CINÉTICA DE SECAGEM DE MANGA COM E SEM PRÉ- TRATAMENTO ULTRASSÔNICO

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Transcrição:

CINÉTICA DE SECAGEM DE MANGA COM E SEM PRÉ- TRATAMENTO ULTRASSÔNICO P. M. AZOUBEL 1, M. da R. AMORIM 1, S. S. B. OLIVEIRA 2, M. do A. M. BAIMA 3 e M. da S. CASTRO 3 1 Embrapa Semiárido e-mail: pazoubel@cpatsa.embrapa.br; mariana_rsa@yahoo.com.br 2 Universidade de Pernambuco, Departamento de Ciências Biológicas e-mail: sofiasorelly90@gmail.com 3 Instituto Federal Sertão Pernambucano, Departamento de Tecnologia de Alimentos de Origem Vegetal e-mail: mayara_carpediem@hotmail.com; amparobayma@yahoo.com.br RESUMO O ultrassom é uma tecnologia emergente com muitas aplicações na indústria de alimentos. Quando utilizada antes da secagem, pode aumentar a eficiência do processo, provocando redução de custos. O objetivo deste trabalho foi estudar a cinética de secagem de manga Tommy Atkins, avaliando a utilização do ultrassom como prétratamento. Para a etapa de ultrassom, conduzida em um banho ultrassônico a 30 C e frequência de 25 khz, um conjunto de duas amostras foram imersas em água e submetidas a ondas ultrassônicas por 10, 20 e 30 min. A secagem foi feita em um secador de leito fixo, nas temperaturas de 50 e 70 C e velocidade do ar de 3 m/s. As difusividades efetivas, da ordem de 10-9 m 2 /s, aumentaram com o aumento da temperatura e com a aplicação do ultrassom. O modelo de Page apresentou melhor ajuste aos dados experimentais da secagem, apresentando valores do coeficiente de determinação igual a 0,99 e erro médio relativo inferior a 10 %. PALAVRAS-CHAVE: manga; secagem; ultrassom. 1. INTRODUÇÃO De polpa carnosa e suculenta, e com o seu sabor e aroma característicos, a manga é consumida principalmente in natura. Entretanto, também pode ser encontrada como produto processado nas formas de suco integral, polpa congelada, ingrediente de produtos como sorvetes, doces, produtos lácteos, entre outros. O processo convencional de secagem vem ganhando destaque especial nas últimas décadas. Esta técnica consegue retirar grande parte da água livre da fruta, permitindo o transporte e armazenamento a um custo relativamente baixo, mas tem o inconveniente de causar danos à mesma, tais como perdas de vitaminas e de textura. Adicionalmente, a cor e o odor podem ser afetados negativamente. Atualmente, com as atenções voltadas a este fato, a secagem de frutas precedida de tratamento com ultrassom de potência tem recebido grande atenção. Ondas ultrassônicas aplicadas ao alimento podem provocar séries rápidas e alternadas de compressão e expansão do mesmo (efeito esponja. As forças envolvidas por este mecanismo podem ser maiores que a tensão superficial que mantém a umidade dentro dos capilares do alimento, criando ISSN 2178-3659 10345

canais microscópicos que podem facilitar a remoção da água. Ainda, o ultrassom produz uma cavidade que pode auxiliar na remoção da água fortemente ligada presente no material (Fuente-Blanco et al., 2006; Tarleton e Wakeman, 1998; Tarleton, 1992. O presente trabalho teve como objetivo o estudo da cinética de secagem da polpa da manga Tommy Atkins, avaliando a utilização do ultrassom como pré-tratamento. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Matéria-prima No presente trabalho foram utilizadas mangas da variedade Tommy Atkins, adquiridas no mercado local (Petrolina-PE. O teor de sólidos solúveis, coloração da casca e firmeza da polpa foram adotados como parâmetros de padronização das amostras, sendo utilizadas as mangas maduras, ou seja, com teor de sólidos solúveis em torno de 14,0 ºBrix. Os frutos foram lavados e descascados manualmente até a remoção completa das cascas. A polpa foi cortada em retângulos (5,0 x 3,0 cm de 0,5 cm espessura, utilizando-se uma faca de aço inoxidável e cortadores projetados para este fim. 2.2 Ultrassom As amostras de manga (aproximadamente 20 g foram colocadas em pares em erlemeyer de 250 ml contendo água destilada, com o intuito de evitar interferências entre as mesmas e as corridas experimentais, e foram submetidas a ondas ultrassônicas por tempos de 10, 20 e 30 minutos. A relação amostra:água destilada utilizada foi de 1:4. Os experimentos foram conduzidos em um banho ultrassônico (marca Unique, sem agitação mecânica e temperatura de 30 ºC. A freqüência de ultrassom foi de 25 khz, conforme encontrado na literatura para frutas como o melão (Fernandes et al., 2008 e a banana (Fernandes e Rodrigues, 2007. O processo foi avaliado em termos de perda de água (PA e ganho de sólidos (GS, utilizando os dados de umidade obtidos e de acordo com as equações abaixo: PA GS 2.3 Secagem ( m X m X i i f f (% = 100 (1 mi m (1 X /100 f f mi X (1 i /100 (% = 100 (2 mi Para o processo de secagem foi utilizado um secador de leito fixo, de aço inoxidável, velocidade do ar de secagem 3,0 m/s e temperaturas de 50 e 70 C. O sistema de operação do secador consiste da passagem de ar verticalmente através de bandejas, com recirculação, constituindo um circuito fechado. O aquecimento do ar é feito através de um conjunto de três resistências (cada uma com 8000 W de potência, as quais podem ser acionadas independentes, controladas por um termostato digital. Foi utilizado ainda um termo-anemômetro, a fim de se controlar tanto a temperatura quanto à velocidade do ar de secagem. A pesagem das amostras foi realizada através de uma balança semi-analítica. Os intervalos de tempo utilizados na pesagem serão de 15 em 15 minutos durante a primeira hora de processo, de 30 em 30 minutos para as duas horas seguintes e de 1 em 1 hora até que o equilíbrio dinâmico entre a amostra e o ar de secagem seja alcançado. ISSN 2178-3659 10346

O estudo da cinética de secagem foi realizado a partir dos dados do adimensional de umidade e da taxa de secagem em função do tempo do processo, utilizando os modelos difusional (Equação 3 e de Page (Equação 4: X X eq 8 = + 1 2 2 t exp (2i 1 π D 2 2 ef 2 X 0 X eq π i=0 (2i + 1 4L X X X 0 X eq eq = exp( kt v (3 (4 O erro relativo médio (P foi calculado a fim de avaliar se os modelos utilizados foram preditivos (P < 10%: N 100 VP VO P = (5 N V i = 1 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O efeito do ultrassom como prétratamento é apresentado na Tabela 1. Durante este processo, a manga Tommy Atkins ganhou água e perdeu sólidos. Resultados semelhantes foram encontrados por Fernandes e Rodrigues (2007 no prétratamento com ultrassom para banana cultivar Nanica, e reconfirmado por Azoubel et al (2010 para a banana cultivar Pacovan. Tal fato pode ter ocorrido devido ao gradiente de concentração, o que favorece uma transferência de sólidos da fruta para o meio líquido e uma transferência de água do meio líquido para o produto. Como conseqüência, o teor de umidade dos frutos após a etapa de ultrassom aumentou. No pré-tratamento da manga, observase que o tempo de 10 minutos absorveu menos água e perdeu um número menor de sólidos, adquirindo assim uma composição mais próxima do produto fresco (Tabela 1. o Tabela 1- Perda de água (PA e ganho de sólidos (GS após o pré-tratamento com ultrassom e umidade (X da manga Tommy Atkins t (min PA GS X* (% (% (g H 2 O/g massa seca 10-1,36-3,55 5,41 20-4,80-5,50 6,80 30-2,02-5,26 6,12 *Umidade da fruta fresca: 5,32 O período de secagem a taxa constante não foi observado em nenhuma das condições estudadas. A Figura 1 apresenta a modelagem matemática usando o modelo difusional de Fick. (X -X e / (X o -X e (X-X / -X e (X o e Ultrasom 10 min- modelo Fick Ultrasom 20 min- modelo Fick Ultrasom 30 min- modelo Fick Natura- modelo Fick -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 t ( min (a Ultrasom 10 min- modelo Fick Ultrasom 20 min- modelo Fick Ultrasom 30 min- modelo Fick Natura- modelo Fick 0 20 40 60 80 t (min (b Figura 1- Modelagem da cinética de secagem da manga in natura e pré-tratada utilizando o modelo de Fick: 50ºC (a 70ºC (b 100 ISSN 2178-3659 10347

A Tabela 2 apresenta os valores encontrados para a difusividade, bem como os respectivos coeficientes de correlação (R 2 e desvios médios (p para o Modelo de Fick. Analisando os resultados obtidos, percebe-se que o aumento da temperatura favorece ao processo de transferência de massa e, consequentemente, ao aumento da difusividade efetiva. Tabela 2- Parâmetros do modelo de Fick e resultados estatísticos para manga in natura e pré-tratada por ultrasom por 10 min(u10, 20 min (U20 e 30 min (U30 e seca T (ºC 50 70 Amostra Def. 10 9 R 2 P(% (m 2 /s in natura 1,05 0,99 13,56 U 10 1,34 0,99 21,09 U 20 1,37 0,98 29,64 U 30 1,32 0,99 24,38 in natura 1,97 0,99 21,74 U 10 2,37 0,99 35,23 U 20 2,75 0,99 33,00 U 30 2,67 0,99 34,37 Os valores mais baixos do coeficiente de difusão foram obtidos para as amostras sem pré-tratamento. Portanto, a taxa de transferência de massa foi menor para estas amostras. Tal fato confirma as observações de Fuente-Blanco et al. (2006, em que a etapa de ultrassom afeta a estrutura celular da fruta, tornando mais fácil à difusão de água nos tecidos do material durante a secagem. Este fenômeno pode ter ocorrido devido à formação de micro-canais durante a aplicação do ultrassom e a água pode utilizar desses canais microscópicos para difundir até a superfície da amostra de fruta, contribuindo para os valores mais altos da difusividade efetiva, conforme observado por Fernandes et al. (2008, através de imagens microscópicas de melões com e sem prétratamento ultrassônico submetidos à secagem. Comparações com valores de difusividade encontrados na literatura é difícil, devido aos diferentes métodos de estimação e modelos empregados, aliado à variação da composição do alimento e sua estrutura física. Entretanto, os valores encontrados neste estudo estão na mesma faixa dos apresentados por vários autores (Baini and Langrish, 2007; Nguyen and Price, 2007; Fernandes and Rodrigues, 2007, Azoubel et al., 2010. A Figura 2 mostra o ajuste dos dados experimentais de secagem da manga utilizando o modelo de Page. (X -X e / (X o -X e (X-X / -X e (X o e Ultrasom 10 min- modelo Page Ultrasom 20 min- modelo Page Ultrasom 30 min- modelo Page Natura- modelo Page -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 t ( min (a Ultrasom 10 min- modelo Page Ultrasom 20 min- modelo Page Ultrasom 30 min- modelo Page Natura- modelo Page 0 20 40 60 80 t (min (b Figura 2- Modelagem da cinética de secagem da manga in natura e pré-tratada utilizando o modelo de Page: 50ºC (a 70ºC (b Os parâmetros do modelo (k e v são apresentados na Tabela 3, juntamente com os 100 ISSN 2178-3659 10348

valores do coeficiente de determinação (R 2 e desvio médio relativo (P. Verifica-se que o modelo apresentou valores de R 2 próximos à unidade e desvios médios relativos menores que 10 %, sendo, portanto um bom modelo de predição da cinética de secagem da manga com e sem pré-tratamento por ultrassom. Tabela 3- Parâmetros do modelo de Page e resultados estatísticos para manga in natura e pré-tratada por ultrasom por 10 min(u10, 20 min (U20 e 30 min (U30 e seca T (ºC Amostra K b R 2 P(% 50 70 in natura 05 0,70 0,99 1,00 U 10 07 0,70 0,99 3,83 U 20 15 0,59 0,99 2,35 U 30 09 6 0,99 1,39 in natura 14 3 0,99 5,38 U 10 15 4 0,99 5,28 U 20 16 5 0,99 6,85 U 30 19 2 0,99 2,98 4. CONCLUSÕES O aumento da temperatura e o prétratamento da manga favoreceram ao processo de transferência de massa. Os valores de difusividade efetiva calculados através do modelo difusional foram da ordem de 10-9 m 2 /s. Entretanto, o modelo de Page apresentou melhor ajuste aos dados experimentais da secagem da fruta com e sem pré-tratamento com ultrasom. 5. NOMENCLATURA GS ganho de sólidos % D difusividade efetiva m 2 s -1 k constante do modelo de Page L meia espessura da placa m m massa da amostra kg N número de pontos experimentais P desvio médio relativo % PA perda de água % t tempo s T temperatura C V valor v constante do modelo de Page X conteúdo de umidade -1 kg kg ms Subscritos ms massa seca i inicial eq equilíbrio f final o obtido experimentalmente p predito pelo modelo 6. REFERÊNCIA AZOUBEL, P.M.; BAIMA, M.A.M.; AMORIM, M. da R., OLIVEIRA, S.S.B. de. Effect of ultrasound on banana cv Pacovan drying kinetics. J. Food Eng., v. 97, p.194-198, 2010. BAINI, R.; LANGRISH, T.A.G. Choosing an appropriate drying model for intermittent and continuos drying of bananas. J. Food Eng., v. 79, p.330-343, 2007. FERNANDES, F. A. N.; RODRIGUES, S. Ultrasound as pre-treatment for drying fruits: dehydration of banana. J. Food Eng., v. 82, p.261-267, 2007. FERNANDES, F. A. N.; GALLÃO, M. I.; RODRIGUES, S. Effect of osmotic dehydration and ultrasound pre-treatment on cell structure: melon dehydration. LWT, v. 41, p.604-610, 2008. FUENTE-BLANCO; S. de la; RIERA- FRANCO de SARABIA, E.; ACOSTA- APARICIO, V. M.; BLANCO-BLANCO, A.; GALLEGO-JUÁREZ, J. A. Food drying ISSN 2178-3659 10349

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