ANALISE DA INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS OBTIDAS ATRAVÉS DE SATÉLITES NO AUMENTO DA DENGUE: ESTUDO DE CASO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MS. Suely Franco Siqueira Lima Elisabete Caria Moraes Gabriel Pereira 2011
INTRODUÇÃO Dengue, febre zica e chikungunya, são doenças de etiologia viral e se transmite pela picada de mosquitos Aedes aegypti infectados. São importantes arboviroses que afetam o homem e constitui um sério problema de saúde pública. A maior incidência desta doença se manifesta especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito (SESMT, 2005).
INTRODUÇÃO Destacam-se como fatores que interferem na proliferação do Aedes aegypti: Alterações climáticas (temperatura, precipitação) Modificações nas paisagens e nos ecossistemas (áreas vegetadas, água, expansão urbana, etc.) O crescimento populacional A constituição dos modos de vida (classe social) Novos padrões de concentração populacional (aglomeração e adensamento da população/geográfica) Precariedade dos serviços de saúde pública.
INTRODUÇÃO O estudo das relações causa e efeito destas doenças seria mais eficiente com uma visão espacializada dos fatores sociais e ambientais e para isso podemos usar a geotecnologia. Geotecnologias Possibilita novos métodos de manejo das informações espaciais Amplia a conexão entre informações ambientais e de saúde
INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde disponibilizou o Informe sobre a situação da dengue das Semanas Epidemiológicas 1 a 9 de 2009 / 2010 (Figura 1). Norte com 37.030 casos (16,3%) Nordeste com 11.960 casos (5,3%) Centro-Oeste com 108.881 (47,9%) Sudeste com 65.557 (28,9%) Sul com 3.681 casos (1,6%) Figura 1. Casos notificados de dengue por semana epidemiológica, Brasil, 2009 2010. Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde (Informe Epidemiológico). 35,4% do total de casos notificados no país, estão concentrados em seis municípios: Goiânia-GO (14%), Campo Grande-MS (9,1%), Rio Branco-AC (4,8%), Belo Horizonte (4%), Porto Velho-RO (2,6%) e Aparecida de Goiânia-GO (2,5%).
INTRODUÇÃO Quando considera a incidência por 100.000 hab, o estado de Mato Grosso do Sul apresenta uma variação de 1100,99% se sobressaindo aos demais Estados e com uma grande discrepância entre 2009 e 2010 (Figura 2). Figura 2. Curvas epidêmicas da dengue no Estado de Mato Grosso do Sul em 2009 e 2010. Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde (Informe Epidemiológico).
ÁREA DE ESTUDO: Campo Grande, MS
METODOLOGIA o Análise comparativa das variações da temperatura, do índice pluviométrico, da área vegetada e dos corpos d água, no período em que houve aumento da incidência de casos de dengue em Campo Grande. o as semanas epidemiológicas 1 a 9 de 2009 / 2010. Figura 2. Curvas epidêmicas da dengue no Estado de Mato Grosso do Sul em 2009 e 2010. Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde (Informe Epidemiológico).
MATERIAL Imagens do sensor TM do satélite Landsat-5 de 08/03/2009 e 23/02/2010. Dados de precipitação do produto 3B43 proveniente do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM). Dados de temperatura da superfície (produto MODIS11) proveniente dos sensores Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), a bordo dos satélites Terra e Aqua. Dados de incidência da doença disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Mato Grosso do Sul.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 3. Recorte das imagens do Landsat-5 de 2009 e 2010, considerando a área habitada mais distante do centro urbano do município de Campo Grande MS e a distância de vôo do Aedes aegypti (288m).
RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos recortes foram gerados mapas temáticos com as classes Área alagada e Vegetação. Utilizou-se uma classificação supervisionada por pixel a partir do algoritmo MAXVER, no SPRING. Foi considerado como verdade terrestre as imagens de alta resolução disponibilizada no Google Earth. Figura 4. Classe temática Corpos d água e Vegetação para o município de Campo Grande, MS no mês de março 2009 e fevereiro 2010. As áreas destas classes temáticas foram calculadas em km 2 para análise das possíveis oscilações ambientais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Medida das classes para ambas as datas Área ocupada por Água e Vegetação no município de Campo Grande-MS: 2009 2010 Corpos d água/ km 2 1.176 2.450 Vegetação/ km 2 424.872 475.716 Área alagada em 2010 apresentou 1.274 km 2 a mais que em 2009. Área com vegetação apresentou um acréscimo de 50.844 km 2 em 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO o Os resultados do mapeamento evidenciam variações que podem ter contribuído para o aumento da incidência de dengue.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Valor médio (Jan/Fev) da precipitação foi maior para 2010. Coerente com o aumento dos corpos d água e de vegetação. Oscilação dos corpos d águas, condições que favorecem o período de eclosão dos ovos e incubação do mosquito.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Precipitação, pode justificar o pico de notificação de casos de dengue que se dá entre as semanas 4 e 9 (meses Fevereiro e Março). Figura 2. Curvas epidêmicas da dengue no Estado de Mato Grosso do Sul em 2009 e 2010. Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde (Informe Epidemiológico). O mosquito tem em média 45 dias de vida, portanto, a geração nascida no início de janeiro infectaria até 15 de fevereiro, e a geração nascida na segunda quinzena de janeiro infectaria até 15 de março.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos valores médios mensais das temperaturas de superfície podem ter contribuído para o aumento da taxa de incidência de casos de dengue em 2010. Beserra et al (2006) afirma que de 30 o C a 37 o C, a temperatura apresenta efeitos negativos sobre o desenvolvimento e a fecundidade do inseto. Mendonça (2003) afirma que a temperatura interfere no período de incubação do vírus da dengue e que o período de incubação varia de dez para sete dias quando a temperatura passa de 27º C para 37o C.
RESULTADOS E DISCUSSÃO População de Campo Grande (IBGE): 2009 = 755.107 habitantes 2010 = 766.461 habitantes 11.354 Habitantes
CONCLUSÕES o Houveram alterações ambientais significativas entre o mesmo período de 2009 e 2010. o Propiciavam um ambiente adequado ao aumento da população do Aedes aegypti e ao desenvolvimento do vírus da dengue. o Podem ter contribuído para o aumento na ocorrência de notificação de dengue em 2010 no município de Campo Grande, MS. o O sensoriamento remoto utilizado como um aliado nas atividades de vigilância entomológica, proporciona dados para avaliações, previsões e ações preventivas no combate a proliferação da doença.
USO DAS GEOTECNOLOGIAS Pesquisa - Análise das variáveis ambientais na incidência de Dengue no município Campo Grande, MS. Educação Sensoriamento remoto no estudo da dengue com alunos do ensino fundamental.
O satélite TRMM é resultante de uma parceria entre a Agência Espacial Norte Americana (NASA) e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) Tem como objetivo acompanhar e estudar a precipitação em regiões tropicais e subtropicais. Foi lançado em 27 de novembro de 1997 com tempo de vida estimado de três anos, no entanto, durou até 2015.