EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS ICP nº 1.18.000.002374/2011-31 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, com fundamento no art. 17 da Lei nº 8.429/92 e com base nas provas colhidas no Processo Administrativo Disciplinar nº 23070.020043/2011-44 - UFG, anexo por cópia, propõe AÇÃO DE IMPROBIDADE em desfavor de DNILSON CARLOS DIAS, (QUALIFICAÇÃO SUPRIMIDA PARA FINS DE PUBLICAÇÃO), pelo fato delituoso a seguir descrito: Página 1 de 7
I F ATOS No período de março de 2010 a janeiro de 2012, por 37 vezes, o réu, agindo livre, voluntária e conscientemente, obteve indevidamente para si a importância total de R$66.910,63, em prejuízo da Universidade Federal de Goiás, induzindo em erro a Comissão Permanente de Pessoal Docente e a Diretora do Departamento de Pessoal da UFG, mediante uso de documentos falsos comprobatórios da obtenção do título de Doutor em Economia Aplicada. Segundo se apurou, no dia 17/12/2009, o réu, então ocupante do cargo de Professor Assistente nível I, formalizou requerimento (processo nº 23070.002416/2010-4) dirigido ao Reitor da UFG pleiteando a sua progressão vertical para a classe de Adjunto nível I (melhor remunerada), instruindo para tanto o pedido com a declaração de fls. 10, supostamente emitida pelo Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa, MARCELO JOSÉ BRAGA, atestando ter apresentado tese intitulada Retornos Sociais e Privados à Educação no Brasil: Uma Perspectiva Econométrica e obtido aprovação, satisfazendo todos os pré-requisitos para a obtenção do título de Doutor, além de histórico escolar emitido pela servidora LUCIANA DE SOUZA VILELA, da Universidade Página 2 de 7
Federal de Viçosa constando a conclusão dos créditos e a apresentação da tese de doutorado. Em razão dos documentos comprobatórios de suas alegações, o pedido do réu obteve parecer favorável da Comissão Permanente de Pessoal Docente e foi deferido pela Diretora do Departamento de Pessoal da UFG, que baixou a Portaria nº 1172, de 17/03/2010, concedendo-lhe a progressão vertical pela obtenção do Título de Doutor em Economia Aplicada, conferido pela Universidade Federal de Viçosa, de Professor Assistente, Nível 1, para Professor Adjunto, Nível 1 (processo nº 23070.002416/2010-14). Apurou-se, contudo, que na ocasião em que formulou o requerimento, o réu ainda estava cursando o referido doutorado (portanto, não o havia concluído), não tendo sequer depositado nem apresentado sua tese. Apurou-se, também, que a declaração de apresentação e aprovação da tese não era autêntica (a assinatura atribuída ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada era falsa) e o histórico escolar havia sido adulterado, com a inclusão de informações inverídicas quanto à sua data de emissão (15/12/2009) e quanto às observações a respeito da defesa da tese (15/12/2010). Página 3 de 7
Em virtude da progressão funcional fraudulentamente obtida, o réu experimentou incremento salarial indevido, auferindo no período mencionado a importância total indevida, atualizada, de R$67.765,05 (valor do dano). Emerge das circunstâncias acima narradas que a conduta do réu foi dolosamente voltada para a obtenção da vantagem indevida (enriquecimento ilícito), em prejuízo da UFG. II FUNDAMENTOS JURÍDICOS Assim agindo, o réu praticou ato de improbidade que importou em enriquecimento ilícito, bem como atentou contra os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade, legalidade e de lealdade à Universidade Federal de Goiás, malferiu art. 9º, caput, e art. 11, caput, da Lei 8.429/92 e tornou-se incurso nas sanções do art. 12, I e III, da mesma Lei. III PEDIDOS E REQUERIMENTOS Pelo exposto, requer: a) a autuação desta, com cópia do Processo Administrativo Disciplinar nº 23070.020043/2011-44 - UFG, que Página 4 de 7
a instrui, bem como o processamento do feito segundo o rito ordinário previsto no Código de Processo Civil, ao teor do disposto no artigo 17, caput, da Lei nº 8.429/92; b) a notificação, via postal, do réu, nos endereços informados na sua qualificação, para apresentar manifestação por escrito (através de advogado), na forma preconizada pelo artigo 17, 7º, da Lei nº 8.429/92; c) o recebimento desta inicial e, ato contínuo, a citação do réu para, caso queira, responder aos termos desta ação (artigo 17, 9º, da Lei nº 8.429/92), sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato; Goiás (artigo 17, 3º, da Lei nº 8.429/92); d) a intimação da Universidade Federal de e) a procedência dos pedidos, a fim de que seja aplicada ao requerido as sanções previstas no artigo 12, incisos I e III, da Lei nº 8.429/92; da sucumbência; e f) a condenação do réu a arcar com os ônus g) para provar o alegado: Página 5 de 7
adiante arroladas; g.1) a oitiva de testemunhas réu; g.2) o depoimento pessoal do g.3) a admissão por empréstimo das provas produzidas no Processo Administrativo Disciplinar cuja cópia segue anexa, em especial as provas orais, porquanto versa os mesmos fatos e mesma parte, que exerceu o contraditório e a ampla defesa; g.4) a juntada de outros documentos e provas produzidas em outras esferas processuais, inclusive criminal, em especial da perícia criminal. Dá-se à causa o valor de R$67.765,05. Goiânia, 26 de março de 2014. Helio Telho Corrêa Filho PROCURADOR DA REPÚBLICA Página 6 de 7
ROL DE TESTEMUNHAS (Qualificações suprimidas para fins de publicação) Página 7 de 7