Direito Civil Efeitos da Posse Professora Tatiana Marcello www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Civil LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 Institui o Código Civil. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: PARTE ESPECIAL LIVRO III Do Direito das Coisas TÍTULO I Da posse CAPÍTULO III DOS EFEITOS DA POSSE Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. www.acasadoconcurseiro.com.br 3
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942) Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 4 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Civil Efeitos da Posse Profª Tatiana Marcello Slides Efeitos da Posse EFEITOS DA POSSE Adquirida a posse, muitos são seus efeitos, desde a propositura das ações possessórias (também chamadas de interditos), passando pelo desforço imediato e pela legítima defesa da posse, até o direito à usucapião e à indenização pelos frutos e benfeitorias, bem como o direito de retenção reconhecido ao possuidor de boa-fé enquanto não for paga a indenização de benfeitorias úteis e necessárias. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violênciaiminente, se tiver justo receio de ser molestado. Turbação é o ato que impede o livre exercício do direito à posse (ex.: tentativa de alteração de marcos divisórios, rompimentos de cercas, cortes de árvores). Esbulho é o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse injustamente, por violência, por clandestinidade ou por precariedade (ex.: invasão de terras, estranho que invade a casa deixada por inquilino, comodatário que não devolve a coisa após o prazo). Ameaça quando há ameaça de turbação ou esbulho, ou seja, há justo recei de ser molestado em sua posse. www.acasadoconcurseiro.com.br 5
Para cada hipótese de violação da posse há um interdito possessório (ação possessória): Turbação Esbulho Ameaça Ação de Manutenção de Posse Ação de Reintegração de Posse Interdito Proibitório 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. O possuidor turbado ou esbulhado tem direito a defesa da posse por seus próprios meios. Legítima defesa da posse o possuidor turbado tem direito a legítima defesa da posse, podendo reagir, pessoalmente contra o turbador, desde que essa reação seja incontinenti e sem demora e o ato turbativo seja real e atual, empregando meios estritamente necessários para manter-se na posse. Desforço imediato o possuidor esbulhado poderá restituir-se, por sua própria força, a posse do bem por meio de desforço imediato, como reação imediata, agindo pessoalmente ou com auxílio de amigos ou serviçais, empregando meios necessários para recuperar a posse. 6 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Civil Efeitos da Posse Profª Tatiana Marcello 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Considerando que posse e propriedade podem estar dissociadas, a alegação de propriedade não prejudica a manutenção ou reintegração de posse. Portanto, se o réu esbulhador se defender alegando que é proprietário da coisa, seu argumento não será levado em conta, já que ser proprietário não justifica molestar posse alheia. Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Considera-se que a melhor posse é a posse direta, em que a pessoa tem o contato físico com a coisa, desde que reste evidente que a posse não foi obtida de forma violenta, clandestina ou precária (vícios). Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. Se o terceiro recebe a coisa que sabia ter sido obtida injustamente, poderá ser réu na ação de esbulho (reintegração de posse), pois está agindo de má-fé. www.acasadoconcurseiro.com.br 7
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Possuidor de boa-fé (frutos) - os frutos colhidos pelo possuidor de boa-fé, que ignora o fato de não estar na legítima posse do bem, continuarão com ele enquanto perdurar a boa-fé. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Possuidor de má-fé (frutos) responde por todos os frutos colhidos e percebidos, inclusive pelos que, por sua culpa, deixou de perceber (é comum o possuidor de máfé ser negligente na colheita, por exemplo, por saber que pode perder o bem); mas terá direito ao ressarcimento de despesas de produção e custeio. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. Possuidor de boa-fé (perda ou deterioração) não havendo culpa ou dolo do possuidor de boa-fé, não responderá pela perda ou deterioração da coisa. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Possuidor de má-fé (perda ou deterioração) o possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa ainda que acidentais, ou seja, mesmo que não tenha agido com culpa ou dolo; no entanto, se provar que mesmo na posse o reivindicante aconteceria, será eximido da responsabilidade (ex.: chuva de granizo que devastou a plantação). 8 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Civil Efeitos da Posse Profª Tatiana Marcello Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Possuidor de boa-fé (benfeitorias) tem direito à indenização quanto as benfeitorias necessárias e úteis, podendo retê-las enquanto não for ressarcido; já as benfeitorias voluptuárias, se não forem pagas, poderão ser levantadas. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. Possuidor de má-fé (benfeitorias) apenas terá direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias. Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. Possuidor de boa-fé (valor da indenização por benfeitorias) como a tendência é de que a benfeitoria valorize, o reivindicante indenizará as benfeitorias pelo valor atual; Possuidor de má-fé (valor da indenização por benfeitorias) o reivindicante poderá optar por pagar o valor atual ou o preço do custo (como uma sanção a quem agiu de má-fé). www.acasadoconcurseiro.com.br 9