Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas. Referência Processo nº. 2003.001886-7 Requisitório/Precatório n. 01/98 Requerentes: O espólio de EDUARDO SILVEIRA LIMA, representado por sua inventariante MARIA LUÍZA DE SANTANA LIMA; e MARIA JOSÉ RODRIGUES MENESCAL DE VASCONCELLOS. Requerido:O Estado do Amazonas Relator: Presidente do TJ/AM O espólio de EDUARDO SILVEIRA LIMA, representado por sua inventariante MARIA LUÍZA DE SANTANA LIMA e MARIA JOSÉ RODRIGUES MENESCAL DE VASCONCELLOS, nos autos em referência, por seus advogados, com fundamento no Regimento Interno do TJ/AM, tendo em vista o tumulto procedimental, pede que o feito seja chamado à ordem, para que se tome uma decisão sobre o caso. Pedem deferimento. De Brasília/DF para Manaus/AM, 07 de março de 2006. Irapuan Sobral Filho OAB/DF 1615A Rodrigo de Sá Queiroga OAB/DF 16.625 1
Senhor Desembargador, I O Estado do Amazonas vem novamente, pela enésima vez, aos autos com um discurso incoerente e pretendendo tirar proveitos de seus próprios erros e assim inviabilizar e retardar o pagamento do precatório de que cuida este processo. II Sem nenhum compromisso com o fim processual, alega o Estado, em resumo: a) erro de cálculo; b) definição de credor; e, c) necessidade de depósito em juízo. 2
jurídico. Em todas essas alegações o Estado não oferece nenhum suporte a) Ao impugnar os cálculos, novamente pela enésima vez, o Estado não fundamenta seu discurso com apoio técnico-jurídico, e apenas oferece outro número de forma afrontosamente aleatória; donde se conclui que, facilmente, os cálculos solicitados por terem bases contábeis judiciais (cf. planilha nos autos)- são irrefutáveis. É de conhecimento comum estudantil que a impugnação a cálculos deve ter fundamentos pontuais, que a justifique. Veja-se que o Estado já aprovou os valores nominais (de 1998) utilizados pelos cálculos apresentados (agora reclamados), conforme consta dos autos (cf. Fls.: 191-196, Aprovo do Procurador-Geral e o Parecer aprovado, curiosamente assinado pelo Dr. Ruy Marcelo Alencar de Mendonça, que também subscreve a atual petição do Estado). Portanto, os números apresentados pelos credores são certos porque já passados pela contadoria, não se prestando a suposta contestação do Estado a nenhuma análise processual. b) Quando fala na dúvida quanto ao credor, o Estado parece desconhecer a página inicial do processo, na qual está a requisição da Presidência do TJAM, de 21.10.1998, definindo valores para os honorários e para a multa (cf. fls.: 4 Deferimento do Precatório), e os Ofícios 517/98, de 7.10.1998, e 3
076/99, de 5.2.1999, nos quais, o então Procurador-Geral (Dr. Oldeney Sá Valente) comunica a tomada de providências que a Constituição exige. Ficando incontroverso o direito do Espólio, resta discutir os honorários. Os honorários são, também, incontroversos: pertencem a Dra. MARIA JOSÉ RODRIGUES MENESCAL DE VASCONCELOS. Tanto assim, que o des. Presidente, UBIRAJARA FRANCISCO DE MORAES, em ofício de 11.4.2003 (cf. Of. PTJ-DJ N. 018/03) oficiou ao Secretário da Fazenda (Dr. Alfredo Paes Leme) requerendo informações sobre o precatório. De mais a mais, constam dos autos os substabelecimentos e procurações, sem reservas, para a referida advogada, do Dr. ELOY PINTO DE ANDRADE (em 19 de outubro de 1998 cf. fls. 44) que recebera do advogado que atuou na Ação Rescisória no TJAM(29300543-5), Dr. MARIO BAIMA DE ALMEIDA, igual substabelecimento sem reservas (cf. documento anexo). Por fim, o próprio Estado ofereceu valores para pagamento do precatório com a concordância da referida advogada (cf.186-189). De sorte que a advogada credora dos honorários é a advogada que reclama o pagamento do precatório há pelo menos cinco anos: a Dra. MARIA JOSÉ RODRIGUES MENESCAL DE VASCONCELOS. Esse argumento do Estado é mais uma fuga de suas obrigações, até porque somente agora reclamou da condição de credora da advogada, no que incide a preclusão. 4
c) A tentativa de se aproveitar de seus próprios erros faz do estado litigante de má-fé, passível de multa, na forma da legislação processual. Primeiro, tenta se aproveitar de uma crítica do relator do Recurso Especial nº. 748.996/STJ, pela qual ele explica que os recursos judiciais do Estado são inadequados e sem fins objetivos. Segundo, porque tenta dar eficácia a uma decisão não mais existente posto que anulada por acórdão do TJAM - do Juiz da 1ª Vara da Fazenda, quando sabe que remanesce íntegra a decisão da 1ª Câmara Cível do TJAM - contra a qual opôs o recurso especial ao STJ e sobre a qual o STJ prestou jurisdição, considerando-a idônea - a ponto de cassar o efeito suspensivo conferido pelo Presidente e que determina o pagamento imediato aos credores referidos. Para ser pedagógico, ainda que involuntariamente, é necessário que se diga do princípio da utilidade objetiva das decisões judiciais, segundo o qual não há decisão sem finalidade e eficácia, até que outra seja tomada em grau igual ou superior, alterando-a. Mesmo assim, faz-se um resumo. 1 - O juiz mandou que se depositasse à disposição daquele juízo, até decisão ulterior sobre a ação ordinária pleiteada, os valores do precatório; 2 - o Estado recorreu e obteve liminar de efeito suspensivo, através de agravo; 5
3 - os credores ingressaram com regimental e obtiveram a cassação da liminar e do despacho anterior do juiz, conseguindo que se determinasse o depósito e que se liberasse para quem de direito; 4 - o Estado recorreu dessa última decisão para o STJ e não da decisão do Juiz de Primeiro Grau, que não mais existia. Tanto é verdade, que pediu efeito suspensivo ao recurso especial, obtendo na via oblíqua de uns curiosos e extravagantes embargos declaratórios, em despacho monocrático de admissibilidade de recurso; 5 - o STJ cassou os efeitos da suspensão e restaurou a decisão recorrida que é a do TJAM a que determina o imediato pagamento aos credores - e não a do Juiz de Primeiro Grau que não mais existe. Chega a ser primário de tão linear este entendimento. III Quanto as referências sobre a ação ordinária em curso mais uma aventura do Estado somente naquela sede e em tempo oportuno se saberá do prejuízo causado por esse abuso de instâncias. IV Desta forma pede e espera que V. Exa. despache sobre o cumprimento da decisão tomada no acórdão do processo nº. 0201.000919-6 (proferido pela Eg. Primeira Câmara Cível do 6
TJ/AM), que determina que este precatório seja imediatamente pago aos credores solicitantes, utilizando-se do instrumento do sequestro, se for o caso, para evitar transgressões a ordem constitucional, a lei orçamentária e a decisão do STJ. De Brasília/DF para Manaus/AM,...de março de 2006. Irapuan Sobral Filho OAB/DF 1615A Rodrigo de Sá Queiroga OAB/DF 16.625 7