A FORMAÇÃO DOCENTE DO PROFESSOR EM INÍCIO DA CARREIRA Carlos Marcelo (Espanha), António Nóvoa (Portugal), Denise Valillant (América Latina); Pesquisadores da Fundação Carlos Chagas (Brasil), Pesquisadores da UFSCAR e de outras IES, enfatizam sobre a necessidade de se investir na formação do professor iniciante, por ser esta uma fase difícil na carreira docente e definidora da continuidade do professor no magistério. A FORMAÇÃO DOCENTE DO PROFESSOR PESQUISADOR MACHADO; BIANCHETTI (2008) : COMO APRENDEMOS A ORIENTAR?
QUEM É O PROFESSOR INICIANTE? São professores na fase inicial da carreira docente considerada como sendo: Huberman (1995)- na fase 1- Exploração-até 3 anos; Carlos Marcelo (1995) até 3 anos; Cavaco (1993); Gonçalves (1995)- até os 4 anos;tardif (2008)- até 7 anos. Não há consenso na literatura acerca da duração dessa fase. Huberman (1995) considera inicial a fase que se estende até o terceiro ano de profissão, para Cavaco (1995), vai até o quarto ano de exercício profissional; Veenman (1998) argumenta que tal fase se prolonga até o quinto ano; Tardif (2002) defende que este momento inicial compreende os sete primeiros anos de profissão. (LIMA, 2007, p. 140)
O que se tem escrito sobre o iniciante? Gabardo e Hobold (2011): período marcado por sentimentos contraditórios que os desafiam. Cavaco (1999): período de insegurança, sobrevivência, adaptações, conformismo, alienação, adaptação às crenças da escola e dos demais professores. Veenman (1998)-:Fase em que vivem um choque de realidade. Papi e Martins (2010) : os primeiros anos de exercício profissional são basilares para a configuração das ações profissionais futuras e para a própria permanência na profissão. Carlos Marcelo (1999;2010): período de transição de estudantes a professores, período de muita luta para estabelecer sua identidade pessoal e profissional. Vaillant (2009) fase de grande crise em torno das experiências profissionais, gestão da disciplina, motivação, organização da sala de aula, relacionamentos com os pais, com os pares. O grande nó górdio são os mesmos em todas as etapas da carreira docente, mas sem dúvida, os iniciantes experimentam os problemas com maiores doses de incertezas e estresses, devido ao fato de terem menores referenciais de mecanismos para enfrentar estas situações
O professor iniciante no cenário das pesquisas
O professor iniciante no cenário das pesquisas No âmbito internacional- Carlos Marcelo, da Universidade de Sevilla e da Huelva, Espanha, mentor de quatro congressos internacionais: Sevilla /Espanha - Buenos Aires/ Argentina - Santiago/Chile - Brasil/Curitiba. Perrelli (2013)- investigou os três últimos eventos que discutiram a iniciação à docência (2008;2010;2012) em um total de 451 trabalhos. Dentre os quais, o apoio, a mentoria, acompanhamento aos professores iniciantes, foi temática de 80 trabalhos. No terceiro congresso no Chile, as produções brasileiras atingiram mais de 50% e no IV Congresso em Curitiba o Brasil liderou somando 75% das produções. Romanowski (2014) novamente destaca produção na Anped Sul em ao apresentar os resultados das produções do último congresso de Marcelo.
O professor iniciante no cenário das produções
Gráfico 7- Origem das IES. Fonte: Banco de dados da Capes.
Gráfico 10- Regiões de produção das pesquisas Fonte: Banco de dados da Capes.
Gráfico 11- Estados de produção das pesquisas Fonte: Banco de dados da Capes.
Gráfico 9- Gênero dos pesquisadores Fonte: Banco de dados da Capes.
A FORMAÇÃO PROFESSOR PESQUISADOR: COMO APRENDEMOS A ORIENTAR? Como se aprende a orientar? Como se forma um orientador? Como se ensina a orientar? Ana Maria Netto Machado Lucídio Bianchetti Pesquisa com 75 orientadores bolsistas do Cnpq
1) Aprendemos a orientar inspirados na forma de orientar de nossos orientadores ; - orientar é uma atividade profissional que ultrapassa os limites do trabalho acadêmico, pois se trata de uma interação intensa, em que duas vidas estão em jogo 2)Aprendemos a orientar orientando (com os orientandos) Saviani é um espaço de pensamento
3) Aprendemos orientar com base em nossas memórias - os fatores que os forjaram como orientadores. Estes fatores entrelaçam memórias do passado, vivências acadêmicas da juventude - como monitorias, bolsas de iniciação científica, trabalhos com o orientador... TCC...PIBIC... 4) Aprendemos a orientar co-orientando com orientadores experientes 5) Aprendemos a orientar auxiliando pesquisadores experientes - a orientação é mais significativa e formadora quando realizada dentro do contexto de pesquisas institucionalizadas de pesquisadores experientes. [...] concluir uma dissertação e uma tese não desencadeia por si só a trajetória de um pesquisador e de um orientador. Muitos fatores de cunho conjuntural, de inserção institucional, além do perfil pessoal, contribuem para isto.
6) O trabalho de pesquisa é lento e nos formamos no decorrer das pesquisas que desenvolvemos - pelos níveis de exigências dos fomentos, pelos grupos que temos que estruturar e fomentar para a formação e desenvolvimento da pesquisa, pelos relatórios que fazemos, entre outros... [...] as relações humanas, tudo aparece numa orientação. Transferências, psicanaliticamente falando [...] uma expectativa do orientando em relação ao orientador para que ele seja pai, mãe, tio, primo, tudo. O orientador, coitado, não dá conta. Você cria uma expectativa de sucesso, de excelência em relação ao seu orientando, que, pobrezinho, nem sempre ele é capaz de dar conta. Então, é um jogo assim de muita expectativa e frustração de ambas partes. (p.7).
Aprendemos junto com nossos orientadores: Levantando fontes e materiais para a pesquisa; coletando dados e escrevendo alguma coisa: obviamente muito singela, estimulando fazer pequenas coletas, pequenas observações, convivendo com professores pesquisadores que já tinham uma experiência, a maioria estrangeiros, ser bolsista trabalhando lado a lado com o pesquisador na pesquisa, fiz mestrado e continuei convivendo no grupo de pesquisa, no qual acompanhei muitas sessões de orientações... você respira pesquisa, encontros semanais com grupo de monitoria (p.10) 6) Aprendemos a orientar produzindo (escrevendo) em co-autoria com pesquisadores/orientadores Sempre tive muito essa ideia de que, em algum nível tínhamos que produzir e publicar juntos (p.10).
7) Aprendemos a orientar convivendo com pesquisadores mais e menos experientes nos grupos de pesquisa Foi a experiência com o grupo de pesquisa que me foi forjadora como orientadora. A maioria dos sujeitos considera a experiência grupal de grande valor formador. [...] a orientação em grupo dentro dos grupos de pesquisa cujo trabalho é desenvolver diversos projetos de pesquisa (em geral financiados), coordenados por pesquisadores em diferentes níveis de formação (estão incluídos como projetos as dissertações e teses dos participantes do grupo, e em muitos casos, também monografias ou TCCs e projetos de IC). Esta configuração é justificada por alguns pesquisadores dentro da perspectiva vigotskyana de que a aprendizagem e o desenvolvimento são acelerados ou promovidos por interações e diálogo entre pessoas. Neste caso está em ação o orientar e ser orientado ao mesmo tempo.(p.12)
é preciso ter paciência no processo, rigor com afeto, na escrita. A passagem para orientadora foi uma experiência primeiro de me pensar como escritora, como uma produtora para poder pensar o outro, esse outro que produz textos. (p.11).
Mas sem dúvida: aprendemos a pesquisar com os pesquisadores experientes A qualidade da experiência que vivenciamos com nossos orientadores nos ensinam a como orientar. Mas não é qualquer experiência...