CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO - 03 Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio 31/08/2017 E-mail: tributario@legale.com.br AULA 02 Conceito de Tributo. Resposta ao Questionamento da aula anterior A sucumbência do advogado nos processos tributários serão pagos por meio de precatório ou RPV. O art. 85, 3º do Código de Processo Civil estabelece as sucumbências judiciais em face da fazenda pública. O Estado para garantir a sua continuidade e prover a dignidade da pessoa humana, tem que se valer da arrecadação de receitas diretas e indiretas. TRIBUTO O Brasil adota a teoria penta partida, se divide em 5 espécies - IMPOSTO - TAXA - CONTRIBUIIÇÃO DE MELHORIA - EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO - CONTRUIBUIÇÕES ESPECIAIS A Constituição Federal em outubro de 1988 instituiu o Sistema Tributário Nacional, criando todo o amparo jurídico para recepcionar a legislação tributária vigente. Disciplinando ainda no art. 34 da ADCT, que as normas que fossem compatíveis com a Constituição Federal de 1988 seriam Recepcionadas (recepção material). CTN Lei nº 5.172 de outubro de 1966 o conteúdo que é compatível com a Constituição foi recepcionado (recepção material), adquirindo status de Lei Complementar, pois versa sobre regra geral de direito tributário. Objetivo da lei é Regular a conduta social.
PIRÂMIDE DE HANS KELSEN 1 Constituição Federal Nada em nosso ordenamento pode afrontar a CF, é carta magna, texto maior. 2 Leis = Não existe hierarquia entre as leis 2.1 Lei Ordinária Maioria Simples, lei do dia-a-dia 2.2 Lei Complementar Maioria Absoluta, Alguns temas são reservados a lei complementar, em razão de sua maior rigidez para aprovação. 3 Demais Normas (Portaria, etc.). Observação: Art. 146, III, a e b define temas de regra geral em matéria tributária, fazendo com que as normas que versem sobre esse tema sejam obrigatoriamente introduzidas por meio de Lei Complementar. Princípio da Transparência - Art. 150, 5º: A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. Atendendo ao estabelecido na Constituição, veio o Código de Defesa do Consumidor definir que o consumidor possui direito de saber exatamente o valor dos tributos que pagam na aquisição de produto ou serviço, detalhado na nota fiscal. Art. 6, III do CDC III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem RELAÇÃO TRIBUTÁRIA H.I. F.G O.T. Hipótese de incidência = Normal geral e abstrata (subordina a todos e está em abstração, pois está apenas em hipótese, mundo das ideias ). Fato Gerador = Norma individual e concreta (é a concretização da hipótese de incidência, antes da prática era apenas uma hipótese que poderia incidir ou não, após a prática da hipótese, se torna um fato) hipótese de incidência praticada. Art. 114, CTN. Obrigação Tributária = Se o fato aconteceu, cria a obrigação Tributária. Observação: A relação tributária nasce com a prática do fato gerador.
É Essencial saber se o objeto que o caso trata é ou não tributo, pois somente assim será possível saber a legislação que deverá ser aplicada ao caso. Para se formar uma relação de consumo precisa de 2 elementos. - Elemento Objetivo: é o objeto da relação, serviço ou bem. - Elementos Subjetivos: Fornecedor e consumidor. É Necessário haver a cumulação dos elementos, na maioria dos casos não há o elemento objetivo (o serviço ou bem). Porém, quando existe o elemento objetivo, não vemos a figura do elemento subjetivo (fornecedor). - Sendo assim, não se aplica o CDC nas relações tributarias. Nem tudo que o Estado exige é tributo, assim, se deve analisar criteriosamente o art. 3 do CTN, para verificar se o débito exigido é tributo. Art. 3º, CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Prestação pecuniária Obrigação de Dar em Dinheiro Compulsória Obrigatoriedade de realizar. - Sujeito ativo: art. 142, P.U, CTN, o Ente é obrigado a mandar o boleto para cobrança do contribuinte, sob pena de responsabilidade; - Sujeito Passivo: obrigado a dar dinheiro
Cujo valor nela se possa exprimir art. 156, XI, CTN, desde que seja bem imóvel (dação em pagamento). Porém a lei do tributo deve autorizar. Lei 13.259/16 e Lei 13.213/16, ambas versando sobre tributo federal que autorizam a dação em pagamento de bem imóveis. Obs.: não se confunde com execução fiscal; Instituída em lei Em conformidade ao Princípio da Legalidade, sua instituição deve ser por meio de lei, observado a necessidade de Lei Complementar. Não constitua sanção de ato ilícito - O tributo não é uma sanção, e portanto não pode ser cobrado como tal. Não se confunde com a multa moratória, que se dá pelo atraso do pagamento do respectivo tributo. - Pecunia non olet = o dinheiro não tem cheiro. Para o Direito Tributário, não é relevante a validade no negócio jurídico, bem como a sua licitude, apenas a prática do Fato Gerador. Ex.: Se auferiu renda, não importa se foi por tráfico de drogas, incidirá Imposto de Renda. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a atividade vinculada é aquela em que não cabe ao intérprete da lei, qualquer margem de discricionariedade, não cabe análise de conveniência e oportunidade, devendo praticar o ato, conforme a determinação legal. A Receita arrecadada tem que se tornar uma receita pública: caso não seja convertido para o erário, perde a essência de tributo. A relação jurídica nasce com a obrigação. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Surge com a prática do Fato Gerador, sendo o dever de pagar o tributo ou uma penalidade (multa em caso de não pagamento). - Dívida Ativa: Banco de dados dos devedores ao Estado. *O STF autorizou o protesto do devedor tributário em cartório quando o debito estiver em dívida ativa. Dação em Pagamento de Bens Imóveis - Lei 13259/16 e 13.313/16. - O débito tem que estar em dívida ativa; - Abrir mão de qualquer ação que verse sobre o objeto da dívida que pretende ser paga por bem imóvel (tanto administrativa quanto judicial). Art. 5, XXXV, CF - Inafastabilidade do controle jurisdicional. (Nenhuma lesão ou ameaça a direito pode ser afastada da apreciação do poder judiciário)
Ação administrativa enquanto não for julgada, suspende a exigibilidade do crédito tributário. - Não é condição de ação entrar com o processo administrativo primeiro, porém, se entrar simultaneamente tanto na administrativa quanto na judicial, a espera administrativa é renunciada (art. 38, parágrafo único da lei 6830/80). Multa não é tributo, visto que não preenche os requisitos do art. 3º do CTN. Logo Felipe é responsável pelas dívidas tributárias relativas ao bem, porém as multas não constituem tributos, logo são de responsabilidade de Flavio. SÚMULA VINCULANTE 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. SÚMULA VINCULANTE 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Observação: Se não houver o depósito, os juros irão incidir normalmente.
Constrição de bens Arrolamento medida administrativa de bens registrados, móveis e imóveis; Cautelar Precisa do juiz para ser deferida, (há indicio de fraude à execução); Execução Penhorar os Bens; - Os Atos da Administração são revestidos de veracidade e legalidade; Lei de execuções Fiscais 6.830/80 art. 16, 1º: embargos somente com garantia. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA art. 113, 2º CTN Obrigação de fazer ou não fazer Ter que fazer ou deixar de fazer algo em virtude da lei. Exemplo: Emissão de nota fiscal, declaração do imposto de renda e etc. - Pessoas com Imunidade Tributária não possuem obrigação principal (pagar), mas possuem obrigação acessória (declaração); - Objetivo é aperfeiçoar a fiscalização e arrecadação; Art. 113, 3º CTN - Converte-se em obrigação principal a obrigação acessória não cumprida. Não cumpri a obrigação acessória sofro a multa pecuniária.
A referida Lei do Distrito Federal feriu o disposto do art. 156 CTN posto que definiu nova forma de extinção do crédito, senão aquelas já expressas taxativamente pelo CTN. Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. O Art. 141 do CTN estabelece que as formas de extinção do crédito são as que estão no CTN apenas, logo o rol estabelecido no art.156 não é exemplificativo e sim taxativo. Princípio da licitação define que a contratação pelo Estado deve ser por meio exclusivo de licitação, logo a dação de bens móveis estaria desrespeitando este princípio. A referida lei também viola o Princípio da Inafastabilidade do controle jurisdicional, na medida em que estabelece como requisito a desistência das medidas judiciais. CAPACIDADE TRIBUTÁRIA A capacidade passiva tributária vem estabelecida no art. 126 do CTN. Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional. - Independe da capacidade civil. Exemplo: O menor que aufere renda. - Independe do impedimento ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios. Impedimento legal ou técnico Exemplo: pessoa que atua como advogado sem OAB, ou como medico sem CRM. - Independe da regular constituição da Pessoa Jurídica: Exemplo: Comércio que não possua os devidos registro para a sua regular constituição, porém está em funcionamento de fato, fazendo circulação de mercadorias, auferindo renda e etc. QUAIS SÃO TRIBUTOS Imposto de Renda oriundo de valores adquiridos pelo tráfico É Tributo. Multa IPTU Não é Tributo. (Sanção por ato ilícito) DPVAT É Tributo. Serviço Militar Não é Tributo (obrigação de fazer)
Caracteriza um incentivo e não uma pena, posto que incide um percentual de desconto para aqueles que não cometerem infração de trânsito. Seria um penalidade se aumentasse o valor do tributo em razão do cometimento da referida infração. - O ente que é competente para cobrar, tem a permissão para deixar de cobrar, por meio de lei (remissão, isenção, anistia).
SUJEITOS DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA Sujeito Ativo: Município Sujeito Passivo: Proprietário do imóvel. Art. 123 do CTN É a lei que define o sujeito da relação tributário, o contrato não tem valor para incidir no direito tributário, apenas na esfera civil. Para verificar qual lei se aplica ao caso deve analisar se o objeto do caso (Pensão por morte) constitui tributo. - Pensão por morte não é tributo, logo não se aplica o CTN.
Como pensão por morte não é tributo, não se aplica o CTN, logo não se pode utilizar as normas que ali estão para aplicar no caso concreto. - No referido caso o prazo de prescrição para a cobrança do débito é estabelecido pelo Decreto nº 20.910/32, que determinou o prazo quinquenal (05 anos). FG OT CT OT CDA EF
FG=Fato Gerador OT = Obrigação Tributária CT = Crédito Tributário DA = Dívida Ativa CDA = Certidão de Dívida Ativa EF = Execução Fiscal Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Ago/03 Fato Gerador Jan/04 Inscrição em Dívida Ativa Dez/08 Início da Execução Analisando o problema, obtemos 02 situações: 1 - Observando a LEF (Lei 6.830/1980): poderia ajuizar até jan/09 2 - Observando o CTN: poderia ajuizar até ago/08. Nesse sentido, é possível verificar que a LEF (Lei de Execuções Fiscais), estabeleceu uma interrupção da contagem do prazo prescricional de 180 dias. Porém o art. 146, III, b da Constituição Federal define que prescrição só poderá ser tratada por meio de Lei Complementar, pois é norma geral em matéria tributária. Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que norma geral em matéria tributária somente deverá caber à Lei Complementar, porém a lei 6.830/1980 (Lei Ordinária) estabeleceu em seu texto uma interrupção na contagem do prazo prescricional de 180 dias. Contudo, a referida lei que instituiu a interrupção é uma Lei Ordinária, logo a interrupção de 180 dias não se aplica ao crédito tributários, posto a vedação constitucional do art. 146.
BONS ESTUDOS!!!! Prof. Ramiru Louzada