COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA SUB-BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DAS PITAS, MT

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Transcrição:

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA SUB-BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DAS PITAS, MT Leila Nalis Paiva da Silva leilanalis@hotmail.com Mestre pelo Programa Pós Graduação em Ciências Ambientais, na Universidade do Estado de Mato Grosso - Cáceres-MT Célia Alves de Souza Celiaalvesgeo@globo.com Professora adjunto, do Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso A sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas possui suas nascentes nas bordas Planalto dos Parecis, entorno de 480 m de altitude, localiza-se entre as coordenadas geográficas 15 17 04 e 15 49 50 latitude sul e 58 14 30 e 58 33 26 de longitude oeste. O estudo teve como objetivo levantar a compartimentação morfológica sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas. Para compartimentação morfológica alguns procedimentos foram necessários: para delimitar a bacia e traçar o perfil longitudinal da rede de drenagem utilizou-se cartas topográficas e na definição dos compartimentos usou os mapas temáticos do RADAMBRASIL (1982), além de trabalho de campo. A sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas apresenta as seguintes formações geológicas: o Complexo do Xingu, Formação Pantanal, Suíte Intrusiva do Rio Alegre e Aluviões Atuais. Registram-se duas unidades de relevo: Planalto dos Parecis e Depressão do Jauru. As nascentes principais instalam-se nas bordas do Planalto dos Parecis e percorre a Depressão do rio Jauru. O Planalto dos Parecis compreende um extenso conjunto de relevo dissecado, caracterizado por duas feições distintas esculpidas nas rochas do grupo Parecis (formação Salto das Nuvens e Utiariti). A Depressão do rio Jauru corresponde à superfície do relevo pouco dissecado, a qual apresenta formas tabulares e convexas com pequeno caimento topográfico de norte para sul e oeste. Sua altimetria oscila entre 120 e 300 m. A dissecação ocorreu predominantemente sobre litologias pré-cambrianas do Complexo Basal. A forma de acumulação mais recente é representada por planícies e terraços fluviais, com pequenas faixas de aluviões Destacam-se os seguintes tipos de solo: Neossolos litólico, Argissolo Vermelho- Amarelo Eutrófico. Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, Gleissolo Háplico Eutrófico e Planossolos Háplico Distróficos. Palavras Chave: Compartimentação morfológica; bacia hidrográfica; córrego das Pitas SUMMARY: The hydrographic sub-basin of the Pitas stream has springs in the edges of the Parecis Plateaus, around 480 altitude m, it is situated among ' 50 the geographic coordinates 15 17 ' 04 and 15 49 south latitude and 58 14 ' 30 and 58 33 ' 26 of west longitude. The study had as purpose to rise the morphologic compartmenting of the hydrographic sub-basin of the Pitas Stream. For morphologic compartmenting some procedures had been necessary: to delimit the basin and to trace the longitudinal profile of the draining net was used topographical letters and in the definition of the compartments it was used the thematic maps of the RADAMBRASIL (1982), beyond outdoor research. The hydrographic sub-basin of the Pitas stream presents the following geologic formations: the Complexo of the Xingu, Formação Pantanal, Suíte Intrusiva do Rio Alegre and current alluviums. Two units of relief are registered: Parecis Plateaus and Jauru Depression. The main springs are installed in the edges of the Parecis Plateaus and cover the Jauru River Depression. The Parecis Plateaus encloses an extensive set of dissuade landscape, characterized for two distinct image sculptured in the rocks of the Parecis group (Salto das Nuvens formation and Utiariti). The depression of the Jauru River corresponds to the surface of the little dissecado relief which presents tabular and convex forms with small topographical falls from north to south and west. Its altimetry oscillates between 120 and 300 m. The dissudecion occurred predominantly on the Precambrian in the rocks of the Basal Complex. The more recent accumulation form is represented by plains and fluvial terraces, with small following alluvium bands. It is distinguished the

following types of ground: Neossolos litólico, Argissolo Red-yellow, Eutrófico. Argissolo Red-yellow, Distrófico, Gleissolo Háplico Eutrófico e Planossolos Háplico Distróficos. Key-words: morphologic compartmenting; hydrographic basin; Pitas stream. INTRODUÇÃO Bacia Hidrográfica corresponde a uma unidade natural, ou seja, uma determinada área da superfície terrestre, cujos limites são criados pelos próprios escoamentos das águas sobre a superfície ao longo do tempo. (LEOPOLD, 1971). Cunha e Guerra (2004) apresentam uma bacia hidrográfica como uma unidade geomorfológica importante, pelo fato de nela interagirem os fatores físicos, biológicos, econômicos e sociais. As bacias hidrográficas integram uma visão de conjunto do comportamento das condições naturais e das atividades humanas nelas desenvolvidas. Mudanças significativas em qualquer parte da dessa unidade podem gerar alterações, como impactos a jusante e nos fluxos energéticos. A ocupação da sub-bacia do córrego das Pitas está vinculada as políticas voltadas para a ocupação do Sudoeste de Mato Grosso nas últimas décadas, o que gerou diversas alterações no ambientel. O desmatamento das nascentes e das matas ciliares provocou o desaparecimento de algumas nascentes e assoreamento nos canais fluviais. Os colonos procuravam terras e madeira de lei (mogno e cerejeira) muito abundante na região. As madeiras foram usadas para gerar renda imediata, o que provocou o desmatamento de encostas e mata de galeria. As terras férteis foram usadas para lavoura de subsistência (arroz, feijão, milho e café). Após alguns anos de uso da terra para agricultura, o solo perdeu parte de sua fertilidade natural e a agricultura era substituída pela pastagem A compartimentação morfológica foi delineada a partir unidades alto, médio e baixo curso da bacia hidrográfica do córrego das Pitas, considerando os aspectos ambientais (geologia, geomorfologia, tipos de solos, cobertura vegetal e uso da terra). O estudo teve como objetivo levantar a compartimentação morfológica sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas, associando com retirada da cobertura. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas é um canal de 4ª ordem segundo a classificação de Strahler (1952), com área de 475 km², possui suas nascentes na Depressão Jauru entorno de 480 m de altitude, localiza-se entre as coordenadas

geográficas 15 17 04 e 15 49 50 latitude sul e 58 14 30 e 58 33 26 de longitude oeste. A sub-bacia encontra-se nos seguintes municípios de Araputanga, Indiavaí, Mirassol D Oeste, São José dos Quatro Marcos, Glória D Oeste e Porto Esperidião (Figura 1). Figura 1 - Localização da sub-bacia hidrográfica do Córrego das Pitas no sudoeste do Estado de Mato Grosso (carta do SEPLAN, 1986). Org: Leila Nalis Paiva da Silva (2006) Caracterização da rede de drenagem Para caracterização da rede de drenagem e delimitação da área das bacias hidrográficas do rio Aguapeí, utilizou as cartas topográficas: Aguapeí, folha SD. 21-Y-C-VI, Porto Esperidião, folha SD. 21-Y-D-IV, Santa Bárbara SD. 21-Y-C-V e Santa Rita, folha SE.21.V-A-II na escala 1:100. 000, 1975, DSG. Para análise da bacia hidrográfica do rio Aguapeí dividiu em sub-bacias. Perfis Geológico-geomorfológico Pedogeomorfológico

Os perfis Geológico-geomorfológico Pedogeomorfológico foram traçados de montante para a jusante, utilizou os mapas temáticos no Projeto RADAMBRASIL, na escala de 1:1. 000.000. Trabalho de campo Para reconhecimento geral da área de estudo e observação das características ambientais ( litologias, relevo, vegetação, ocorrência de solos) bem como a rede de drenagem.. DISCUSSÃO E RESULTADOS Condições naturais da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas Geologia De acordo com o projeto RADAMBRASIL (1982), a bacia hidrográfica do córrego das Pitas apresenta as seguintes formações geológicas: o Complexo do Xingu, Formação Pantanal, Suíte Intrusiva do Rio Alegre e Aluviões Atuais (Figura 2). O complexo do Xingu faz parte da unidade basal do Catron Amazônico, são as rochas mais antigas, que ocorre no alto curso do córrego das Pitas. Litologicamente identificou micaxistos, onfibolitos e granitos mais ou menos laminados, constituindo na unidade geomorfológica que denominou Planície Cristalina do Jauru de acordo com Almeida (1964). A Suíte Intrusiva do Rio Alegre encontra-se no médio e baixo curso da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas, conforme definido através de estudos petrográficos, representado por uma associação basico-ultrabasico, de caráter plutônico, que está intrusiva nos polimetarficos do complexo do Xingu, notadamente nos gnaisses (RADAMBRASIL, 1982). Encontra-se no alto, médio e baixo curso da sub-bacia hidrográfica de acordo Figueiredo (1974) há três níveis para a Formação Pantanal. O primeiro topograficamente mais elevado seria constituído por areias inconsolidadas e de granulação média a fina, com grãos bem arredondados e polidos, com intercalações subordinadas de níveis decimétricos silte-argilosos. O nível formado por terraços aluviais sub-recentes é constituído por silte, argila e bolsões de areia muito fina. O último nível constituinte da planície mais rebaixada teve como formadores depósitos irregulares siltes-argilosos e grosseiros, depositados recentemente pelos rios da bacia hidrográfica do Paraguai (RADAMBRASIL, 1982).

A formação geológica que se encontra na sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas contribui no armazenamento e toda disponibilidade da água contida nesta subbacia. Figura 2 A Formação Geológica ao longo do perfil longitudinal da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas Geomorfologia Na sub-bacia hidrográfica do Córrego das Pitas registram-se dois tipos de relevo: Planalto dos Parecis e Alto Paraguai. As nascentes principais instalam-se nas bordas do Planalto dos Parecis e percorre a Depressão do Alto Rio Paraguai (Figura 3). O Planalto dos Parecis compreende um extenso conjunto de relevo dissecado, caracterizado por duas feições distintas esculpidas nas rochas do grupo Parecis (formação Salto das Nuvens e Utiariti) (RADAMBRASIL, 1982). A Depressão do Rio Paraguai compreende uma extensa área drenada pelo rio Paraguai e seus afluentes. A sub-bacia do córrego das Pitas corresponde à superfície do relevo pouco dissecado, a qual apresenta formas tabulares e convexas com pequeno caimento topográfico de norte para sul e oeste. Sua altimetria oscila entre 120 e 300 m. A dissecação ocorreu predominantemente sobre litologias pré-cambrianas do Complexo Basal. A forma de acumulação mais recente é representada por planícies e terraços fluviais, com pequenas faixas de aluviões encontradas no baixo curso da bacia. (RADAMBRASIL, 1982). A Chapada dos Parecis compõe a subunidade mais elevada (acima de 550 m). O sudeste e sul apresentam esparsos anfiteatros erosivos. Ao oeste a junção destes

anfiteatros erosivos originou um sistema continuo de escarpas erosivas com frentes voltadas para sudoeste, que interrompem bruscamente a superfície aplainada e residual do topo plano. Ao norte o contato se realiza com subunidade denominada Planalto Dissecado dos Parecis, através de espigões delimitados por escarpas, que avançam para o norte, separando corredores rebaixados. Como emerge da superfície central do planalto, seus limites se fazem com superfície ligeiramente mais rebaixada que a envolve. Constitui-se litologicamente de arenitos do grupo Parecis (RADAMBRASIL, 1982). Figura 3 - A Geomorfologia ao longo do perfil longitudinal da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas O relevo no alto curso da sub-bacia há a maior presença de corredeiras e transporte de sedimentos. A degradação nas cabeceiras dos rios no alto curso faz com que haja maiores sedimentos de fundo e suspensão, o que contribui na erosão marginal. Ocorrência de solos Na sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas destaca-se os seguintes tipo de solo: Neossolos litólico, Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico, no alto e médio curso. No baixo curso da sub-bacia registra a ocorrência dos solos: Argissolo Vermelho- Amarelo Distrófico, Gleissolo Háplico Eutrófico e Planossolos Háplico Distróficos (Figura 4).

Os Neossolos litólicos são encontrados no alto curso da sub-bacia, suas características físicas são muito diversificadas, ocorrendo solos com textura desde arenosa a muito argilosa, com ou sem cascalhos, concrecionários e sem concreções. Quanto às possibilidades de uso, esta classe apresenta uma série de limitações naturais, como posicionamento topográfico desfavorável para mecanização, por serem solos rasos e em muitos casos, com presença excessiva de cascalho e/ou concreções, que funcionam como impedimento ao desenvolvimento de raízes. Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico predomina na sub-bacia hidrográfica. O Argissolo possui boa reserva de elementos nutrientes, com médios e altos valores de soma e saturação de bases. O alumínio trocável é inferior à unidade de saturação com o alumínio praticamente zero, dando-lhes um aspecto de fertilidade, condições favoráveis à implantação de qualquer empreendimento agropecuário devido às condições climáticas com umidade e temperaturas favoráveis a intemperização intensiva, com aparecimento de todo tipo (RADAMBRASIL, 1982). O Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, é uma pequena mancha encontrada no baixo curso da sub-bacia, são solos de baixa fertilidade natural, apresentando valores em soma de base e saturação. O alumínio trocável e saturação são altos nos solos álicos, atinge níveis nocivos ao desenvolvimento das plantas, enquanto nos distróficos são baixos, com teores de alumínio trocável quase sempre inferior à taxa de 0,5 ma/100 grama de solo. A atividade de argila é sempre baixa, demonstrando a dominância de argila do tipo 1:1 na fração coloidal. Ocorrem em relevo desde o plano ao ondulado, desenvolvidos a partir de litológias desde quaternárias a pré-cambrianas (SEPLAN, 2000). O Gleissolo Háplico Eutrófico são solos profundos, mal drenados, de baixa permeabilidade e suas características físicas e químicas são muito diversificadas, devido à natureza do material originário e a dinâmica hídrica que ocorrem nestas áreas (JACOMINE et al,1995). Os Planossolos Háplico Distróficos, registra pequena ocorrência no baixo curso da sub-bacia, na margem esquerda do córrego Pitas, são solos característicos de locais aplanados, com cotas baixas, onde é comum a presença do lençol freático próximo à superfície durante parte do ano. Ocorrem associados à clareta hidromórfica e glei pouco húmico mais freqüentemente. Apresentam argila dispersa muito elevado nos horizontes subsuperficiais evidenciados pelo baixo grau de floculação (RADAMBRASIL, 1982).

Figura 4 Ocorrência de Solos ao longo do perfil longitudinal da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas Cobertura vegetal Registra-se ocorrência de manchas de vegetação remanescentes na sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas como: floresta submontana dossel emergente, aluvial e estacional (Figura 5). A formação vegetal do alto e médio curso da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas, compõe-se de floresta submontana que se caracteriza pela estrutura aberta, que revela grande espaçamento entre as árvores, nas depressões onde a lixiviação é maior a fisionomia florestal é composta pelas maiores árvores. No médio curso da sub-bacia hidrográfica encontra-se floresta estacional semidecidual, caracterizada pelas variações climáticas das duas estações (cheia e estiagem), com variações térmicas e estacionalidade foliar de elementos arbóreos dominantes, as quais têm adaptações e deficiência hídrica devido a diminuição da temperatura nos meses mais frios (RADAMBRASIL, 1982). No médio curso encontra-se área com vegetação de Savana Arbórea Aberta, formação vegetal de fisionomia campestre, com arbustos conhecidas como campo cerrado, sendo caracterizada por um tapete gramíneo-lenhoso entremeado com árvores gregárias, às palmeiras anãs. A floresta aluvial encontra-se no médio e baixo curso da sub-bacia com formação arbórea ribeirinha que ocupa as planícies recentes do quaternário. Em sua

estrutura, apresenta espécies de rápido crescimento, com casca lisa e de grande porte (RADAMBRASIL, 1982). A vegetação que se encontra no médio e baixo curso contribui na conservação das margens do córrego das Pitas, o que dificulta o removimento do solo e escorra diretamente no leito do rio. Figura 5 Perfil da Cobertura Vegetal ao longo do perfil longitudinal da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas Diminuição na cobertura vegetal As mudanças na bacia hidrográfica estão vinculadas principalmente a substituição significante de porções de vegetação (cerrado, campo e cerrado, floresta e mata ciliar), por pastagem e atividades agrícolas. Em 1986, a sub-bacia hidrográfica com 475 km² de área, apresentou a ocorrência de floresta subcaducifólia, mata ciliar e cerrado. O município de Araputanga (alto curso) possuía área de aproximadamente 2,37% de floresta subcaducifólia, com 25,79% desmatadas. No município de Indiavaí (alto curso) a presença da floresta com 3,42% da área preservada, enquanto em área de floresta desmatada registrou 6,05%. No município de Mirassol D Oeste (médio e baixo curso) a floresta subcaducifólia possui cerca de 0,55% preservada e 0,79% de floresta desmatada. Ao comparar as atividades econômicas desenvolvidas nas sub-bacia pode-se perceber que o desmatamento é proveniente das atividades humanas, na época de 1986 voltada principalmente para a agricultura. São José dos Quatro Marcos possui cerca de 13,95% de floresta subcaducifólia e 25,26% desmatada

No trecho do município Mirassol D Oeste contido na sub-bacia em 1986 possuía cerca de 2,58% de mata galeria, Porto Esperidião com 1,05% e São José dos Quatro Marcos registrou a ocorrência de 3,42% da mata. Nos segmentos estudados na sub-bacia hidrográfica em 1986, o município de Mirassol D Oeste, possuía 6,58% de cerrado preservado e 5,28% foi desmatado. Porto Esperidião (baixo curso )registra a ocorrência de 1,05% preservado e 1,85% de cerrado desmatado (Figura 6). Porcentagem (%) Área da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no ano de 1986 40 Araputanga 35 30 Indiavaí 25 20 Porto Esperidião 15 São José dos 10 Quatro Marcos 5 Mirassol D' Oeste 0 Floresta Desmatada Floresta Preservada Cerrado Cerrado Desmatado Mata de Galeria Figura 6 Área da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no ano de 1986 Em 1986, a concentração econômica era baseada na agricultura nos municípios de Araputanga, Indiavaí, Mirassol D Oeste, Glória D Oeste, Porto Esperidião e São José dos Quatro Marcos. Em 1998, houve a transição da agricultura para pecuária e a cobertura vegetal foi retirada para o pastorei o que conseqüentemente diminuiu a extensão de área preservada (cerrado, mata galeria e florestas) em relação a 1986. Em 1998, o município de Araputanga (alto curso) possui 1,31% de floresta subcaducifólia preservada e 26,85% de floresta desmatada. O município Indiavaí possui cerca de 2,24% de floresta conservada, porém apresentou aproximadamente 7,23% desmatada. No município de Mirassol D Oeste (baixo curso) registrou 0,26% floresta subcaducifólia conservada e 1,05% desmatada. São José dos Quatro Marcos possui 3,95% de floresta subcaducifólia conservada e cerca 37,85% da área degradada (Figura 7). A porção de mata de galeria variou nos municípios de Mirassol D Oeste (0,26%), Porto Esperidião (0,65%), São José dos Quatro Marcos (0,80%) da mata na sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas.

No município de Mirassol D Oeste possui cerca de 0,55% de cerrado conservado e 13,70% desmatado. O município do Porto Esperidião possui 1,05% de cerrado preservado e 2,26% desmatado A bacia hidrográfica Porcentagem (%) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Área da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no ano de 1998 Floresta Desmatada Floresta Preservada Cerrado Cerrado Desmatado Mata de Galeria Araputanga Indiavaí Porto Esperidião São José dos Quatro Marcos Mirassol D' Oeste Figura 7 - Área da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no ano de 1998 Análise dos mapas de ocupação e uso do solo nos períodos de 1986 a 1998 na escala 1:250.000 da SEPLAN, mostra que no município de Araputanga a área preservada em 1986 houve presença de 11.25 km² de florestas subcaducifólia. Em 1998, registrou a ocorrência de 6,25 km² de floresta, reduzindo assim, 5 km². Em 1986, a área desmatada correspondia a 122,5 km². Em 1998, passa para 127,5 km², aumentou cerca de 5 km² de florestas desmatadas, devido as práticas agropecuárias e a expansão urbana da região. A floresta subcaducifólia correspondia a uma área de 16,25 km² no município de Indiavaí em 1986. Em 1998, a área de floresta diminui para 10,65 km², com redução estimada cerca de 5,6 km² de área em 12 anos. Em relação à área desmatada, em 1986 possuía 28,75 km² e passa para 34,35 km² no ano de 1998, tendo um aumento aproximadamente 5,6 km² o desmatamento de florestas (Quadro 1). Em 1986, o município de Mirassol D Oeste possuía cerca de 2,5km² de florestas subcaducifólia e 3,75 km² desmatada. Em 1998, a floresta subcaducifólia apresentou 1,25 km² preservada, aumentou então cerca de 5 km² de área desmatada, diminuindo em 1,25 km² de floresta nos últimos anos. No referido município em 1986 tinha cerca de 31,25 km² de cerrado preservado e 25 km² desmatado. Em 1998, a área de cerrado preservado é de 2,5 km², enquanto a área desmatada aumenta para 65 km². O desmatamento do cerrado nos últimos 12 anos corresponde à área aproximada de 33,75 km². Em 1986, a mata de galeria registrou

12,5 km², a mesma diminuiu em 1998 para 1,25 km². O desmatamento da mata de galeria corresponde cerca de 11,25 km² nos últimos anos. No município de Porto Esperidião, não registra ocorrência de floresta subcaducifólia contidos na sub-bacia hidrográfica. Em 1986, possuía cerca de 5 km² de cerrado preservado e 8,75 km² desmatado. Em 1998, a área desmatada é de 10,75 km². Em 1986, possuía 5 km² de área de mata de galeria em 1998, essa área diminui para 3 km², com perda 2 km² da mata. Na sub-bacia hidrográfica desse município, em 1986, registrou cerca de 10 km² de área preservada, porém em 1998 encontra-se com 8,5 km² de área preservada, perdeu 1,5 km² da área nos últimos anos. Em 1986, área total desmatada possuía cerca de 8,75 km² e em 1998, 12,75 km², aumentou 4,0 km² (Quadro 1) No município de São José dos Quatro Marcos (médio curso) em 1986 registrava 66 km² de florestas subcaducifólia, e cerca de 120 km² desmatada. Em 1998, registrou 18,75 km² destas florestas com 180 km² de área desmatada, cresceu nos últimos anos o desmatamento com 60 km² da extensão. Em 1986, registra 16,25 km² de mata de galeria em 1998 para 3,75 km², diminuiu 12,5 km², em 12 anos. Em 1986, aparece cerca de 82,5 km² de áreas preservadas (mata de galeria e florestas subcaducifólia) em 1998 essa área reduz para 22,75 km². Enquanto as áreas degradadas 1986 eram de 120 km² aumentou em 1998 para 192,5 km², parte da vegetação ciliar foi retirada, percebe que não se cumpriu à legislação quanto a preservação desse recurso. O desmatamento está associado às práticas agropecuárias e a crescente urbanização (Quadro 1). Quadro 01 Dados referentes ao uso do solo nas áreas correspondente a sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas

USO DO SOLO 1986 A 1998 (475 km²) Municípios Mata de Galeria (km 2 ) Área Desmatada Floresta Subcaducifólia (km 2 ) Cerrado (km 2 ) Área Desmatada Cerrado (km 2 ) Floresta Subcaducifólia (km 2 ) 1986 1998 1986 1998 1986 1998 1986 1998 1986 1998 Araputanga - - 122,5 127,5 - - - - 11,25 6,25 Indiavaí - - 28,75 34, 35 - - - - 16,25 10,65 Mirassol D Oeste Porto Esperidião São José dos 16,25 3,75 120,00 180,00 - - - - 66,25 18,75 Quatro Marcos A retirada da vegetação natural nos últimos anos para práticas agropecuárias na subbacia hidrográfica do córrego das Pitas aumentou significativamente o número de áreas degradas. Com área de 475 km² a sub-bacia em 1986 apresentava 33,75 km² de mata de galeria o que corresponde a 7,10% da área. Em 1998, registrou 8 km² restando 1,68% da mata de galeria (Figura 8). Em 1986, a floresta Subcaducifólia registrava 96,25 km² correspondente a 20,26% da área. Em 1998, registrou 36,90 km² com 7,77% da floresta preservada. O índice de desmatamento aumentou, o que significa que no ano de 1986 apresentou cerca de 275 km² 57,90% da área. Em 1998, registrou 346,85 km² com 73,02% da floresta desmatada (Figura 8). 12,5 1,25 3,75 5,00 31,25 2,5 25,00 65,00 2,5 1,25 5,00 3,0 - - 5,00 5,00 8,75 10,75 - - O cerrado em 1986 apresentava 36,25 km² cerca de 7,64%. Em 1998, registrou 7,5 km² com 1,58% da área. Com aumento da população, as práticas agrícolas e a criação de animais diminuíram a área do cerrado. Em 1986, apresentou aproximadamente 33,75 km² com 7,10% do cerrado desmatado. Em 1998, aumentou em 75,75 km² o que corresponde a 15,95% da área degradada (Figura 8). Sendo assim, a ocupação e o uso do solo no espaço-temporal na sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no período de 1986 a 1998 teve mudanças significativas nos perímetros urbanos e rurais dos municípios contidos na sub-bacia.

350 300 250 200 150 100 Uso do Solo da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas 1986 a 1998 50 0 Floresta Desmatada Floresta Preservada Cerrado Cerrado Desmatado 1986% 1998% 1986 km² 1998 km² Mata de Galeria Figura 8 Análise comparativa da sub-bacia hidrográfica do córrego das Pitas no ano de 1986 a 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS A bacia hidrográfica do córrego das Pitas apresenta as seguintes formações geológicas: o Complexo do Xingu, Suíte Intrusiva do Rio Alegre (alto e médio curso) e Formação Pantanal (médio e baixo curso), Aluviões Atuais próximo da calha do córrego. As nascentes principais instalam-se nas bordas do Planalto dos Parecis e percorre a Depressão do Alto Rio Paraguai Registrando a ocorrência de vários tipos de solos: Neossolos litólico, Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico, no alto e médio curso. No baixo curso da sub-bacia registra a ocorrência dos solos: Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, Gleissolo Háplico Eutrófico e Planossolos Háplico Distróficos. Verifica-se ocorrência de manchas de vegetação remanescentes na como: floresta submontana dossel emergente, aluvial e estacional. A retirada da vegetação dos municípios, na sub-bacia hidrográfica, está vinculada principalmente ao uso de práticas na agricultura, criação de animais e o crescimento urbano, em 1986 registrava cerca de 308.75 km² de área desmatada (cerrado, floresta e mata de galeria), em 1998 aumentou para 447. 85 km². Vale Ressaltar que área preservada no ano de 1986 era de 166.25 km², em 1998 passou para 52.90 km², uma proporção baixa em relação á área total. Perdendo nos últimos anos 113.35 km² da vegetação natural, e aumentando para 139.10 km² de florestas, mata de galerias e cerrados desmatados. As florestas, as matas ciliares possuem funções ecológicas importantes em relações aos recursos hídricos, e, a manutenção e os cuidados com áreas de bacias e subbacias hidrográficas são de suma importância, pois a forma de uso/ocupação do espaço

geográfico nessas áreas precisa ser planejada de maneira que não ocasionem muitos impactos que possam prejudicar o funcionamento natural do rio. A retirada da mata ciliar para o uso e as diversas ocupações compromete a quantidade e a qualidade das águas. A recuperação da mata contribui para o aumento da capacidade de armazenamento da água em bacias hidrográficas. Na qualidade, a mata ciliar influencia na retenção de sedimentos que chegam ao canal do rio. O conhecimento dos condicionantes para utilização sustentável deste recurso natural requer a organização e o uso do território conforme sua capacidade de suporte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. F. M. Geologia do centro-oeste-matogrossense. Boletim da Divisão de Geologia e Minerologia. Rio de Janeiro. 1964 BORDAS, M. P. ; SEMMELMANN, F. R. Elementos de Engenharia de Sedimentos. In: TUCCI, Carlos E. M. Hidrologia. Ciência e aplicação. 3ª edição. Porto Alegre. Editora da UFRGS/ABRH, 2004. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução 303, 2005. CALHEIROS, R. de O..; Tabai, F. C. V.; Bosquilia, S. V. & Calamari, M. Preservação e Recuperação das Nascentes. Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios PCJ - CTRN, 2004. CARVALHO, N.O. Hidrossedimentologia. Rio de Janeiro: CPMR, 1994. CERQUEIRA, A. F. et al. Retenção de água em areias de diferentes tamanhos, formas e minerologia. In: Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, 9, Anais. Jaboticabal, (Resumo Expandido), SBCS, 1992. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2ª edição. São Paulo: Edgard Blucher, 1980. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. São Paulo: Editora Edgard Blucher. 1981. CUNHA, S. B. Geomorfologia Fluvial. In: Cunha S. B. e Guerra. A. J. T. (orgs) Geomorfologia: Exercícios, técnicas e aplicações. Editora Bertrand do Brasil: Rio de Janeiro, 1996. CUNHA, S. B. Bacias hidrográficas. In: CUNHA, S. B., GUERRA, A. J. T. (Org.) Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand do Brasil, 1998. FIGUEIREDO, A. J. A.; OLIVATTI, A. Projeto Alto Guaporé Relatório final. Goiânia: DNPM/CPRM. 11 v. (Relatório do Arquivo Técnico da DGM, 323), 1974. FERNANDEZ, O. V. Q. Mudanças no Canal Fluvial do rio Paraná e processo de erosão nas margens: região de Porto Rico, PR. Dissertação (Mestrado Geociências e Ciências Naturais) UNESP: Rio Claro, 1990. FERNANDEZ, O. V. Q. Erosão Marginal no Lago da UHE Itaipu (PR) Tese (de Doutorado em Geociências) UNESP: Rio Claro, 1995. HILL, A. R. Erosion of river bank compesed of glacial till near Belfast, Northern Ireland Zeitschrift fur Geomorphologie, 1973. HOOKE, J. M. Na analysis of the processes of river bank erosion. Journal of Hidrology, 1980. HORTON, R. E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Geol. Soc. America bulletin, 1945. HUGUES, D. J. Rates of Erosion on Meander Ares. In: GREGORY, K. J., ed. River Channel Changes, Chichester. John Wiley & Sons, 1977.

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