Figura 4.1 Mapa de Localização (sem escala) Figura 4.2 Localização das estações fluviométricas.

Documentos relacionados
ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

CARTOGRAFIA DE RISCO

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

Análise espacial do prêmio médio do seguro de automóvel em Minas Gerais

Inteligência Artificial

Métricas de Software

METODOLOGIA DE ATUALIZAÇÃO DE CARTAS TOPOGRÁFICAS UTILIZANDO-SE IMAGENS DE SATÉLITE DE MÉDIA RESOLUÇÃO ESPACIAL

Análise Qualitativa no Gerenciamento de Riscos de Projetos

Modelos de Regressão Linear Simples - Erro Puro e Falta de Ajuste

A dissertação é dividida em 6 capítulos, incluindo este capítulo 1 introdutório.

AVALIAÇÃO DE UM TANQUE DE DECANTAÇÃO DE SÓLIDOS UTILIZANDO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

Gerenciador de Ambiente Laboratorial - GAL Manual do Usuário Módulo Controle de Qualidade Analítico

3 - Bacias Hidrográficas

Experiência: Gestão Estratégica de compras: otimização do Pregão Presencial

1ª) Lista de Exercícios de Laboratório de Física Experimental A Prof. Paulo César de Souza

Fundamentos de Teste de Software

Contrata Consultor na modalidade Produto

3 Metodologia de pesquisa

Manual de preenchimento da planilha de cálculo do índice de nacionalização

REGULAMENTO DA POLÍTICA DE MANUTENÇÃO E GUARDA DO ACERVO ACADÊMICO DA ESCOLA DE DIREITO DE BRASÍLIA EDB

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

Título do Case: O impacto do layout na agilidade dos processos

Pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas A I GEOMORFOLOGIA LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO.

Prof. Daniela Barreiro Claro

Álgebra Linear Aplicada à Compressão de Imagens. Universidade de Lisboa Instituto Superior Técnico. Mestrado em Engenharia Aeroespacial

2 Segmentação de imagens e Componentes conexas

Utilizando as soluções de controle e automação apresentadas pela National Instruments, como o LabView e a interface USB 6009, foi possível tornar

DIREX Elaboração de Orçamentos sob a Égide da Lei 8666/1993 e do Regime Diferenciado de Contratação

Tutorial. Georreferenciamento de Imagens. versão /08/2008. Autores: Rafael Bellucci Moretti, Vitor Pires Vencovsky

LIBERAÇÃO DE ATUALIZAÇÃO CORDILHEIRA

ANEXO 6 Análise de Antropismo nas Unidades de Manejo Florestal

EDITAL DE SELEÇÃO PARA MESTRADO 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (UNIFEI)

Arquitecturas de Software Enunciado de Projecto

TÍTULO DO ARTIGO 1 Nome Completo do Aluno 2 Nome Completo do Aluno 3 Nome Completo do Aluno 4

Ondas EM no Espaço Livre (Vácuo)

E-Faces - Um classificador capaz de analisar imagens e classificá-las como faces ou não faces utilizando o método Eigenfaces

II Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí II Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2009

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 h Semestre do Curso: 3º

POSICIONAMENTOS PLANIMÉTRICO E ALTIMÉTRICO UD 1 - INTRODUÇÃO

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas,

I TORNEIO DE INTEGRAÇÃO CIENTÍFICA TIC

RELATÓRIO PARA A. SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

RETIFICAÇÃO DE EDITAL DO PROCESSO LICITATÓRIO Nº. 045/2.016 DEPARTAMENTO DE COMPRAS E LICITAÇÕES

Veracel Celulose S/A Programa de Monitoramento Hidrológico em Microbacias Período: 2006 a 2009 RESUMO EXECUTIVO

Deswik.Sched. Sequenciamento por Gráfico de Gantt

Unidade 1: O Computador

Teoria dos erros em medições

MATEMÁTICA. Professor Diego Viug

ANÁLISE DOS PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS DO MÉDIO DA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO-RJ.

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ANDRADINA NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO DO TRABALHO, SE HOUVER

Aula 2 Sistemas de Coordenadas & Projeções Cartográficas. Flávia F. Feitosa

MOQ-14 Projeto e Análise de Experimentos

GESTÃO AMBIENTAL. Conteúdo

AJUDA PREENCHIMENTO DA FICHA DE REGISTO DE FERTILIZAÇÃO

No contexto das ações de Pesquisa e Desenvolvimento

REGULAMENTO DO PROGRAMA DE RELACIONAMENTO REDE SCB REDE DOS SERVIÇOS DE CRÉDITO DO BRASIL LTDA. PROGRAMA "De Olho no Ponto"

Universidade Federal do Rio Grande FURG Pró-Reitoria de Graduação Secretária Geral de Educação a Distância

RELATÓRIO DEFINIÇÃO. Resumo

IMPACTO DA ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA SOBRE A MELHORIA DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE DRENAGEM URBANA NO DISTRITO FEDERAL

ROTEIRO PARA REGISTRO NO CONTAS ONLINE Programa Caminho da Escola Parte I Execução Financeira Data de atualização: 21/6/2012

UTILIZAÇÃO DE SENSORES CAPACITIVOS PARA MEDIR UMIDADE DO SOLO.

Motantagem de Contigs de sequências de genomas e Transcriptomas. Introdução

Auditoria de Meio Ambiente da SAE/DS sobre CCSA

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIO PIC DIREITO/UniCEUB EDITAL DE 2016

Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 7 de fevereiro de 2011

Fundamentos de Bancos de Dados 3 a Prova Caderno de Questões

Auxílio Estudantil Fase de análise

3.2. Bibliotecas. Biblioteca Professor Antônio Rodolpho Assenço, campus Asa Sul: Os espaços estão distribuídos da seguinte forma:

Autoria: Fernanda Maria Villela Reis Orientadora: Tereza G. Kirner Coordenador do Projeto: Claudio Kirner. Projeto AIPRA (Processo CNPq /2010-2)

Módulo 3 O Sistema RENAVAM

VII SENABOM TEMA: O REGISTRO ELETRÔNICO DE EVENTOS (RE) Apresentado por: Ten Cel BM Flávio Rocha - CBMERJ

PESQUISA OPERACIONAL -PROGRAMAÇÃO LINEAR. Prof. Angelo Augusto Frozza, M.Sc.

EDITAL N 043/2013 SELEÇÃO DE COORDENADOR ADMINISTRATIVO FINANCEIRO DO PROGRAMA TOPA

A dependência entre a inflação cabo-verdiana e a portuguesa: uma abordagem de copulas.

ENGENHARIA DE SOFTWARE

Conteúdo programático por disciplina Matemática 6 o ano

IV Seminário de Iniciação Científica

Instruções para o cadastramento da Operação de Transporte e geração do Código Identificador da Operação de Transporte CIOT.

Fluxo de caixa, valor presente líquido e taxa interna de retorno 1

O USO DE SOFTWARE DE GEOMETRIA DINÂMICA: DE PESQUISAS ACADÊMICAS PARA SALA DE AULA

USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO XIDARINI NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM.

Nailsondas Perfurações de Solo Ltda

ESTRUTURA DO CURSO 08:00-10:00 RTQ-R

CATEGORIA 2 INICIATIVAS DE INOVAÇÃO

a) No Projeto d) Em sua residência b) No Escritório da UNESCO e) Outros c) No Escritório Antena

Séries Históricas do Setor Mineral Brasileiro Mineral Data

3º Ano do Ensino Médio. Aula nº06

Instruções de uso da ferramenta Cálculo de investimentos

e Autorizador Odontológico

ISS Eletrônico. Formato de Arquivos para Transmissão de Documentos Declarados através do aplicativo OFFLINE. Extensão do Arquivo JUNHO2006.

Aula Prática 1 - Gerador Van de Graaff e interação entre corpos carregados

Diagrama de Impedâncias e Matriz de Admitância de um Sistema Elétrico

Quantificação dos Níveis de Desequilíbrio de Tensão no Sistema de Transmissão no Norte do Brasil

ARTIGO. Sobre monitoramento a Distancia e aplicação automática de medicamentos. Sistema de monitoração a distancia e aplicação de medicamentos.

Aula 03. Processadores. Prof. Ricardo Palma

Curso de Desenvolvimento de Negócios Sociais e Inclusivos

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa

ABORDAGENS METODOLÓGICAS NA ELABORAÇÃO DE PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO

Transcrição:

98 4 Metodologia O objetivo deste trabalho é o estudo comparativo de campos de precipitação compostos por várias técnicas. Conforme indicação da bibliografia, este tipo de investigação pode ser desenvolvido por dois caminhos, que foram adotados neste trabalho: Análise de desempenho relativo através da comparação direta dos campos, uma vez que não existe campo de precipitação real. Comparação com dados observados, através da verificação do desempenho destes campos em um modelo hidrológico distribuído. Foi usado um SIG como suporte para tratamento de dados de entrada e auxiliar na composição dos campos de precipitação. Qualquer SIG capaz de trabalhar com dados na forma vetorial e matricial seria eficiente no desempenho das tarefas necessárias para este trabalho. Em função da facilidade de acesso ao software, adotou-se o SPRING. Para este estudo foram considerados dois instrumentos de medida de chuva: pluviômetros e radar. A fonte de dados de radar foi o IPMet de Bauru e dos dados pluviométricos e fluviométricos, a ANA e o DAEE. Foram identificadas as estações existentes no raio de abrangência quantitativa deste radar. As bacias que estão inseridas nesta área são as dos rios Jaú, Jacaré- Pepira e Jacaré-Guaçu, que pertencem ao Comitê de Bacia do Tietê-Jacaré, a do Batalha, pertencente ao Tietê-Batalha, os rios Aguapei e Peixe, que pertencem respectivamente aos seus Comitês de Bacia Hidrográfica, e as bacias dos rios Pardo e Turvo, da bacia do Médio Paranapanema.

99 Em função da maior disponibilidade de dados optou-se pela bacia do rio Jacaré Guaçu, que possui 12 estações fluviométricas, com áreas de drenagem variando de 10 a 3000 km 2, e 67 estações pluviométricas. Os dados foram coletados a partir de1993, em função do início de operação do radar banda S de Bauru. A partir desta data coletaram-se os dados disponíveis na Internet. A localização da bacia em relação ao radar está apresentada na figura 4.1. A caracterização dos objetos de estudo Radar do IPMet de Bauru e Bacia do Tietê-Jacaré está apresentada no capítulo 5 deste trabalho. Figura 4.1 Mapa de Localização (sem escala) A localização das estações fluviométricas e suas respectivas sub-bacias estão indicadas nas figuras 4.2 a 4.4. As características principais das subbacias estão apresentadas na tabela 4.1. A localização dos postos pluviométricos está apresentada na figura 4.4. Os dados completos dos postos fluviométricos e pluviométricos estão apresentados no Apêndice B. Figura 4.2 Localização das estações fluviométricas.

100 Na figura 4.2, as estações indicadas em vermelho são as que constam da tabela 4.1 e que têm registros no período estudado. A estação indicada em preto, próxima do exutório da bacia (Fazenda Boa Vista do Jacaré 5C-021), saiu de operação em 93. A outra estação indicada em preto, na região com maior densidade de postos fluviométricos (Córrego do Geraldo 62760090), também não tem dados no período de estudo, mas foi incluída em algumas avaliações de desempenho de métodos de interpolação de chuva, para aumentar o número de bacias com área pequena. A partir do MNT (modelo numérico de terreno) foram delimitadas manualmente no SPRING as sub-bacias e calculadas suas áreas. Os resultados obtidos estão bastante próximos daqueles indicados no banco de dados da ANA, e estão indicados na tabela 4.1 e na figura 4.3. Tabela 4.1 - Áreas calculadas das sub-bacias Código Estação Área (km 2 ) Distância média da bacia ao Radar (km) 62760110 Córrego das Perdizes 12,8 114 62760090 Córrego do Geraldo 15,5 123 62776900 Boa Esperança 189,3 83 62760130 Jacaré 1 220,7 119 62760150 Jacaré 2 221,9 119 62760005 Ribeirão do Feijão 227,6 130 62770500 São José 270,3 120 62777500 Meia Légua 334,0 95 62781000 Sítio Esperança 334,2 80 62767500 Fazenda Sto. Inácio 1018,6 117 62772500 Palmeiras 1862,4 110 62776600 Fazenda do Porto 2284,6 105 62776800 Gavião 2409,0 105 5c-021 Faz. Boa Vista do Jacaré 3524,5 98 Total 4046,5 93 Tanto os dados fluviométricos como os pluviométricos passaram por análise de consistência, que está apresentada no Apêndice C. A consistência pluviométrica foi realizada através da observação das curvas de duplas massas e da comparação das médias mensais de estações próximas. Quando necessário foi feito o preenchimento de falhas usando o método de ponderação regional, que foi usado somente para a consistência de dados. Das 67 estações estudadas optou-se pela eliminação completa de duas estações, D4-015 e D4-098, resultando em um conjunto de dados de 65 estações.

101 Figura 4.3 Localização das sub-bacias. Figura 4.4 Localização das estações pluviométricas A consistência fluviométrica foi feita a partir da comparação dos hidrogramas. Todas as estações apresentam dados até 1995. A partir de 1996, somente seis estações têm dados: Feijão, Gavião, Boa Esperança do Sul, Palmeiras, Meia légua e Sítio Esperança. Em 1998 somente as estações de Feijão e Sítio Esperanças têm dados. Pela análise descartou-se o uso dos dados das estações Jacaré 1 e 2 em função de sua proximidade a uma PCH.

102 4.1 Determinação dos campos de precipitação Através do levantamento bibliográfico verificou-se a existência de um grande número de técnicas para espacialização de dados pluviométricos e de ajuste de dados de radar. Dessa forma foi necessário delimitar o universo de estudo. A opção foi por métodos que fossem o mais acessível possível aos usuários comuns. Na tabela 4.2 apresenta-se um quadro resumo dos métodos que foram testados. Tabela 4.2 Quadro síntese dos métodos de composição dos campos de precipitação. Rede Pluviomérica Radar Meteorológico Radar e Rede Métodos de cálculo pixel a pixel Equação Marshall-Palmer Média simples, médias Métodos compostos: ponderadas pelo inverso da distância e pelo inverso do Quadrado da distância, Costa & Righetto (1987) Equações disdrométricas obtidas por ANTONIO (2000) Brandes Koistinen & Puhakka Mesmo delimitando o universo de estudo, o volume de informação gerada (campos de precipitação) é muito grande. Desta forma optou-se por realizar um estudo piloto, onde foram comparados os campos, e a partir da análise destes resultados foram selecionados os métodos para o estudo completo. Inicialmente o estudo piloto foi programado para ser feito com dois meses de dados (janeiro e fevereiro de 1995), porém em função do cronograma de entrega de dados pelo IPMet foi possível analisar um segundo grupo compreendido pelos meses de junho, julho e agosto do mesmo ano, com comportamentos pluviométricos bastante díspares. 4.1.1 Estudo piloto A composição dos campos de precipitação baseados em dados da rede pluviométrica foi feita usando os recursos internos do SPRING ou, quando estes não estavam disponíveis no software, foi realizada em programação (empregando a linguagem Visual BASIC). Quando foram usadas as ferramentas de interpolação do SPRING, os dados pluviométricos foram agrupados por dia, importados e interpolados.

103 Trabalhou-se com pixels com 1 km 2. Foram compostas matrizes diárias de campos de chuva, que foram classificadas por faixas, e traçaram-se também as isoietas diárias. As técnicas de interpolação disponíveis no SPRING são: Interpolação linear usando as ferramentas do SPRING foi gerada uma grade triangular e a partir desta, usando interpolação linear gerou-se uma grade retangular. Média simples média simples dos oito postos mais próximos. Média ponderada média ponderada dos oito postos mais próximos, admitindo como peso o inverso da distância. Média ponderada por quadrante repete o procedimento acima descrito por quadrante, depois faz a média simples dos quatro quadrantes. É semelhante à metodologia descrita por KOUWEN & GARLAND (1989). As demais técnicas de interpolação foram realizadas via programação (Visual BASIC). Geraram-se matrizes diárias de campos de chuva que foram importadas no SPRING para visualização e comparação com as demais técnicas. O cálculo foi sempre feito pixel a pixel. Estas técnicas são: Média ponderada média ponderada dos oito postos mais próximos, admitindo como peso o inverso do quadrado da distância. Método proposto por Costa e Righetto conforme descrição apresentada no Apêndice A. Os dados de radar para os meses de janeiro, fevereiro junho, julho e agosto de 1995 foram fornecidos na forma acabada pelo IPMet. Os dados diários foram totalizados pela equação de Marshall-Palmer e pela equação disdrométrica desenvolvida para o radar de Bauru por ANTONIO (1998a). Neste caso, adotou-se a equação geral de Garça, pois representa o conjunto de eventos frontais e convectivos de uma região que não tem uma componente orográfica tão marcante (ver capítulo 5.1).

104 Equação Marshall-Palmer Equação Antônio 1,6 Z = 200R...(39) 1,34 Z = 316R...(40) Os demais anos (1993 a 1998) foram levantados a partir das fitas cassetes usando o programa residente IRIS, que gerou os dois produtos necessários à composição da matriz de chuva acumulada: CAPPI Z e CAPPI V a 3,5 km de altura. O primeiro corresponde à refletividade medida em dbz e o segundo ao campo de ventos. O programa que gera chuva acumulada foi elaborado pelo IPMet em linguagem Fortran para VAX, tem filtro para eliminar ecos de terreno e efeitos de propagação anômala, conforme CALHEIROS et al. (1995). Para esta etapa do trabalho foi feita uma adaptação para o programa rodar em PC. O resultado final corresponde à chuva em milímetros de chuva acumulada em área de 1 km². Por coerência com os dados da rede pluviométrica, a unidade temporal de trabalho utilizada foi o dia. Os dados fornecidos pelo IPMet são horários e correspondem à composição de até oito medidas. Os valores de refletividade em dbz foram sempre convertidos para milímetros e posteriormente acumulados. Os dados diários correspondem ao período de 01 às 24 horas do dia e foram reagrupados em períodos compreendidos entre as 7 horas do dia e as 7 horas do dia seguinte, para representar o mesmo período temporal dos dados oriundos da rede pluviométrica. Os dados foram organizados em grades espaciais e importados para o SPRING para comparação e visualização. Os métodos compostos são baseados na correção dos campos de radar pela aplicação de um fator de correção G, que corresponde à razão do registro pluviométrico pela média dos registros de radar dos 9 pixels vizinhos ao pluviômetro. Foi feita uma análise estatística do índice G para comparação com resultados encontrados na bibliografia e para subsidiar algumas adaptações nos métodos compostos. A descrição destes métodos encontra-se no capítulo 2.3.1 e os resultados no capítulo 7.

105 Adotaram-se os seguintes critérios ao utilizar o método de Brandes para ajustar o campo de precipitação: Usou-se um coeficiente EP (equação 20) no cálculo do peso dos pluviômetros considerados na determinação da precipitação em cada pixel, relacionado ao raio de influência dos pluviômetros. Foi adotado o valor 500 para EP, e o limite inferior para Wt i de 0,001, o que significa que na primeira interação foram considerados os pluviômetros com distâncias inferiores a 58,77 km do pixel; na segunda interação foram considerados somente aqueles com distâncias inferiores a 41,55 km do pixel analisado. Na inexistência de pluviômetro à distância inferior a 58,77 km, manteve-se o dado original do radar. Quando existiam pluviômetros para fazer a primeira interação, mas não a segunda, manteve-se o valor da correção da primeira interação. No cálculo do índice G, situações com registro pluviométrico e registros de radar inferiores a 2,5 mm não foram considerados, conforme indicação de BRANDES (1975), pois podem distorcer muito os resultados. No algoritmo indicado pelo autor ocorre a situação de uma super correção dos dados de radar, gerando valores negativos. Nestes casos optou-se por manter o registro de radar inalterado. O mesmo procedimento foi usado no método de Koistinen & Puhakka. Como neste método admite-se a hipótese de que a qualidade da medida está vinculada à distância do radar, introduz-se no cálculo dos pesos um fator que depende dessa distância. Para tanto, é necessária a construção de uma curva de regressão entre os valores de log(g) e a distância do ponto ao radar, que está apresentada no capítulo 7. Seguiu-se a orientação dos autores na adoção do parâmetro r*, que indica o tipo de chuva: para o período de Janeiro e Fevereiro optou-se pelo uso do parâmetro relativo a chuva convectiva e no período de junho a agosto o de chuvas frontais, conforme capítulo 2.3.1(equação 28).

106 No estudo piloto os campos de precipitação foram comparados usando os seguintes recursos: Retirada de 6 estações e verificação da eficiência do método em simular pontualmente o valor medido. Comparação dos volumes totais diários e valores máximos pontuais precipitados na bacia total obtidos pelos diferentes métodos. Análise visual de isoietas diárias no SIG SPRING para avaliação das características dos campos de precipitação. As ferramentas para verificação de desempenho foram: análise visual dos dados organizados em gráficos e dos coeficientes de correlação e de determinação, e RMSE (root mean square error), dados respectivamente pelas expressões: COV ( x, y) rx, y =...(41) σ σ 2 ( r x, y x 2 y R = )...(42) RMSE = N ( x y) i= 1 N 2...(43) sendo: r x,y coeficiente de correlação σ - desvio padrão R 2 coeficiente de determinação em que: COV covariância N número de dados amostra x ey média de x e y 1 N COV ( x, y) = ( xi x) * ( yi y)...(44) N i= 1 4.1.2 Estudo completo do campo de precipitação A partir da análise dos resultados do estudo piloto foram selecionados os métodos mais promissores e eliminados os redundantes. O estudo foi então

107 estendido para toda a série de dados, que engloba os anos de 1993 até 1998, repetindo os procedimentos do estudo piloto. Nesta fase foram comparados os valores máximos pontuais, os volumes e principalmente as alturas médias de chuva. Os estudos foram feitos em função da área de integração e também da intensidade do evento. As ferramentas empregadas foram a análise visual de dados organizados em gráficos e a determinação de coeficientes de correlação. Também foram estudadas as chuvas anuais, que foram comparadas para verificar variações de comportamento entre os anos de estudo e foram construídos campos de precipitação médios anuais para todos os métodos selecionados. Desta fase foram selecionados os campos de precipitação que foram aplicados no modelo hidrológico. 4.2 Aplicação dos campos de precipitação ao modelo hidrológico Os campos de precipitação selecionados na etapa anterior foram aplicados em um modelo hidrológico distribuído. A bibliografia elenca uma grande variedade de tipos de modelos hidrológicos de transformação chuvavazão, um grande número de aplicações cujos resultados são, por vezes, contraditórios. Porém, quando se deseja estudar o impacto da variabilidade espacial de um dado de entrada, é clara a opção por um modelo com entradas distribuídas. A resolução de trabalho e dos dados de entrada, isto é, as dimensões das células, também impactam os resultados. O uso de cada tipo de modelo acarreta conseqüências em sua calibração e na extrapolação de seus resultados. Se, por um lado, o uso de um modelo com embasamento físico dificulta a calibração em função do grande número de parâmetros, principalmente quando estes parâmetros variam espacialmente, por outro lado permite que os seus resultados sejam discutidos em função dos parâmetros obtidos na calibração. Mesmo dentre os modelos com embasamento físico existem várias hipóteses para explicar a geração do escoamento. O impacto da variabilidade espacial dos dados de entrada e dos parâmetros é diferente para cada um destes tipos de modelo. A calibração de

108 modelos paramétricos com poucos parâmetros pode ser mais fácil, porém seu uso fica limitado ao objeto de estudo. A forma de calibração é também um assunto polêmico com bons argumentos sendo apresentados tanto na defesa da calibração automática como manual. Neste trabalho a opção foi pelo uso de um modelo com entradas distribuídas, com embasamento físico e calibração automática. A opção de trabalhar com uma resolução de 1 km 2 nos campos de precipitação está relacionada com o objetivo deste trabalho, que é a investigação do impacto do uso da informação da variabilidade espacial da chuva em modelos hidrológicos. Adotou-se esta resolução, que corresponde à máxima discretização que o radar pode fornecer, por entender que essas condições potencializam as vantagens do conhecimento da distribuição espacial da chuva. Para evitar incertezas sobre a dimensão adequada das células, aplicadas a bacias com áreas muito variáveis decidiu-se trabalhar com a maior resolução possível, mesmo que eventualmente esta precisão seja um preciosismo que não influa na qualidade dos resultados. O custo a ser pago é o tempo de processamento. A estrutura do modelo hidrológico utilizado está apresentada no Capítulo 6. Utilizou-se o SIG SPRING para auxiliar a montagem dos dados de entrada. A composição da base de dados foi uma etapa demorada do trabalho. A base hidrográfica e topográfica foi digitalizada a partir das cartas do IBGE na escala 1:50.000 em formato vetorial. Para isso, as cartas foram scaneadas no formato A4, convertidas para um formato de imagens (tif) compatível com o SPRING, georreferenciadas, digitalizadas já separadas nos planos de informação de interesse altimetria, hidrografia, áreas urbanas e utilizando o recurso mosaico foi composta a imagem final da bacia do Jacaré-Guaçu. Estes planos de informação são as fontes de dados de declividade, delimitação de subbacias e composição de redes de drenagem entre outros. As cartas utilizadas foram: Araraquara, Boa Esperança do Sul, Corumbataí, Dourado, Ibaté, Ibitinga, Itápolis, Itirapina, Nova Europa, Matão, Ribeirão Bonito, Rincão, São Carlos e Tabatinga. O plano de informação de uso do solo foi montado através do cruzamento de informações do uso do solo, pedologia, geologia e geomorfologia, apresentadas no relatório do comitê de bacia CBH-TJ (2000),

109 da hidrografia da localização das cidades nas cartas altimétricas do IBGE e de informações sobre o cultivo de laranja na região obtidas no trabalho de TROPPMAIR (1998). Este plano foi gerado em formato matricial. Os arquivos fonte do modelo foram fornecidos pelo autor (Walter Collischonn) em linguagem FORTRAN, que foi adaptado e reescrito em Visual BASIC e posteriormente convertido para C através do software BCX 30 para diminuir o tempo de processamento. O modelo tem parâmetros que são constantes para toda a bacia e outros que são característicos das sub-bacias. Desta forma, optou-se por fazer a calibração em duas etapas. Na primeira calibraram-se os parâmetros constantes para toda a bacia e estes valores foram fixados. Na seqüência, partiu-se para a segunda etapa, referente aos parâmetros relacionados às subbacias. Trabalhou-se com calibração automática para reduzir ao máximo a subjetividade do processo, garantindo as condições de comparação. Para cada método de composição do campo de precipitação foi feito todo o procedimento (duas etapas) de calibração. Os resultados foram comparados através da análise visual dos hidrogramas, da análise dos valores das funções objetivo obtidas na calibração e no período de validação, e da análise dos parâmetros calibrados e sua comparação com os valores relatados na bibliografia. Estes resultados estão apresentados no capítulo 8. As conclusões gerais do trabalho estão apresentadas no capítulo 9. 30 O BCX (BASIC to C Translator) é um conversor de uma versão da linguagem BASIC para a linguagem C, desenvolvido originalmente por Kevin Diggins. Atualmente ele é disponibilizado como freeware (http://members.surfbest.net/kdiggins@surfbest.net) e continua recebendo constantes melhoramentos através de uma grande lista de colaboradores. A linguagem C, considerada nativa no ambiente Microsoft Windows é extremamente veloz, o que torna possível rodar o modelo num tempo relativamente curto (aproximadamente um dia e meio, na versão de calibração).