PRODUTIVIDADE DE RAÍZES DE AIPIM (c.v. VASSOURINHA) EM FUNÇÃO DA CONDIÇÃO HÍDRICA E DO SOLO MODIFICADO POR DIFERENTES COBERTURAS Autores:Tuan Henrique Smielevski de SOUZA 1,2, Lucas Almeida da SILVA 2, Diogo Policarpo SEMPREBON 2, Jonas MARTIGNAGO 2, Diou Roger Ramos SPIDO 2, Gabriel Almeida da SILVA 2, Catarina CASTANHA 2, Luciano STRECK 3. 1 Instituto Federal Catainense, Câmpus Santa Rosa do Sul/SC; Bolsista PIBITI-CNPQ; tuan_henrique@hotmail.com 2 Instituto Federal Catarinense, Câmpus Santa Rosa do Sul/SC; Alunos do curso de Engenharia Agronômica; 3 Instituto Federal Catarinense, Câmpus Santa Rosa do Sul/SC; Professor Orientador. Introdução A região Centro-Sul do Brasil, compreendida pelos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, apresenta o sistema de produção da mandioca mais intensivo do País e, talvez, do mundo, com utilização de variedades melhoradas, mecanização de diferentes etapas da produção (Otsubo et al. 2013). A mandioca destaca-se pela histórica identidade e importância sócio-econômica no extremo sul de Santa Catarina, pois abastece inúmeras fábricas de polvilho azedo, fécula e farinha dessa região. Em média, no estado, são colhidas anualmente 32.000 hectares que geram cerca de 6.400 empregos diretos nas lavouras. Do total de raízes produzidas, estima-se que 150 mil toneladas sejam destinadas para a fabricação da farinha, 150 mil toneladas para a produção de polvilho e fécula e 300 mil toneladas sejam consumidas "in natura". Com o advento do sistema do plantio direto, vem se modificando o plantio não apenas desta cultura, mais sim de várias culturas. A inovação tecnológica vem a agregar e incorporar valor ao produto final do agricultor. Muito se pensa em tecnologia com o uso de maquinário sofisticado, entretanto, ações simples como a cobertura do solo podem alavancar a produção da mandioca. Segundo Streck et al. (1994), qualquer cobertura de solo modifica as condições térmicas, disponibilidade e gasto de água pelas culturas. Ainda ressaltam que as formas diferentes de coberturas apresentam interações distintas com o solo e a cultura e consequentemente aventa-se que podem determinar resultados particulares em raízes tuberosas de aipim. Com o intuito de avaliar a interferência, da condição hídrica do solo modificada pelo uso de cobertura do solo, sobre os aspectos produção, número de raízes e comprimento realizou-se o referente trabalho.
Material e Métodos O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Federal Catarinense - Campus Santa Rosa do Sul localizado na cidade de Santa Rosa do Sul - (SC), em Cambissolo Háplico, textura média. O clima da região é classificado como Cfa segundo Koppen, com pluviosidade média de 1.650 mm/ano. Primeiramente no dia 12 de setembro de 2014 realizouse a aplicação 3 L.ha -1 do herbicida Glifosato para dessecação de aveia (Avena strigosa). O preparo (Aração e gradagem) e o plantio da área foi realizado no dia 22 de setembro de 2014, utilizou-se a cultivar vassourinha cujo espaçamento entre fileiras foi de 0,9m e entre plantas de 0,8m totalizando 240 plantas, divididas igualitariamente em três tratamentos, sendo eles: 1- preparo convencional do solo (Aração e gradagem) e cobertura com filme plástico preto. A alocação do filme foi realizada 120 dias após o plantio, 2- preparo convencional (Aração e gradagem) do solo e sem cobertura, 3- plantio direto sobre a palha de aveia preta. Foram acompanhados os valores de tensão de água no solo através da leitura dos sensores de umidade instalados no solo dia 8 de Abril de 2015 a profundidade de 10 e 20 cm, sendo seus valores registrados em kpa. A colheita da mandioca foi realizada em 18 de agosto de 2014, sendo colhidas 32 plantas centrais de cada tratamento, entretanto no tratamento plantio direto foram colhidas apenas 20 plantas, devido à ocorrência de deriva de herbicida aplicado nas proximidades do experimento, o que causou a morte de algumas plantas. Os parâmetros avaliados na planta foram: de peso/planta, número de raízes e comprimento de raízes, foram utilizadas todas as raízes para a realização das avaliações e não apenas as comercializáveis. Posteriormente os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e as médias foram avaliadas por meio de teste de Duncan (p< 0,05). Para estes procedimentos foi utilizado o programa estatístico SISVAR. Resultados e discussão A produção, número de raiz e comprimento das mandiocas nos tratamentos utilizando plástico filme preto e sistema de plantio convencional apresentou valores semelhantes. Os
valores elevados de produção (Tabela 1) destes dois sistemas quando comparado com o plantio direto, podem ser explicado pela melhor desagregação do solo permitindo melhor desenvolvimento das raízes e consequentemente melhor exploração do solo. Segundo Otsuba e Lorenzi (2004) a cultura da mandioca necessita de solos arenosos, pois facilita um bom desenvolvimento e melhor drenagem e assim evitando solos argilosos que tendem a ter maiores problemas com encharcamento e podridões. Os baixos valores encontrados no sistema de plantio direto devem-se a fatores no solo (camada compactada) onde as raízes não conseguiam penetrar e crescer adequadamente, outro problema que ocorreu foi a elevada precipitação durante o período de desenvolvimento da cultura, acarretando maior incidência de podridões (Figura 1). Tabela 1: Valores médios do peso, nº de raízes e comprimento nos diferentes tratamentos obtidos sob diferentes tipos de cobertura de solo, para cultivar Vassourinha, na área de produção do IFC-Câmpus Santa Rosa do Sul na safra de 2014/2015. Plástico Filme Convencional Direto Média Geral Média Média Média Média Peso (g) 1390a ±732 1435 a ±725 421 b ±289 1176**** ±772 Nº de Raiz 7,68 a ±2,75 7,72 a ±2,99 4,65 b ±2,25 6,97*** ±3,00 Comprimen to de raiz (cm) 16,9 a ±3,32 16,37 a ±3,57 11,32 b ±3,08 15,37**** ± 4,04 Letras semelhantes na mesma linha representam igualdades ao teste de Duncan a 5%. ****p<0,0001 ***p<0,001 Figura 1: Planta de aipim do tratamento do plantio direto com a presença de podridões nas raízes.
6/abr 11/abr 16/abr 21/abr 26/abr 1/mai 6/mai 11/mai 16/mai 21/mai 26/mai 31/mai 5/jun 10/jun 15/jun 20/jun 25/jun 30/jun 5/jul 10/jul Tensão de água no solo (kpa) 6/abr 11/abr 16/abr 21/abr 26/abr 1/mai 6/mai 11/mai 16/mai 21/mai 26/mai 31/mai 5/jun 10/jun 15/jun 20/jun 25/jun 30/jun 5/jul 10/jul Tensão de água no solo (kpa) 35 30 25 20 15 10 5 Plantio direto Sobre Plastico Convencioal 0 Figura 2: Disponibilidade de água no solo a em solo coberto por filme plástico preto sobre o solo, plantio convencional e plantio direto. 30 25 20 15 10 5 Plantio direto 20 cm Sobre Plastico 20 cm Convencioal 20 cm 0 Figura 3: Disponibilidade de água no solo a 20 cm em solo coberto por filme plástico preto sobre o solo, plantio convencional e plantio direto. A condição hídrica prejudicou o desenvolvimento das raízes, pois na maioria do tempo o solo permaneceu saturado e segundo Souza e Fialho (2003) a tensão no solo de 60 a 600 kpa, são adequadas ao desenvolvimento da cultura. Ainda, devido à contribuição das chuvas e da ascensão capilar de água, os níveis de água disponíveis permaneceram muito próximos entre os três tratamentos.
Conclusão O desenvolvimento das raízes foi prejudicado pelo excesso de água, e o plantio direto apresentou menor produção. Agradecimento Ao professor Miguelangelo Ziegler Arboitte pelo auxilio com relação às analises estatísticas e ao CNPq pela disponibilidade de bolsa. Referências OTSUBO, A. A.; LORENZI, J. O.; Cultivo da Mandioca ma Região Centro-Sul do Brasil. Sistemas de Produção 6. Embrapa. Dourados. MS. 2004. OTSUBO, A. A.; SILVA, R. F.; MERCANTE, F. M.; Produtividade de mandioca cultivada em Plantio Direto sobre diferentes plantas de cobertura. Circular Técnica 21. Embrapa. Dourados. MS. 2013. SOUZA, L. S.; FIALHO, J. F.; Cultivo da mandioca para a região do cerrado - Irrigação. Embrapa 2003. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fontes HTML/Mandioca/mandioca_cerrados/irrigacao.htm>. Acessado em: 23 de setembro de 2015. STRECK, N.A.; SCHNEIDER, F.M.; BURIOL, G.A. Modificações físicas causadas pelo mulching. Revista Brasileira de Agrometeorologia. Santa Maria, v.2, p. 131-142, 1994.