PRÉ E PÓS NATAL POR ENFERMEIROS: EVIDENCIANDO EDUCAÇÃO EM SAÚDE

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Transcrição:

PRÉ E PÓS NATAL POR ENFERMEIROS: EVIDENCIANDO EDUCAÇÃO EM SAÚDE Resumo Suellen Vienscoski Skupien 1 - UEPG Ana Paula Xavier Ravelli 2 - UEPG Lara Simone Messias Floriano 3 - EEUSP Eixo Educação e Saúde Agência Financiadora: não contou com financiamento Destaca-se a importância da atuação dos profissionais enfermeiros na educação em saúde, aproveitando todas as oportunidades no serviço para realização de práticas educativas e consulta de enfermagem, sendo espaços legítimos para realização de atendimento individual e coletivo, estreitando vínculo e priorizando as necessidades de cada fase do ciclo vital humano. O referido estudo destaca o ciclo gravídico-puerperal, com educação em saúde a gestante e puérpera. Objetivou-se neste estudo identificar as práticas educativas em saúde por enfermeiros na atenção ao pré-natal e puerpério a partir do projeto Consulta de Enfermagem no Pré-Natal e Pós-Parto, no período de 2006 a 2015. Estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa, realizado com puérperas atendidas pelo projeto Consulta de Enfermagem no Pré-Natal e Pós-Parto, com amostra de 2.035 puérperas. Os resultados identificaram que, 24,5% das mulheres tinham < 20 anos, 40,2% tinham o ensino médio completo, 38,9% casadas, houve a aderência de 100% em relação ao Pré-Natal, porém, 39,5% delas realizaram 6 consultas e 60,5% das mesmas realizaram 6 consultas. Destacam-se as práticas educativas no pré-natal com grupos de gestantes e no pós-parto com orientações individuais e coletivas sobre aleitamento materno, planejamento familiar. Portanto, o estudo identificou a importância das práticas educativas pelos profissionais enfermeiros no ciclo gravídico-puerperal, acompanhando as gestantes de risco habitual, esclarecendo dúvidas, crenças que podem estar afetando sua gestação, parto e puerpério, com medos e aflições. O profissional enfermeiro e toda equipe multiprofissional precisam estar comprometidos com a educação em saúde em todo ciclo vital humano, em âmbito primário, secundário e terciário em saúde. Palavras-chave: Enfermagem. Período pós-parto. Educação em saúde 1 Mestre em Tecnologia em Saúde pela PUCPR. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: suvienscoski@hotmail.com. 2 Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: anapxr@hotmail.com.. 3 Mestre em Enfermagem. Doutoranda do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. E-mail: laramessias@ig.com.br. ISSN 2176-1396

19880 Introdução O contexto social que a mulher vivencia antes e após a gestação é importante para a saúde materno infantil. A relação que a mulher e a família irão estabelecer com a criança desde as primeiras horas após o nascimento interfere, também, no processo de amamentação e nos cuidados com a criança e com a mulher. Um contexto favorável, isto é, suporte social, educacional e afetivo, fortalece os vínculos familiares o que vem a ser uma condição básica para o desenvolvimento saudável do ser humano (BRASIL, 2006). Além do contexto social, uma atenção humanizada durante o pré-natal e puerpério também é fundamental para a saúde materna e neonatal. É muito importante que os profissionais da área da saúde compreendam a pessoa como um todo, não só corpo e mente, mas sim como o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vivem estas mulheres (BRASIL, 2012). Para tal, foi elaborado pelo Ministério da Saúde e apresentado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) o Programa Assistência Integral à Saúde da Mulher: bases de ação programática (PAISM). A discussão se pautava sobre o controle da natalidade por meio da educação em saúde, onde se propôs assistência humanizada em todas as fases da vida da mulher, clínico ginecológica, no campo da reprodução (planejamento reprodutivo, gestação, parto e puerpério) e nos casos de doenças crônicas ou agudas (BRASIL, 2014). Neste contexto, era fundamental para saúde materna e neonatal construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença. Assim, foi instituído o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria/GM n. 569, de 1/6/2000, que objetivava assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recémnascido, na perspectiva dos direitos de cidadania, no qual se fundamenta nos preceitos da humanização (BRASIL, 2000). Nesta perspectiva, visando assegurar a ampla atenção primária de qualidade e humanizada, foi implantada a Estratégia Saúde da Família (ESF), para reorganizar o modelo assistencial com os mesmos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Através desse programa, o governo tem como objetivo reorganizar a prática da atenção à saúde, em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando saúde para mais perto da família, onde a atenção ao cliente é percebida no ambiente físico e social, melhorando assim a qualidade de vida (BAUMGUERTNER e CRUZ, 2013).

19881 Por sua vez, a Rede Cegonha veio em 2011 norteando ações e diretrizes visando garantir o atendimento de qualidade, seguro e humanizado, para todas as mulheres. A rede busca oferecer assistência desde o planejamento familiar, momentos da confirmação da gravidez, pré-natal, parto, e até os 28 dias de pós-parto (puerpério), assegurando assistência até os dois primeiros anos da criança (BRASIL, 2013). Todavia, cabe ressaltar que em 2012, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) implantou a Rede Mãe Paranaense, nascendo da experiência exitosa do Mãe Curitibana, que reduziu os indicadores de mortalidade materna e infantil. Assim, a Rede Mae constitui um conjunto de ações que envolve, a captação precoce da gestante, seu acompanhamento no Pré-Natal, com no mínimo 7 consultas, 17 exames, a classificação de risco, a garantia de ambulatório especializado, a garantia do parto por meio da vinculação ao hospital conforme o risco gestacional (PARANÁ, 2015). A assistência à saúde da mulher é uma das mais complexas e abrangentes. O profissional de saúde deverá criar medidas educativas, não só corrigindo os danos, mas sim atuando na prevenção precoce com ações sociais (BAUMGUERTNER e CRUZ, 2013). Um grande avanço na atenção à saúde da mulher no ciclo gravídico-puerperal é a consulta de enfermagem intercalada ao do profissional médico, bem como, a continuidade de práticas educativas com grupos de gestantes, assegurada pela Rede Cegonha e Rede Mãe Paranaense. Nesse contexto, o enfermeiro surge como um profissional habilitado para acompanhar a gestação não só no pré-natal mais também no puerpério que é um período considerado de riscos, tornando-se essenciais os cuidados de enfermagem qualificados que tenham como base a prevenção de complicações, o conforto físico e emocional e ações educativas que possam dar à mulher ferramentas para cuidar de si e do (a) filho (a) (GUERREIRO et al, 2014). Assim, a educação em saúde pode ser implementada no decorrer da consulta de enfermagem, estabelecida pelo Ministério de Saúde, garantida pela Lei do Exercício Profissional n º 7.498/86 e o Decreto n º 94.406/87 (COFEN), cabíveis no Art. 11, sendo ela citada como atuação privativa do enfermeiro. Neste cenário, a Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa, no segundo semestre de 2015 garantiu o direito aos enfermeiros da atenção primária, a partir de protocolo institucional, a implementação da consulta de enfermagem no Pré-Natal, que a partir de dados preliminares em 2016, evidenciou melhora da adesão ao programa. Cabe destacar que, a partir da necessidade em implementar a consulta de enfermagem, em 2006, estruturou e implementou o projeto de extensão Consulta de Enfermagem no Pré-

19882 Natal e Pós-Parto pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, prática extensionista que visou inserir o profissional enfermeiro em formação acadêmica, a realizar a consulta de enfermagem na atenção primária e terciária. Portanto, o objetivo do estudo é identificar as práticas educativas em saúde por enfermeiros na atenção ao pré-natal e puerpério a partir do projeto Consulta de Enfermagem no Pré-Natal e Pós-Parto, no período de 2006 a 2015. Metodologia Estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa, realizado com puérperas atendidas pelo projeto Consulta de Enfermagem no Pré-Natal e Pós-Parto (CEPP). O referido projeto de extensão desenvolve educação em saúde no pré-natal e no puerpério, referente à amamentação, cuidados com a involução uterina, com os lóquios, cuidados com o bebê, com a dieta materna, entre outros. A coleta de dados foi realizada em uma maternidade escola de referência à gestação de risco habitual pela rede Mãe Paranaense na cidade de Ponta Grossa. O instrumento de coleta se deu por questionário estruturado pelo projeto CEPP e o critério de inclusão foram mulheres no pós-parto, internadas na maternidade escola, nos anos de 2006 a 2015, e que aceitaram participar da pesquisa, e para os critérios de exclusão, puérperas com perda fetal e as que se recusaram a participar da pesquisa. Sendo assim, a amostra do estudo foi de 2.035 puérperas, no período de agosto de 2006 a dezembro de 2015, que estiveram na maternidade enquanto ocorreu a educação em saúde pelo projeto CEPP. A análise de dados foi feita mediante frequência simples e valor absoluto, a partir da estatística descritiva. Os dados foram tabulados e analisados no Software Microsoft Office Excel (versão 2010). Os aspectos éticos foram assegurados contemplando a Resolução 466/2012 com parecer do Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) 1.055.927 de 08 de maio de 2015 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Resultados e Discussões A partir da amostra de 2035 mulheres, quanto à idade materna, o estudo evidenciou que, 24,5% das mulheres tinham < 20 anos, e nesta perspectiva, segundo o Ministério da Saúde, é considerada gravidez de risco as mulheres com idade < 20 anos (adolescência) e >30

19883 anos. Na adolescência, considerada de alto risco, pela complexidade dos fatores, hormonais, sociais, corporais, psicológicos, entre outros. Segundo Brasil (2006), o período dos 20 aos 30 anos é considerado o ideal para gestar uma vida, indo de encontro com este estudo, que identificou 49,9% das mesmas. Por outro lado, a idade materna 35 anos é também considerado fator determinante para risco gestacional, o que exige atenção especial durante a realização do pré-natal (BRASIL, 2012). Neste estudo evidenciou 25,6% que corresponde a um fator de risco. Já quanto a escolaridade, o estudo identificou que 37,7% das mulheres tinham o ensino fundamental completo, 40,2% tinham o ensino médio completo, e apenas 8,1% possuíam ensino superior completo. Cruz et al (2016), evidenciaram que o nível educacional é fator de risco importante sobre a iniciação sexual das mulheres, ou seja, estas com mais de cinco anos de estudo, tem acesso as orientações sobre anticoncepcionais e fecundidade, minimizando as chances de terem gravidez na adolescência. Entretanto, quanto a variável estado civil, 28,2% das mulheres eram solteiras, 38,9% casadas e 32,9% possuíam relação estável. Teixeira et al (2010), evidenciaram que os casais estão unindo-se consensualmente e os casamentos civis tiveram uma queda vertiginosa nas últimas décadas. Cabe salientar que neste estudo, houve pouca diferença entre as casadas e de relação estável, no qual ao somar, representaria 71,8% da amostra. Por sua vez, quanto as solteiras, ainda para Teixeira et al (2010), as mulheres ficam com maior instabilidade emocional e financeira devido à ausência do companheiro, podendo comprometer o bem-estar da gravidez. Desta forma, ao cuidar de uma mulher grávida, os profissionais de saúde, aqui destacando o profissional enfermeiro, deve prestar atendimento integral, respeitando os aspectos éticos, culturais e sociais, a partir de educação em saúde, independente do perfil sócio demográfico apresentado, ou seja, prestar cuidar integral a todas as gestantes de maneira igualitária. Neste estudo identificou que 48,3% das mulheres eram primigestas, ou seja, primeira gestação e 51,7% delas eram multigestas. Já quanto ao planejamento da gravidez, este estudo identificou que, 55,3% das mulheres não haviam planejado a gestação. Em um estudo realizado por Coelho et al (2012), evidenciaram a associação de idade com a ocorrência de gravidez, considerando as adolescentes com menor escolaridade e menor nível de renda com maiores frequências de gravidez não planejada.

19884 Nesta perspectiva, como resposta ao objetivo proposto no estudo, identificou a as práticas educativas realizadas por enfermeiros no pré-natal e pós-parto. Todavia, cabe destacar que as atividades educativas são importantes, pois promovem a educação em saúde e permitem a troca de saberes sendo atribuições do enfermeiro a capacitação do indivíduo, o estímulo e a promoção ao autocuidado. Muitas vezes no processo gestacional a tranquilidade é abalada, pelas mudanças biológicas, somáticas, psicológicas e sociais que acabam gerando sentimento de preocupação e insegurança (NEVES et al, 2015; PROGIANTI e COSTA, 2012). A participação ativa das mulheres no processo reflexivo sobre seus sentimentos e duvidas, juntamente com o auxílio de estarem em um grupo com pessoas de interesses próximos, gera a construção de uma relação de confiança entre as mulheres e a enfermeira, sendo fundamental um posicionamento seguro da profissional, e sua postura não autoritária diferenciará as ações educativas que compartilham saberes profissionais e saberes populares (PROGIANTI e COSTA, 2012). Sendo assim, o estudo evidenciou que 58,8% das mulheres participaram dos grupos de gestantes e que no decorrer das gestações foram orientadas por profissionais da saúde, esclarecendo suas dúvidas e tendo o acompanhamento gestacional. Entre elas 43,8% foram orientadas por enfermeiro, 44,7% por médico e 11,5% por outro profissional da saúde. Todavia, quanto as práticas educativas no pós-parto, no planejamento reprodutivo, 62,7% das mulheres começaram a atividade sexual depois dos 40 dias de pós-parto, conhecido popularmente como resguardo ou quarentena. Período este importante que dura em torno de seis a oito semanas, em que ocorrem importantes modificações no corpo e na vida de uma mulher. Além de importantes modificações psicológicas, também se inicia a lactação, que é o ato de produzir leite para a amamentação do bebê (BRASIL, 2013). Já quanto a prática educativa no aleitamento materno no pós-parto 97,9% de adesão das mulheres, iniciando a prática da amamentação no puerpério mediato, ainda no hospital/maternidade. A prática educativa abrange todo o processo de aleitamento materno, incluindo conceitos do Ministério da Saúde (2006): o leite materno é forte e adequado para o bebê, que não vai necessitar de outro alimento até os 6 meses de idade. As práticas educativas, a partir da educação em saúde visa, investir em um bom diálogo para obter a confiança das usuárias e oferecer informações, segundo Guerreiro et al (2014).

19885 Considerações Finais Este estudo evidenciou a atuação determinante dos profissionais enfermeiros nas práticas educativas em grupos de gestantes e orientações individuais e coletivas no pré-natal e pós-parto. Além de considerar a importância de que os profissionais enfermeiros aproveitem todas as oportunidades no serviço para realização de práticas educativas e consulta de enfermagem, sendo espaços legítimos para realização de atendimento individual e coletivo, estreitando vínculo e priorizando as necessidades de cada gestante. Nesse sentido verifica-se a importância do profissional de enfermagem desenvolver ações assistenciais. A enfermagem vem buscando a interação com os clientes, compreendendo-os e propiciando condições para o desenvolvimento do cuidado de forma a abranger outros aspectos que envolvem a gestação e o nascimento. REFERÊNCIAS BAUMGUERTNER, K. G.; CRUZ, R. A. Os programas dirigidos à saúde da mulher na Estratégia Saúde da Família ESF. Revista UNINGÁ, Maringá PR, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Mais brasileiras esperam chegar aos 30 para ter primeiro filho, 2014. Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/saude/2014/10/mais-brasileirasesperam-chegar-aos-30-para-ter-primeiro-filho>. Acesso em: 26/09/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 569, de 1º de Junho de 2000. Brasília DF, 2000. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2000/prt0569_01_06_2000_rep.html>. Acesso em 26/09/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Humanização do Parto: Humanização do Pré-Natal e Nascimento. Brasília DF, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Pré-Natal e Puerpério Atenção Qualificada e Humanizada. Brasília DF, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Cegonha. Brasília DF, 2013. COELHO, E. A; et al. Associação entre gravidez não planejada e o contexto socioeconômico de mulheres em área da Estratégia Saúde da Família. Acta Paulista em Enfermagem Salvador (BA), 2012. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Decreto n º 94.406/87. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Brasília, 08 de junho de 1987. Disponível em: < http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html>. Acesso em: 26/09/2016.

19886 CRUZ, M. S.; CARVALHO, F. J. V.; IRFFI, G. Perfil Socioeconômico, Demográfico, Cultural, Regional e Comportamental da Gravidez na Adolescência no Brasil. Planejamento e Política Públicas, 2016. GUERREIRO et al. Educação em saúde no ciclo gravídico-puerperal: sentidos atribuídos por puérperas. Revista Brasileira de Enfermagem (REBEN), 2014. NEVES, A. M.; MENDES, L. C.; SILVA, S. R. Práticas Educativa com Gestantes adolescentes visando a promoção, proteção e prevenção em saúde. Revista Mineira de Enfermagem, Uberaba MG, 2015. PARANÁ. Secretaria Municipal de Saúde. Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Pré-Natal: Baixo Risco. Ponta Grossa PR, 2015. PROGIANTI, J. M.; COSTA, R. F. Práticas educativas desenvolvidas por enfermeiras: repercussões sobre vivências de mulheres na gestação e no parto. Revista Brasileira de Enfermagem Brasília, 2012. TEIXEIRA, S; et al. Educação em Saúde: a Influência do Perfil Sócio-Econômico-Cultural das Gestantes. Revista de Enfermagem UFPE online, Rio de Janeiro, 2010.