PERÍODO EDIPIANO Salomé Vieira Santos Psicologia Dinâmica do Desenvolvimento Março de 2017
Fases do Desenvolvimento Psicossexual Ao longo do desenvolvimento (bb-adolescente) ocorrem mudanças marcantes: no que é desejado e em como os desejos são satisfeitos nas formas de gratificação e nas áreas físicas de gratificação
Fases Oral Anal Fálica Genital
As fases são caracterizadas por uma zona erógena dominante (oral, anal, fálica) e por um modo de relação correspondente à actividade da zona erógena (p. ex. incorporação no estádio oral) As pulsões parciais funcionam, ao princípio, de modo relativamente independente, mas vêm a organizar-se sob a primazia da zona genital (no período edipiano e definitivamente na puberdade)
Fase genital tem dois tempos separados pelo período de latência: Fase fálica organização (fase) genital infantil (vivida predominantemente na fantasia) Processo ligado à puberdade organização (fase) genital propriamente dita (manifesta-se abertamente em desejos e actos masturbação e intercâmbio sexual)
2ª Infância (2.5/3 anos-5/6 anos) Com a constância do objecto (relação sólida com o objecto de amor ou objecto libidinal) inaugura-se a rivalidade e instala-se o ciúme - abre a cr à vivência triangular e edipiana (o ciúme é o afecto típico da entrada na relação triangular)
Os orgãos genitais tornam-se as zonas erógenas dominantes, alvo de excitação (por ex. por manipulação) Ao mesmo tempo, a cr desenvolve grande curiosidade sexual (surgem perguntas sobre de onde vêm os bbs e sobre a diferença entre meninos e meninas)
Surgem as fantasias: Da cena primitiva (primeira representação que a cr faz da intimidade física dos pais) Da fecundação Do nascimento
Freud a cr consideraria a existência de um único sexo, o masculino seres com e sem pénis (com falo versus castrados) Mãe fálica a mãe (sendo vista como poderosa) teria na fantasia da criança um pénis (tal como o pai tem na realidade)
A teoria da menina como castrada gerou forte polémica (feministas e não só ) Hoje quase todos consideram que a rapariga tem uma consciência relativamente precoce do seu corpo sexuado (com vulva e vagina) situa-se entre 16/18m e os 28 (+/-) o rapaz tb adquire consciência do seu corpo sexuado, com pénis, nesta altura (Fase Genital Precoce) mas anteriormente a cr já sabe se é menino ou menina porque lho dizem identidade atribuída
O reconhecimento do seu próprio sexo e da diferença entre sexos (que se desenrola na Fase Genital Precoce) decorre de uma realidade visível (no próprio e nos outros) Conduz ao processo de identificação idiomórfica (construção da identidade em redor do reconhecimento da própria forma) Conduz sobretudo a uma identidade estática, de formato (ter um pénis ou uma vagina)
O reconhecimento do outro sexo, e a consciência das diferenças sexuais, tb se faz através de uma realidade intuída (fantasiada e observável a realidade da procriação e do intercâmbio sexual) - é adquirida de forma lenta e progressiva Fase Genital Infantil (2.5-5/6 anos) coincide com período edipiano Nesta fase predomina um processo de identificação sexual através da identificação ao modelo identificação xenomórfica ou alotriomórfica - o indivíduo imagina e procura fazer como pensa ou sabe que o outro faz (o modelo) Conduz sobretudo a uma identidade dinâmica, de função (realizar a cópula como o indivíduo do mesmo sexo)
Complexo de Édipo (Conflito Edipiano) Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis face aos pais: - amor pela mãe e hostilidade em relação ao pai amor pelo pai e hostilidade para com a mãe (desejo face ao progenitor do sexo oposto, sendo o do mesmo sexo um rival )
Sob uma forma positiva o CE apresenta-se como na história do rei Édipo desejo de morte da personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto Sob a forma negativa apresenta-se de forma inversa amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento pelo progenitor do sexo oposto
As duas formas estão presentes, em graus diversos, na forma completa do complexo de édipo ( édipo completo Freud), nos dois sexos A forma positiva prevalece em intensidade e desempenha um papel decisivo na evolução subsequente da sexualidade
Evolução do CE - Rapaz complexo de castração - receia que o pai se vingue (represália) tirando-lhe o pénis, em resposta aos seus desejos incestuosos (gera intensa angústia de castração) Tem tb sentimentos ambivalentes (com hostilidade) em relação à mãe e sentimentos positivos face ao pai identifica-se então a ele para seduzir a mãe
Evolução do CE - Rapariga Sentimento de castração - (sentimento de ser castrada por não ter pénis) leva a inveja do pénis Esta inveja manifesta-se, por ex., em: Fantasia de crescer um pénis Adoptar modos masculinos A mãe (1º objecto libidinal) é sentida como desvalorizada (pq não tem pénis) e como rival (junto do pai) Freud ferida narcísica inerente à condição de ser mulher (inveja do pénis corresponderia ao desejo de ter um pénis para compensar esta ferida e identificar-se ao rapaz)
Evolução do CE - Rapariga Inveja do pénis progressivamente é substituída pelo desejo de ter um filho do pai (a reparação possível para a ausência de pénis) Perante a realidade a menina vai perdendo a esperança e reaproxima-se da mãe, identificando-se com ela (conduz à identificação feminina)
as feministas insurgiram-se contra a superioridade do pénis defenderam um desejo de feminilidade no rapaz simétrico ao desejo de masculinidade da rapariga
Evolução do CE - Síntese Rapaz - 1º aparece o conflito edipiano e secundariamente a angústia de castração Rapariga 1º aparece o sentimento de castração e depois o conflito edipiano - é a decepção pela ausência do pénis que introduz o conflito edipiano
Declínio do CE Marcado por: Rapaz angústia de castração (leva à renúncia do objecto incestuoso) Rapariga medo de perder o amor da mãe
actualmente os autores dão mais relevo aos fenómenos de identificação ao progenitor do mesmo sexo (do que ao fenómeno pulsional) é o mais significativo da evolução edipiana isto deve-se a uma prevalência da teoria das relações de objecto sobre a teoria das pulsões
Super-Ego É o herdeiro do complexo de édipo Diferencia-se devido às identificações edipianas (interiorização das proibições parentais consciência moral) a criança tem que renunciar aos desejos edipianos; esta renuncia ( tabu do incesto ) é enriquecida pelos contributos pessoais, educativos e culturais (e.g., moralidade, religião)
Simultaneamente forma-se o Ideal do Eu constitui um modelo ao qual a cr procura identificar-se Resulta: da interiorização dos pais idealizados do narcisismo, da idealização do eu
Coimbra de Matos a sexualidade infantil é mais um mito do que uma realidade O que existe na infância é uma forte curiosidade sexual, um desejo de conhecer a realidade sexual (Idem)