8_ INCURSÕES TERRESTRES A posse dos novos territórios e o movimento bandeirante A posse dos territórios descobertos impôs, logo de início, que a ocupação e defesa dos primeiros lugares de interesse estratégico fossem assegurados com o seu povoamento e fortificação em simultâneo, por vezes constituindo feitorias que tinham de ser autossuficientes devido ao seu isolamento, em face das longas distâncias que as separavam, entre si, tornando praticamente inviável o oportuno apoio mútuo (FERREIRA). Com a ocupação e a defesa litorânea estruturadas, os bandeirantes avançaram pelo sertão e alcançaram o Brasil de terras baixas e interiores que abrigam três dentre os maiores ecossistemas do mundo: o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia. Gravura Regnum Brasiliae com localização das Capitanias. CX/2-15 da Biblioteca de Evora, Portugal (FERREIRA, p. 101). Com ilustração sobre os movimentos bandeirantes (setas azuis) 37
GOVERNADOR GERAL ASSESSORES SARGENTO-MOR UNIDADES PAGAS ORDENANÇAS FORTIFICAÇÕES Organização Militar do Brasil (1548-1625), segundo o cel Francisco Ruas Santos: Rei / Governados Geral /Capitão-Mor Tropas Regulares e Expedições. Regimento de 1548. De fato, importa salientar, desde já, que o movimento bandeirante permitiu estabelecer novas povoações ao longo da bacia amazônica e no interior do sertão paulista, em territórios situados muito além da linha meridiana estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas (FERREIRA, 2004, p. 15). É importante também distinguir atuações semelhantes empreendidas nas incursões terrestres pelas Bandeiras de Limites, a mando do governo português, de suas similares chamadas de Entradas ou bandeiras de caça aos índios e busca de minerais preciosos, pois ambos os movimentos guardaram diversas semelhanças com as ações empreendidas por navegantes, corsários e piratas, trocando os mares revoltos pela exploração do oeste bravio. 38
Bandeiras (de Limite) eram organizações paramilitares compostas por habitantes da terra divididas em dez esquadras com 25 homens cada, reforçadas por mil ou mais índios e habitantes da terra. Eram subordinadas ao Capitão-Mor e serviram como bases para a organização do exército permanente (HEB/EME/IBGE, V1, p 44). As Bandeiras de Limites, criadas por D. Sebastião em 10 de dezembro de 1570 _ Regimento dos Capitães-Mores e mais Capitães e Oficiais das Companhias da Gente de Cavalo e de Pé (HEB, V1, p. 23 e 44) _ tinham por objetivo de governo abrir diversos caminhos terrestres para a conquista, povoamento e exploração econômica do oeste bravio. Como reconhecimento pelos feitos heroicos das Bandeiras de Limites, hoje as principais estradas penetrantes para o então oeste bravio, levam nomes de bandeirantes: Anhanguera, Bandeirantes, Fernão Dias e Raposo Tavares. Síntese gráfica do papel representado pelas expedições Bandeirantes (HEB, v. 1, p. 225) 39
Os Bandeirantes estiveram sempre presentes no avanço para o oeste bravio, na ocupação e defesa do território, na demarcação das nossas fronteiras e no embrião de uma organização militar capaz de conservar intacto o imenso patrimônio territorial brasileiro (HEB, v 1, p. 44). O movimento Bandeirante fortaleceu-se no período da união das coroas ibéricas (1580-1640) e prosseguiu durante a febre do ouro. Diferente tipos de bandeirantes. Fonte: www.aprendendohistoriajuntos.blogspot.com Como exemplo das operações terrestres, citamos a mais longa Bandeira de Limites (1648 a 1651), empreendida em São Paulo de Piratininga por Raposo Tavares, ao subir e descer caudalosos rios das bacias do Paraná, Paraguai e Amazônica, até alcançar Gurupá, na confluência do rio Xingu com o delta do rio Amazonas, onde havia um Forte erguido por holandeses no início do século XVII. 40
3 Como tudo começou?... Raposo Tavares (1594 1658) Fonte: http://www.infoescola.com/ Operações em terra _ Bandeirantes, os pioneiros Expedição de Martim Afonso de Souza (1530-1532) * Intercambio das operações: marítimas / terrestres (HBE, v 1, p 26). 1 Martim Afonso de Souza / 1532 Projeção do Poder pelos mares 2 Baía de Santos _ cabeça de praia * Antônio Raposo Tavares foi um bandeirante que servia aos interesses da Coroa portuguesa na expansão do território brasileiro. Nasceu em São Miguel do Pinheiro, Portugal, em 1598, e chegou pela primeira vez ao Brasil com seu pai Fernão Vieira Tavares, que governava a Capitania de São Vicente. Em 1622, no período de união das coroas ibéricas (1580-1640) tornou-se bandeirante e iniciou uma longa jornada de oito anos. Participou inicialmente da expulsão dos jesuítas espanhóis, em Guaíra, atual Estado do Paraná, e que contou também com cerca de dois mil índios e mais de novecentos brancos e mamelucos. Numa segunda expedição, em 1638, chega à cidade de Tapes, no Rio Grande do Sul, com um contingente de mil índios e cento e vinte homens brancos e mamelucos. Participou também da expulsão dos holandeses, na Bahia e em Pernambuco, entre 1639 e 1642, segundo Tiago Ferreira da Silva. Mas foi em 1648 que iniciou sua última expedição, percorrendo cerca de dez mil quilômetros, alcançar a confluência do Rio Amazonas com o Rio Xingu. Retornou a São Paulo em 1651, onde faleceu, em 1658. Raposo Tavares, ampliou a extensão territorial portuguesa muito além da linha mediática de Tordesilhas. 41