EFEITO DO PROCESSO DE BRANQUEAMENTO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS EM FRUTOS DE ACEROLA (Malpighia punicifolia DC)

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Transcrição:

EFEITO DO PROCESSO DE BRANQUEAMENTO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS EM FRUTOS DE ACEROLA (Malpighia punicifolia DC) L.E.S. Nascimento 1, F. V. N. Aragão 1, M.N.N. Miranda 2, S.N. Melo 2 1- Discentes do Curso de Tecnologia de Alimentos. Universidade do Estado do Pará Campus Castanhal. 2- Departamento de Tecnologia de Alimentos Universidade do Estado do Pará, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia CEP: 66095-100 Belém PA Brasil, Telefone: 55 (91) 3131-1922 e-mail: (mirlannm@gmail.com.br) ou (snmelo@hotmail.com) RESUMO O branqueamento pode ser considerado como um pré-tratamento para auxiliar com que o alimento tenha maior durabilidade. Este trabalho teve por objetivos avaliar os processos de branqueamento por imersão e a vapor, bem como suas interferências sobre as características físicoquímicas e microbiológicas dos frutos de acerola. Avaliadas de acordo com o planejamento fatorial 2 3. As variáveis independentes foram tipo de branqueamento (imersão e vapor), o tempo (1 e 3 min) e a temperatura (70 e 90 ºC) de processamento. Os resultados das análises físico-químicas após branqueamento, comparados aos valores do fruto in natura sofreram poucas alterações. Enquanto para análises microbiológicas, ambos os tratamentos térmicos foram eficientes, apresentando ausência de salmonella sp. e coliformes a 45 ºC para todas as amostras. ABSTRACT Bleaching may be considered as a pretreatment to aid in the food has increased durability. This study aimed to evaluate the immersion and steam bleaching processes and their influence on physical, chemical and microbiological characteristics of fruit acerola. Evaluated according to the factorial design 2 3. The independent variables were kind of bleaching (immersion and steam), time (1 and 3 min) and temperature (70 and 90 ºC) processing. The results of physicochemical analysis after bleaching, compared to the values of the fruit in natura have hardly been changed. As for microbiological analyzes, both thermal treatments are effective, with no Salmonella sp. and coliforms at 45 C for all samples PALAVRAS-CHAVE: branqueamento a vapor; branqueamento por imersão; caracterização. KEYWORDS: steam blanching; bleaching Immersion; characterization. 1. INTRODUÇÃO A acerola é considerada como um fruto tropical de grandes potencialidades econômicas e nutricionais, e pode ser utilizada como matéria-prima de diversos produtos alimentícios (Agostini- Costa et al., 2003; Neves, 2009; Bicas et al., 2011). Entretanto, é um fruto de alta perecibilidade que requer atenção quanto ao seu processamento e consequentemente conservação de seus constituintes nutricionais (Mercali, 2013), onde a otimização do processo do tratamento térmico do branqueamento pode vir a minimizar as alterações decorrentes. O branqueamento consiste em um tratamento térmico, tendo como uma de suas finalidades evitar alterações sensoriais e nutricionais. As alterações físico-químicas provocadas pelo branqueamento vêm a depender do tempo de exposição ao calor e do meio utilizado para transmissão deste durante o processo (água ou vapor) (Correia et al., 2008). Além disso, o branqueamento também

reduz a carga microbiana inicial do produto, promove o amaciamento de tecidos vegetais, facilitando o envase, e remove o ar dos espaços intercelulares, no caso de vegetais enlatados (Azeredo, 2004). A maioria dos processos de preparação e conservação de alimentos conta com a aplicação ou a remoção de calor, sendo que o uso de temperaturas altas é importante para a destruição de patógenos e micro-organismos deteriorantes, melhorando tempo de vida de prateleira de alimento. Segundo Furtado e Silva (2005) este fator é importante tanto na etapa de processamento, como na etapa de estocagem do produto. Assim, torna-se interessante a otimização do processo de branqueamento, como forma de verificar em qual binômio tempo/temperatura as características físico-químicas da fruta são menos afetadas e também para analisar o efeito do calor na destruição de micro-oganismos presentes. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de acerola utilizados foram adquiridos na feira da Ceasa do município de Castanhal-PA e conduzidos ao laboratório de Alimentos do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da UEPA para a realização das análises físico-químicas e microbiológicas. 2.1 Preparo das Amostras Os frutos foram selecionados, lavados em água corrente e sanitizados em solução de hipoclorito de sódio a 20 ppm. Foram utilizados cerca de 100 g de acerola para cada ensaio e separadas para serem submetidas ao branqueamento. Também foram separadas algumas amostras in natura para realização das análises de composição centesimal e análises microbiológicas. Sendo utilizado um total de 2 kg de matéria-prima para a realização de todas as análises. 2.2 Branqueamento Por Vapor e Por Imersão O processo de branqueamento foi realizado utilizando um banho maria Logen modelo LSA04B-SN-0220. Os parâmetros foram estabelecidos de acordo com o planejamento experimental do tipo fatorial 2 ³ com repetições do ponto central, totalizando 14 ensaios. Os níveis (Tabela 1) das variáveis avaliadas foram: tempo (1 e 3 min), temperatura (70 e 90 ºC) e o tipo de branqueamento (a vapor ou por imersão). Tabela 1 Planejamento experimental 2³. FATORES (-) NÍVEIS (0) (+) Branqueamento Imersão - Vapor Tempo (min) 1 2 3 Temperatura (ºC) 70 80 90 2.3 Análises Físico-Químicas Todas as análises físico-químicas realizadas seguiram a metodologia proposta pelo Instituto Adolpho Lutz (2008). Para a obtenção da composição centesimal (umidade, cinzas, carboidratos, proteínas e lipídios) foram utilizados frutos in natura. Entretanto, para analisar o planejamento experimental utilizado foram observados os resultados obtidos após analises de ph, sólido solúveis totais e acidez total titulável.

2.4 Análises Microbiológicas As análises para coliformes a 45 ºC e salmonella sp. foram realizadas segundo a metodologia proposta por Vanderzant e Splittstoesser (1992). Os resultados foram analisados segundo a Resolução da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ANVISA (2001) e expressos em ausente ou presente para Salmonella sp. e NMP/g para coliformes a 45 ºC. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da caracterização físico-química das amostras do fruto in natura podem ser observados na Tabela 2. Comparando-se os resultados obtidos com os padrões de identidade e qualidade para a polpa de acerola, estabelecidos na Instrução Normativa Nº 1, de 07 de janeiro de 2000 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificou-se que a amostra avaliada apresentou parâmetros em acordo com os limites mínimos estabelecidos. Para o teor de sólidos solúveis a legislação vigente preconiza valor mínimo 5,5 Brix para polpa de acerola, o mesmo valor foi encontrado nas amostras em estudo. Quanto ao ph, as amostras situam-se acima do padrão mínimo de 2,8 para polpa de acerola. Para acidez o valor encontrado também está acima do valor mínimo: 0,80. Sólidos totais estão dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação. Os resultados para ph, sólidos solúveis totais e acidez total titulável para cada tratamento térmico (branqueamento a vapor e por imersão) de acordo com o planejamento experimental estão na Tabela 3. Na Figura 1 podem ser observados os resultados da estimativa dos efeitos padronizados, com o valor p, indicando os fatores mais influentes sobres as respostas teores de acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis totais (SS), ph e a relação SS/ATT, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Tabela 2 Caracterização físico-química da acerola in natura. Parâmetros Valores médios Análises (MAPA, 2000) Acidez em ácido cítrico (%) 0,93±0,02 0,80 ph 3,65±0,05 2,80 ºBRIX 5,5±0,10 5,5 Sólidos totais (%) 9,01±0,41 6,50 Umidade (%) 90,99±0,41 Proteínas (%) 0,80±0,06 Lipídeos (%) 0,18±0,03 Cinzas (%) 0,36±0,02 Carboidratos (%) 7,67 De acordo com os resultados obtidos, a variável de resposta sólidos solúveis não apresentou influência significativa, dentro dos níveis avaliados, das variáveis estudadas como o tipo de branqueamento, tempo e temperatura, dentro do intervalo de confiança de 95%, mostrando um comportamento instável. Segundo Chitarra e Chitarra (2005) o teor de sólidos solúveis é um dos indicativos da quantidade de açúcares presente nos frutos, pois há outras substâncias como vitaminas, ácidos, aminoácidos e algumas pectinas, que também influenciam este parâmetro. Observou-se que o ph das amostras foi influenciado apenas com o tipo de branqueamento. De acordo com o efeito estimado, quando o branqueamento aplicado é por imersão há uma redução em média de 0,25 no valor do ph das amostras. Lima et al. (2002) afirma que o ph é um parâmetro de baixa variabilidade em acerolas, mesmo nas maduras, esse comportamento pode ser explicado pelo

fato dos ácidos orgânicos, que se encontram dentro dos vacúolos, apresentarem a função de manter o ph da célula ao se combinarem com sais e formarem um sistema tamponante nos frutos cítricos. Os resultados apresentados mostraram que as amostras que passaram pelo processamento térmico não provocaram mudanças suficientes para descaracterizar o ph normalmente encontrado na fruta de acordo com a literatura, pois segundo Freitas et al. (2006) o ph da acerola encontra-se na faixa de 2,58 a 3,91. Tabela 3 Teores de acidez total titulável, sólidos solúveis totais e ph nas amostras in natura e branqueadas. Variáveis independentes Variáveis de respostas Ensaios Branqueamento Tempo Temperatura Sólidos ph Acidez Relação (min) (ºc) solúveis titulável SST/ATT 1 Imersão 1 70 5,35 3,37 0,89 6,29 2 Vapor 1 70 4,60 3,72 0,82 5,61 3 Imersão 3 70 5,30 3,43 0,71 10,39 4 Vapor 3 70 5,00 3,78 0,76 7,94 5 Imersão 1 90 5,30 3,38 0,82 6,46 6 Vapor 1 90 4,60 3,65 0,80 6,05 7 Imersão 3 90 5,15 3,46 0,63 8,17 8 Vapor 3 90 5,00 3,67 0,72 6,58 9 (C) Imersão 2 80 5,30 3,50 0,73 7,26 10 (C) Vapor 2 80 5,50 3,65 0,76 7,24 11 (C) Imersão 2 80 5,40 3,45 0,70 7,71 12 (C) Vapor 2 80 6,20 3,68 0,73 8,49 13 (C) Imersão 2 80 5,20 3,46 0,76 6,84 14 (C) Vapor 2 80 5,00 3,62 0,76 6,58 SST: Sólidos solúveis totais, expressos em Brix; ATT: Acidez total titulável, em g de ácido cítrico 100 ml -1 de amostra; C: Ponto Central. Para a resposta acidez total titulável, as variáveis que influenciaram foram o tempo e a temperatura de processamento e as interações entre o tempo e o tipo de branqueamento. À medida que o tempo de branqueamento passou de 1 para 3 min, houve uma redução em média de 0,13 no valor da acidez titulável. A relação SST/ATT apresentou comportamento similar. O teor de acidez diminuiu à medida que aumentou o tempo de exposição da fruta ao aquecimento, o que pode ter sido devido, segundo Maia et al. (2007), à degradação dos ácidos (ácido cítrico, ácido málico, ácido ascórbico) naturalmente presentes na constituição dos frutos de acerola. As análises microbiológicas de Salmonella sp. e contagem de coliformes a 45 ºC foram realizadas na acerola sem o tratamento térmico e com o tratamento de acordo com planejamento fatorial (Tabela 1), com a finalidade de avaliar se os tratamentos térmicos foram efetivos para esses parâmetros microbiológicos. Os resultados encontrados para Salmonella sp. apresentaram-se de acordo com a RDC Nº 12, de 2 de janeiro de 2001 (ANVISA, 2001), a qual estabelece ausência de Salmonella sp./25 g de amostra. Para as amostras in natura e sanitizadas os resultados das análises para coliformes a 45 ºC foi 2,3 NMP/g. Os demais ensaios não apresentaram contaminação por coliformes, logo, é possível afirmar que os dois métodos de branqueamentos foram eficientes independentes do tempo e temperatura. O branqueamento das frutas contribuiu para a redução da carga microbiana. Que podem ser oriundas de duas fontes de contaminações, primárias e secundárias. Sendo as primárias: insetos,

contato com o solo e outros, e as secundárias: embalagens, equipamentos, forma de colheita ou manipulação dos frutos. Figura 1 Estimativas dos efeitos padronizados das variáveis de resposta sólidos solúveis (SS), ph, acidez titulável (ATT) e a relação SS/AT. Sólidos solúveis ph,8183171 16,252 -,680449 2,75,4909903-2,75,1636634-1,75 -,163663 -,75,0818317 -,75 -,081832 -,25 Estimativa dos efeitos padronizados Estimativa dos efeitos padronizados Acidez total titulável SS/ATT -7,36122 4,064258 3,319764-1,96511-3,03109-1,64963 1,299038-1,38893 1,200198-1,38761 -,433013,5308081 -,144338,2760068 Estimativa dos efeitos padronizados Estimativa dos efeitos paronizados 4. CONCLUSÕES Os resultados das análises físico-químicas após branqueamento, comparados aos valores do fruto in natura sofreram poucas alterações. As perdas de acidez durante o processamento estão associadas à degradação térmica, pelo efeito do calor durante o branqueamento. No entanto, o branqueamento por imersão teve um efeito maior na degradação da acidez do que no branqueamento por vapor. Para análises microbiológicas, ambos os tratamentos térmicos foram eficientes, apresentando ausência de salmonella sp. e resultado inferior a 3 para coliformes a 45 ºC para todas as amostras branqueadas. Portanto, os parâmetros avaliados que são tipos de branqueamento, tempo e temperatura não descaracterizaram os padrões físico-químicos e nutricionais para as amostras de acerola estudada. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agostini-Costa, T. S., Abreu, L. N., Rossetti, A. G. (2003). Efeito do congelamento e do tempo de estocagem de polpa de acerola sobre o teor de carotenoides. Revista Brasileira de Fruticultura, 25, 56-58. Azeredo, H. M. C. (2004). Fundamentos de estabilidade de alimentos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical.

Bicas, J. L., Molina, G., Dionísio, A. P., Barros, F. F. C., Wagner, R., Maróstica Junior, M. R., Pastore, G. M. (2011). Volatile constituents of exotic fruits from Brazil. Food Research International, 44(7), 1843-1855. Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. (Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001). Diário Oficial da União. Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (2000). Aprova Regulamento Técnico para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para polpa de fruta. (Instrução Normativa Nº 1, de 07 de janeiro de 2000). Chitarra, A. B., Chitarra, M. I. F. (2005). Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2º edição. Correia, L. F. M., Faraoni, A. S., Pinheiro-Sant ana, H. P. (2008). Efeitos do processamento industrial de alimentos sobre a estabilidade de vitaminas. Alimentos e Nutrição, 19(1), 83-95. Freitas, C. N. S., Maia, G. A., Costa, J. M. C., Figueiredo, R. W., Sousa, P. H. M. (2006). Acerola: Produção, composição, aspectos nutricionais e produtos. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, 12(4), 395-400. Furtado, A. A. L., Silva, F. T. (2005). Manual de Processamento de Conserva de Pimenta. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos. Instituto Adolfo Lutz (2008). Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ªed. São Paulo. Lima, V. L. A. G., Musser, R. S., Lemos, M. A. (2002). Análise conjunta das características físicoquímicas de acerola (Malpighia emarginata D.C.) do banco ativo de germoplasma em Pernambuco. In anais do XVII Congresso Brasileiro de Fruticultura, Belém, Brasil. Maia, G. A., Sousa, P. H. M., Santos, G. M., Silva, D. S., Fernandes, A. G., Prado, G. M. (2007). Efeito do processamento sobre componentes do suco de acerola. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 27(1): 130-134. Mercali, G. D. (2013). Tratamento térmico de polpa de acerola via aquecimento ôhmico. (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Neves, M. V. M. (2009). Polpa de acerola (Malpighia emarginata D.C.) adicionada de extrato comercial de própolis: avaliação físico-química e sensorial. (Dissertação de mestrado) Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.