 3000 4,95 6,08 7,5 12 S1 S14 3800 4,97 2,51 9,5 15,2 S14 S24 4000 1,74 2,35 10 16 S24 S36 4000 2,2 2,15 10 16 S36 S49 3800 5 2,63 9,5 15,2 S11 S17 3000 2,68 4,09 7,5 12 S17 S33 4800 0,06 0,69 12 19,2 S33 S39 3000 2,69 3,62 7,5 12 S8 S25 6500 3,25 17,8 16,25 26 S25 S41 6500 0,67 16,7 16,25 26 S41 S42 2300 2,27 1,26 5,75 9,2 S42 S43 6200 2,17 0,52 15,5 24,8 S43 S44 2300 0,73 1,12 5,75 9,2 3.3 Análise da influência entre sapatas visinhas Para avaliar a influência entre sapatas, foram escolhidas quatro sapatas (denominadas S19, S29, S41 e S42), por suas proximidades. A

análise foi realizada considerando dois pares de sapatas (S29-S19 e S41-S42), e calculado os recalques, da seguinte forma. Para as sapatas S29-S19 primeiro foi simulado a construção da sapata S29, aplicado o carregamento, e obtido os recalques em pontos ao longo do eixo entre os centros das duas sapatas; em seguida foi simulado a construção da sapata S19, aplicado o carregamento e obtido os recalques nos mesmos pontos. A Tabela 5 apresenta os valores dos recalques obtidos e a Figura 11 apresenta a deformada de recalque. Os resultados mostram recalque máximo de 14,02 mm para a sapata S29 e de 13,80mm para a sapata S19. Observa-se, também que a sapata S19 recalcou 2,87mm devido à construção e carregamento da sapata S29, esta por sua vez, recalcou 4,74 mm devido à construção e carregamento da sapata S19. Tabela 4. Recalques causados pela influência entre as sapatas S29 e S19. Eixo X (m) Recalque devido a S29 Recalque devido a S19 0,00 9,28 14,02 0,80 9,75 15,82 1,30 6,25 14,95 1,80 3,78 15,56 2,50 2,87 13,80 Figura 11. Recalque causado pela infuencia entre as sapatas S29 e S19. Para as sapatas S41-S42 seguiu o mesmo procedimento das sapatas anteriores: inicialmente foi simulado a construção da sapata S41, aplicado o carregamento, determinado os recalques ao longo do eixo entre os centros das sapatas; depois construiu a sapata S42, aplicou o carregamento correspondente e determinou os recalques nos mesmos pontos. A Tabela 5 apresenta os recalques obtidos e a Figura 12 apresenta a deformada de recalque. Os resultados mostram um recalque máximo de 21,32mm para a sapata S41 e de 18,80mm para a sapata S42. Além disso, a sapata S42 recalcou 4,09 mm devido à construção e carregamento da sapata S41, esta por sua vez recalcou 12,03 mm devido a influencia da sapata S41 e do carregamento. Tabela 4. Recalques causados pela influência entre as sapatas S41 e S42. Eixo X (m) Recalque devido a S41 Recalque devido a S42 0,00 9,29 21,32 0,90 10,09 27,30 0,95 8,20 25,37 1,00 6,48 24,28 2,30 4,09 18,80 Figura 12. Recalque causado pela infuencia entre as sapatas S41 e S42. Esse fenome acontece, pois quando se aplica uma carregamento externo no terrenodesperta campo de tensões no solo, gerando assim um acrescimo na projeção da área carregada e nas laterais, e com o acrescimo de tensão gerado resulta em recalque, assim quando é aplicado uma carga na superficie do terreno o recalque não se limita apenas sob a área carregada mas tembém é gerado recalque nas proximidades dessa área. 3.4 Análise da influência das etapas de construção De modo a avaliar influência das etapas de construção no comportamento das sapatas, a modelagem de execução das sapatas foi realizada em oito etapas, como descrito no Capítulo 3. Para quantificar essa influência foram selecionadas as sapatas S29 e S42. As Figuras 13 e 14 apresentam os recalques acumulados desenvolvidos nessas sapatas, por influência das etapas de construção, respectivamente.

Figura 13. Recalque acumulado por etapa na sapata S29. Figura 13. Recalque acumulado por etapa na sapata S42. Os resultados mostram que a Sapata S29, localizada na extremidade esquerda da projeção da edificação, sofreu significativa influência das sapatas construídas nas 2ª e 3ª etapas, nas etapas seguintes essa influência foi pequena, isso devido ao aumento da distancia entre as sapatas. A influência da 2ª etapa foi de 51% (aumento de 9,27mm 14mm) e da 3ª etapa foi de 138% (aumento de 14 mm 33,34mm). Para sapata S42, localizada no centro da projeção da edificação e executada na 3ª etapa da modelagem, observa-se influência significativa das sapatas executadas nas etapas seguintes, com aumento crescente dos recalques (7,58mm 22,93mm 34,11mm 40,95mm 42,86mm 54,97mm). 3 CONCLUSÕES O presente trabalho procura mostrar a necessidade da utilização de metodologias mais consistentes e criteriosas no desenvolvimento de projetos de fundações, as quais possam contemplar o efeitos da interação solo-estrutura, no comportamento real das edificações. Uma previsão mais acurada desse comportamento pode trazer vantagens não só do ponto de vista econômico, como também um maior nivel de segurança e confiabilidade para as edificações. Neste sentido, as ferramentas numéricas mostram-se excelentes opções, uma vez que permitem a modelagem conjunta da superestrutura e infreestrutura, com difrentes arranjos de carregamentos. Conforme se pode observar no presente trabalho, a modelagem conjunta solo-elemento de fundação, permituiu obter o sguinte: Os recalques numéricos foram superiores aos recalques analíticos, devido as consideração de cada método, com o método numérico considerando o solo um material elástico perfeitamente plástico e considerando a interação entre sapatas; já o método analítico considera o solo como um material linear elástico. Os resultados de previsão de recalque obtidos pelo método analítico não ultrapassaram o limite de 65 mm por sapata isolada, porém alguns resultados obtidos pelo método numérico ultrapassaram o método analítico. Os recalques angulares obtidos pela modelagem e pelo método analítico foram considerados toleráveis quanto à estabilidade estrutural do edificio. Os resultados mostraram, também a influência do efeito de grupo entre as fundações superficiais e do processo construtivo na configuração final dos recalques. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e ao Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará (UFC). REFERÊNCIAS AOKI, N. (2000) Reflexões sobre o comportamento de sistema isolado de fundação. In: SEFEIV, São Carlos. Anais São Paulo: ABEF/ABMS. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações: Rio de Janeiro, 1996. MORAES, M.C. (1976) Estruturas de fundações. São Paulo: McGraw-Hill, 1976.