V EPCC Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar 23 a 26 de outubro de 27 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS COMO SUBSTRATO E CONDICIONADORES DE SOLOS DEGRADADOS PARA PRODUÇÃO DE MILHO Ernâni Massao Furuya 1, Cesar Crispim Vilar 1, Allan Hoepers 1, Antonio Carlos Saraiva da Costa 2 & Ivan Granemann de Souza Junior 3. Resumo: A utilização de resíduos da industria farmoquímica de maneira racional traz diversos benefícios nutricionais a plantas alem de deixar de agredir ao meio ambiente. O objetivo desse trabalho foi avaliar a produção de biomassa de um híbrido comercial de milho em substratos desenvolvidos através de vermicomposto com diferentes dosagens de Lodo Biológico (LB) e Lodo Físico Químico (LFQ), provenientes das lagoas de tratamento biológico e químico da indústria farmoquímica. O experimento foi conduzido em casa de vegetação utilizando-se de vasos de cinco litros onde foram misturadas diferentes doses de LB e LFQ e doses crescentes na mesma proporção dos dois, e incubados até o período de plantio. Após a emergência das plantas foram deixados duas plantas por vaso. Quarenta e cinco dias após plantio as plantas foram cortadas, lavadas, colocadas em sacos de papel e secas em estufa de circulação forçada de ar a 65 C até massa fixa. A partir dessa foi determinado seu valor de biomassa da parte aérea e armazenado para posteriores analises. O acréscimo nas doses de LB proporcionou o aumento no valor de biomassa, ao contrario do que ocorreu com o LFQ que obteve seu máximo potencial na dose de 2% decrescendo o acumulo de massa seca com o aumento das doses. Podendo-se assim chegar a uma proporção mais segura de LB:LFQ de 8:2. Enquanto em proporções iguais de LB e LFQ não forneceu dados conclusivos pelo elevado coeficiente de variação. PALAVRAS-CHAVE: Lodo Biológico, Lodo Físico-Químico, Substrato. 1 INTRODUÇÃO A produção de uma empresa farmoquímica gera diversos resíduos, entre eles, lodo biológico (LB) que reflete ao resíduo produzido na lagoa de tratamento biológico, esses resíduos também são conhecidos em outros estados e instituições de pesquisa pelo nome de biossólidos (Andrade et al, 25), e também o lodo físico-químico (LFQ) que é um efluente da mesma tratada com diferentes reagentes químicos (sulfato de alumínio e ou agentes floculantes). Hoje a produção de resíduos sólidos vem aumentando a cada dia devido o crescimento desta, o que vem trazendo junto problemas a serem resolvidos. A destinação correta destes resíduos evitam a degradação de áreas de sacrifício e também a poluição de nascentes, rios e principalmente do lençol freático. A compostagem traz consigo promover o reciclagem desses resíduos de forma a serem úteis e não mais causarem problemas ao meio ambiente e também tornar viável esse processo servindo como fonte de renda alternativa. 1 Bolsistas IC/CNPq. Departamento de Agronomia. Universidade estadual de Maringá. Av. Colombo 579. 872-19. Maringá-PR. E-mail: ernani_kim@hotmail.com. (apresentador do trabalho). 2 Professor. Departamento de Agronomia. UEM. 3 Doutorando. Departamento de Agronomia. UEM.
Apoio financeiro: Solabiá e CNPq. Com o intuito de minimizar o impacto causado por esses resíduos até então descartados em áreas de sacrifício, implantou-se a idéia da utilização desses resíduos incorporado ao vermicomposto (húmus de minhoca) para disponibilização de nutrientes e produzir então um substrato comercial com alto valor nutritivo consequentemente uma maior produção de biomassa conforme avaliado por NASCIMENTO et al, 24. 2 MATERIAL E MÉTODOS As amostras de LB e LFQ foram coletadas nas lagoas de tratamento de uma empresa farmoquímica e levadas para casa de vegetação do Laboratório de Caracterização e Reciclagem de Resíduos (LCRR) na Universidade Estadual de Maringá onde foi conduzido o experimento. Utilizando-se vasos de 5 litros em cada vaso foi colocado 3,5 litros de vermicomposto e aplicado diferentes doses de LB e LFQ conforme a tabela 1. Foram montados 11 tratamentos com 5 repetições cada distribuídos em bloco ao acaso, o tratamento 1 é a testemunha universal, os tratamentos 2 a 7 foram aplicados LB e LFQ em diferentes proporções, os tratamentos 6 e 7 foram incorporados doses únicas de LB e LFQ separadamente com finalidade de analisar se os efeitos sobre o crescimento do milho seriam positivos em relação ao tratamento 1, nos tratamentos 1, 8 a 11 foram incorporados doses crescentes na mesma proporção de LB e LFQ na finalidade de se avaliar a produção de biomassa. Tabela 1. Descrição dos tratamentos preparados para avaliar o efeito da aplicação de LB e LFQ em um Trat. Lodo Borra Vermicomposto (L) (L) (L) 1 3,5 2,3 1,2 3,5 3,6,9 3,5 4,9,6 3,5 5 1,2,3 3,5 6 1,5 3,5 7 1,5 3,5 8,3,3 3,5 9 1,1 1,1 3,5 1 1,5 1,5 3,5 11 1,8 1,8 3,5 A aplicação dos resíduos foi feita na forma liquida em superfície nos vasos, após esses secos foram incorporados para uniformizar descansado por semanas passando por um período de incubação. Não foi feita aplicação de adubos, calcário, gesso ou qualquer outro condicionador. Após esse período começou a se umedecer os substratos até umidade uniforme, então foram plantadas seis sementes de milho por vaso, após 1 dias do plantio foi feito o raleio e mantendo 2 plantas por vasos. Com 45 dias do plantio foi feito o corte dessas planta, lavadas em água destilada, colocadas em sacos de papel, levadas a estufa de circulação forçada de ar a 65C até massa fixa, pesado e determinado a produção de biomassa da parte aérea. 3 RESULTADOS E DISCUSÃO
A incorporação de altas doses de LB e LFQ promoveu um aumento na produção de biomassa quando comparado com o tratamento 1 sem adição de nenhum resíduo (Figura 1), Segundo LEMAINSKI, J.& SILVA, J. E., 26, os benefícios da aplicação do biossólidos podem se equiparar ou superar os alcançados com a adubação mineral. Principalmente em relação à produtividade e economia com fertilizantes, sobretudo, nitrogenados Raij, 1998. O aumento no teor de biomassa proporcionado pelo LB é maior que a proporcionado pelo LFQ, certamente pelas qualidades e atributos químicos indesejáveis causado pelo método de tratamento do LFQ. Essa diferença só não foi maior devido a grande quantidade de nutrientes e o enorme poder tampão do vermicomposto, porem, devido ao alto valor do coeficiente de variação dos tratamento 6 e 7 em relação ao tratamento 1 indica que não deverá haver diferença estatística entre esses tratamentos. 1 Milho Massa Seca (g) 5 Testemunha 1% LB 1% LFQ Tratamentos Figura 1. Produção de matéria seca do milho após a adição de quantidades equivalentes (Tabela 1) de LB e LFQ. Barras verticais indicam o desvio padrão da média. Nos tratamentos em diferentes proporções de LB e LFQ (1 a 5) observou-se um aumento na produção de biomassa quando se aumentava as concentrações de LB o que não aconteceu com o LFQ que teve seu melhor acréscimo na concentração de 2% e decrescendo com o aumento das concentrações (Figura 2) devido aos seus atributos negativos já mencionados anteriormente, pode-se afirmar em relação a Figura 2 que a proporção mais segura obtida de LB:LFQ é de 8:2%. Milho Matéria Seca (g) 1 5 Lodo Biológico Lodo Físico-Químico MS =,338x (%Lodo) + 52,12 R2 =,9976 MS = -,122x2 +,9738x(%Borra) + 55,583 R2 =,5 5 1 Lodo ou Borra (%) Figura 2. Produção de matéria eca do milho em função da adição de diferentes proporções de LB e LFQ em Vermicomposto. V EPCC
Na Figura 3 e 4 pode-se analisar melhor o comportamento diferenciado do LB e LFQ na produção de biomassa. 1 Milho Massa seca (g 5 y = -,44x 2 +,4447x + 59,317 R 2 =,2615 5 1 Lodo Físico-Químico, % Figura 3. Produção de matéria seca de milho em função das proporções de LFQ ao 1 Milho Massa seca (g) 5 y = -,44x 2 +,6332x + 49,8949 R 2 =,868 5 1 Lodo Biológico, % Figura 4. Produção de matéria seca de milho em função das proporções de LB ao O aumento na produção de massa seca no tratamento 1% LFQ provavelmente é devido ao elevado coeficiente de variação, No caso do LB a queda na produção no tratamento 1% provavelmente é devido ao excesso de nutrientes proporcionado pelo resíduo somado ao já contido no vermicomposto afetando a produção de biomassa de milho. A aplicação crescente em doses iguais de LB e LFQ não forneceu dados estatisticamente conclusivos devido ao alto valor do coeficiente de variação do experimento (Figura 5). Milho Massa Seca (g) 1 5 y = 1,633x 2-1,1551x + 51,761 R 2 =,973 1 2 3 4 Volume de LB + LFQ, (L) Figura 5. Produção de matéria seca do milho em função de doses crescente da mistura 5%LB:5%LFQ no V EPCC
A grande variação na produção de biomassa se deva a grande quantidade de resíduo aplicada em um pequeno volume de vermicomposto, isso provavelmente dificultou o desenvolvimento uniforme dentro das repetições. Embora as dificuldades encontradas na condução do experimento pode-se observar uma tendência no aumento da produção de biomassa com a adição dos resíduos (Figura 4) o que torna viável mais pesquisas em cima desses resíduos, para isso utilizando-se de vasos com um maior volume de vermicomposto do que a de resíduos aplicado, e também a aplicação em diferentes solos para se observar o comportamento posterior a campo. 4 CONCLUSÃO A utilização dos resíduos Lodo Biológico (LB) e Lodo Físico Químico (LFQ) é uma das melhores formas de se dar uma destinação para estes dois resíduos e ainda utilizando-o como condicionador de solo. Proporções maiores de que 2% de LFQ na mistura LB:LFQ deverá produzir condicionadores com atributos químicos indesejáveis na produção de biomassa. A aplicação de quantidades excessivas de LB isoladamente pode afetar também a produção de biomassa apesar de seus atributos positivos. Na produção de substratos a partir do vermicomposto a melhor proporção de resíduo para a produção de biomassa de milho é de 8:2% de LB:LFQ. Para que as doses possam ser utilizadas a campo necessita ser mais bem definidas para se obter as quantidades máxima sem afetar a produção de biomassa e avaliar o comportamento em solos. REFERÊNCIAS ANDRADE, C. A. de; OLIVEIRA, C. de & CERRI, C. C. 25. Organic matter quality and carbon and nitrogen stocks in an Oxisol treated with biosolids and cultivated with eucalyptus. Revista Brasileira de Ciência do Solo, nº.29, p.83-816, 25 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 623. Informação e documentação: referências - elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, ago, 22. LEMAINSKI, J.& SILVA, J. E. da. 26. Use of biosolids for corn (Zea mays, L.) production in the Federal District. Revista Brasileira Ciências Solo, nº.3, p.741-. 26. NASCIMENTO, C. W. A.; BARROS, D. A. S.; MELO, E. E. C. et al.24 Soil chemical alterations and growth of maize and bean plants after sewage sludge application. Revista Brasileira Ciência Solo, 28 : 385-392. 24. RAIJ, B. van. Uso agrícola de biossólidos. In: SEMINÁRIO SOBRE GERENCIAMENTO DE BIOSSÓLIDOS NO MERCOSUL, 1.,, Curitiba. Curitiba: Sanepar; Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, 1998 p.147-151.