PORCENTAGEM DE ÁREA MOLHADA EM SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO, UTILIZADOS NA CAFEICULTURA IRRIGADA 1



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Transcrição:

Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil PORCENTAGEM DE ÁREA MOLHADA EM SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO, UTILIZADOS NA CAFEICULTURA IRRIGADA 1 Luís Otávio C. de SOUZA 2 ; Everardo C. MANTOVANI 3 ; Robson BONOMO 4, Antônio Alves SOARES 5, Márcio Mota RAMOS 6 RESUMO: Determinou-se a porcentagem de área molhada (PAM) em 23 sistemas de irrigação por gotejamento, distribuídos nas regiões cafeeiras do norte do Espírito Santo, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Os valores determinados foram comparados com os valores recomendados pela literatura. Dos valores determinados, apenas um sistema apresentou uma PAM menor que 20%, que é o limite recomendado por LÓPEZ et al. (1992) para regiões úmidas. Nas duas regiões estudadas, se considerarmos que o período de irrigação do café coincide com o período de baixa precipitação (regiões secas), o valor mínimo recomendado de PAM será de 33%. Neste caso oito sistemas (um terço) não atingiram o valor mínimo recomendado. PALAVRAS - CHAVE: Irrigação, gotejamento, porcentagem de área molhada. ABSTRACT: The percentage of wetted area (PAM) was determined in 23 drip irrigation systems in coffee regions located in the north of Espírito Santo, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.. The determined values were compared to the values recommended by the literature. From the determined values, just one system presented a PAM smaller than 20%, which is this recommended value by LÓPEZ et al. (1992) for humid areas. In the 2 studied areas, if we consider that the irrigation period for the coffee coincides with the low precipitation period (dry areas), the recommended minimum value for PAM will be 33%. In this case, 8 systems didn't reach the recommended minimum value. INTRODUÇÃO Sistemas de irrigação localizada são normalmente projetados para aplicar água no solo com alta freqüência e baixa intensidade, o que não permite que a totalidade da área seja molhada e acarretando assim a diminuição da evaporação de água da superfície do solo. Para uma dada profundidade das raízes, isso significa dizer que não se molha todo o volume de solo correspondente à zona radicular da cultura (LÓPEZ et al., 1992). BLACK (1974), citado por LÓPEZ et al. (1992), estudando a resposta da transpiração de macieiras a um volume restrito de solo molhado, supôs que as diminuições obtidas na transpiração refletissem em diminuição da atividade fotossintética das plantas. Para as condições do ensaio, o autor constatou que essas diminuições parecem ser tão pequenas que não há necessidade de se molhar todo o volume de solo ocupado pelas raízes, para que não ocorra um estresse hídrico significativo nas plantas. KELLER & KARMELI (1975) foram os primeiros a propor o conceito de porcentagem de área molhada (PAM), que consiste na relação existente entre a área molhada no solo pelo emissor e a área total explorada pela cultura. Como a área molhada máxima não ocorre na superfície do solo, mas sim a alguns centímetros de profundidade do solo, e como a frente de molhamento no ponto de emissão do gotejador tende a formar um bulbo, alguns autores propõem medir as dimensões deste bulbo a uma profundidade que varia de 15 a 30 cm (MERRIAM & KELLER, 1978; KELLER & BLIESNER, 1990). Segundo BERNARDO (1995), a porcentagem de área molhada depende: do espaçamento entre gotejadores, da vazão dos gotejadores, do tempo de aplicação de água e do tipo de solo. Ainda, ele afirma que na determinação da PAM, dois casos devem ser considerados: primeiro, quando existe a formação de uma faixa contínua, o que acontece mais freqüentemente em culturas com espaçamento pequeno entre plantas; segundo, quando não se forma uma faixa contínua e sim áreas molhadas distintas por árvore, mais encontrado em irrigações onde o cultivo é mais espaçado. De acordo com KELLER & KARMELI (1975), não existe um valor mínimo estabelecido para a PAM. LÓPEZ et al. (1992) recomendam que para culturas com maior espaçamento, a porcentagem de área molhada deve ter um valor mínimo de 20% em regiões úmidas, onde a irrigação é realizada em períodos secos, e entre 33 e 50%, 1 Trabalho financiado pelo CONSÓRCIO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ. 2 Eng. Agrícola, Estudante de Mestrado em Engenharia Agrícola, DEA-UFV, bolsista do CNPq; 3 Eng. Agrícola, D.S, Prof. Titular do DEA/UFV, Bolsista do CNPq, everardo@mail.ufv.br ; 4 Eng. Agrônomo, D.S., Ex-Bolsista PNP&D Café /EMBRAPA; atualmente Professor CAJ/UFG, rbonomo@jatai.ufg.br 5 Eng. Agrícola, PhD, Prof. Titular do DEA/UFV, Bolsista do CNPq, aasoares@mail.ufv.br ; 6 Eng. Agrônomo, D.S, Prof. Titular do DEA/UFV, Bolsista do CNPq, mmramos@mail.ufv.br; 859

Irrigação em regiões de baixa precipitação. Já KELLER & BLIESNER (1990) sugerem que, para culturas com maior espaçamento, a PAM deve estar entre 33% e 67%. BONOMO (1999) encontrou valores inferiores ao valor mínimo recomendado pelos autores acima mencionados, o que demonstra não haver preocupação em se atingir a porcentagem mínima recomendada de área molhada por parte dos projetistas e produtores de café dos sistemas avaliados. MATERIAL E MÉTODOS Para a determinação da área molhada foi utilizada a metodologia proposta por MERRIAM & KELLER (1978), que consiste na determinação das medidas do bulbo molhado formado pelo emissor depois de concluído o tempo total de irrigação, em pontos pré-determinados na área, próximos às plantas onde foram coletados os volumes para a determinação da vazão. Esses pontos foram estabelecidos no início da primeira linha lateral; a 1/3 do comprimento da linha lateral localizada a 1/3 do comprimento da linha de derivação; a 2/3 do comprimento da linha lateral localizada a 2/3 do comprimento da linha de derivação; e 3/3 do comprimento da última linha lateral. Na figura 1 esta representado um esquema ilustrativo dos pontos de medição da área molhada. Foram cavadas pequenas trincheiras ao redor da planta, com o auxílio de enxada, para estimativa mais eficaz da real extensão do bulbo formado, pois a maior área horizontal do bulbo não ocorre na superfície e sim a alguns centímetros de profundidade. A porcentagem de área molhada foi estimada dividindo-se a área do bulbo molhado, formado pelo emissor, pela área total representada por este emissor. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos quadros 1 e 2 são apresentados os valores de porcentagem de área molhada (PAM) dos sistemas avaliados na região norte do Espírito Santo e no cerrado de Minas Gerais, respectivamente. Dos 23 sistemas avaliados apenas um obteve valor abaixo de 20%, valor este recomendado por LÓPEZ et al. (1992) para regiões úmidas. Porém, como em geral o período de irrigação do café coincide com o período de baixa precipitação, nas duas regiões estudadas o valor mínimo recomendado de PAM é de 33%. Neste caso o número de sistemas que não atingiram o valor mínimo recomendado é oito. Dos sistemas restantes, dois sistemas apresentaram valores de PAM igual a 100%, ou seja, toda a área era molhada pelo sistema. Em um sistema isto ocorreu devido a alta densidade de plantio da cultura, implicando no molhamento total da área. No outro, por se tratar de um sistema alternativo, conhecido na região como gravatinha, a água é praticamente aspergida sobre toda a área cultivada, acarretando também em molhamento total da área. Vale ressaltar que os irrigantes promovem as irrigações de maneira que o tempo de operação do sistema seja suficiente para que os bulbos molhados, formados na superfície do solo por gotejadores adjacentes, se interceptem. Este fato pode ter contribuído para a obtenção dos valores mínimos recomendados para PAM, em contrapartida, o aumento do tempo de irrigação pode levar à aplicação de uma lâmina excessiva que irá se perder por percolação profunda. 860

Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil Válvula Linha de Derivação Primeira 1/3 Linha Lateral 2/3 Última Primeira Um terço Dois terços Última Figura 1 - Esquema dos pontos de medição do bulbo molhado Quadro 1 - Porcentagem de área molhada (PAM) para os sistemas avaliados na região norte do Espírito Santo Sistema Localização PAM (%) 1 Nova Venécia 19 2 São Domingos do Norte 35 3 Linhares 36 4 Rio Bananal 100 5 Rio Bananal 28 6 São Roque do Canaã 40 7 Linhares 31 8 Linhares 24 9 Aracruz 39 10 Colatina 38 11 Jaguaré 31 13 Linhares 35 16 Linhares 34 Média 37,7 861

Irrigação Quadro 2 - Porcentagem de área molhada (PAM) para os sistemas avaliados na região de cerrado de Minas Gerais Sistema Localização PAM (%) 1 Patrocínio 26 2 Coromandel 30 3 Araguari 100 5 Rio Paranaíba 32 7 Araguari 24 8 Patrocínio 65 9 Monte Carmelo 24 10 Monte Carmelo 30 11 Araguari 25 13 Patos de Minas 27 Média 38,3 CONCLUSÕES Os valores médios de PAM para a região norte do Espírito Santo e o cerrado de Minas Gerais foram 37,7% e 38,3%, respectivamente. Apenas um sistema apresentou um valor de PAM abaixo do limite mínimo recomendado para regiões úmidas, que é de 20%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S. Manual de Irrigação. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 1995. 596 p. BONOMO, R. Análise da irrigação na cafeicultura em áreas de cerrado de Minas Gerais. Viçosa, MG: UFV, 1999. 224p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola). Universidade Federal de Viçosa, 1999. KELLER, J., KARMELI, D. Trickle irrigation design. S.1: Rain Bird Sprinkler Manufacturing Corporation, 1975. 133 p KELLER, J., BLIESNER, R. D. Sprinkle and trickle irrigation. New York: Avibook, 1990. 649p. LÓPEZ, J. R., ABREU, J. M. H., REGALADO, A. P., HERNÁNDEZ, J. F. G. Riego Localizado. Madrid, España: Mundi - Prensa, 1992. 405 p. MERRIAM, J. L., KELLER, J. Farm irrigation system evaluation: a guide for management. Logan: Utah State University, 1978. 271 p. 862

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