Guia Fiscal. &direitos SUPLEMENTO DA EDIÇÃO N.º 96 NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009. Dinheiro. Deduza centenas



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Transcrição:

Dinheiro &direitos SUPLEMENTO DA EDIÇÃO N.º 96 NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2009 Guia Fiscal 2009 DECO PROTESTE, EDITORES, LDA. Despesas de saúde, seguros e educação Energias renováveis Crédito da casa Acções Mais-valias de imóveis Pensões Independentes PPR Declarar pela Net INDEPENDENTE CREDÍVEL PERTO DE SI Deduza centenas de euros com a leitura de 124 questões

SUMÁRIO INTRODUÇÃO Observações e apontamentos, para ajudá-lo a compreender melhor e calcular o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS)... 3 Abatimentos (questão 80)... 44 Taxas de imposto (questão 81)... 45 2 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES Para facilitar a leitura do guia, optámos pelo esquema de pergunta-resposta, sendo tão abrangentes e práticos quanto possível. As questões foram numeradas, para localizá-las rapidamente. Dentro de cada subcapítulo, encontra pequenas caixas com informação prática. O guia está ilustrado com quadros, esquemas e figuras, para clarificar os temas abordados. Como declarar (questões 1 a 13)... 4 Trabalho por conta de outrem Deduções específicas (questões 14 a 18)... 9 Retenções na fonte (questões 19 a 22)... 12 Profissionais independentes Regime simplificado (questões 23 a 27)... 14 Início de actividade (questões 28 a 30)... 17 Obrigações acessórias (questões 31 a 37)... 20 Retenções na fonte (questões 38 a 40)... 23 Deduções específicas (questões 41 e 42)... 25 Rendimentos empresariais (questões 43 e 44)... 26 Rendimentos de capitais Depósitos bancários (questões 45 e 46)... 28 Por resgate fora das condições (questão 47)... 29 Títulos da dívida pública (questão 48)... 30 Seguros (questões 49 e 50)... 30 Participações em empresas e fundos de investimento (questões 51 e 52)... 32 Imóveis Obrigações declarativas e acessórias (questões 53 a 57)... 32 Deduções específicas (questões 58 a 60)... 34 Deduções à colecta Por composição do agregado familiar (questão 82)... 46 Por despesas efectuadas - Saúde (questões 83 a 91)... 46 - Educação (questões 92 a 96)... 48 - Casa (questões 97 a 101)... 51 - Seguros (questões 102 a 105)... 53 Pelo investimento em produtos com benefícios fiscais - Aplicações com benefícios (questões 106 a 112)... 55 - Planos de poupança em acções (questão 113)... 57 Energias renováveis e computadores (questões 114 e 115)... 57 Dupla tributação (questão 116)... 58 Donativos (questões 117 e 118)... 58 Consignação do imposto (questão 119)... 59 ASPECTOS BUROCRÁTICOS Resposta às dúvidas mais comuns sobre o preenchimento e entrega da declaração de rendimentos: por exemplo, como apresentar e pagar, em que prazo ou multas por atraso (questões 120 a 124)...60 GLOSSÁRIO Explicamos os principais conceitos utilizados... 62 DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS E ANEXOS Indicamos o que deve inscrever na declaração e respectivos anexos... 63 Incrementos patrimoniais Mais-valias de imóveis (questões 61 a 66)... 35 Mais-valias mobiliárias (questão 67)... 40 Mais-valias de profissionais independentes e empresários (questões 68 e 69)... 40 Manifestações de fortuna (questão 70)... 41 Rendimentos de jogo (questão 71)... 41 Pensões Obrigações declarativas (questões 72 a 76)... 42 Retenções na fonte (questão 77)... 42 Deduções específicas (questões 78 e 79)... 43 CALCULAR O IRS Se não puder recorrer ao simulador da Direcção-Geral dos Impostos, utilize o nosso esquema, fácil e rápido... 64 QUESTÕES DE IRS E FISCALIDADE 808 200 148 (custo de chamada local) 21 841 87 43 (para telemóvel) 9h às 13h e 14h às 18h (17h à sexta-feira)

INTRODUÇÃO O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) é aplicado à generalidade dos rendimentos dos contribuintes residentes no território português, incluindo os obtidos no estrangeiro. Incide ainda sobre os ganhos daqueles que, apesar de não viverem em Portugal, aqui os obtêm. Este suplemento, que lhe oferecemos na qualidade de assinante da revista DINHEIRO & DIREITOS, pode ajudá-lo a desfazer as suas dúvidas sobre IRS. DINHEIRO & DIREITOS alerta A informação deste guia está de acordo com a legislação fiscal publicada até Setembro de 2009, data de fecho desta edição. Se, entretanto, surgirem alterações fiscais importantes, iremos destacá-las na DINHEIRO & DIREITOS e no nosso sítio da Net (www.deco.proteste.pt). Devido às constantes alterações do sistema fiscal português, os impostos são uma das áreas que mais pedidos de auxílio suscita entre os nossos 400 mil associados. Por isso, para conhecer bem os seus direitos e deveres enquanto contribuinte, propomos-lhe a leitura da 16.ª edição do Guia Fiscal. Pretendemos também informá-lo dos benefícios e das deduções fiscais, para que, na altura de preencher a declaração, possa, dentro de toda a legalidade, poupar nos impostos. Tanto quanto possível, procurámos simplificar os conceitos, através de exemplos e da exposição de questões. A informação deste guia é muito útil tanto para quem entregar a declaração de rendimentos directamente nos serviços das finanças (ou outros postos móveis), como para quem o faz pelos correios ou via Internet. Como ler o Guia Fiscal? Caso pretenda ir para o assunto que mais lhe interessa ou só queira informações sobre um tema em particular, pode consultar o sumário que publicamos na pág. ao lado. Se pretende entregar a declaração pela Net, consulte a pág. 61. Alguns elementos já podem estar previamente preeenchidos. Por exemplo, os contribuintes com rendimentos de trabalho dependente, encontram, desde 2007, o valor ganho durante o ano anterior preenchido, tal como as contribuições da segurança social e retenções. De futuro, rendimentos de outra natureza também podem aparecer declarados. Cabe-lhe, no entanto, corrigir os dados que possam estar incorrectos. Os impressos apresentados neste guia podem não ter o mesmo aspecto daqueles que usará em 2010, pois esses só estarão disponíveis no próximo ano. Por isso, ao preencher a declaração, preste atenção a possíveis alterações nos formulários. Pela experiência de anos anteriores, tais mudanças não afectam de forma significativa as informações apresentadas, mas não dispensam uma leitura cuidadosa das instruções no verso dos impressos. Em 2010, consulte ainda o artigo sobre o preechimento dos impressos que publicamos todos os anos na DINHEIRO & DIREITOS de Março. Se tiver dúvidas na área da fiscalidade, ligue para o nosso serviço de informação: 808 200 148. 3 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Dentro de toda a legalidade, tentamos ajudá-lo a poupar dinheiro, ou seja, a pagar menos imposto. Todas as questões em que tal é possível estão assinaladas com este símbolo. As questões sobre os aspectos fiscais mais importantes (em que os esquecimentos do contribuinte são muito frequentes), bem como sobre a forma de preencher os diversos impressos da declaração, estão marcadas com este símbolo. As questões que abordam alterações introduzidas em 2009 estão identificadas por este símbolo. Na pág. 62, encontra um breve Glossário com os termos mais complexos em matéria de fiscalidade e, na pág. 64, um esquema simplificado para calcular o IRS. Esperamos que estas dicas tornem a leitura do guia mais simples e agradável. Categorias do IRS A rendimentos do trabalho dependente (todas as profissões exercidas por quem trabalha por conta de outrem); B rendimentos empresariais e profissionais, ou seja, resultantes do exercício de uma actividade comercial, industrial, agrícola; E rendimentos de capitais (por exemplo, juros de uma conta a prazo ou dividendos de acções); F rendimentos prediais (rendas recebidas pelo senhorio, por exemplo); G incrementos patrimoniais (como o ganho com a venda de uma casa ou de acções); H pensões (de alimentos, velhice ou invalidez, por exemplo).

IRS IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES Como declarar 4 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos 1 Vou preencher a declaração de IRS pela primeira vez. Por onde começar? Antes de mais, reúna: impressos oficiais, caso pretenda entregar a declaração pelos correios ou nas finanças. Se não optar ou não estiver obrigado a declarar pela Internet, peça a senha de acesso no sítio da Direcção-Geral de Impostos (ver ao lado). Se já a pediu, certifique-se de que ainda a tem (sobre a entrega da declaração pela Net, consulte a pág. 61); cartões de contribuinte dos sujeitos passivos e dependentes, quando estes obtiverem rendimentos; declarações de rendimentos e retenções na fonte emitidas pelas entidades pagadoras (também são importantes para quem entrega on-line, pois permitem verificar e/ou corrigir os dados já preenchidos); comprovativos (como recibos, facturas, declarações dos bancos e seguradoras) das despesas que teve ao longo do ano, por exemplo, de saúde ou educação; calculadora, lápis, borracha e caneta. Depois, leia as explicações no verso da declaração de rendimentos e este guia. Preencha a declaração com uma caligrafia legível (por precaução, faça-o primeiro a lápis). Verifique se os cálculos estão correctos e se os valores inscritos correspondem aos dos comprovativos. Se detectar um erro antes de entregar, não tente riscar ou rasurar o impresso. Compre outro e preencha-o. www.portaldasfinancas.gov.pt Peça a senha de acesso, entregue ou corrija a declaração pela Net Ao longo do ano, recolha e guarde todas as facturas das despesas. Só assim pode prová-las se for alvo de inspecção fiscal. Se costuma entregar a declaração nas finanças ou postos móveis, faça-o tão cedo quanto possível, para evitar os incómodos dos últimos dias, como as filas de espera. Os atrasos são penalizados com coimas (ver questão 122). Para mais informações sobre a entrega da declaração, consulte Aspectos burocráticos, na pág. 60. Rendimentos isentos de imposto O IRS incide sobre rendimentos obtidos em Portugal por residentes e não residentes. Mas há exclusões. Prémios literários, artísticos ou científicos se: atribuídos em concurso público, com respectivas condições definidas; sem cedência, temporária ou definitiva, de direitos de autor; ajudas de custo ou gratificações, por exemplo, relacionadas com a participação no concurso. Pensões ou indemnizações atribuídas: na sequência de lesão corporal, doença ou morte, por exemplo, devido a acidente de viação; ao abrigo de contratos ou decisões judiciais ou pagas pelo Estado. na sequência de lesão corporal, doença ou morte por cumprimento do serviço militar. Prémios dados a praticantes de alta competição, bem como aos seus treinadores, por classificações importantes em competições internacionais de elevado prestígio e nível competitivo, em Portugal ou no estrangeiro, por exemplo, os Jogos Olímpicos ou o campeonato de futebol da Europa. Bolsas de formação atribuídas pelas federações aos praticantes não profissionais, bem como aos juízes e árbitros até 2250 euros. Subsídios a crianças e jovens (como o abono de família), subsídio de desemprego e rendimento social de inserção. Montantes necessários para cobrir despesas extraordinárias com saúde e educação, pagos pelos centros regionais da Segurança Social e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. E também por instituições particulares de solidariedade social em articulação com as acima referidas, no âmbito da acção social de acolhimento familiar e apoio a idosos, pessoas com deficiências, crianças e jovens.

Como declarar 2 Caso em Dezembro. Eu e a minha futura mulher devemos entregar declarações separadas, em relação ao período em que estivemos solteiros? Não. Entreguem apenas uma declaração conjunta. O fisco considera a situação familiar do contribuinte a 31 de Dezembro do ano a que respeita a declaração. Nela, inclua os rendimentos obtidos por todos os elementos do agregado (leitor, esposa e, eventualmente, algum dependente), em 2009, antes e depois do casamento. esquema 1 Como declarar os rendimentos? Situação do contribuinte em 31 de Dezembro de 2009 Casado/unido de facto Solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo 3 Vivo com a minha companheira há 2 anos, mas em termos fiscais temos moradas distintas. Como agora temos uma filha, podemos entregar uma declaração de IRS conjunta? Não. Apesar de terem um filho em comum, só podem entregar a declaração em conjunto se tiverem a mesma morada fiscal há, pelo menos, 2 anos. O tempo começa a contar a partir da data de alteração da morada nas finanças. Se casarem, é automático. A dependente só pode ser incluída numa declaração, assim como as suas despesas, por exemplo, de educação. O leitor e a pessoa com quem vive em união de facto têm, assim, de decidir em que declaração incluir a filha. Em termos fiscais, tal opção é geralmente irrelevante, excepto quando, por um dos contribuintes já apresentar um rendimento tão baixo, não paga imposto, ou por ter tantas deduções à colecta, já não pode deduzir mais nenhum valor. Em caso de dúvida, inclua o dependente na declaração de quem tiver o rendimento colectável mais elevado (ver Glossário, na pág. 62). Para entregar a declaração conjunta, indique União de facto no campo 4 do quadro 6 do modelo 3. O domícilio fiscal de ambos os contribuintes, em 2009, tem de ser o mesmo dos 2 anos anteriores, neste caso, 2007 e 2008. O regime da união de facto pode ser aplicado independentemente do sexo dos contribuintes. Antes de optar pela declaração conjunta, verifique com atenção se esta lhe compensa. Para tal, utilize o simulador do fisco (www.portaldasfinancas.gov.pt). O leitor e o cônjuge/ /companheiro(a) compõem um agregado familiar. Se tiver filhos considerados seus dependentes, também fazem parte do agregado Apresente a declaração conjunta (1) Se tem filhos ainda considerados dependentes, só podem entrar num agregado familiar Apresente a declaração individual (2) (1) Se vive em união de facto, pode entregar a declaração em separado. (2) Se vive separado de facto, pode entregar uma declaração conjunta. 4 Separei-me do meu marido, mas ainda não estamos legalmente divorciados. Posso entregar a declaração de rendimentos sozinha? Em caso de separação de facto, cada cônjuge pode apresentar a sua declaração de rendimentos e dos dependentes a seu cargo (se houver). Os filhos só podem ser incluídos numa delas. Se tiver dois ou três, cada um pode ser incluído como dependente em agregados diferentes. No entanto, os cônjuges separados de facto podem entregar uma declaração conjunta de rendimentos, se isso lhes for mais favorável e estiverem de acordo. 5 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Estado civil e assinatura dos titulares nos quadros 6 e 9 do modelo 3

Quando há uma separação, não precisa de o comuni-- car ao fisco. Mas, se quiser, basta, na primeira declaração de rendimentos após a separação, indicá-lo no quadro 6 do modelo 3. Caso entregue uma declaração de rendimentos em separado, os limites da generalidade dos abatimentos e das deduções à colecta (ver Glossário, na pág. 62) são idênticos aos dos indivíduos não casados. 6 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Para mais informações sobre a entrega da declaração de IRS de contribuintes divorciados, consulte o dossiê da DINHEIRO & DI- REITOS n.º 88, de Julho 2008. 5 O meu marido faleceu a 15 de Setembro de 2009. Ambos obtivemos rendimentos de trabalho dependente. Como apresento a declaração? Desde 2001, só se entrega uma declaração, porque o regime de fraccionamento dos rendimentos foi eliminado. Assim, a totalidade dos rendimentos obtidos pelo agregado familiar é englobada em nome do cônjuge viúvo. Para apurar o imposto, recorre-se à forma de cálculo utilizada nos contribuintes casados. O rendimento colectável é dividido por dois e só depois é aplicada a taxa de imposto. O mesmo sucede com os contribuintes separados de facto e unidos de facto que optem pela declaração conjunta. www.deco.proteste.pt Soluções de crédito para divorciados 6 Embora ainda não esteja divorciado, estou separado desde 2007. Desde então entregámos as declarações individualmente. Entretanto, descobri que a minha mulher tem algumas dívidas de IRS relativas a 2007. O fisco pode exigir-me o pagamento? Não há motivos para preocupação, pois entregou a declaração separada. Só teria de pagar as dívidas fiscais da sua mulher, se fossem anteriores a 2007 e relativas ao período em que entregaram a declaração conjunta. Em regra, o contribuinte só deixa de ser responsável pelas dívidas fiscais do ex-cônjuge a partir da data da sentença de divórcio. Na prática, as finanças tanto poderiam exigir de um cônjuge como ao outro o pagamento do IRS. Tal não é o caso deste leitor, pois apresentou declarações separadas relativas a 2007, não existindo responsabilidade solidária pelo pagamento. Direitos dos cônjuges residentes em Portugal Os rendimentos obtidos em Portugal e no estrangeiro por cidadãos considerados residentes em Portugal estão sujeitos a imposto. Esta condição era aplicada a todas as pessoas que constituíam o agregado familiar, desde que aquela a quem incumbisse a sua direcção residisse em Portugal. No entanto, em 2006, surgiram alterações. Actualmente, tal não se aplica ao cônjuge que não resida em Portugal mais do que 183 dias por ano, desde que prove a inexistência de ligação entre a maioria das suas actividades económicas e o território português. Se o fizer, os rendimentos que obtiver em Portugal são tributados como não residente. O cônjuge residente em território português apresenta uma única declaração dos seus rendimentos, da sua parte nos rendimentos comuns e dos dependentes a seu cargo. É-lhe atribuído o mesmo regime das pessoas separadas de facto, ou seja, o imposto é calculado sem o coeficiente conjugal. A taxa de IRS é aplicada sem a divisão do rendimento tributável por dois. Se for considerado residente e tiver de entregar a declaração conjunta, nos países com os quais Portugal celebrou acordos para evitar a dupla tributação, como Espanha ou França, o imposto pago no estrangeiro é deduzido à colecta (descontado na liquidação de imposto em Portugal). Peça a lista destes países nas finanças ou ao nosso serviço de informação. Quando não há acordo, tem direito ao crédito de imposto, que corresponde ao menor dos seguintes valores: imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro; parte da colecta (ver Glossário, na pág. 62), calculada antes da dedução, correspondente aos rendimentos que no país em causa possam ser tributados líquidos das reduções específicas previstas em Portugal. Basta indicar os rendimentos: o fisco faz as contas. Se os rendimentos forem obtidos fora da zona euro, a conversão segue o câmbio de 31 de Dezembro de 2009. A declaração destes rendimentos é obrigatória. Se não o fizer, pode ter de pagar uma coima mínima de 50 euros.

Como declarar 7 A minha filha concluiu a licenciatura, em 2008/2009, e iniciou um estágio ao abrigo do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) em Outubro 2009. Pode ser incluída na minha declaração ou tem de preencher uma sozinha? Quem lhe entrega a declaração de rendimentos: a empresa onde trabalha ou o IEFP? Se a sua filha fizer parte do seu agregado, tem de declarar os ganhos que ela obtiver. Ela é dependente, se a 31 de Dezembro de 2009 tiver até 25 anos e os rendimentos até ao valor anual da remuneração mínima mensal, ou seja, 6300 euros. 10 Além de estudar, em Setembro de 2009, o meu filho de 18 anos começou a trabalhar. Devo incluí-lo no meu IRS, como nos anos anteriores? Pode incluir o seu filho na declaração, desde que o valor ganho não exceda a remuneração mínima mensal anual ( 6300) e desde que tenha frequentado, pelo menos, o 11.º ano. Apresente os rendimentos dele no quadro 4, do anexo A, se Nos estágios profissionais, os montantes pagos aos formandos ou estagiários estão sujeitos a retenção na fonte e é obrigatório declará-los. Quando a mensalidade resulta da celebração de um contrato de formação em posto de trabalho, há tributação de IRS. Exceptuam-se os subsídios, bolsas de estágio ou de formação para aquisição de conhecimentos teóricos. A declaração dos montantes pagos é entregue pela entidade que faz o pagamento. 8 Sou professor, mas também faço investigação durante parte do ano. Para tal, recebo uma bolsa da universidade onde lecciono. Tenho de a declarar? Em regra, o regulamento que atribui a bolsa para investigação define o seu regime fiscal. Se não for este o caso, averigúe junto da entidade pagadora. Filhos menores Desde 2003, para o fisco, os menores sob tutela (na ausência dos pais, o poder paternal é confiado a outra pessoa) são equiparados aos filhos, mesmo que obtenham rendimentos. Também são equiparados aqueles que estiveram sob a tutela do responsável do agregado até atingir a maioridade: estudantes com menos de 25 anos e sem rendimentos anuais superiores à remuneração mínima nacional (6300 euros). O mesmo aplica-se quando frequentaram o 11.º ou 12.º anos de escolaridade ou um estabelecimento de ensino médio ou superior, ou cumprido serviço militar ou cívico. O tutor pode deduzir os encargos com a pessoa sujeita à tutela, por exemplo, despesas de saúde ou educação. 7 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Dado ser mais vantajoso para a instituição considerar o seu rendimento como da categoria B em vez da A, é, por norma, usado o regime da prestação de serviços. Nesse caso, o rendimento obtido com a bolsa é declarado como independente, no anexo B. Verifique junto da instituição que lhe paga o rendimento qual o regime fiscal a indicar na declaração. Se este for enquadrado na categoria B, tem de iniciar actividade (ver questão 28). 9 No período de entrega da declaração de IRS, vou estar fora do País. Sou obrigado a ter um procurador? Não. Pode entregar a declaração pela Net, desde que tenha senha de acesso. Caso contrário, peça a alguém para o fazer, como seu gestor de negócios. Esta deve identificar-se como tal, na declaração de rendimentos, no local previsto. Já os sujeitos considerados não residentes (ausentes do País durante mais de 6 meses) com rendimentos no território nacional são obrigados a nomear um cidadão, instituição ou empresa com residência ou sede em Portugal para os representar e cumprir os seus deveres fiscais. quadro 1 Quando o filho, adoptado ou enteado é dependente Idade em 31 de Dezembro de 2009 Menos de 18 anos Entre 18 e 25 anos (inclusive) Mais de 18 anos (sem limite) Situação Menores não emancipados e sob tutela Sem rendimentos superiores ao valor anual da remuneração mínima mensal ( 6300) e desde que tenha frequentado ou concluído, no ano a que o imposto respeita, pelo menos o 11.º ano de escolaridade ou cumprido o serviço militar ou cívico Quando inapto para o trabalho e para angariar meios de subsistência e não obtenha rendimentos mensais superiores à remuneração mínima mensal ( 450, em 2009) Na declaração do agregado familiar devem ser incluídos os rendimentos obtidos pelos dependentes.

Rendimentos obtidos no estrangeiro nos quadros 4 e 6 do anexo J 8 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos forem de trabalho dependente, ou no anexo B, se independente. Caso contrário, perde o estatuto de dependente e tem de entregar uma declaração individual. 11 O meu filho tem 19 anos e terminou o 12.º ano em Junho. Como não entrou para a universidade, ainda é considerado dependente? Os jovens com menos de 25 anos e rendimentos inferiores à remuneração mínima anual que não tenham entrado para a universidade (devido às vagas limitadas) podem ser considerados, excepcionalmente nesse ano, dependentes e incluídos na declaração de IRS dos pais. 12 Em 2009, passei mais de 180 dias a trabalhar fora de Portugal como trabalhador dependente. Sou considerado não residente? Em 2009, são consideradas residentes as pessoas que: viveram no País mais de 183 dias, seguidos ou não; ou permaneceram em Portugal menos de 183 dias, mas possuam, em 31 de Dezembro, habitação em condições que pressuponham a intenção de a manter e ocupar como residência habitual; ou, em 31 de Dezembro de 2009, sejam tripulantes de navios ou aviões ao serviço de entidades com residência ou sede em território português; ou desempenhem, no estrangeiro, funções ou comissões ao serviço do Estado Português. A condição de residente em território nacional, antes aplicada a todos os elementos do agregado, desde que aquela que o dirige residisse em Portugal, passou a ter excepção. No anexo J, indique o valor dos rendimentos obridos no estrangeiro, o imposto aí pago e o código do país (ver figura em cima). 13 Em 2007, fui despedido. Após um longo processo, recebi, em 2009, por ordem do tribunal, uma indemnização de 8400 relativa a: 2000 em 2007, 3000 em 2008 e 3400 este ano. Como a declaro? Só é obrigado a declarar rendimentos sujeitos a imposto dependentes de uma decisão do tribunal, quando a sentença for definitiva, ou seja, quando o recurso já não é possível. Assim, tem de incluir os 8400 como rendimento de trabalho dependente na declaração de 2009. O contribuinte é obrigado a inscrever o valor total recebido na declaração do ano em que a decisão judicial se torna definitiva. Quanto aos rendimentos da categoria A e H, pode imputá-los aos anos a que dizem respeito, até um máximo de 4. Esta opção é vantajosa para o contribuinte: o imposto a pagar sobre os rendimentos da categoria A pode ser menor porque o seu rendimento bruto desse ano, para efeitos de aumento da taxa, vai ter em conta o rendimento imputado a anos anteriores. Para declarar os montantes de anos anteriores, preencha o quadro 5 do anexo A (ver figura em baixo). Rendimentos de anos anteriores no quadro 5 do anexo A

Trabalho por conta de outrem > Deduções específicas 14 Qual é a dedução específica aos rendimentos de trabalho dependente obtidos em 2009? O valor varia, em primeiro lugar, com o montante dos rendimentos da categoria A. Estas estão ainda indexadas à remuneração mínima mensal ( 450, em 2009). Consulte-as no quadro 2. Vejamos alguns exemplos. Se obteve 20 000 em rendimentos da categoria A, a dedução específica é de 3888 (72% de 12 x 450 euros). A percentagem resulta da lei, o segundo valor corresponde aos meses do ano e o terceiro à remuneração mínima mensal. Se os rendimentos excederem 35 345,45, a dedução específica é igual ao valor das contribuições obrigatórias anuais para a segurança social (em regra, 11% sobre o rendimento bruto mensal). Caso o contribuinte tenha despesas com formação profissional, o limite de 3888 é elevado para 4050 euros. A frequência de cursos de formação (com entidade formadora reconhecida pelo Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho) ou o pagamento de quotas a ordens ou associações profissionais de inscrição obrigatória, como a Ordem dos Economistas ou dos Médicos, desde que indispensáveis para o exercício da sua actividade dependente, são exemplos dessas despesas. O contribuinte também pode deduzir aos rendimentos brutos da categoria A, até ao seu limite, as indemnizações que pagou pela rescisão unilateral do contrato de trabalho, de valor igual à remuneração de base, correspondente ao aviso prévio em falta ou resultante de sentença ou acordo judicial homologado. Também pode deduzir as quotas pagas a sindicatos, até 1% do rendimento bruto da categoria A, acrescidas de 50 por cento. Este acréscimo é feito automaticamente pelo fisco. Só tem de indicar, no campo 404 do quadro 4 do anexo A, o valor total das quotizações sindicais pagas. 15 Em 2009, ganhei 20 000 euros. Paguei 50 para o sindicato e 2500 por um curso de formação profissional. Qual a minha dedução específica? À partida, para 20 000, a dedução seria, segundo o quadro 2, de 3888 euros. Porém, este valor sobe para 4050, por ter gasto 2500 em formação profissional. Além disso, há a quotização sindical. Como a quota de 50 não ultrapassa 1% do rendimento bruto do leitor, também pode ser deduzida na totalidade e acrescida automaticamente em 50% (ou seja, 75 euros). Resultado: este ano, a sua dedução específica será de 4125 (4050 + 75). O contribuinte não tem de fazer estas contas. Basta indicar os montantes gastos no quadro 4 do anexo A, como mostramos na figura da pág. 12. 9 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Não há um campo para inscrever o valor da dedução específica: esta resulta da soma das deduções indicadas e cabe ao fisco calculá-la. O campo 403 do quadro 4 destina-se às Contribuições obrigatórias para regimes de protecção social, e para subsistemas legais de saúde. quadro 2 Deduções específicas aos rendimentos da categoria A em 2009 Montante anual por sujeito passivo Montante Sem limite Contribuintes em geral Até 35 345,45 3 888 (1) Indemnizações pagas pelo trabalhador por rescisão de contrato de trabalho Mais de 35 345,45 Contribuições obrigatórias para a Segurança Social Quotizações sindicais (até 1% do rendimento bruto, acrescidas em 50%) Prémios de seguro (doença, acidentes pessoais, vida, reforma e invalidez), nas profissões de desgaste rápido. (1) O limite é aumentado para 4 050, caso tenha despesas em formação profissional e/ou quotizações de ordens, e associações profissionais de inscrição obrigatória.

10 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Os valores pagos pelo contribuinte para regimes complementares de segurança social ou fundos de pensões são equiparados aos planos de poupança-reforma (PPR) para efeitos de benefício fiscal. Em 2006, com o retorno do benefício para as entregas de PPRs, estas prestações também passaram a usufruir do mesmo benefício fiscal (ver questão 106). Se está interessado em contratar um plano de poupança-reforma, consulte o dossiê da DINHEIRO & DIREITOS, n.º 96, que acompanha este guia. 16 Este ano, comecei a descontar para a segurança social relativamente a anos anteriores. Estes montantes serão tidos em conta no meu IRS? Sim, desde que relativos a contribuições para a segurança social de anos anteriores e tenham recaído sobre remunerações já pagas ou colocadas à disposição e, desde que obrigatórias. Nestas condições, podem ser abatidas na totalidade ao rendimento da categoria A no ano em que são pagas. Indique os montantes no campo 403 do quadro 4 do anexo A. As contribuições para a segurança social não relacionadas com remunerações efectivamente pagas já não são dedutíveis desde 2005. 17 Qual é a dedução específica aos rendimentos de trabalho por conta de outrem obtidos por deficientes? O valor desta dedução da categoria A não difere por o contribuinte apresentar um grau de deficiência permanente, igual ou superior a 60%, mesmo que devidamente comprovado. Assim, ao contrário do que acontecia até ao final de 2006, o valor da dedução é idêntico ao da generalidade dos contribuintes (ver quadro 2, na pág. 9). Remunerações em espécie ajudas de cu Subsídio de refeição Quantia paga aos trabalhadores para ajudar nos encargos com a alimentação nos dias de trabalho. É paga em dinheiro ou com senhas de refeição. Se a empresa pagar em dinheiro e o montante diário for igual ou inferior a 6,41, o subsídio está isento de IRS. Se o ultrapassar, a parte excedente tem de ser declarada como rendimento da categoria A. Caso a empresa pague em vales de refeição (ou equivalente), o limite de isenção sobe para 7,26 euros. Ajudas de custo Destinam-se a compensar o trabalhador por despesas em deslocações ao serviço da empresa, como alimentação e alojamento. Se ultrapassarem os limites do quadro 3, a parte excedente deve ser incluída na declaração de IRS. Subsídios de viagem e marcha A maioria das empresas costuma pagar o passe social e o subsídio por transporte em automóvel próprio. Como o valor do passe não excede, em regra, os limites fixados por lei, este subsídio não paga imposto. Consulte os limites no quadro 3. Abonos por falhas Pagos, por norma, a trabalhadores que lidam com dinheiro, por exemplo, empregados de balcão, bancários ou operadores de caixa registadora em hipermercados. Se os abonos por falhas não excederem 5% da remuneração mensal fixa estão isentos de IRS. Por exemplo, um trabalhador com ordenado de 1000 mensais ( 14 000 anuais), ganha, em média, contando com os subsídios de férias e Natal, 1166,67 mensais. Se o valor mensal deste abono for superior a 58,33 (5% de 1166,67), o excedente é considerado rendimento da categoria A. Utilização ilimitada de veículos É um exemplo de remuneração em espécie. O carro pertence à empresa, mas é cedido ao trabalhador para uma Contudo, foram criados outros benefícios fiscais que pode conhecer no capítulo sobre deduções à colecta, a partir da pág. 46. 18 Qual o valor da dedução específica para os rendimentos de trabalho dependente obtidos por profissionais com actividade de desgaste rápido? A administração fiscal considera como actividades de desgaste rápido as exercidas por mineiros, desportistas e pescadores. Além das deduções específicas destacadas no quadro 2 da pág. 9, estes profissionais podem deduzir, na totalidade, os prémios de seguros de doença, acidentes pessoais e de vida, que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou www.ecb.int A taxa de refinanciamento é definida pelo Banco Central Europeu

Trabalho por conta de outrem sto e subsídios utilização ilimitada, ou seja, o trabalhador também pode usá-lo na sua vida privada. Assim, todas as despesas, como combustível ou revisões são encargos da actividade da empresa. Se tem um carro atribuído através de contrato escrito, essa retribuição está sujeita ao seguinte regime: na atribuição para uso pessoal do carro, o rendimento anual corresponde ao resultado da multiplicação de 0,75% do custo de compra, pelo número de meses de utilização. Assim, se o usar durante 1 ano e tiver custado 25 000, terá de englobar 2250 ( 25 000 x 0,75% x 12) aos seus rendimentos; se o carro for comprado por si ou por um membro do seu agregado até 2 anos depois de ter deixado de originar encargos para a empresa, o rendimento anual a englobar aos restantes será a diferença positiva entre o valor de mercado (ver quadro 4) e o montante pago pela compra, com o rendimento sujeito a tributação. Recorrendo ao exemplo anterior, o carro foi vendido ao trabalhador 4 anos depois por um valor simbólico de 1000 euros. Como foi comprado pela empresa por 25 000, tem um valor de mercado de 11 250 ( 25 000 x 0,45). A diferença entre os 11 250 e os 1000 é o valor considerado como rendimento. Porém, como já teve 9000 sujeitos a imposto ( 2250 x 4 anos), o valor a declarar é 1250 [ 11 250 ( 1000 + 9000)]. Empréstimos Os empréstimos concedidos por uma empresa aos seus trabalhadores, sem juros ou com taxa de juro reduzida, estão sujeitos a IRS como rendimento da categoria A. Caso se destinem à compra de habitação própria e permanente de valor inferior a 134 675,43 e com taxa de juro igual ou superior a 65% da menor taxa de refinanciamento fixada pelo Banco Central Europeu (1% a partir de 13 de Maio de 2009), não são tributados. Pagamento de viagens O pagamento pela entidade patronal, de viagens e estadas de turismo não relacionadas com as funções exercidas pelo trabalhador ao serviço dessa empresa são considerados rendimentos da categoria A. Logo, tem de ser incluído na declaração. Formação profissional O pagamento de cursos é vantajoso para o trabalhador: vê o seu currículo melhorado e são essenciais para exercer melhor a profissão. Estas despesas são aceites como um custo da actividade da empresa e não têm de ser declaradas. Valores mobiliários Quando celebrados pela entidade patronal, os ganhos resultantes de acordos sobre acções, obrigações ou outros valores mobiliários ou direitos equiparados são considerados rendimentos da categoria A e têm de ser declarados. As entidades estabelecidas em Portugal são obrigadas a ter um registo actualizado dos beneficiários destes planos de opções com o número de contribuinte, código do serviço de finanças, data de exercício e subscrição, venda, valores e preços, entre outros. Devem ainda entregar aos beneficiários dos produtos uma declaração com estes dados até 20 de Janeiro de cada ano e a reportar à Direcção-Geral dos Impostos os elementos até 30 de Junho de cada ano. quadro 3 Subsídios e ajudas de custo isentos de tributação Designação Isenção máxima ( ) Subsídio de refeição (por dia de trabalho) Pago em dinheiro 6,41 Pago em senha de refeição 7,26 Ajudas de custo (por dia) Deslocações no País 62,75 Deslocações no estrangeiro 149,91 Subsídios de viagem e de marcha (por quilómetro) Transporte em automóvel próprio 0,40 Transporte em veículos de carreiras de serviço público (no comboio, por exemplo) 0,12 Transportes em automóveis de aluguer (num táxi, por exemplo) - um funcionário 0,38 - dois funcionários em conjunto 0,16/cada - três ou mais funcionários em conjunto 0,12/cada A parcela dos subsídios que exceda os limites é considerada rendimento da categoria A e deve ser declarada pelo contribuinte. quadro 4 Coeficientes de aquisição de viatura Coeficiente Anos de desvalorização 0 0,00 1 0,80 2 0,65 3 0,55 4 0,45 5 0,35 6 0,30 7 0,25 8 0,20 9 0,15 10 ou superior 0,10 Para saber o valor de mercado, multiplique o preço de compra pelo coeficiente correspondente à idade. Exemplo: um carro de 2005 por 25 000 valerá, para o fisco, 11 250 ( 25 000 x 0,45). 11 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos

de reforma por velhice. No último caso, desde que não inclua o pagamento, por resgate ou adiantamento, de capital em vida nos primeiros 5 anos do contrato e desde que o benefício só seja gozado depois dos 55 anos. Inscreva o valor do seguro contrado no quadro 4 do anexo A, indique o código 409 referente a Prémios de seguros no âmbito de profissões de desgaste rápido. Só a opção pelo englobamento permite deduzir os montantes gastos em prémios de seguro previstos para as profissões de desgaste rápido (mineiros, desportistas e pescadores). subtraído ao imposto encontrado. As retenções na fonte sobre os rendimentos da categoria A são obrigatórias. Quando o fisco apurar, em 2010, o imposto a pagar, as importâncias retidas em 2009 serão descontadas à colecta (ver Glossário, na pág. 62), para apurar se tem de pagar mais imposto ou se será reembolsado. Indique, no campo 402 do quadro 4 do anexo A, o valor total das retenções na fonte feitas ao longo do ano (sobre os rendimentos da categoria A) e, no quadro 7, identifique a entidade pagadora. Para issso, consulte o documento comprovativo dessas retenções (a chamada declaração de rendimentos auferidos), que a entidade patronal entrega até 20 de Janeiro de 2010. 12 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos > Retenções na fonte 19 Para que servem as retenções na fonte feitas sobre os meus rendimentos de trabalho por conta de outrem? São obrigatórias ou opcionais? Em regra, as retenções na fonte são pagamentos mensais por conta de imposto. As entidades que pagam rendimentos da categoria A devem, quando os colocam à disposição do trabalhador, descontar um certo montante, que será, mais tarde, entregue ao Estado. No cálculo do imposto, o valor da retenção é 20 Vou casar-me em Novembro de 2009. Tenho de avisar a entidade patronal? Sim. Quando o agregado familiar muda, é preciso comunicar à entidade patronal, para se actualizar a taxa de retenção na fonte. Quando, por causa do trabalhador, não entre nos cofres do Estado o imposto devido (retenção), o contribuinte pode ter de pagar mais imposto ou receber um reembolso inferior, no ano seguinte. Ao proceder à liquidação de IRS, o fisco facilmente pode verificar, tendo em conta a composição do agregado, se foi feita a retenção na fonte certa. A redução indevida das retenções na fonte por iniciativa do contribuinte é uma contra-ordenação penalizada com coima (10% a 50% do imposto em falta). Rendimentos, retenções, deduções e contribuições de trabalho dependente no quadro 4 do anexo A 21 Sou deficiente motor. Posso gozar de algum benefício em relação aos rendimentos de trabalho dependente? Aos cidadãos com um grau de invalidez igual ou superior a 60% aplicam-se tabelas de retenção na fonte mais baixas do que aos restantes contribuintes. A avaliação do grau de invalidez tem de ser feita por uma entidade competente. Para tal, dirija-se ao centro de saúde da sua área de residência e peça um relatório médico. Depois, faça um requerimento dirigido ao Adjunto do Delegado Regional de Saúde e entregue-o ao Delegado Concelhio de Saúde da sua residência habitual, acompanhado dos relatórios Identificação da entidade patronal no quadro 7 do anexo A

Trabalho por conta de outrem médicos e meios de diagnóstico complementares. O Adjunto do Delegado Regional de Saúde convocará uma Junta Médica a realizar até 60 dias a contar da data da entrega do pedido. Caso pertença às Forças Armadas, Polícia de Segurança Pública ou Guarda Nacional Republicana, recorra aos serviços médicos respectivos. Se já tem um certificado comprovativo, entregue uma cópia no seu local de trabalho, para lhe aplicarem as taxas de retenção na fonte adequadas. Guarde o original deste certificado, para comprovar a sua deficiência, quando precisar. colecta. Pode deduzir 30% das despesas de educação e reabilitação, devidamente comprovadas, sem nenhum limite, e 25% dos prémios de seguros de vida até 15% da Em 2007, terminou a dedução específica para deficientes superior à dos restantes trabalhadores (ver questão 17), tal como as partes de rendimento não sujeitas a dedução (ver questão 79). No entanto, foi criado um regime transitório para tributar os rendimentos brutos dos contribuintes deficientes: dos obtidos em 2009, o fisco só considera 90 por cento. Para usufruir de benefícios no IRS, indique o seu caso no quadro 3 A do modelo 3 (ver figura em baixo) e o seu rendimento total no quadro 4. Se pretende mais informações sobre o grau de invalidez, consulte a DINHEIRO & DIREITOS n.º 94, de Julho de 2009. 22 Em Abril de 2009, saí da empresa onde trabalhava desde Março de 2004. Como cheguei a acordo, recebi uma indemnização. Tenho de declará-la? Os montantes recebidos pelo trabalhador, por extinção do vínculo laboral (independentemente do tipo de contrato e modalidade da extinção), estão isentos de tributação até ao valor correspondente a uma vez e meia a remuneração média mensal regular dos últimos 12 meses, multiplicada pelo número de anos ou respectiva fracção ao serviço da empresa. Considera-se como remuneração a totalidade dos montantes pagos a título de retribuição com natureza regular. Estão excluídos, por exemplo, os prémios de produtividade. www.inr.pt Mais direitos e benefícios dos cidadãos com deficiência no sítio do Instituto Nacional para a Reabilitação Seis tabelas de retenção A taxa de retenção na fonte a aplicar ao salário depende do estado civil do contribuinte, composição do agregado familiar, vencimento mensal e do trabalhador (ou algum elemento do agregado) ter, ou não, um grau de invalidez permanente igual ou superior a 60 por cento. Para os residentes nos Açores ou Madeira aplicam-se tabelas específicas. Há seis tabelas de taxas de retenção na fonte. Para conhecer a que se aplica ao seu caso, peça uma fotocópia na empresa onde trabalha ou num serviço de finanças. Também pode pedi-la ao nosso serviço de informações (808 200 148). Se tem acesso à Net, pode obtê-la no nosso sítio (www.deco.proteste.pt) ou no da Direcção-Geral dos Impostos (www.portaldasfinancas.gov.pt). Quando houver uma alteração na composição do agregado familiar (nascimento de um filho, por exemplo), bem como no estado civil, deve comunicá-la à sua entidade empregadora (ver questão 20). Assim, caso se justifique, a taxa de retenção na fonte que incide sobre o seu ordenado é actualizada. 13 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Identificação do contribuinte e grau de invalidez no quadro 3 A do modelo 3

Profissionais independentes > Regime simplificado 14 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos www.deco.proteste.pt/despedimento Calcule a indemnização se for despedido O valor da indemnização isenta de tributação é calculado assim: número de anos de trabalho x remuneração média regular (valor mensal) dos últimos 12 meses x 1,5. Quando o período de trabalho for parte de um ano, para o cálculo, conta o ano inteiro. A isenção de tributação não é concedida, se o trabalhador tiver, nos últimos 5 anos, beneficiado de uma isenção total ou parcial semelhante. O mesmo acontece se, nos 24 meses seguintes à rescisão do contrato, estabelecer um novo vínculo com a mesma entidade empregadora ou com outra que faça parte do mesmo grupo. Como trabalhou 4 anos e 1 mês, consideram-se 5 anos. Se ganhou, por exemplo, 1500 brutos na média dos 12 meses anteriores à data da rescisão, a indemnização estaria isenta até 11 250 ( 1500 x 1,5 x 5). Assim, se a indemnização fosse, por exemplo, de 20 000, excedendo em 8750 o limite legal, o contribuinte deveria declarar esta diferença como rendimento da categoria A. A parcela não isenta de tributação é indicada, com os restantes rendimentos brutos da categoria A, no campo 401 do quadro 4 do anexo A. Já a parcela que ultrapassa o limite indicado é tributada na fonte pela empresa. A taxa de retenção é a que corresponder ao montante não isento, na respectiva tabela, aplicada ao trabalhador (como se fosse um salário). 23 O que é o regime simplificado? Como independente, estou abrangido por esse regime? Até 2001, quem não tinha contabilidade organizada e contava com um valor de prestação de serviços ou volume de vendas inferior a 99 759,58 e a 149 639,37, respectivamente, ficou abrangido pelo regime simplificado por 3 anos, prorrogável automaticamente por iguais períodos. Desde 2006, os contribuintes com rendimentos inferiores aos referidos podem optar pela contabilidade organizada, entregando uma declaração de alterações até ao final de Março do ano em que pretendem usá-la, mesmo se não cumprirem os 3 anos. Se só iniciou actividade em 2009 e não optou pela contabilidade organizada, também ficou automaticamente abrangido pelo regime simplificado. Neste novo regime, deixaram de ser aceites como dedução as despesas que os independentes suportaram, excepto quando os rendimentos são considerados acessórios (ver questão seguinte). Desde 2007, o fisco considera que 70% dos rendimentos de cada profissional correspondem a rendimentos líquidos e os restantes 30% a despesas necessárias para prestar o serviço. Mas é preciso que não exerça a sua actividade no ramo hoteleiro, de restauração e bebidas, nem os ganhos resultem da venda de mercadorias e produtos. Se for o seu caso, o fisco tem em conta 20% do total dos montantes ganhos, como rendimento sujeito a imposto. 24 A colecta mínima é aplicada independentemente do que ganhar por ano? Neste regime, há um valor mínimo sujeito a imposto, independentemente dos rendimentos obtidos. Em 2009, é de 3150 (metade do valor anual da retribuição mínima). Indemnizações não isentas de tributação no quadro 4 do anexo A Porém, esta colecta nem sempre é aplicada. O fisco distingue quem tem rendimentos obtidos só pela prestação de serviços de quem, além da categoria B, apresenta outros ganhos (como trabalho dependente). Rendimentos da categoria B no quadro 4 A do anexo B

Optar pela categoria A só é vantajoso para alguns Os trabalhadores da categoria B, que prestam serviços a uma única entidade, podem optar pela tributação dos rendimentos segundo as regras da categoria A (ver questão 25). Mas se o fizerem, têm de manter a opção durante 3 anos. Porém, se começarem a prestar serviços a mais do que uma entidade, deixam de ter essa obrigação. Esta opção pode ser muito vantajosa para os contribuintes só com rendimentos da actividade independente ou, ao mesmo tempo, com rendimentos de outras categorias que não a A, pois permite usufruir da dedução específica da categoria A. Mas não é interessante se também obtiver rendimentos da categoria A. Comecemos pelos primeiros. Se, em 2009, ganhar, na categoria B, até 4500 ( 3150 70%), em princípio, não suportará imposto. Ou, se não apresentar despesas (por exemplo, de educação e saúde), terá de entregar ao fisco até 83,25 euros. Este valor resulta do seguinte cálculo: 3150 x 10,5% 247,50, em que os 10,5% correspondem à taxa mínima de imposto e os 247,50 à dedução à colecta fixa para contribuintes não casados. Pode ainda ser tributado pelas regras da categoria A (ver caixa em cima e questão seguinte). Em 2009, o Alexandre obteve 7500 por serviços prestados a uma entidade. No regime simplificado, o fisco considera como rendimento sujeito a imposto 70%, ou seja, 5250 euros. A dedução específica do Alexandre foi de 2250 (7500 5250 euros). Se optasse pela categoria A, a dedução específica seria de 3888 (ver quadro 2, na pág. 9). Assim, só ficam sujeitos a imposto 3612 ( 7500 3888), logo, menos 1638 do que no caso anterior (5250 3612 euros). Em suma, se teve rendimentos anuais de trabalho independente até 12 960 por serviços prestados a uma única entidade e não optar pela contabilidade organizada, é mais vantajoso seguir as regras da categoria A, desde que não tenha rendimentos desta última. Abaixo deste valor, a dedução específica da categoria A é sempre superior ao rendimento não considerado pelo fisco no regime simplificado. Esta opção não é aconselhada para quem também tem rendimentos da categoria A, pois o fisco só vai deduzir o valor de uma dedução específica à soma dos rendimentos das categorias A e B. 25 Além de rendimentos de outras categorias, que não a A, obtive como independente 3500 euros. Como será tributado este último? Como o rendimento bruto da categoria B é superior a 3150, pode ser tributado de dois modos. Se resultar de uma só entidade e o contribuinte optar pela categoria A, aplica-se a dedução específica desta categoria no cálculo do imposto. 15 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos No segundo caso, quem também recebe rendimentos de outras categorias, à partida, não tem de se preocupar. Se os rendimentos obtidos como independente são considerados acessórios (ou seja, não ultrapassam 3150 nem representam mais de metade dos restantes ganhos do contribuinte e agregado), não se aplica a colecta mínima. São considerados acessórios e aplicam-se as regras do acto isolado (ver questão 30, na pág. 18). É cobrado o imposto sobre o valor dos recibos passados, depois de descontadas as despesas necessárias com o acto prestado. Caso o rendimento exceda 3150 ou represente mais de metade dos rendimentos das restantes categorias, a taxa de IRS varia entre 10,5% e 42%, consoante o total englobado de cada contribuinte. O fisco determina se o seu rendimento é considerado acessório ou não. O leitor só tem de mencionar o rendimento no quadro 4 A do anexo B (ver figura ao lado). Caso não opte pela categoria A ou as prestações de serviços tenham sido feitas a mais de uma empresa, o rendimento líquido da categoria B resulta da aplicação de 0,70 com o mínimo de 3150 euros. Se o rendimento bruto da categoria B fosse inferior a 3150 (metade do valor anual da remuneração mínima 168 páginas de direitos e obrigações de quem trabalha por conta própria Encomendas Telefone: 808 200 146 E-mail: assinaturas@deco.proteste.pt Loja: www.deco.proteste.pt/loja

quadro 5 Deduções específicas para rendimentos de acto isolado ou acessórios Encargos dedutíveis Exemplo Limite (1) Bens de consumo utilizáveis no exercício da actividade profissional No caso de um arquitecto: papel e canetas, por exemplo 16 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Rendas e prestações com o aluguer de instalações e equipamentos; seguros, combustível, manutenção, conservação, Imposto Municipal sobre Veículos e Imposto Único de Circulação esquema 2 Valorização e representação profissional Outras despesas necessárias à realização do acto isolado Deslocações, viagens e estadas relacionadas com a actividade Devo declarar o início de actividade como independente? Aluguer de equipamento ou automóveis Refeições e cursos de formação e valorização profissional em Portugal e no estrangeiro Todas as despesas não incluídas nas restantes rubricas, como fotocópias Deslocações em viatura própria, estadas em hotéis, bilhetes de comboio (1) Além destes limites, o fisco só considera as despesas até ao montante do rendimento obtido. Sem limite 10% sobre o rendimento bruto do acto isolado mensal para 2009) e inferior a metade dos restantes rendimentos englobados, o rendimento líquido seria encontrado depois de retirados os custos necessários para o obter (ver questão 30). A prestação de serviços que vai realizar é um acto esporádico? Não, pretendo continuar Sim, será um acto único No passado, já efectuou algum acto isolado de prestação de serviços? 26 Obtive um rendimento bruto total de 3500, proveniente do meu trabalho de ilustrador, enquanto independente. Como serei tributado? O rendimento líquido será de 3150 euros. Para um rendimento bruto inferior a 4500, o fisco assume sempre 3150 euros. Se o rendimento bruto fosse superior a 4500, o líquido resultaria da aplicação do coeficiente de 0,70. Sim Não O contribuinte deve indicar este rendimento no campo 403 do quadro 4 A do anexo B. Tem de declarar o início de actividade e cumprir as obrigações declarativas e de registo dos profissionais independentes (ver quadro 7, na pág. 27) Este acto era previsível e/ou resulta de uma prática contínua? Sim Não Opte pelo acto isolado, em vez de declarar o início de actividade 27 Vale a pena optar pela contabilidade organizada, para não me ser aplicado o regime simplificado? Até à criação do regime simplificado, não era vantajoso optar pela contabilidade organizada, quando a isso não era obrigado. Com este regime, o cenário é bastante diferente: as despesas, que constituíam a dedução específica desta categoria, deixaram de ser incluídas na declaração de IRS, o que pode influenciar o imposto a pagar. Só a opção pela contabilidade organizada permite deduzir estas despesas quase nos mesmos moldes. No entanto, os trabalhadores com contabilidade organizada são obrigados a entregar a

Profissionais independentes declaração de IRS e restantes declarações de carácter fiscal assinadas por um Técnico Oficial de Contas (inscrito na respectiva associação profissional). Apesar de dedutível, considere o encargo acrescido com o técnico que lhe cuidar das contas. Não há uma tabela com valores mínimos a cobrar por este serviço. Não se esqueça de que até ao último dia de Junho deve formar um dossiê com a documentação fiscal de cada ano. Tem de o guardar no seu domicílio fiscal durante 10 anos. Se tiver contabilidade organizada, preencha o anexo C e não o B. Se tiver rendimentos e bastantes despesas dedutíveis da categoria B (em regra, superiores a 30% do rendimento obtido), opte pela contabilidade organizada. > Início de actividade 28 Quais as obrigações de um contribuinte que pretende iniciar actividade na categoria B? Antes de começar a exercer a actividade, tem de cumprir várias formalidades. Primeiro, dirigir-se a um serviço de finanças, para declarar o seu início, verbalmente ou entregando a declaração de início de actividade preenchida. Também já pode abrir, alterar ou cancelar actividade pela Net (www.portaldasfinancas.gov.pt). Para isso, precisa da chave de acesso e, no sítio, seguir: Entregar > Actividade (ver caixa, na pág. 19). Tem ainda de indicar se opta ou não pela contabilidade organizada. Se não o fizer, pode ficar sujeito ao regime simplificado durante 3 anos, prorrogável por iguais períodos. Se não quiser continuar no regime simplificado e decidir mudar para a contabilidade organizada, tem de entregar uma declaração de alterações até ao final de Março do ano em que pretende usar a contabilidade organizada. De seguida, deve comprar, numa tesouraria da fazenda pública, um livro de recibos verdes (modelo 6). Por cada montante obtido pelos serviços prestados, emita um recibo (ver pág. 18). Independentemente de precisar ou não de contabilidade organizada, o contribuinte é obrigado a emitir uma factura ou documento equivalente por cada transmissão de bem ou serviço, assim como pelos adiantamentos. Se é empresário em nome individual, não tem de adquirir recibos verdes, mas encomendar facturas numa tipografia autorizada (ver caixa Requisitos da factura, na pág. 28). Apure ainda se está, ou não, obrigado a cobrar IVA e se tem de entregar a declaração periódica (ver questão 33). Tem de comprar um livro de registo de serviços prestados (modelo 8), para mencionar as receitas até 60 dias após a recepção do dinheiro. Se não ficar isento de IVA, compre o livro de registo das despesas (modelo 9). Ambos são adquiridos em papelarias e não nas finanças. 17 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Acto isolado 6 etapas a memorizar A declaração deve conter: indicação de que é um acto isolado; dados do contribuinte e da entidade pagadora; data da prestação do serviço e respectivo pagamento; valor ilíquido recebido; valor da retenção na fonte (se ocorrer); montante do IVA suportado. Um exemplar fica com o contribuinte, como comprovativo para efeitos fiscais, e a entidade pagadora com outro, como prova do pagamento. O terceiro exemplar deve ser entregue nas finanças da área de residência do contribuinte, até ao último dia do mês seguinte ao do fim do serviço. Opção acertada para a carteira Se não está colectado, o acto isolado é a melhor opção para prestar serviços de forma muito esporádica e sem carácter de continuidade. Não tem de cumprir várias obrigações fiscais e fica isento da colecta mínima. Porém, se não tem despesas superiores a 30% do rendimento que obteve, colectar-se no regime simplificado também pode ser uma opção interessante.

18 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Caso já seja trabalhador por conta de outrem, pode pedir, na sua delegação regional da segurança social, a isenção do pagamento de contribuições, desde que a sua entidade patronal desconte, todos os meses, 11% aos seus rendimentos da categoria A. 29 Ao ficar abrangido pelo regime simplificado, nunca mais poderei optar pela contabilidade organizada? Se ficar abrangido pelo regime simplificado, este será aplicado durante 3 anos. É prorrogável por iguais períodos. Se quiser mudar para a contabilidade organizada, entregue uma declaração de alterações até ao final de Março do ano em que a pretende usar. Quanto às prestações de serviços, o regime simplificado termina quando: obtiver um rendimento superior a 99 759,58 durante dois períodos de tributação seguidos; num só período, este limite for ultrapassado em, pelo menos, 25%, com um total de rendimentos superior a 124 699,47 euros; se o titular dos rendimentos optar pela contabilidade organizada. Assim, o regime da contabilidade organizada inicia automaticamente a partir do ano fiscal seguinte ao da verificação de uma destas situações. 30 O acto isolado pode ser vantajoso? No cálculo do rendimento sujeito a imposto e recorrendo ao regime do acto isolado, há que distinguir duas situações: quem ainda não está colectado como profissional independente, mas pretende fazer prestação de serviços, e quem já está colectado como independente. Só quem ainda não se inscreveu nas finanças como independente, pode optar por esta forma de tributação, desde que cumpra os requisitos indicados em baixo (ver Não colectado como independente). Quem já está inscrito, também pode vir a ser tributados segundo as regras do acto isolado. Mas, ao contrário dos primeiros, tal é automaticamente aplicado pelo fisco aquando do cálculo do imposto, desde que o rendimento da categoria B seja considerado acessório (ver questão 24). > Não colectado como independente Quem ainda não está colectado como profissional independente, mas quer prestar um serviço remunerado, pode optar pela tributação segundo as regras do acto isolado, desde que a prestação não tenha um carácter previsível e contínuo. Neste caso, a grande vantagem do acto isolado é a sua simplicidade: dispensa o trabalhador de grande parte dos aspectos burocráticos com a declaração de início de actividade. Porém, há requisitos importantes a cumprir em matéria de IVA. Além disso, aos actos isolados não se aplica o regime simplificado, permitindo apresentar despesas com a actividade. Logo, a colecta mínima de 3150 (ver questão 24) também não se aplica. Modelo 6 Recibo verde A opção pelo acto isolado tem algumas implicaçõesespecíficas (no IVA, por exemplo), sobretudo para a- entidade que paga o serviço. Por isso, convém comunicar-lhe essa intenção desde o início. Ao contrário dos independentes inscritos, um contribuinte que pratique um acto isolado não pode passar recibos verdes. Estes só podem ser adquiridos depois de declarar o início de actividade como independente. Neste caso, como não há declaração, também não há recibos. Em vez disso, o prestador do serviço emite, após a sua conclusão, uma declaração formal, em triplicado e elaborada de acordo com a minuta que apresentamos na pág. 17. Um acto isolado pressupõe sempre a cobrança de 20% de IVA (14%, nas regiões autónomas) sobre o valor combinado para a prestação do serviço. Essa percentagem deve ser entregue nas finanças da área de residência do contribuinte, até ao último dia do mês seguinte ao da conclusão do serviço. Não precisa de preencher documentos suplementares; basta apresentar, na mesma altura, a declaração de acto isolado. Porém, alguns serviços de finanças exigem o preenchimento de uma declaração trimestral de IVA. Não é obrigatório reter na fonte rendimentos resultantes de actos isolados de natureza comercial, industrial, agrícola ou pecuária.

Profissionais independentes Na prestação de serviços, só é obrigatório reter a uma taxa de 10% se o acto isolado ultrapassar 10 000 euros. Tal não impede o contribuinte de fazer a retenção por iniciativa própria. Se o fizer, pode evitar surpresas desagradáveis mais tarde. De facto, isenção de retenção não é sinónimo de isenção de imposto. Assim, quando já não contar com a despesa, um contribuinte que não tenha retido na fonte pode ter de pagar algumas dezenas ou centenas de euros (consoante o montante pago e as deduções efectuadas) na altura de apurar o imposto. Além de ter de efectuar pagamentos por conta 2 anos mais tarde (ver questão 32). O rendimento obtido através do acto isolado deve ser declarado no quadro 4 do anexo B, e no mesmo anexo, o montante de eventuais retenções. Estes dados também têm de ser confirmados pela entidade que pagou a prestação do serviço, até 20 de Janeiro do ano seguinte àquele em que o rendimento foi pago. > Colectado como independente Vamos à segunda situação: quem está colectado como profissional independente e obtém rendimentos de outras categorias, por exemplo, trabalho por conta de outrem (categoria A) ou rendimentos prediais (categoria F). Neste caso, se o ganho da categoria B for igual ou inferior a 3150 e não ultrapassar metade do total dos restantes rendimentos brutos declarados pelo contribuinte ou pelo agregado familiar, é considerado um rendimento acessório e tributado pelas regras do acto isolado. Para quem já exerce a actividade independente, uma forma de evitar a colecta mínima passa por considerar como acessórios certos rendimentos. Isto, sem que as obrigações declarativas sejam alteradas, nomeadamente o preenchimento do recibo verde. Assim, se tem rendimentos de outras categorias e recebeu, em 2009, um montante igual ou inferior a 3150 brutos na categoria B (metade do valor anual da remuneração mínima nacional Livro de registo obrigatório Os contribuintes que façam prestação de serviços e não sejam obrigados a possuir contabilidade organizada têm de adquirir um livro de registo de serviços prestados (modelo 8). Apesar de o livro de registo de despesas não ser obrigatório para o profissional abrangido pelo regime simplificado, este pode vir a ficar no regime normal de IVA e, nesses casos, o livro modelo 9 já é obrigatório. Preencher até 60 dias Estes livros devem ser adquiridos quando declarar o início da actividade, nos serviços de finanças ou em papelarias autorizadas. Os livros, custam 4,10 (modelo 8) e 3,30 (modelo 9) e têm um prazo máximo de 60 dias para o registo e preenchimento das operações de cada mês. Nestes, as receitas devem ser indicadas cronologicamente. Na prática, no livro modelo 8, os profissionais independentes devem discriminar todos os recibos verdes emitidos. Penalizações Apesar de obrigatório, o preenchimento destes dois livros é, muitas vezes, descurado pelos trabalhadores independentes. Se for o seu caso, está em infracção. A falta dos livros de registo é punida com uma coima entre 150 e 7500 euros. Estes dois livros e os documentos que servem de base ao seu preenchimento, devem ser conservados durante 10 anos no seu domicílio fiscal. Os contribuintes que não são obrigados a ter contabilidade organizada, mas possuem um sistema contabilístico que permita apurar o imposto, podem, depois de avisar a Direcção-Geral dos Impostos, não usar os livros. 19 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Abrir e encerrar actividade pela Net Desde 1 de Março de 2007, os titulares de rendimentos da categoria B já não têm de informar os serviços da segurança social quando abrem actividade junto dos serviços do fisco. O mesmo sucede para quem quer cancelar ou suspender actividade. Graças ao cruzamento de informação entre o fisco e a segurança social, o primeiro informa o segundo da abertura, suspensão ou cancelamento de actividade. Porém, caso os serviços da segurança social precisem, por exemplo, de uma informação que a administração fiscal não possa dar, entram em contacto com o contribuinte, que é obrigado a colaborar. www.portaldasfinancas.gov.pt Pode abrir, alterar ou cancelar actividade no sítio da DGCI

Provas para deduzir 20 Guia Fiscal 2009 Dinheiro&direitos Os contribuintes abrangidos pelo regime simplificado não precisam de guardar os documentos comprovativos das despesas com a actividade, por exemplo, as facturas dos almoços com clientes, do combustível e da compra de um computador. Porém, tendo em conta o regime dos rendimentos acessórios (quando há rendimentos de outras categorias, e os da categoria B não ultrapassam 3150, nem representam mais de metade do valor das outras), existem excepções. Devido à natureza de certas actividades (com rendimento incerto, como é o caso de um tradutor), alguns contribuintes têm dificuldade em avaliar se, nesse ano, os seus rendimentos da categoria B serão superiores a 3150 euros. Se forem inferiores a esse valor e não representarem mais de metade dos de outras categorias, aplicam-se as regras do acto isolado. Assim, para poder deduzir as despesas necessárias para realizar a sua actividade, o contribuinte deve guardar os comprovativos desde o ínicio do ano. Se não o fizer, corre o risco de concluir, mais tarde, que o seu rendimento vai ser considerado acessório. No entanto, se não guardar nenhum comprovativo de despesas, nada pode indicar no quadro 9 do anexo B, ou, então, no âmbito de uma inspecção tributária, não tem documentos que justifiquem essas despesas, apesar de as ter mencionado na declaração de IRS (se for o caso). Despesas dos rendimentos acessórios no quadro 9 do anexo B para 2009), e esse valor não ultrapassa metade do total dos restantes rendimentos brutos declarados pelo próprio ou pelo agregado, são aplicadas as regras do acto isolado. Neste caso, os rendimentos da categoria B são considerados acessórios. Como aos actos isolados e rendimentos considerados acessórios não é aplicável o regime simplificado, o rendimento total está sujeito a imposto. A taxa incide sobre o rendimento líquido resultante da dedução dos custos necessários à obtenção do rendimento (ver quadro 5, na pág. 16). Por exemplo, aos 2500 de rendimento bruto vão ser deduzidas despesas com eventuais deslocações e refeições, ou seja, os custos correspondentes ao período em que foi praticado o acto isolado, dentro dos limites referidos no quadro 5. Contudo, não são aceites despesas que pressuponham a prática previsível e contínua de uma actividade independente (por exemplo, a amortização de um computador ou de um veículo ligeiro). > Obrigações acessórias 31 Até Março de 2008, passava recibos verdes. Mas, desde Abril de 2008, trabalho por conta de outrem e deixei de os passar. Em que fase devo apresentar a minha declaração de IRS? Tem de entregar a declaração na 2.ª fase, entre 16 de Abril e 25 de Maio, pela Net. Preencha o anexo A da declaração Modelo 3 para o trabalho dependente e o anexo B para o trabalho independente (recibos verdes). Se cessou a actividade independente, indique-o no quadro 12 do anexo B. 32 Os trabalhadores independentes estão sempre obrigados a fazer pagamentos por conta? Depende. Os pagamentos por conta são uma espécie de adiantamento sobre o imposto a pagar: surgem como um complemento ou substituem as retenções na fonte. Quem inicia a sua actividade não tem de se preocupar de imediato: só a partir do terceiro ano (inclusive) é que pode ser obrigado a fazê-lo. Por exemplo, se iniciar a actividade em 2009, só pode ficar sujeito a pagamentos por conta a partir de 2011. O cálculo dos pagamentos é feito pelo fisco, com base nos rendimentos do penúltimo ano. O valor de cada pagamento corresponde a um terço de 75% do montante calculado. O valor será indicado na nota de apuramento de imposto do ano anterior àquele em que devem ser pagos. Durante os meses de Junho, Agosto e Novembro do ano a que respeitam, o fisco envia ao contribuinte as respectivas notas de pagamento. Estas têm o mesmo valor e devem