Avaliação do Acordo de Cooperação Cambial Cabo Verde-Portugal Outubro 2008 Manuel M. F. Martins João Loureiro Ana Paula Ribeiro
Outline do Estudo 1. O ACC Cabo Verde-Portugal 2. Evolução da Economia de Cabo Verde 3. O Funcionamento do Regime Cambial 4. Avaliação do Impacto do ACC 5. Soluções Possíveis para a Ligação de Cabo Verde ao Euro CEMPRE - FEP 2
Em que consiste o ACC? Taxa de câmbio fixa do CVE contra o PTE/Euro Linha de crédito para efeitos de intervenção cambial Adopção por Cabo Verde dos critérios macroeconómicos de referência da UE CEMPRE - FEP 3
Objectivos do ACC Aprofundamento dos laços económicos com Portugal e com a União Europeia Criação de condições à prossecução das reformas estruturais tendentes à abertura e modernização da economia CEMPRE - FEP 4
Avaliação dos 10 primeiros anos do ACC Avaliação com base nos benefícios e nos custos teóricos de um regime de câmbios fixos (face a alternativas cambiais mais flexíveis) Vantagens Eliminação do risco cambial Estabilidade nominal (estratégia relevante para pequenas economias) CEMPRE - FEP 5
Avaliação dos 10 primeiros anos do ACC Custos Perda de instrumentos de gestão da conjuntura Taxa de juro [Ressalvas: restrições cambiais & correlação dos ciclos económicos] Taxa de câmbio [Ressalva: será um mecanismo de ajustamento relevante para Cabo Verde?] Perda de competitividade face a terceiros países (eg, Argentina) CEMPRE - FEP 6
Avaliação dos 10 primeiros anos do ACC Custos Custos de eventuais ataques especulativos Perda de reservas cambiais Gestão das taxas de juro (crescimento; desemprego) Desvalorização (contravalor da dívida em divisas & importação de inflação) [Ressalva: restrições à livre circulação de capitais] CEMPRE - FEP 7
O impacto do ACC 1993-1997 1998-2008 1998-2000: Arranque e sobressalto 2001-2004: Recuperação 2005-2008: Consolidação e expansão CEMPRE - FEP 8
O impacto do ACC Estabilidade nominal (Figura 2.1) Convergência para as taxas de inflação da UEM Maior volatilidade do que na UEM CEMPRE - FEP 9
O impacto do ACC 10
O impacto do ACC Aprofundamento das relações económicas com Portugal e com a EU Aumento do Grau de abertura ao comércio internacional (Tabela 2.7) Aumento do número de produtos importados e exportados (Tabela 2.8) Proveniência de importações e destino das exportações é fundamentalmente a Europa (Tabela 2.9 e Tabela 2.10) CEMPRE - FEP 11
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 12
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O impacto do ACC Aprofundamento das relações económicas com Portugal e com a UE Turismo quase exclusivamente proveniente da Europa (Figura 2.7) Aumento da importância relativa das remessas de emigrantes residentes na Europa (Tabela 2.15) Fluxo recente de IDE é fundamentalmente proveniente da Europa (Tabela 2.17) Grande parte das empresas de cabo Verde com maior dimensão têm empresas portuguesas como accionistas de referência (serviços financeiros, águas, electricidade, telecomunicações) CEMPRE - FEP 16
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 17
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 18
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 19
O impacto do ACC Análises económicas da COMACC/UAM (a par das análises do FMI) passaram a ser um referencial para os agentes económicos e para as autoridades de política económica Por via indirecta, o ACC contribuiu para a disciplina orçamental de Cabo Verde Impacto sobre o enquadramento institucional das políticas macroeconómicas CEMPRE - FEP 20
O impacto do ACC Perda de competitividade internacional? (Figuras 2.2 e 2.3) Redução do crescimento económico? Falta de sincronização com o ciclo económico da Área do Euro? (Figura 2.4 e Tabela 2.3) CEMPRE - FEP 21
O impacto do ACC MMF 2005 - Crete, September 22
O impacto do ACC 23
O impacto do ACC Taxas de crescimento mais baixas? Média 1993-97 7.2% Média 1998-Jul 08 7.2% Média 1998-2000 9.2% Média 2001-04 5.1% Média 2005-Jul 08 7.7% Taxas de crescimento em comparação internacional (Figura 2.6) CEMPRE - FEP 24
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 25
O impacto do ACC CEMPRE - FEP MMF 2005 - Crete, September 26
O impacto do ACC CEMPRE - FEP 27
A credibilidade do regime cambial de Cabo Verde Estabilidade cambial durante 10 Anos! Comportamento do mercado paralelo Comportamento dos depósitos de emigrantes (Figura 2.8) CEMPRE - FEP 28
A credibilidade do regime cambial de Cabo Verde CEMPRE - FEP 29
A credibilidade do regime cambial de Cabo Verde Factores que contribuíram para a credibilidade do regime cambial: O bom nível de reservas cambiais (Figura 3.7) A disciplina orçamental Estabilidade social e política O forte compromisso das autoridades com a defesa da estabilidade cambial CEMPRE - FEP 30
A credibilidade do regime cambial de Cabo Verde CEMPRE - FEP 31
A credibilidade do regime cambial de Cabo Verde Factores de ameaça à posição externa de Cabo Verde: Evolução dos donativos e dos empréstimos concessionais (Cabo Verde foi graduado pela ONU como país de médio rendimento) Evolução das remessas de emigrantes Repatriamento de lucros Os fluxos de IDE terão um fim A conjuntura internacional CEMPRE - FEP 32
Alternativa I: Manutenção do actual regime Tem servido os objectivos fixados As autoridades adquiriram know how relativamente ao funcionamento do regime Os agentes económicos estão familiarizados com o regime cambial Atenção: o problema dos ataques especulativos autosustentados (restrições cambiais) CEMPRE - FEP 33
Alternativa I: Manutenção do actual regime Em caso de manutenção, é de estudar eventuais ajustamentos ao ACC: Montante da linha de crédito (Tabelas 5.1 e 5.2) Prazo de amortização dos saques Finalidade da linha de crédito Entidades interlocutoras CEMPRE - FEP 34
Alternativa I: Manutenção do actual regime CEMPRE - FEP 35
Alternativa I: Manutenção do actual regime CEMPRE - FEP 36
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Elementos básicos de um Currency Board Currency Board designa a instituição responsável pela convertibilidade e o regime monetário/cambial Notas e moedas em circulação são convertíveis em divisas pelo Currency Board (taxa de cobertura deverá ser superior as 100%) O Banco Central enquanto entidade que gere a política monetária é desmantelado Evolução da massa monetária está dependente da evolução da balança de pagamentos Com referência ao euro existem actualmente 4 países com Currency Board: Bulgária, Bósnia-Herzegovina, Estónia e Lituânia CEMPRE - FEP 37
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Aspectos básicos da euroização Em termos operacionais, a sua adopção é um processo muito semelhante ao que os países da UEM observaram Taxa de conversão para redenominar preços e contratos Conversão de activos e passivos bancários em euros BCV recompra notas e moedas de CVE e é desmantelado Existem actualmente 3 países euroizados de forma unilateral: Andorra, Kosovo e Montenegro CEMPRE - FEP 38
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Comparação entre Currency Board e euroização - Aspectos comuns: Não existe prestamista de última instância (o que exige qualidade na regulação e supervisão bancária) Governo não dispõe de nenhuma entidade onde possa financiar os défices orçamentais de forma privilegiada (tem que recorrer ao mercado) Taxas de juro tendem a ser semelhantes às taxas das UEM Os preços dos bens transaccionáveis (descontando custos de transporte e diferenças na estrutura de impostos) tendem a ser iguais aos preços na UEM CEMPRE - FEP 39
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Terá Cabo Verde divisas suficientes para adoptar um Currency Board ou euroizar? Os activos líquidos externos do BCV representam 284.7% da circulação monetária Os activos líquidos externos do BCV representam 115.1% da base monetária CEMPRE - FEP 40
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Qual o regime mais credível? Risco cambial e risco inflacionário Custos de transacção cambial Restrições à livre circulação de capitais O problema do prestamista de última instância Custos iniciais de conversão (só com euroização) Senhoriagem CEMPRE - FEP 41
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Condições básicas para a euroização: Sustentação da Balança Corrente O significado de défices crónicos e consequências sobre a liquidez (o caso da Argentina) Formas de ajustamento em caso de défices crónicos CEMPRE - FEP 42
Alternativas II e III: Currency Board e euroização unilateral Outras condições (para Cabo Verde ter taxas de juro iguais às da UEM): Disciplina orçamental Estabilidade política Boa qualidade da regulação e supervisão de forma à reserva legal ser igual à da UEM Concorrência bancária Custo das telecomunicações Liberdade de circulação de capitais CEMPRE - FEP 43
Alternativa IV: Dupla circulação Inconveniente da euroização: não é bem aceite pelas autoridades europeias Condições de entrada na UEM A dupla circulação poderá ser vista como um aprofundamento da actual situação de pegging A proposta de Willem Buiter para as Repúblicas Bálticas CEMPRE - FEP 44
Alternativa V: Acordo Tripartido As partes envolvidas: Cabo Verde, Portugal e UE Eurosistema (via BdP) passa a exercer autoridade monetária em Cabo Verde e o BCV é desmantelado (tal como com euroização unilateral e dupla circulação) Todos os bancos a operar em Cabo Verde estão registados no BdP CEMPRE - FEP 45
Alternativa V: Acordo Tripartido Principais benefícios na óptica de Cabo Verde: Existem prestamistas de última instância Importação imediata de um sistema financeiro moderno e sofisticado. Garantia de concorrência no sistema bancário Passaria a vigorar em Cabo Verde o sistema de reserva legal da UEM (o que determinaria uma redução dos custos dos bancos) Libertação de recursos humanos qualificados Liberalização instantânea do movimento de capitais CEMPRE - FEP 46
Alternativa V: Acordo Tripartido Problemas na perspectiva de Cabo Verde Deixar de ter autoridade monetária dentro das próprias fronteiras Perda de receitas de senhoriagem Receitas fiscais relativas a lucros da banca Na perspectiva da UEM, o impacto da adopção do euro por parte de Cabo Verde seria negligenciável O papel das autoridades portuguesas na euroização de Cabo Verde CEMPRE - FEP 47