5º CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM OUVIDORIA PÚBLICA A OUVIDORIA PÚBLICA NO CONTEXTO DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

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Transcrição:

5º CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM OUVIDORIA PÚBLICA A OUVIDORIA PÚBLICA NO CONTEXTO DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA Rubens Pinto Lyra

A democracia participativa e seus institutos Democracia participativa: participação do cidadão comum na gestão pública. Período de gestação: década de 80, no bojo das lutas pela redemocratização. Democracia participativa institucionalizada: participação do cidadão comum na gestão pública, em órgãos com poder deliberativo ou de fiscalização.

I - Principais instrumentos de participação: Orçamento Participativo (OP): Orçamento público elaborado, em geral no município, com a participação, em condições de igualdade, de todos os munícipes. Modalidades: deliberativo ou consultivo Conselhos Gestores de Políticas Públicas (CGPP): conselhos que deliberam, com a participação da sociedade, sobre as políticas públicas adotadas pelo Poder Executivo, nos seus diversos níveis (municipal, estadual e federal). Ex.: Conselhos de Saúde, Educação, da Criança e do Adolescente, de Desenvolvimento Urbano etc.

Conselhos de natureza propositiva e fiscalizadora ex.: Conselhos de Direitos Humanos: propõem as diretrizes da política de direitos humanos, denunciam as suas violações, fazem vistorias e inspeções, elaboram propostas para a promoção dos direitos humanos. Outros: Conselhos dos direitos da mulher, do idoso, da comunidade negra. Ouvidorias: encaminham as reclamações do cidadão referentes a irregularidades ou a má prestação do serviço público; acompanham a tramitação da reclamação, recebem a resposta do gestor e formulam sugestões para o aprimoramento do serviço público.

Ouvidoria: único instituto unipessoal da administração pública. Traços distintivos da ouvidoria pública: menos reconhecido como instrumento da democracia participativa, pelo seu caráter unipessoal e pela situação de subordinação da ampla maioria das ouvidorias em relação aos órgãos gestores onde atuam.

II O Ombudsman, o Ministério Público e as Ouvidorias: diferenças e semelhanças Os três têm como função comum a defesa dos direitos do cidadão e dos princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade, da transparência, da eficiência e da justiça. São, portanto, comprometidos com o regime democrático e com a inclusão social.

Ombudsman e Ministério Público: ambos são defensores dos direitos de todos os cidadãos dos países em que atuam. Ombudsman clássico: status de Ministro do Supremo Tribunal Federal, jurisdição em todo território nacional, ou em parte deste; atuação na esfera administrativa e judicial; investidura no cargo pelo Parlamento, com mandato fixo.

Ministério Público: status (níveis variáveis, conforme o estágio da carreira), semelhante ao do Poder Judiciário; jurisdição setorial e local; atuação apenas na esfera judicial e investidura mediante concurso. Sua legitimação, deriva do saber técnico-científico e o cargo é vitalício.

Ouvidor autônomo: status correspondente ao escalão superior de sua instituição; área de atuação a ela restrita, ou a um setor específico da administração (saúde, educação, sistema penitenciário etc); atuação apenas na esfera administrativa, sem poder coercitivo (é, por isto, considerada a magistratura da persuasão); investidura de seu titular se dá através de mandato, conferido por um colegiado independente do gestor, em geral, mas com a sua participação, e da sociedade, na sua escolha; privilegia a oralidade e informalidade em seus procedimentos.

III As características próprias da Ouvidoria No Brasil, as funções do Ombudsman são repartidas entre o Ministério Público e as Ouvidorias. O primeiro defende, na esfera judicial, os direitos de todos os cidadãos brasileiros, visando o respeito aos direitos fundamentais. O MP o faz, preventivamente, através do chamado ajustamento de conduta, e, se necessário, ingressando em juízo contra os infratores daqueles direitos.

Os ouvidores cuidam do cotidiano da administração, na instituição ou no setor em que atuam. Contribuem para corrigir as injustiças do dia-a-dia, as irregularidades administrativas, mas se preocupam, sobretudo, com a qualidade da administração, com a sua eficácia e políticas de combate à violência e inclusão social.

Forma de atuação da ouvidoria: informalidade, oralidade e jurisdição restrita a uma instituição ou a um setor da administração pública, características que conferem grande proximidade em relação aos seus usuários e agilidade única no atendimento aos seus pleitos, o que torna a ouvidoria um instituto imprescindível à administração pública. A ouvidoria é um instituto sui generis, indispensável ao cidadão no âmbito da administração pública, não comparável, na sua forma de atuação, a nenhum outro.

IV As características próprias da Ouvidoria Prerrogativas básicas para ser ouvido: ter garantida a resposta do órgão ou servidor interpelado, em curto prazo, sob pena de responsabilidade; publicar relatórios e divulgá-los, no âmbito da instituição; propor medidas para a melhoria dos serviços da instituição, posicionando-se livremente, interna e externamente, sobre assuntos de interesse da ouvidoria. Prerrogativas necessárias para poder ouvir o demandante: assegurar, quando julgar necessário, o sigilo do demandante.

IV - Atributos necessários ao bom desempenho do Ouvidor: Condição necessária para o exercício independente de seu múnus, e para a segurança do seu emprego: atribuição de mandato e escolha do ouvidor por um colegiado independente do gestor. Por na ordem do dia, em todos os encontros promovidos pelos ouvidores, a discussão da instituição de um sistema nacional de ouvidorias autônomas e democráticas.

Obrigado! Rubens Pinto Lyra rubelyra@uol.com.br