Na última aula estávamos falando do direito das obrigações.



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Transcrição:

Turma e Ano: Delegado Civil (2013) Matéria / Aula: Direito Civil / Aula 2 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitor: Marcelo Coimbra Na última aula estávamos falando do direito das obrigações. 1) Direito das Obrigações a. Adimplemento b. Inadimplemento: o inadimplemento obrigacional nada mais é do que a responsabilidade civil contratual. i. Espécies de Inadimplemento: O inadimplemento pode ser absoluto ou relativo. A diferença está no interesse que o credor ainda tem no cumprimento obrigacional. No inadimplemento absoluto o credor não tem mais interesse no cumprimento da obrigação o resultado prático convencionado não lhe interessa mais. Já no inadimplemento relativo, o cumprimento da obrigação ainda interessa ao credor o resultado prático convencionado ainda lhe interessa. Se no inadimplemento absoluto o credor não tem mais interesse no cumprimento da obrigação, resta a ele pedir as perdas e danos. Já no inadimplemento relativo, resta ao credor requerer a execução específica da obrigação mais as perdas e danos. O inadimplemento absoluto vai do Art. 389 ao 393 e relativo vai do Art. 394 ao 401. O nosso legislador chamou o inadimplemento relativo de MORA. Mora não é atraso no pagamento, mas sim o inadimplemento relativo. ii. Formas de garantir a execução específica da obrigação: temos a técnica mandamental (técnica de coerção) e uma técnica executiva (técnica de subrogação). Essas técnicas são exercidas todas no âmbito processual. A principal técnica mandamental que temos é a multa. Porém para as obrigações de fazer, não-fazer e dar, ela se chama astreinte. Outra técnica coercitiva é a prisão civil, que só é cabível no caso de alimentos. Na técnica de sub-rogação a decisão judicial substitui a vontade do devedor. Ex.: Penhora., Busca e Apreensão, Etc. c. Mora: i. Espécies de Mora:

1. Mora EX RE (Art. 397 caput): é aquela que foi previamente convencionada no momento da celebração do contrato. Aqui o credor não precisa constituir o devedor em mora: o simples vencimento o faz. Num contrato de comodato por exemplo, eu posso ajuizar diretamente após o vencimento a ação de reintegração na posse, porque o devedor já está em mora. 2. Mora EX PERSONA (Art. 397 p.u.): é aquela que não foi previamente convencionada. Na mora ex persona o credor precisa constituir o devedor em mora. Então se o credor ajuizar uma ação de reintegração de posse (como no caso acima) e o devedor não tiver sido notificado, o que ele poderá alegar? Falta de interesse de agir o interesse de agir se subdivide em adequação da via e necessidade da tutela, e nesse caso o credor não tem necessidade da tutela. ii. Purgação da Mora: purgar a mora e emendar a mora são sinônimos. Purgar a mora é cumprir as prestações vencidas mais os encargos da mora. d. Cláusula Penal: tanto no inadimplemento absoluto quanto no relativo as perdas e danos são cabíveis. Será que essas perdas e danos podem ser pré-fixadas no momento da celebração do contrato? Sim, e serão feitas por meio da cláusula penal. A clausula penal nada mais é do que a pré-fixação das perdas e danos. A clausula penal pode ser compensatória (decorre do inadimplemento absoluto - Art. 410) ou moratória (decorre do inadimplemento relativo - Art. 411). i. Natureza Jurídica da Cláusula Penal: a clausula penal compensatória tem natureza jurídica substitutiva, porque no inadimplemento absoluto a obrigação é substituída pelas perdas e danos. Já a clausula penal moratória tem natureza complementar, porque complementar a obrigação principal. ii. Limite da Cláusula Penal: o Art. 412 CC vai dizer para nos que o limite da clausula penal é o valor da obrigação principal. Temos duas exceções, entretanto: a primeira está no Art. 1336 1º, que fala do limite da clausula penal por inadimplemento de cotas condominiais (limite de 2% do valor da cota) e a segunda exceção está no Art. 52 1º do CDC: o limite da clausula penal em relação de consumo é de 2% da obrigação principal. iii. Diminuição do Valor da Cláusula Penal (Art. 413 CC): é possível que o magistrado diminua o valor da clausula penal. Questão: As partes no momento da celebração do contrato podem afastar a aplicação do Art. 413? Temos saber se essa norma é de ordem pública ou é uma norma dispositiva. Temos que saber quem são os destinatários da norma: se forem só os particulares, é uma norma dispositiva, mas se o destinatário for o estado, é uma norma cogente, norma de ordem pública. Aqui trata-se de uma norma de ordem publica e as partes não podem afastar sua aplicação.

Questão: mesmo com as partes convencionando clausula penal, é possível exigir indenização suplementar? R: temos que ver o Art. 416 parágrafo único. Diz o artigo que o credor não pode exigir indenização suplementar, essa é a regra. Só poderá exigir indenização suplementar se isso foi previamente acordado no contrato. e. Juros: Os Art. 389 e 395 falam basicamente a mesma coisa. Dizem que ocorrendo o inadimplemento a parte inadimplente tem que automaticamente arcar com perdas e danos + juros + correção monetária + honorários advocatícios. Mas que juros são esses? i. Tipos de Juros: 1. Juros Moratórios: decorrem do inadimplemento. São tratados como uma forma de coagir o devedor a pagar. Mas qual o limite dos juros moratórios? O limite está no Art. 406 CC: é o limite da taxa que estiver em vigor para a mora no pagamento de impostos devidos à fazenda nacional. Mas que taxa é essa? Temos duas correntes: uns dizem que é a taxa SELIC, e outros dizem que é de 1% ao mês (Art. 161 1º CTN). Hoje o STJ já se posicionou pela taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). Obs.: a adoção da taxa SELIC nem é a majoritária na doutrina. O Enunciado 20 CJF adota a taxa de 1% ao mês. 2. Juros Compensatórios: são aqueles que visam compensar o tempo em que o credor ficou com a coisa indisponível. São aqueles que visam remunerar o credor, são os juros remuneratórios. Esses juros compensatórios não decorrem do inadimplemento, eles integram o valor da obrigação principal. Ex. peguei 10mil no Santander, e o mesmo me cobrou 50 parcelas de mil. Então estou devolvendo os 10 mil que peguei mais 40 mil de juros compensatórios. Os juros compensatórios estão disciplinados no Art. 591 CC, que trabalha com o contrato de mútuo feneratício (mútuo celebrado com fins econômicos). Qual é a característica do mutuo feneratício? A presunção da incidência de juros compensatórios. Questão: qual o limite dos juros compensatórios? O Art. 591 diz que o limite é a taxa do Art. 406 (SELIC ou 1% ao mês, dependendo da corrente). Porém a L. 4595/94 vai dizer que o limite de juros compensatórios não é aplicado para os entes que integram o sistema financeiro nacional (Instituição Financeiras e Operadoras de Cartão de Crédito). O STF e STJ concordam com isso (Sum 596 STF e 382

STJ). A única ressalva é feita pelo STJ, que diz que a instituição financeira na cobrança dos juros compensatórios tem que obedecer a uma taxa média praticada pelo mercado (essa taxa hoje está variando entre 80 e 90% da obrigação principal). Questão: o Código Civil admite a capitalização de juros? Posso cobrar juros sobre juros? O Art. 591 diz que é...permitida a capitalização anual.. Então é possível capitalizar juros compensatórios. O que é proibido é a capitalização dos juros de mora. Obs.: A regra é a capitalização anual, porém quando falamos em sistema financeiro, temos a Medida Provisória 2170, que no seu art. 5º permite que para a instituição financeira a capitalização seja mensal. Essa Medida Provisória vale até hoje pois tem caráter permanente em razão de ter sido editada antes da EC 32. f. Modalidades Obrigacionais: vamos trabalhar três modalidades obrigacionais. i. Obrigação de Dar: pode ser de dar coisa incerta ou coisa certa. Sabemos que a coisa é incerta quando ela apenas tem gênero e quantidade. A coisa é certa quando temos gênero, quantidade e qualidade. 1. Obrigação de Dar Coisa Certa: quatro coisas que temos que saber sempre: - Quem é o devedor em uma obrigação de dar? o devedor é sempre quem está na posse do bem. - Quem é o proprietário do bem? temos que saber se esse proprietário é o devedor ou é o credor. Quando o proprietário for o devedor, a obrigação de dar coisa certa se chamará Entrega (Art. 234, 235 e 236). Quando o credor é o proprietário do bem, a obrigação de dar coisa certa se chamará Restituição (Art. 238, 239 e 240). - Ocorreu a perda do Bem? A perda foi total ou parcial? A perda total de chama perecimento e a perda parcial se chama deterioração. - Ocorreu a culpa do devedor? a. Entrega da coisa: i. Perda total SEM culpa do devedor: O Art. 234 1ª parte fala da perda total sem culpa do devedor Aqui fica resolvida a obrigação para ambas as partes. O termo resolução é a extinção do contrato pelo inadimplemento. A resolução produz efeitos retroativos, ex tunc, então o devedor tem que devolver o que lhe foi pago.

ii. Perda total COM culpa do devedor: O Art. 234 2ª Parte diz que responderá pelo equivalente + as perdas e danos. iii. Deterioração (perda parcial) sem culpa (Art. 235): poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido o preço. iv. Deterioração COM culpa (Art. 236): poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se acha + perdas e danos. Obs.: O Art. 237 é o oposto da regra res perit domino (a coisa perece para o dono). Diz o artigo que até a tradição a coisa pertence ao devedor a coisa com melhoramentos e acrescidos, então ele pode exigir um aumento no preço, e caso o credor não aceite, pode resolver a obrigação. b. Restituição da Coisa: i. Perecimento SEM culpa do devedor: sofrerá o credor a perda a obrigação se resolverá. ii. Perecimento COM culpa do devedor: o devedor responderá pelo equivalente + perdas e danos. iii. Deterioração SEM culpa do devedor: o credor receberá a coisa no estado em que se acha. Obs.: O Art. 233 CC vai falar do princípio da gravitação universal (coisa principal e acessórios). Outra observação é o Art. 313 CC que traz o princípio da identidade da coisa devida o credor não é obrigado a aceitar coisa diversa, mesmo que mais valiosa. 2. Obrigação de Dar Coisa Incerta: antes da escolha da qualidade temos a expressão famosa de que O gênero não perece (Art. 246). Para cumprir a obrigação de dar coisa incerta, tem que se escolher a qualidade (Concentração do Débito). Em regra é ao devedor que escolherá a qualidade. Questão: em até quanto tempo antes do vencimento o devedor tem que concentrar o débito? Vamos utilizar por analogia um artigo do CPC que trata da execução de obrigações alternativas, que é o Art. 571 CPC. Esse artigo vai dizer para nos que o devedor tem que concentrar o débito em até 10 dias antes do vencimento, sob pena da concentração do débito passar para o credor. g. Obrigação Divisível e Indivisível:

A obrigação divisível é aquela que pode ser fracionada. É o que acontece quando á uma pluralidade de partes. Ex.: Devedor tem que entregar 30 mil. Pagar 30 mil é uma obrigação divisível, pode-se fracionar. Se há três credores, temos três obrigações autônomas. A essa lógica é chamada de concursu partis fiunt (as partes se satisfazem pelo concurso). Já a indivisibilidade da obrigação pode decorrer da natureza do bem, da vontade das partes ou da lei. i. Pluralidade de Credores: Qual a consequência de termos uma obrigação indivisível com pluralidade de credores? Está no Art. 260: cada credor pode exigir o todo. Digamos que o credor 1 exija o carro. O que ele tem que fazer? Repassar a quota-parte para os outros credores. Mas se o devedor entrega o carro para um dos credores, ele se exonera da obrigação? O Artigo 260 diz que o devedor só vai estar exonerado se entregar o carro a todos ou se entregar a um deles e este der uma calção de ratificação pelos demais credores. Quando um dos credores perdoa a dívida, pelo fato de a obrigação ser indivisível, ela está extinta perante os demais credores? Claro que não, a obrigação se mantém. Mas quanto os demais credores podem exigir do devedor? Art. 262: os credores remanescentes só poderão exigir do devedor, a prestação descontada a parte que foi perdoada. Mas se a obrigação for indivisível, não dá para descontar a parte que foi perdoada. Então qual a solução que a doutrina nos dá? O devedor da obrigação vai se tornar credor dos credores com relação à parte que lhe foi perdoada. ii. Pluralidade de Devedores: Qual a consequência de termos uma obrigação indivisível com uma pluralidade de devedores? O credor poderá exigir o todo de qualquer um dos devedores. Digamos que ele exige o todo do devedor 3: se o devedor 3 entrega o veículo, ocorre o fenômeno da sub-rogação, de acordo com o Art.

259 p.u.. Mas quanto o devedor que se sub-rogou pode exigir dos demais? No caso, poderá exigir 1/3 de cada um. Digamos que devedor 1, antes de entregar o veículo, dirigindo embriagado, dá perda total, com culpa no veículo. O credor poderá exigir o equivalente mais as perdas e danos. Essa obrigação que era de dar coisa certa se converteu em perdas e danos. Quando uma obrigação indivisível se converte em perdas e danos, ela perde o caráter da indivisibilidade? Sim, claro. Isso está no Art. 263 CC. Agora, passamos a ter três obrigações autônomas. Então o credor pode exigir quanto de cada devedor? Poderá exigir 1/3 de cada um, mas as perdas e danos ele só poderá exigir do devedor culpado. h. Obrigação Solidária: i. Pressupostos da Obrigação Solidária: 1. Pluralidade de Partes (pluralidade de credores solidariedade ativa; pluralidade de devedores solidariedade passiva). 2. Multiplicidade de Vínculos ocorre entre as parte de mesma classe (vinculo interno) e entre os de uma classe e outra (vinculo externo), sejam credores ou devedores. Por isso que o Art. 265 vai dizer que a solidariedade não se presume, vai decorrer da lei do contrato ou de uma decisão judicial. Qual ii. Solidariedade ativa: Na solidariedade ativa, qual a consequência de os credores estarem internamente vinculados? A consequência é que qualquer um deles pode exigir o todo (e repassar a quota-parte aos outros). Obs. 1: Vamos imaginar que o credor 3 morreu, e deixou dois filhos. Quanto que o filho 1 pode exigir do devedor? A solidariedade se transfere na herança? A resposta está no Art. 270 do CC: esses herdeiros só poderão exigir o correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Obs. 2: Vamos imaginar que temos uma obrigação solidária e indivisível e por culpa do devedor a coisa se perde e a obrigação se converte em perdas e danos. A conversão em perdas e danos extingue a solidariedade? Não, olhe o que diz o Art. 271 - a conversão em perdas e danos extingue a indivisibilidade, mas não a solidariedade. Obs. 3: Digamos que o devedor tenha uma exceção pessoal contra um dos credores (Exceção pessoal é qualquer direito de natureza personalíssima que o devedor pode opor em face do credor Ex.: Compensação). O devedor tem uma compensação em face do credor

1, ele poderá opor essa exceção contra o credor 3? Não, veja o Art. 273: não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Obs. 4: Imaginemos uma situação: o credor 1, realizou um protesto cambial (interrompendo o prazo prescricional) quando um dos credores solidários interrompe a prescrição, o prazo volta a contar do zero só para ele ou para os outros também? Vejamos o Art. 204 caput, 1ª Parte: atenção porque esse artigo não está falando de credores solidários, mas de cocredores. Porém o 1º diz que a interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros, então interrompe o prazo para todos. iii. Solidariedade Passiva (Utilizaremos como exemplo 1 credor e 3 devedores) Qual é a consequência de termos uma solidariedade passiva? O credor poderá exigir o todo de qualquer um dos devedores. Digamos que o credor exija o todo do devedor 1? Haverá a subrogação nos direitos do credor frente aos demais devedores. Mas esses demais devedores continuam internamente vinculados? Não. A sub-rogação extingue a solidariedade. O devedor que se sub-rogou pode exigir 1/3 de cada um dos demais devedores. Obs. 1: o devedor 3 morreu e deixou dois filhos: quanto o credor poderá exigir de cada filho? Veja o Art. 276: - Se a obrigação for divisível poderá exigir o correspondente ao quinhão hereditário de cada um (1/6 + 1/6) - Se a obrigação for indivisível poderá exigir o todo de cada um - Se o devedor 1 entregou o todo, se sub-roga e cobra do devedor 2 e dos dois filhos do devedor 3. Nesse caso especificamente o Art. 276 institui a solidariedade entre os herdeiros. Obs. 2: Imagine que temos um bem indivisível, e que houve a perda por culpa de um dos devedores, ocorrendo a conversão em perdas e danos. Isso não extinguirá a solidariedade, mas as perdas e danos só poderão ser cobradas do devedor culpado. Obs. 3: o devedor 1 tem uma exceção pessoal em face do credor. Será que pelo fato de os devedores estarem internamente

vinculados, os demais podem opor a exceção em face do credor? Não podem, porque a exceção pessoal é personalíssima. Obs. 4: Digamos que o credor faz o protesto e o prazo interrompe. Esse prazo será interrompido só contra o devedor 1 ou contra todos os devedores? Veja o Art. 204 caput, 2ª parte: atenção porque nesse artigo está falando somente de codevedores (sem solidariedade). Mas veja o 1º: o prazo será interrompido contra todos os devedores solidários (e seus herdeiros). Mas quando o credor realiza o protesto em relação a um herdeiro de um dos devedores solidários? O º do Art. 204 diz que a interrupção contra um dos herdeiros, não prejudica os outros herdeiros ou devedores o prazo volta a contar do zero somente contra o herdeiro do devedor solidário. 2) Teoria Geral dos Contratos: a. Natureza Jurídica do Contrato: o contrato é um negócio jurídico bilateral. Não esqueçam que o o negócio jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O negocio jurídico unilateral é aquele que se aperfeiçoa com a manifestação de apenas uma vontade (ex.: Testamento, Promessa de Recompensa). Os negócios jurídicos unilaterais estão nos Art. 854 a 878. O negocio jurídico bilateral se aperfeiçoa com o encontro de pelo menos duas vontades (Ex.: Contrato). Mas o contrato ainda pode ser unilateral ou bilateral. O contrato unilateral é aquele que gera obrigações para apenas uma das partes. Já o contrato bilateral gera obrigações para ambas as partes. Exemplo de contrato unilateral: Doação onde temos a figura do doador e do donatário. Gerará obrigações para apenas o doador. Para que o contrato de doação seja perfeito é necessária aceitação do donatário? Sim é um contrato unilateral, mas por ser um contrato, necessita da aceitação de ambas as partes. b. Princípios Contratuais: i. Princípio da Obrigatoriedade: é a obrigação do cumprimento dos contratos é a pacta sunt servanda (o contrato deve ser cumprido faz lei entre as partes), rebus sic stantibus (desde que as condições iniciais permaneçam as mesmas). ii. Princípio da Autonomia da Vontade: a parte é livre para contratar. Ela é tão livre para contratar, que ela pode formar inclusive contratos atípicos. A regra no Código Civil é o informalismo e a atipicidade dos contratos Art. 425. iii. Princípio da Relatividade: em regra os contratos produzem efeitos apenas entre os contratantes. iv. Princípio do Consensualismo: os contratos se aperfeiçoam pelo encontro de vontades. Porém temos contratos que vão se aperfeiçoar não pelo encontro

de vontades mas pela tradição do bem: Ex.: Mutuo, Comodato, Depósito e Contrato Estimatório (contrato de consignação). v. Princípio da Boa-Fé Objetiva: temos três acepções do termo boa-fé objetiva : 1. Boa-Fé Interpretativa Art. 113: os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com a boa-fé. As partes tem que interpretar as cláusulas de forma que o contrato satisfaça todos os envolvidos. 2. Boa-Fé Restritiva de Direito Art. 187: Esse artigo traz para nos a figura do abuso de direito. O Art. 184 diz que o direito tem que ser exercido no limite do seu fim social, econômico, dos bons costumes e da boa-fé objetiva. Se você rompe com qualquer um desses fins, age em abuso de direito ato ilícito gerando dever de indenizar. Mas quando alguém está rompendo o limite da boa-fé objetiva? Temos diversas teorias com relação a isso, mas não será estudado agora. 3. Boa-Fé como Dever Jurídico Art. 422: a boa-fé como dever jurídico impõe deveres jurídicos anexos a toda relação contratual, consubstanciados em clausulas gerais cujo não cumprimento gera o inadimplemento do contrato. Como chamamos o não cumprimento desses deveres anexos? É a Violação Positiva do Contrato. São deveres anexos: transparência, informação cooperação, lealdade, probidade, etc. vi. Princípio da Função Social do Contrato: fundamenta a chamada tutela externa do credito. A função social do contrato, disciplinada no Art. 421 CC mitiga o princípio da relatividade contratual, obrigando que terceiros estranhos à relação contratual tenham que concorrer para o seu adimplemento. Temos um belo exemplo de função social do contrato no Art. 608 CC: se um terceiro aliciar o prestador de serviço a descumprir o contrato, e se esse prestador de serviço cede, a parte prejudicada proporá ação em face do aliciador. c. Fases da Relação Contratual: i. Fase das Tratativas ii. Fase da Proposta/Oferta iii. Fase da Formação do Contrato iv. Fase do Contrato Preliminar v. Fase de Cumprimento do Contrato vi. Fase Pós-Contratual